Aprendendo A Sorrir escrita por Musuke


Capítulo 9
Capítulo 09 – Decepção


Notas iniciais do capítulo

Olaa, demorou mais saiu rsrs
Espero que gostem, boa leitura ^^



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Capitulo 09 – Decepção

 

No dia seguinte, quando Lucas encontrou Missy na entrada da escola lhe lançou um sorriso de deboche, ela o ignorou. Ele não sabia se ria ou se ficava bravo, optou por rir.

— Nossa você beija mal pra caramba. – Missy corou levemente.

— Seu tarado maldito, eu vou te matar. – ameaçou ela da forma mais contida que pode, olhando para os lados para que ninguém visse que estava falando com ele. Ele estranhou a atitude.

— Por que tem tanto medo de ser vista falando comigo? Não deveria ser eu que devia ter vergonha de ser visto com você? Afinal se te vissem comigo isso faria muito bem pra sua imagem social.

— Eu ainda não consigo... – Murmurou ela abaixando os olhos. Ela falou tão baixo que ele mal conseguiu entender, parecia estar falando pra si mesma.

— Não consegue o quê? Não entendi.

— Não é da sua conta. Você não sabe de nada, me deixe em paz. – Iria continuar atormentando ela, mas além de raiva viu certo medo em seus olhos, por isso ficou quieto e chocado.

 

Missy decidiu que iria tentar esquecer o que aconteceu - só tentar, pois era meio difícil, aquilo não saia de sua cabeça o que a irritava profundamente. Mais tarde marcaram que iriam fazer o trabalho na biblioteca pública, e ele prometeu que não faria nada.

— Já lhe falei que aquilo foi só por curiosidade, não tenho o menor interesse em alguém como você, vamos esquecer aquilo ok? Nunca mais vai acontecer, não foi uma experiência agradável.

Estavam no corredor vazio, era horário de almoço.

— Tudo bem seu idiota tapado. – Ela se virou e saiu andando pisando com força, nervosa.

Depois da aula na biblioteca mal conversaram, apenas fizeram parte do trabalho que combinaram em terminar no dia seguinte.


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Gregory Stuart é um garoto com deficiência intelectual, é rejeitado pelos seus colegas. Ele tinha um carinho especial por Missy pelo fato de que ela sempre fora gentil com ele, ao vê-la atravessando o jardim da escola com Anne foi ao seu encontro muito feliz. Gregory tinha certa dificuldade de se locomover, o que o fazia andar de forma estranha. Possuía também dificuldades na fala. Continha cabelos e olhos negros e estava na sala de Anne.

— Missy! Olá. – A garota abriu um largo sorriso, depois ele se virou pra Anne. – Olá Anne, bom dia.

— Bom dia. – Disseram as duas.

— Greg faz uns dias que não te vejo, por onde esteve? – Missy perguntou enquanto o garoto segurava sua mão afetuosamente.

— E-eu fiquei doente, tive muita febre. Estava muito gripado.

— E agora está melhor?

— Sim, sim, muito. – Disse ele balançando a cabeça e com um sorriso enorme.

— Isso é ótimo.

— Nossa que lindos, a esquisita malvestida e o retardado, que lindo casal. – Debochou Jennifer se aproximando com Lorry e Katy, que riam como se Jennifer tivesse contado uma grande piada. Essas duas é que são claramente retardadas, Missy mordeu a língua para não dizer o que havia pensado. Melissa Anneliese Bergler, autocontrole, por favor, autocontrole pra não partir a cara dessa mimadinha, pensou consigo.

— Fique com esse ai e não mexa com o Lucas. Ele é meu, meta-se com ele e vai ver o pior de mim.

— Pior do que eu já vejo só se você transformasse na Medusa. Além de burra você agora é demente? De onde tirou a ideia estúpida que eu quero aquele estúpido? – Ok o autocontrole está descendo pelo ralo, pensou Missy. Jennifer começou a ficar vermelha de raiva. Anne se encolheu e Gregory riu.

— Cale a sua boca sua malvestida imunda e você também fique quieto seu retardado, vocês... – Missy ficou furiosa com ela ofendendo Greg, não deixando ela continuar.

— Cale a boca você sua Patricinha que se acha rainha, mas não é porcaria nenhuma, recolha-se na sua inferioridade, pois ele é uma pessoa muito melhor do que você jamais será. Continue sendo a mesma tapada que você é e fique correndo igual um cachorrinho atrás do idiota que só pisa em você, e fique com ele todinho para você que dele eu não quero nada, só estamos fazendo um trabalho juntos e nada mais.

