Tale As Old As Time. escrita por Jajabarnes


Capítulo 51
Lies.


Notas iniciais do capítulo

Hey! Voltei! Desculpe o sumiço!
Divirtam-se!



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Caspian

Se dependesse de mim já estaríamos casados há muito tempo, pena não podemos pensar apenas em nós. Porém tenho bons e loucos motivos para acreditar que há uma saída por perto.

Sem dar mais explicações, Susana partiu deixando a curiosidade no ar.

Logo depois encurralei Lúcia na cozinha.

–Não – garantiu ela. - Não quero falar sobre isso.

–Nem tente escapar. Eu sei que você sabe o que ela está escondendo.

–Juro que não sei, Caspian, quer, por favor, me deixar passar.

Bufei, tirando meu braço de seu caminho.

–Achei muito estranho Susana vir de repente para vê-lo. - falei de costas. Lúcia parou.

–Dash fez muita coisa por ela quando você a magoou.

–Não precisa jogar na cara.

–Não estou jogando. Só acho que Susana quer retribuir o que ele fez por ela. - virei a tempo de vê-la dar de ombros.

–E precisava ficar horas trancada no quarto dele?

Lúcia me olhou como se eu fosse uma criança birrenta.

–Aposto como Susana se ofenderia se lhe ouvisse falar assim. - suspirou. - Caspian, não sei se você percebeu, mas Susana gosta muito do Dash. Ele teve a chance de mexer com ela quando os dois começaram a se aproximar. Certo, talvez ela não goste dele como gosta de você, mas...

–“Talvez”, não, “com certeza”. - corrigi. Ela me ignorou.

–Ela não vai deixar Dash morrer. Gosta demais dele para isso. Ela o ama, de certa forma.

–Mas me ama mais – gabei-me convicto. - E vai ficar comigo.

–Vão fugir, é? - provocou.

–Essa seria uma boa opção, mas não com Dash nesse estado. Talvez no futuro. Por hora, Susana tem planos que não quer me contar.

–Sendo assim, o jeito é esperar.

Dei de ombros.

–E aceitar as visitas à Dash.

–Também não é para tanto. - rolei os olhos. Lúcia riu e voltou à cozinha enquanto eu voltei à sala de mamãe.

Tranquei a porta para evitar que Dash entrasse ali como da última vez que brigamos. Parei e dei a volta na mesa até sentar na cadeira sem tirar os olhos do colar que estava sobre a madeira, o mesmo que tinha a foto de Susana com os pais no interior do pingente. Afundei na cadeira, olhando a joia fixamente, tentando despertar lembranças para descobrir o que aconteceu.

Eu sabia o que tinha acontecido por que meu pai me contara, mas queria lembrar o que houve naquela noite. Bufei, soltando a joia. Passei as mãos no rosto antes de lançar um olhar ao quadro de minha mãe, sorrindo para mim.

–Perdoe-me, mãe. Sei que ensinou diferente, mas é preciso.

Afastei um pouco a cadeira e abri a primeira gaveta, logo tendo em mãos o envelope destinado à Susana. Tomando coragem, o abri. Comecei a ler a carta com um frio na barriga.

Querida Susana,

Se você está lendo esta carta é por que não estou mais por perto, ou se estou, não criei coragem para contar-lhe tudo o que está acontecendo. A última coisa que sua mãe e eu queremos é o seu mal. Por favor, não sinta raiva de nós, tudo o que dissemos ou omitimos era para o seu bem e nada mais.

Escrevo isto na carruagem. Você queria vir conosco, mas não podíamos permitir que descobrisse tudo assim de forma tão abrupta e assustadora. Estamos indo em direção ao destino inevitável e imprevisível, por isso, querida, se algo nos acontecer hoje, procure por Digory Kirke, ele com certeza lhe dirá tudo o que eu ainda não tive coragem de dizer.

Infelizmente não disponho de tempo nem espaço para escrever tudo o que sua mãe e eu queríamos lhe dizer. Quando tiver oportunidade, procure por meu diário na casa de campo, será como se eu estivesse lhe contando nossa história e seu destino.

Se sua mãe e eu não voltarmos e você estiver se sentindo sozinha, procure no diário a saída. Nunca esqueça o quanto amamos você.

Com amor,

Raphael.



Disparei pela casa até encontrar meu pai e arrastá-lo para a sala. Ele, ainda confuso, fechou a porta atrás de si.

–Tranque. - falei, ansioso, seguindo de volta para a cadeira.

–O que?

–Tranque a porta, pai. - sentei. Ele girou a chave uma vez.

–Estou aqui, o que é tão importante? Seja rápido, você interrompeu minha refeição.

Estendi a carta para ele.

–Criei coragem para abrir.

Meu pai hesitou antes de pegar e ler. Sentou-se à mesa, de frente para mim. Esperei-o terminar de ler.

–Vai entregá-la à Susana?

–Se o fizesse com certeza ele iria querer saber como consegui. Susana não pode descobrir que... bem...

–Pretende esconder dela a vida toda?

–Já está escondido e não pretendo trazer esse assunto para a luz.

–Então por que me trouxe aqui?

–Pai, eu sei que ainda esconde muitas coisas de mim – falei. Ele olhou a carta. - Creio que sabe a qual saída Raphael se referiu.

Ele negou com a cabeça.

–Se há qualquer tipo de saída, deve estar no diário, não acha? - ergueu as sobrancelhas. - Porque não o procura?

