Os dias se passaram e Sophia não conseguia tirar aquele garoto da cabeça.  E no fundo ela gostava disso assim poderia tirar Laura da cabeça e quem sabe se apaixonar por Felipe. Ela não gostava da ideia de ser bissexual, ela sofria muito quando pensava nisso. Felipe parecia para ela uma salvação. A salvação de um destino que ela não queria ter. Mas a Laura também era importante demais para ela, e a cada dia e a cada conversa as duas ficavam mais intimas e mais próximas. Sophia estava divida entre duas pessoas. Ela estava perdida.  Em uma tarde ela pegou um papel e começou a escrever:

“E agora? O que eu vou fazer? Apaixonada por duas pessoas, duas pessoas de sexos diferentes para piorar a situação. Um garoto que só troca “Oi!” comigo e uma garota que eu converso a meses. Não sei o que sinto exatamente em relação aos dois, mas eu acho que o que eu sinto pela Laura é muito forte! É nela que eu penso quando vou a algum lugar legal e queria uma companhia, é nela que eu penso todos os dias antes de dormir e quando acordo. Mas o Felipe me tira o ar, ele me deixa completamente sem razão. Eu não sei como explicar o que eu sinto quando estou perto dele, só o que sei é que eu sinto uma atração muito forte por ele. Preciso de ajuda! “

A cada dia Sophia ficava mais confusa. Parecia que aquilo nunca teria fim. Estar apaixonada por Felipe seria bom por um lado, mas por outro poderia ser mais uma história que terminaria em dor, mais uma história que terminaria para Sophia se é que ela teria um começo.

O final de semana finalmente chegou e Sophia já tinha planos. Ela ia tentar terminar uma música que ela tinha começado, mas ainda não tinha conseguido termina-la. A música falava de um amor virtual. Laura, a garota que Sophia não conseguia tirar da cabeça.

Eu vou tentar mais uma vez, eu vou atrás não vou ter medo... O telefone de Sophia começou a tocar. Ela pegou o aparelho lendo o nome no visor. Era Juliana, Sophia já sabia o que ela queria, então pensou um pouco antes de atender.

- Oi, Ju.

- Sophia tá fazendo o que?

Sophia precisava de uma desculpa.

- Estou ocupada, terminando umas coisas aqui.

- Sei... Aposto que está no computador!

- Não! É sério.

- Tá. Vamos sair? Um amigo meu vai dar uma festa, vamos?

- Agora?

- Não, eu estou te convidando agora mais é só pro ano que vem.  - Juliana riu alto.

- Muito engraçado! É que eu estou meio cansada hoje.

- Cansada do que? Vamos vai! Por favor!

- Não sei Ju. Posso pensar?

- Ok! Daqui a pouco eu passo ai pra gente ir juntas. Beijos!

- Não Ju. Espera... – Juliana já tinha desligado.

Sophia sabia que agora não teria outra opção, a não ser sair com a amiga. Foi tomar banho e se arrumou. Na verdade, colocou a primeira roupa que achou uma camisa preta escrita “Avenged Sevenfold” uma das bandas que ela mais gosta, calça Jeans e All Star. Sophia não era do tipo de garota que ligava muito para se arrumar, a não ser em ocasiões especiais, onde a mãe lhe obrigava a se vestir “decentemente”. 

Meia hora depois a campainha tocou, Sophia desceu para abrir a porta para Juliana.

- Assim? – Disse Juliana olhando para a roupa da amiga.

Juliana era lésbica, mas se vestia muito bem. Para ela, não tinha necessidade parecer um menino.

- O que você esperava? Um vestido rosa curto e um salto agulha? – Disse Sophia rindo.

-Não, de você não! Desisto. – Disse Juliana com cara de desanimo.

- Ótimo! Então vamos. – Disse Sophia gritando para a mãe:- Mãe, já estamos indo! Tchau.

- Tudo bem minha filha. E Juízo hein. –Disse a mãe de Sophia aparecendo na porta da cozinha.

- Pode deixar que eu cuido dela Dona Marta! – Disse Juliana.

As meninas saíram, rindo e falando alto. Sophia como sempre nem tão animada como Juliana, mas ela estava tentando não ser uma companhia desagradável para a amiga.