Lorry e Katy ficaram inertes, não sabiam o que fazer, pra sua sorte Missy não falara alto, o que não prejudicaria a imagem das populares. Ser desafiado por alguém “invisível” – que agora não era mais tão “invisível” assim - era um tanto humilhante. Jennifer estava pra explodir, iria começar a gritar ou pular em cima da C.D.F, mas Lorry a segurou.

— Jenni tem um monte de gente olhando, não podemos fazer vexame.

— Ok, sua... 2x1 pra você. Mas isso não vai ficar assim, vou acabar com você.

—Na verdade 2X0, não considero aquilo que você fez humilhação, não me senti humilhada, entende? Ou será que são os seus dois neurônios que não estão se entendendo? – Por que eu não consigo ficar calada? Eu que sou a idiota aqui. Preciso mudar de escola, pensava ela se repreendendo.

Jennifer rugiu e saiu xingando, ela estava acostumada a ser bajulada e respeitada, afinal era rica, linda e se vestia bem o tipo de garota que as outras garotas gostariam de ser. Ser desafiada por alguém a quem ela julgava tão inferior fechara sua mente, e ela não soube responder a altura.

— Droga, ela vai mesmo acabar comigo, tenho que aprender a ficar calada.

— Tem mesmo, isso não foi nada bom. – disse Anne lhe lançando um olhar de repreensão. 

— Eu achei legal, foi muito feio o que ela fez com você na lanchonete. – Choramingou Gregory.

Missy riu.

— Ei Greg, vamos tomar um sorvete depois da escola? Vamos Anne? – Anne assentiu.

— Vamos sim, espero vocês aqui depois da aula. – falou Greg e Missy sorriu, depois o garoto saiu contente.

— Você não deveria ter discutido com a Jennifer, ela vai te odiar.

— Eu sei, eu disse que não deveria responder as provocações dela, mas não consegui ficar calada, quando ela falou do Greg... Eu simplesmente explodi! O jeito desdenhoso com que ela falou, como se ele fosse uma criatura digna de pena... aii aquilo me deixou furiosa, mas eu até me contive bastante, se tivesse sido há alguns anos atrás... - respirou fundo e se acalmou, Anne mudou de assunto. 

— Você é bem carinhosa com o Greg... – Missy percebeu que o que ela na verdade ela queria era perguntar o por quê. Anne não dizia, mas se sentia um tanto desconfortável perto dele

Missy sorriu levemente.

— Você tem pena dele né?

Anne corou.

— Eu entendo, sabe eu conheço uma mulher maravilhosa que é cadeirante, Dra. Mitchell. Ela foi minha psicóloga, ela me disse que o pior não é a deficiência em si, mas sim o preconceito que as pessoas sentem. Ela disse também que não devemos ter pena e sim compaixão. Pelo menos para mim, a pena é preconceito também, só que disfarçado. Aposto que o Greg também não gosta que sintam pena dele, ele quer que as pessoas o amem, que lhe deem afeto e carinho, e não que o olhe como se ele fosse um cachorro de rua. – Anne ficou vermelha, Missy dissera aquilo de forma áspera, mas se arrependeu pela forma como disse – Desculpe Anne se estou sendo grossa.

— Tudo bem Missy.

— Sabe dê uma chance pra conhecer o Greg melhor e você vai entender a pessoa maravilhosa que ele é. De uma inocência e pureza que dificilmente se vê por ai, infelizmente. Ele é sempre alegre, não importa o que aconteça, a alegria e simplicidade dele são contagiantes. O problema é que as pessoas olham pra ele como se ele tivesse uma doença contagiosa, algumas vezes evitam olhá-lo, elas julgam pelo o que elas acham que ele é, e não por quem realmente ele é. Ele é um ser humano como qualquer outro.

— Você tem razão. – Anne sorriu e Missy correspondeu.

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— Que coisa chata. – Disse Brandon encostado no armário, com expressão de tédio olhando pra cima.

— O que? – perguntou James ao se aproximar ao lado de Lucas.

— Tudo. – respondeu sem desviar os olhos do teto.

— Você só sabe reclamar. – Lucas falou enquanto cruzava os braços.