–Esse é o problema, está com Susana. Não posso de repente pedir para ler o diário do pai dela sem um motivo.

–O jeito é lhe entregar a carta.

–Não quero que ela saiba.

–Então ela não vai saber.

–Não posso envolvê-la em outra mentira.

–Qual seria sua saída, então?

Abri a boca para falar, mas não saiu nada.

–Gosto de mentiras tanto quanto você, Caspian, concordo que é injusto mentir para ela, mas você tem mede de lhe dizer a verdade, então não há outro meio. Se não quer mentir, diga a verdade, ora essa.

–Susana não suportaria. Não conseguiria contar a ela...

–Então, ouça...

[…]

Enfiei as mãos nos bolsos logo após ter chamado outra vez. A rua estava deserta, já era muito tarde e fazia muito frio. Eu estava de pé, em frente a porta da casa de Susana chamando por ela havia alguns minutos, mas nenhuma luz acendia nas janelas.

Preparei-me para chamar novamente quando ouvi passos no assoalho, esperei mais um pouco e a porta abriu. À minha frente estava uma Polly de camisola, touca, um pequeno castiçal numa das mãos e uma expressão atônita no rosto, como se tivesse levado um susto. Por um minuto, fiquei desconcertado.

–Er... Olá – comecei, contra o olhar feroz dela. Por trás de Polly vi Harold surgir no corredor amarrando a faixa do roupão. - Desculpe acordá-los, mas preciso falar com Susana.

–Ela está descansando. - respondeu Polly, ríspida.

–Eu imagino – sorri amarelo. - Mas eu realmente preciso falar com ela. - por último lancei um olhar à Harold, em pedido. Quase ao mesmo tempo em que Susana surgiu no topo da escada.

–Essa não é a hora adequada para um rapaz encontrar uma moça... - Polly olhou-me de cima a baixo. - Ainda mais esse rapaz sendo você.

–Polly, se ele veio até aqui a essa hora deve ser importante. - disse Harold. Assenti. Susana veio até nós.

–Pode voltar a dormir, Polly, está tudo bem. - ela abriu caminho pela governanta, recebendo um olhar reprovador da mesma.

Polly foi levada para dentro por Harold com incontidos protestos de ambas as partes e Susana fechou a porta atrás de mim.

–Desculpe aparecer a essa hora. - pedi.

–Você me assustou aparecendo aqui de repente. Achei que algo muito grave tinha acontecido. Alguma coisa com Dash?

Reprimi a resposta torta.

–Não. É sobre seus pais.

–Meus pais?

–Tem algum lugar por aqui em que Polly não possa brotar do chão a qualquer momento?

Rolando os olhos ela riu e levou-me pela mão até seu quarto.

–Está seguro aqui. - brincou, sentando em sua cama. Sentei de frente para ela, deixando o chapéu sobre a cama e tirando do bolso do casaco o envelope (que lacrei novamente) e o pequeno estojo de veludo.

–O chefe de polícia foi entregar isso lá em casa pouco depois do jantar. - estendi para ela.

–O que são? - tinha o estojo em mãos, olhando-o curiosa.

–Estas coisas estavam com seus pais no dia do acidente. - expliquei. Com a boca entreaberta de surpresa e os olhos brilhando num misto de choque e ansiedade, abriu o estojo.

Seus olhos ficaram marejados enquanto segurava o anel do pai. Colocou-o no dedo em que ficava menos folgado e abriu o pingente do colar. A mão do anel cobriu a boca como se tentasse conter o pequeno soluço que escapou e as lágrimas que começaram a rolar.

–Depois de tanto tempo, por que só entregaram agora? - seus olhos chorosos encaram-me, mas não tive coragem de olhá-los de volta e baixei o olhar para o estojo aberto sobre a cama. - Queria ter ido buscar, pegar informações se possível...

–Meu pai disse que essas coisas demoram mesmo e que o Chefe não quis tirá-la de casa ou visitá-la àquela hora. - senti-me uma criança dependente do pai, mas na verdade queria passar a ele toda a responsabilidade sobre aquela mentira.

Susana fungou, secando as lágrimas. Fechou o pingente, abriu a corrente e colocou-a ao redor do pescoço.

–Tem uma carta para você. - indiquei o envelope.

Susana respirou fundo antes de ler. Enquanto seus olhos percorriam as linhas, os meus fitavam seu rosto, acompanhando sua reação. A vi secar as lágrimas inúmeras vezes, com a respiração irregular. Quando terminou, a mão do anel cobriu novamente a boca e ela fechou os olhos com força, entregando-se ao choro. Deslizei pela cama até ela e puxei-a para meus braços. Aos poucos ela foi se acalmando, afastou-se de mim, secou as últimas lágrimas e beijou-me por alguns segundos. Susana não disse nada, mas senti que me agradecia por ter trazido todas aquelas recordações e possíveis respostas para ela. Levantou-se e pouco depois voltou trazendo o diário.

–Me acompanha?

–Nem precisa pedir. - tirei o casaco, os sapatos e deitei na cama ao lado dela, de bruços. Susana puxou a coberta sobre nós e fez uma breve introdução ao que já tinha lido, sobre toda a história de Jadis e sua teoria a respeito do fim.

Segundos depois de eu me recuperar do susto sobre as “profecias”, se é que eram, ela indicou onde havia parado.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e não tenham abandonado minhas fanfics ^^ Feliz natal e ano novo atrasado! Desejo tudo de bom para vocês!
Beijokas!!



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