Throw Away escrita por Amis


Capítulo 32
Epilogo


Notas iniciais do capítulo

Bem, gente, é dificil terminar uma fic que eu amei escrever, que falava tanto de mim e que foi tão bem recebida. Acho que até demorei mais do que devia com ela, só por medo de acabá-la. Mas, antes mesmo de escrever a historia, eu já tinha escrito o epilogo, e ele era o mais importante de tudo. Sinto orgulho de ter terminado essa fic, de ter tido vocês como amigos(as), de ter sido tão bem recepcionada, de ter tantos reviews e recomendações. Isso foi muito mais do que esperava. E eu realmente espero que com essa recepção, a fic possa ter ensinado alguma coisa a vocês. A importancia da amizade, da familia, do amor, de se amar do jeito que é, de nunca desistir do que quer, de não escolher os caminhos mais faceis e curtos, dentre outros.
Obrigado por tudo, pessoal. Eis o ultimo capítulo...



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5 anos depois.

Desde daquele dia que eu salvei minha prima e depois, finalmente  percebi que precisava de tratamento, minha vida mudou drasticamente.

Meus pais passaram a procurar ajuda médica no mundo bruxo. Eram poucos os bruxos que tratavam de distúrbios alimentares e a doença ainda era pouco conhecida no nosso mundo.

Tia Hermione, com seus vários contatos, conseguira um médico bruxo especializado nisso que havia prometido me ajudar. De acordo com sua teoria, eu nunca me curaria. Sempre estaria suscetível a quedas, onde eu voltaria á estaca zero, mas com o acompanhamento certo, dificilmente eu voltaria a induzir vômitos.

Mesmo assim, seus métodos não eram muito ortodoxos. Meus pais confiavam pouco neles, mas como era nossa única salvação, decidimos que seguiríamos a risca o que ele me prescrevia.

No meu primeiro ano de tratamento, ele me afastou de Hogwarts. Eu não podia ficar tão longe do tratamento e da minha família, que segundo ele, seria o meu remédio principal.

No começo, me desesperei. Ficaria um ano atrasada em relação aos meus primos e meus amigos, principalmente em relação á Scorpius, e eu não podia permitir que aquilo acontecesse. Eu e ele namorávamos, eu precisava ficar por perto.

Mas ele foi o principal adepto ao meu tratamento. Me obrigou a seguir as recomendações, não se importando com a distancia. Sempre dizia que minha saúde deveria ficar em primeiro lugar.

O primeiro mês do tratamento foi horrível. Ficava o dia inteiro em casa, longe da escola, da magia, dos amigos e praticamente grudada na plaquinha do tédio. Fazia terapia todos os dias e passava horas conversando com minha mãe e Victorie, apesar de não ser suficiente. Eu estava pirando pela falta do que fazer.

No segundo mês o meu querido médico decidiu que eu precisava ocupar minha mente e teve a brilhante ideia de me matricular em um colégio trouxa. Foi um choque tanto para mim, quanto para a minha mãe, mas meu pai achou a ideia interessante e seguiu o conselho.

Comecei frequentando o primeiro ano do ensino médio, em um colégio particular de Londres. As matérias eram diferentes das que eu conhecia e eu constantemente ficava assustada com a série de coisas que apareciam nos livros daquele local, sem que eu nunca tivesse ouvido algo parecido. No primeiro mês tive a sensação de pirar novamente. Mas todos os dias voltava para casa, fazia minha terapia e conversava com Scorpius por um espelho que havíamos enfeitiçado.

No meu segundo mês de aulas comecei a entender como as coisas funcionavam. Estava fazendo aulas de reforço com os professores para acompanhar as matérias e aprendendo tudo que eu nunca vira na vida. Havia feito amizades e percebido que o mundo dos trouxas era divertido demais.

Não havia casas para competir. Não havia pressão para ser um boa Weasley. As pessoas gostavam de mim, me convidavam para festas animadas e me incluíam nas diversas tarefas juvenis.

Eu participava de tudo. Me inscrevi para as líderes de torcida pois aquilo parecia ser muito legal e participava do clube de teatro. As meninas me ajudavam com as matérias mais complicadas e comecei a me ver em um mundo mais adolescente. Passava horas no colégio, conversando sobre coisas banais com as meninas, rindo dos meninos do futebol e estudando para as provas. À noite, ajudava a minha mãe e Victorie a cuidar de Margot, minha sobrinha, e conversava com Scorpius pelo espelho.