— O problema é meu. A reclamação é minha. E você deixe de ser gay e cuide da sua vida. – Brandon permanecia imóvel

— Olha só seu otário...

— Epaa, vocês dois não comecem com isso. – interrompeu James colocando a mão à frente de Lucas, quando este dera uma passo para frente.

Greg vinha apressadamente com uma lata de refrigerante aberta na mão direita e na outra livros e alguns seus desenhos, sem querer tropeçou ao passar ao lado dos garotos, caindo no chão e derramando o liquido sobre os três, Brandon fora o mais molhado. Pela primeira vez desviou os olhos do teto e fuzilou Greg com o olhar, todos os três parecia irritados, principalmente Brandon e Lucas. Greg ficou aterrorizado.

— Me-me des-culpem. – O garoto se enrolava com as palavras pelo o nervosismo. Brandon agarrou Greg pelo o colarinho e o suspendeu.

— Olha aqui seu débil mental, além de imbecil agora é cego?

— Brandon, não é pra tanto, larga o garoto foi um acidente e ele já pediu desculpas, isso... – pediu James, sabia o que Brandon pretendia fazer, e não era nada legal. Foi interrompido pela a voz consumida pela raiva de Brandon.

— CALA A BOCA. A conversa ainda não chegou à senzala. – James não se sentiu nem um pouco ofendido, estava acostumado com o jeito rude de Brandon, mas o que estava fazendo com Greg não era certo. Infelizmente, o corredor estava vazio, já havia acabado a aula. Olhou para Lucas, esperando que ele fizesse algo.

— Vamos ensinar uma lição a esse idiotinha. – disse Lucas sorrindo maldosamente.

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Missy andava de um lado para outro no jardim, estava inquieta, Greg estava demorando, Anne não pôde ficar, seu pai havia ligado para que lhe ajudasse na limpeza da igreja. A mãe de Greg apareceu para buscá-lo.

— Olá Missy, viu o Greg? Eu demorei, pois meu pneu estava furado.

— Senhora Stuart eu estava esperando ele para tomarmos sorvete, mas ainda não apareceu.

A mulher de meia idade, de cabelos e olhos negros empalideceu, estava preocupada.

— Não precisa se preocupar senhora, ele deve estar passeando por aí, ou parou pra conversar com alguém, ele é meio distraído. – Missy tentou acalmar a mulher. – Vou procurá-lo, eu já volto.

— Tudo bem. – disse a mulher.

 

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Eles haviam levado Greg para atrás do prédio da escola, Lucas empurrou o garoto que caiu na grama, James estava relutante, mas também teve sua participação na história, pegou os desenhos e os livros do garoto e os jogou no chão apesar de Greg implorar para que não fizesse aquilo, é incrível como até onde uma pessoa pode chegar por influência dos outros, pra não ser excluído. Algumas vezes as pessoas contradizem seus próprios princípios. Brandon pisou nos desenhos, a grama estava molhada o que fez com que os desenhos se rasgassem facilmente e Greg começou a chorar.

— Estou lhe fazendo um favor seu mongolzinho, esses desenhos estão uma porcaria, mas o que se podia esperar de alguém assim como você? – Brandon e Lucas riram em deboche. – Pare de chorar e seja homem. – disse Brandon lhe dando uma tapa forte na cara, que fez o garoto cair para o lado. Lucas e James olharam para Brandon com desaprovação, até Lucas começou a achar que ele estava exagerando um pouco.

Brandon não deu importância, fechou o ponho pronto punho para lhe dar um murro, antes que fizesse o movimento sentiu alguém cutucou o seu ombro.

— Com licença. – disse uma voz feminina enquanto o cutucava, quando se virou foi surpreendido por um soco no nariz.

— Grrr... – Grunhiu ele de dor, dando um passo para trás, com a mão no nariz.

— Missy? – Lucas arregalou os olhos surpreso ao vê-la, antes que fizesse qualquer coisa ela lhe deu um chute na canela esquerda com tanta força que ele caiu no chão apoiando no joelho direito, segurando a canela.

— Você é mais desprezível do que eu imaginei Thompson. – Disse ela cuspindo as palavras como se as mesmas fossem veneno.

Olhou pra Brandon e depois para Lucas com desprezo, como se os dois fossem vermes. Depois olhou pra James, não bateu nele, mas o jeito em que olhava para ele foi como um golpe na boca no estomago. Com raiva, mágoa e principalmente decepção, sem que ela precisasse falar nada ele entendeu o recado “Você quebrou a sua promessa”.

