Acordei num sítio cheio de luz, paredes brancas e o som irritante de um “pi-pi-pi”, olhei a minha volta, assustada, tinha uns cateteres ligados as veias, outros fios ligados a pequenas roscas na zona do meu coração. Arranquei-as. O “pi” tornou-se intenso, doía-me a cabeça.

Onde estava eu? Será que já tinha morrido?

- Oh Margarida – Disse uma senhora, com um ar simpático quando entrou ali naquele quarto que fui aceitando que era de hospital. – Não pode tirar isto, é importante, voltou a por os fios ligados as roscas no meu peito. – O médico vem já a seguir ve-la!

- Estou no hospital? – Os “pis” irritantes começaram de novo. – Pode tirar o som disso? – A senhora assentiu, e retirou o som da máquina.

- Como se sente? Quer que chame alguém? – Questionou-me

- Bem, acho eu! Eu não tenho ninguém…E tenho que voltar para casa, para o trabalho!

- Tem os seus amigos e o namorado! Olhe que ele deve gostar mesmo muito de si, porque não a deixou sequer por um minuto. – Sorriu-me, o pânico percorreu o meu corpo, amigos? Clara e o Tiago, eles não podiam estar aqui.

- Eu tenho que sair!

- Mas não pode menina! Eu vou chamar os seus amigos para virem falar consigo ta bom?

- Sim. – Pensa Maggie, pensa…

Questões de segundos nem deu tempo para pensar, a Clara e o Tiago entravam pela porta.

- Oh amiga! – Abraçou-me a Clara, enquanto o Tiago foi menos efusivo, deu-me uma festinha na cabeça. – Tu tas bem? Ficamos tao preocupados que viemos logo pra cá!

- Vocês deviam ter ficado la a descansar!

- Tu és louca, tu tiveste um esgotamento físico, quase bateste a bota! – Quase bati a bota para nada, o outro está lá fora de certeza com um plano de vingança já preparado. – Se eu soubesse que estavas assim, não tinha prolongado as férias. – Abraçou-me muito contente – Não te preocupes agora porque o Diogo, tirou estes dias do trabalho para ficar contigo.

-Clara, ouve-me! – Sentei-me na cama – Vocês tem que sair daqui, temos que fugir, vocês não entendem, mas aqui não estão seguros!

- Mag! Deita-te, tu tens de descansar!- Eles olhavam-me incrédulos. – Que conversa é essa? Se calhar é melhor chamar um médico.

- Não! – Arranquei com cuidado os cateteres da mão. – Temos que ir embora!

Eles olhavam parvos para mim, sem reacção, enquanto eu repunha o adesivo para estancar o sangue. O Tiago agarrou-me e sentou-me de novo na cama.

- Margarida! Não podes sair daqui, não ate o medico te dar alta, eu sei que tens pavor de hospitais mas tens que aguardar.

- Não posso! Temos que sair!

- Clara chama o médico se faz favor, e tu deita-te! - Ele arregalou os olhos, e obedeci-lhe - Tu não tas bem e a primeira coisa que queres fazer é sair daqui?