Peguei a bandeja colocando os cacos de porcelana em cima dela. Deixei na cozinha e voltei com um pano para limpar o chão.

Após terminar o olhei sem graça, ele sorriu e colocou a >minha< - somente minha - filha no berço.

— Hm... então... você ainda quer chocolate quente? – perguntei

— Não, mas eu aceito água – sorriu – em um copo de plástico, por favor.

— Sem graça – bufei e fui até a cozinha.

Ele estava na sala, lhe dei a água.

E sentei-me o olhando.

— Então, o que está fazendo aqui? – perguntei cruzando as pernas

— Vim te ajudar... na portaria... lembra? – falou rindo

— Hm, e porque você me ajudou? Como me achou?

— Eu estava no mesmo supermercado que você e eu queria muito ver nossa filha, mas o carrinho não deixava e eu não podia simplesmente chegar lá e olhá-la. Daí eu te segui até aqui e te ajudei porque vi que você estava precisando – falou e deu de ombros.

— Hm, então já pode ir, e não é nossa filha é MINHA filha – falei apontando para a porta.

— Calma Anny, vamos conversar. – ele sorriu

— Tá, diga, eu estou cansada.

— Será que eu poderia ver a certidão da SUA filha? – ele perguntou revirando os olhos na penúltima palavra

Revirei os olhos também e fui até meu quarto, procurei em umas pastas e finalmente a achei.

— Hm... estão você colocou meu nome – sorriu.

No dia de registrar a Elizabeth o Ryan chegou com um envelope e nele tinha o Justin pedindo para eu a registrar no nome dele também e essas coisas.

— Não... Só ilusão sua – revirei os olhos

— Hm... e porque apenas Elizabeth Müller?

— Por causa do nome da Pattie – sorri sem graça

— E porque não tem Bieber? – perguntou me olhando

— Para quando ela crescer perguntar: Mamãe, porque meu nome tem Bieber? E eu responder: “Por que é o sobrenome do seu pai que nunca te visitou e não ajudou em nada” – falei alterada a ultima parte o fazendo se assustar.

— Vale resaltar a ela também que foi a Mãe dela que não quis que o pai fizesse algo, e que mesmo sem saber de nada precisou se separar da mamãe dela. – ele falou aparentemente chateado a ultima parte me encarando

— Desculpa – falei fitando a minha calça – eu não sabia o que fazer – apertei meus olhos com a intenção de barrar as lágrimas.

— Desculpa, e não queria ter gritado com você – ele falou quase sussurrando.

— Você já sabe o caminho da porta – falei agora mexendo em minhas unhas.

— Eu gostei da decoração do quarto do bebê, só não entendo porque você veio morar aqui, é tão escondido. – ele falou ignorando o que eu falei anteriormente.

— Eu comprei primeiro as coisas da Elizabeth – falei o fitando – foi o que deu para comprar.

— Hm... não poderia ter feito a decoração mais simples? Está tudo tão perfeito no quarto.

— Eu gastei o dinheiro da minha faculdade nesse apartamento e tudo o que eu tinha nas coisas da minha filha, porque eu quis, quero e sempre vou querer dar o melhor para ela, eu precisei trabalhar em uma padaria desde os cinco meses até os nove meses e por sinal eu quase tive minha filha lá, olha para esse apartamento, falta tudo, não tem um café, mas se você pedir leite eu tenho um caminhão estocado no armário – falei levantando-me

— Anny, deixa só eu terminar a facul... – o interrompi

— Justin, não fala besteira, quando você terminar a faculdade vai está tão animado que vai logo criar seu escritório, então não promete uma coisa que nós dois temos certeza que não acontecerá. – falei o olhando enquanto uma lágrima escorria por meu rosto.

Ele se aproximou com a intenção de limpá-la, mas eu afastei sua mão.

— Para Anny, se quiser eu te ajudo, eu ainda ganho minha mesada, não é muito, mas eu posso sei lá... ajudar em qualquer coisa. Eu sempre estive ao seu lado, mas você, só você não percebia.

— Não Justin, talvez você estivesse, até o dia do baile. Eu pensei em te procurar e pedir desculpas, eu pensei em tanta coisa... foi burrice minha ter acabado nosso namoro, eu sei que foi, mas eu não sabia nem o que fazer, o que pensar. – falei já chorando.

— E porque não me procurou no dia do baile?

— Eu fui – falei me sentindo derrotada – mas você estava quase... lá... no meio do jardim  com a Ariana e ainda eu precisei ver você saindo com ela. – sequei minhas lágrimas – quando sair bate a porta – falei entrando no quarto da Elizabeth e fechando a porta.

— Posso fazer só mais uma pergunta? – perguntou

— Diga – falei me aproximando da porta sem abri-la

— Eu posso trazer minha mãe aqui? Quer dizer... ela está preocupada. Eu juro que a deixo aqui e vou embora – ele falou com a voz tremula.

— Pode, mas não diz a ninguém mais – falei e sentei-me na poltrona branca.

Ouvi a porta se fechar.

Justin POV -               

Nossa Justin, um ano longe da garota que você ama e estraga tudo em alguns minutos gritando com ela? Parabéns seu filho da mãe.

Foram os meses mais dolorosos de minha vida, foram os 13 meses que mais me fizeram pensar.

Óbvio que eu tentava não pensar só nela, mas conheci umas garotas na faculdade e bom... não eu não as namorei, era apenas diversão, pura diversão.

Mas agora que eu a encontrei eu faço questão de estragar tudo. Isso Justin, continua seu filho da Pattie...

Mas acho que valeu a pena, minha filha sorriu para mim, eu a fiz dormir, eu olhei em seus olhos azuis profundos, com toda certeza valeu a pena.

Estacionei o carro na casa de minha mãe, é eu fui morar com meu pai por dois motivos: Minha mãe me expulsou de casa e lá é mais perto para ir a faculdade.

— Filho o que aconteceu? – minha mãe perguntou enquanto eu passava pela porta de seu quarto.

— Nada não mãe, mas se quiser ir na casa da Anny vê-la só pedir – falei parado na porta de seu quarto e  soltei meio sorriso

— E não foi muito bom lá? Acertei? – ela perguntou estendendo os braços para eu ir até ela

— É mãe – falei deitando em seu colo – sem querer eu gritei com ela, foi automático, mas a minha filha é tão linda, ela tem os olhos grandes e azuis e cabelo dourado – falei sorrindo e lembrado perfeitamente de seu rosto.

— Agora você me deixou com vontade de vê-la – ela falou sorrindo

— Amanhã te levo, boa noite – lhe dei um beijo na testa e fui para meu quarto.

[...]

— Mãe já está pronta? – perguntei na parte de baixo da casa

— Calma Justin, eu estou só procurando uma coisa – ela falou e em seguida apareceu com uma sacola roxa.

Já estava anoitecendo, fomos até o simples condomínio, falei o número do apartamento e fiquei no carro.