POV Alice’

Confesso que fiquei um pouco insegura de passar meu telefone para Harry, mas o fiz mesmo assim. Não se como, também não sei por que, mas ele me passava tranqüilidade e segurança apesar de tudo que está acontecendo comigo, no tempo em que estive perto dele, esqueci de todos os meus problemas, esqueci do mundo ao meu redor. Então quando eu cheguei em casa tudo voltou a tona. Andei até o quarto da minha mãe, onde ela assistia TV. Nós não somos ricas, pelo contrário, desde a morte de meu pai a nossa situação financeira está bem critica, o que nos sustenta é o trabalho de minha mãe. Ela trabalha como diarista em uma casa aqui perto, a patroa dela é muito querida e lhe dá um ótimo salário. Mas, na ultima semana, minha mãe sofreu um acidente, ela deslizou na borda da piscina e torceu o pé, o médico falou que ela ia ter que ficar de “molho” por pelo menos uma semana, dona Anna, a patroa dela, como sempre muito generosa falou que não ia descontar esses dias do seu salário. Eu amava muito a minha mãe, e odiava ver que ela estava passando por tudo isso, ela sempre me deu muito amor e carinho, cuidou de mim quando eu precisei, e até hoje.

- Olá mamãe, como você está? – falei sentando-me ao seu lado na cama

- Oi minha princesa, ah eu estou bem, só o meu pé ainda dói um pouco, mas não tanto – eu sorri - e eu não agüento mais ficar deitada nessa cama

- Isso é bom, logo, logo você vai ficar melhor e sair pulando dessa cama, você vai ver – ela sorriu docemente

- Espero que sim. Como foi a sua noite? Se divertiu? – ela perguntou. Eu pensei um pouco, não sabia se falava sobre Harry ou não. Resolvi falar, afinal ela era minha mãe, minha melhor amiga, nós sempre contávamos tudo uma a outra

- Me diverti sim mamãe... Eu conheci um garoto muito legal – falei olhando em seus olhos, sua expressão mudou, parecia um pouco preocupada

- Filha...

- Eu sei mãe, mas ele foi tão legal comigo, generoso...

- Você não contou a ele não é?

- Não – sussurrei – nós vamos sair algum dia desses, eu acho, se nós nos tornarmos muito amigos, eu juro que vou contar

- Filha, meu amor, não de esperanças a esse rapaz, se ele tem um bom coração, você não vai gostar de ver ele mal, eu sei que vocês acabaram de se conhecer, mas algo me diz que vocês não serão apenas amigos – eu levantei a cabeça e a olhei assustada

- Não mãe, ele não pode se apaixonar por mim, ele não vai, não quero que ele sofra por minha causa, já basta ver você sofrendo com isso... Às vezes... Eu só queria que tudo fosse diferente

- Eu também meu amor, eu também – nós nos abraçamos, eu chorei em seu colo enquanto ela afagava meus cabelos. Levantei o rosto e enxuguei as lágrimas

- Vou fazer uma sopa pra você – sorri e ela também

- Vai lá meu amor

-x-

But I set fire to the rain, watched it pour as I touched your face. Well, it burned while I cried; 'Cause I heard it screaming out your name, your name!

Meu celular tocava desesperadamente. Abri os olhos ainda muito sonolenta

- Alô? – atendi

- Oi, te acordei? – uma voz muito sexy e um pouco rouca falou. Soube já quem era, um pequeno sorriso se formou em meus lábios

- Tudo bem. Como você está? – perguntei me sentando na cama

- Eu estou bem e você? – Harry perguntou

- Uhm. A que devo a honra de sua ligação as 10:30 da manhã? – ele riu

- Hmm, sei lá... Você não quer, talvez... Tomar um sorvete comigo hoje à tarde? – não pude evitar sorrir

- Está me chamando pra sair? – fiz a mesma pergunta da noite anterior

- Não sei... Talvez – nós rimos

- Eu vou ver, e daqui a pouco eu te ligo. Tudo bem?

- Ok, até logo

- Até – desliguei e fui tomar um banho. Preparei o café da manhã e levei-o em uma badeja até o quarto da minha mãe – Bom dia

- Bom dia minha princesa, como você está? – ela perguntou se sentando

- To bem e a senhora?

- To ótima, já não sinto muita dor

- Que bom. Trouxe seu café da manhã – coloquei a bandeja  sob suas pernas

- Desse jeito vou querer ficar doente sempre, vou ficar muito mal acostumada – ela sorriu

- Ih dona Lúcia, essa sua filha aqui ainda vai te mimar muito – nós rimos – olha mamãe, aqui tem sua vitamina, um pão com manteiga, e depois coma um pedaço do mamão que cortei, ah e não se esqueça dos seus remédios

- Tudo bem mamãe – ela brincou e mordiscou o pão

- Er... Mamãe, o Harry ligou – ela me encarou

- E aí?

- Ele me chamou para sair, tomar um sorvete esta tarde com ele

- Olha filha, é você quem sabe, é aquilo que eu te falei ontem à noite. Se esse garoto for tão bom assim, você vai ter que contar a verdade a ele

- Nós estamos apenas nos conhecendo ainda – eu abaixei o olhar

- Filha...

- Eu sei mamãe, é que é muito difícil pra mim

- Eu sei meu amor, mas é para o bem de todos. Assim, ele não vai criar falsas esperanças com você, e também, eu acho que você precisa sair e se divertir um pouco

- Mas... E você?

- Eu vou ficar bem, eu estou com o pé machucado, não em coma minha filha, tem as muletas que podem me ajudar quando eu quiser usar o banheiro, sair um pouco dessa cama, sabe, eu preciso, e você não precisa ficar cuidando de mim o tempo todo. É chato, não dá pra assistir os meus “filminhos”

- Mamãe! – a repreendi e ela riu

- Só, conte a verdade a ele o mais rápido possível, tudo bem meu amor?

- Ok mamãe, eu contarei. Obrigada por tudo – eu beijei sua mão – te amo

- Também te amo princesa – corri até meu quarto e liguei para Harry

- Alô? – ele atendeu

- Harry? É a Alice, então, que horas você vai passar aqui me buscar?