Se virou para Greg que estava apavorado sentado no chão, sorriu pra ele. Pegou seus livros do chão e lhe estendeu a mão para que levantasse.

— Está tudo bem agora, vem Greg. – Ainda chorando ele pegou a mão que lhe era oferecida e levantou.

Lucas e Brandon ainda estavam inertes pelo choque de dor, mas Brandon xingava muito e rugia de dor.

Olhou para James e sorriu friamente.

— Missy eu... – James tentara se explicar, mas não sabia o que dizer.

— É incrível como as pessoas mudam, é por isso que não se deve esperar nada de ninguém, acabamos decepcionados. Eu sabia que tinha mudado, mas não que havia se tornado um fraco. Covarde!

Dizendo isso saiu com Greg. Ele lavara o rosto e se acalmara um pouco, depois foi até onde sua mãe estava desesperada.

— Greg onde esteve? Estava tão preocupada. Você está todo sujo, e que marca vermelha é essa no seu rosto, o que ouve?

— E- eu cai mãe. – Missy olhou pra ele incrédula, por que ele não contava o que aqueles idiotas tinham feito? – Missy me encontrou caído no chão e me ajudou.

A Sra. Stuart olhou desconfiada, Missy quase disse a verdade, mas Greg ficaria chateado com ela. De repente entendeu: Greg não queria que eles se metessem em encrenca, achou incrível como o garoto pode pensar no bem deles mesmo depois do que fizeram, mais uma vez admirou a pureza e bondade de Greg, mesmo não concordando em nada. O melhor para eles seria que fossem punidos, para que não voltassem a fazer aquilo. Aiiii que ódio, isso é injusto, pensara.

— Ah entendi. – Ela não pareceu acreditar muito, mas aceitou.

— Obrigada Missy, você fez mais do-do que o suficiente. Tomamos sorvete outro dia. – Missy sorriu com desgosto, pensara que mesmo com o desagrado de Greg deveria contar tudo, mas mudou de ideia ao ver seu olhar suplicante.

Quando Greg se foi com sua mãe, Missy começou a bater o pé com força, como se a grama do jardim tivesse feito algo terrível a ela, enquanto dizia em voz alta: “Que ódio, que ódio, que ódio. Idiotas, idiotas, idiotas”. O zelador da escola que estava passando pelo jardim a olhou como se ela fosse uma maluca fugida de um sanatório.

— Aqui tem muitas formigas idiotas. – disse ao zelador sorrindo secamente. Achou que ele iria brigar com ela, mas em vez disso a olhou com cara de “Hã?”

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Os três estavam no estacionamento, Brandon já havia ido à enfermaria (por sorte a enfermeira ainda estava lá) e estava com dois algodões enfiados nas narinas para parar o sangramento e tinha um curativo no nariz. Estava encostado no seu carro muito irritado. O carro de Lucas estava ao lado e ele sentado no banco do passageiro com a porta aberta e James encostado na porta traseira do carro de Lucas.

— Aquela garota maldita! – Brandon murmurou com raiva.

— Mas você estava indo longe demais, todos nós estávamos. E ela estava certa – James estava um tanto triste.

— Não venha defendê-la.

— O que você disse á enfermeira? – perguntou James para Brandon.

— Que eu briguei com um cara na rua.

— Um “cara”... – Repetiu Lucas com desgosto.

— Achou que eu dizer que uma garota me bateu? Nunca.

— Ela é mais forte do que parece, tenho minhas duvidas se é mesmo uma garota. – Lucas suspirou irritado.

James riu.

— Você a conhece? Pareceu que se conheciam muito bem. – Perguntou Lucas.

— Bom... Sim, somos amigos de infância, na verdade melhores amigos e...

— Você era apaixonado por ela! – Não foi uma pergunta, e sim uma afirmação que Brandon fizera, mas sem olhar pra ele. James olhou pra cima, um pouco envergonhado.

— Sim... – Admitiu. – Sim, ela foi meu primeiro amor. Depois de tudo que passamos, do que ela fez, eu ainda a decepcionei. – Suspirou frustrado.

Lucas estreitou os olhos e franziu a testa ao ouvir o “tudo que passamos”.

 


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Notas finais do capítulo

Por favor, comentem, aceito criticas. Tudo pra poder melhorar ^^
Beijos



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