Chegaram à festa e Sophia percebeu que tinha muita gente da escola ali. Perguntou-se se o Felipe também não estaria ali.  Sorrindo sem perceber.

- Olha ele lá! –Disse Juliana para Sophia percebendo que ela procurava por alguém.

De longe Sophia pôde ver o menino de cabelos pretos e olhos verdes como o mar. Ele estava num canto conversando com um menino, muito bonito pelo o que Sophia podia ver. Ela continuou observando-os disfarçadamente, desejando que ele a enxergasse ali. Mas ele não olhou.

Juliana arrastou Sophia para o bar, para beber algo. Ela pediu uma coca enquanto a amiga pedia a bebida mais forte que o barman tinha. Elas foram para a pista de dança, Sophia não era muito de dançar então largou Juliana lá que já tinha encontrado alguém e foi se sentar. Olhou para onde Felipe estava com o menino mais não o encontrou. No lugar deles tinha uma menina. Ela era morena, tinha cabelos grandes e cacheados e observava Sophia com curiosidade. Sophia reparando o olhar da menina virou o rosto. Ela sentiu seu coração acelerar um pouco, e começou a se balançar, como fazia quando ficava nervosa.  Achou melhor sair dali. Se levantou e correu para o banheiro. Trancou-se lá e ficou pensando. Aquela menina não estava olhando para ela, como uma garota comum olha para outra. Tinha um interesse naquele olhar.  Sophia ficou se perguntando se era tão fácil assim perceber o que ela era. Juliana uma vez falou para ela sobre um “Gaydar” que todos os gays têm. Os gays sabiam perceber outro.

Sophia saiu de lá meio confusa e pensativa. E quando olhou para frente a menina que estava a observando estava lá sentada na pia do banheiro, ela balançava as pernas com uma criança que se divertia.

- Oi ,Sophia! – A menina tinha um sorriso lindo no rosto.

- Desculpa, mas como sabe o meu nome?

- Eu sei mais do que isso. –Disse a menina agora com um sorriso malicioso.

- Tipo o que? –Perguntou Sophia desconfiada.

- Tipo... Que se eu te agarrar aqui agora, você não vai mover um dedo pra me impedir.

- Por que eu faria isso? Por que você faria isso? –Sophia perguntou temendo onde aquela conversa podia chegar.

- Por que nós duas sabemos o que você é. E eu acho que agora você também sabe o que eu sou. –Disse a menina que se levantou ficando de frente para Sophia.

- Você não sabe de nada! –Disse Sophia com um tom de quem não estava gostando muito daquela situação. Ela tentou abrir a porta para sair, mas a menina a impediu, rodando a chave na porta.

- Desculpe. Eu não queria irritar você, mas você não sabe o quanto eu esperei pra ficar sozinha com você.

- De onde você me conhece? –Disse Sophia tentando esconder o nervosismo na voz.

- Você nunca reparou em mim mesmo, não é? –A menina parecia triste com essa confirmação. –Eu te conheço da escola. Sempre gostei de você, mas você nem sabia que eu existia.

- Qual o seu nome? –Disse Sophia que começava a se sentir mal, com o que a garota dizia. Ela sabia o que era gostar de alguém que nem reparava nela.

- Natália. –A menina mostrou seu lindo sorriso de novo.

Sophia ficou olhando para ela, que tinha o rosto cada vez mais próximo. Sophia não queria magoar a menina mas não tinha como ela saber que ela gostava dela.

- Eu sinto muito se você sofre ou sofreu por minha causa. –Sophia sentia culpa mesmo sabendo que não era culpada de nada. Ela não gostava de ser o motivo da dor de alguém.

A garota sorriu. –Por que não se redime com gestos? –Disse Natália ainda mais próxima de Sophia.

Por impulso Sophia acariciou o rosto da menina, ela tinha olhos incrivelmente lindos e um sorriso de tirar o folego. Sophia só conseguia se perguntar o porquê de aquela garota tão linda, ter se apaixonado por ela, que não tinha nada demais. O amor era um mistério mesmo.

Sophia sorriu com seus pensamentos ainda com os olhos na garota. Natália retribuiu o carinho alisando os cabelos de Sophia e beijando-a.

Quando Sophia se deu conta já era tarde demais. E ela também não queria que aquilo acabasse. Os carinhos entre as duas ficaram mais intensos e os beijos também.