Em menos de quatro meses eu já estava adaptada á rotina do colégio trouxa e muito familiarizada com tudo. Me fascinava com a capacidade de todas as matérias me explicarem coisas que eu nunca pensei em saber. De repente eu sabia o motivo do céu ser azul, do flamingo ser rosa, das teorias de como o mundo surgiu, das diversas combinações químicas existentes e etc. Era um mundo em que nada se explicava através da magia e tudo tinha lógica. Percebi que tinha talento para biologia, ia muito bem em química e adorava poder explodir coisas no laboratório. Aquilo era visto como algo bom, uma experiência que me rendia pontos.

Passei a dominar todas as matérias. Tinha certa dificuldade na área de exatas, mas todos os meus amigos me ajudavam sempre que podiam. Eu não sentia a costumeira pressão de ser perfeita, magra e vencedora. Não havia primos para superar, casas para ganhar ou uma família para quem orgulhar. Eu me sentia extremamente comum e feliz, aceita e bem recebida. Simplesmente adorava a escola.

A terapia já não era mais um martírio. Meu afastamento da escola bruxa não fazia mais tanta falta e eu dificilmente me encontrava vomitando o que comia. Estava me curando aos poucos e me sentindo cada vez mais feliz.

No final do meu primeiro ano de tratamento eu já era assunto do profeta diário. A forma como eu me lutei pela minha casa, salvei minha prima, dei a volta por cima e agora me curava de uma doença era assunto das capas de revistas teen e dos jornais. Eu era conhecida como a Lufana com garra e coragem para levar uma casa á ruina e ressurgir das cinzas em meses. Era conhecida pela destemida menina que salvou a prima e encarou de frente a sua doença, abandonando tudo para se curar.

Sem querer mais, eu tinha virado um heroína teen por estar superando o meu problema. As pessoas falavam como ser um lufano era bom e como a lealdade era um qualidade importante. Das poucas vezes em que eu me aventurei pelo beco diagonal, fui parada por crianças de dez anos dizendo que queriam ser da Lufa-Lufa para ter um coração bom e serem leais as pessoas que amavam.

De repente ser Lufano era algo bom. Eu tinha conseguido dar respeito a minha casa.

Mesmo assim, eu nunca mais voltei para Hogwarts. Meu médico disse que eu precisava apagar aquele meu passado e voltar a transitar pelos corredores de pedra daquele local não me ajudariam nisso. Precisava mudar de colégio.

Como eu passei a gostar do colégio trouxa, quis continuar nele. Infelizmente meus pais queriam que eu terminasse o ensino bruxo, custasse o que custasse. Pensaram nas diversas escolas da Europa, mas como eu ainda precisava estar em contato diário com minha família por causa do tratamento, e ter sessões de terapia três vezes por semana, um colégio interno não era a melhor opção. Escolheram por fim a escola de magia e bruxaria de Salém, um colégio renomado dos Estados Unidos, que tinha um estudo peculiar.

Fui cursar o meu sexto ano, que naquele colégio se chamava por segundo do ensino médio também. Aquele colégio era um colégio comum, do qual se ensinava todas as matérias que Hogwarts oferecia, mais magia das Trevas e um curso no período da tarde que qualificava todos os bruxos para um estudo de colégio trouxa também. Resumindo, o período da manhã era dedicado ao ensino bruxo e o da tarde, ao trouxa.

Lá eu descobri a possibilidade de frequentar uma faculdade trouxa. Eu tinha ótimas notas nas matérias trouxas e meu desempenho bruxo estava bem melhor. Os professores me davam uma atenção especial á pedido do meu médico, então muitas vezes tinha aulas particulares com eles.

Por incrível que pareça, eu passei a dominar poções e magia negra, que era ensinada para que pudéssemos conhece-la e combate-la se necessário. A filosofia do colégio dizia que só podíamos lutar contra o mal, contra a magia negra, se nós a conhecêssemos, e estivéssemos cientes do mal que ela faz. O que fazia sentido, pelo menos para mim, que depois de dominá-la, passei a me ver melhorando nas aulas de DCAT e Feitiços.

Além disso, todos os dias voltava para casa, usando a rede pó de flu, e convivia bem com meus pais.

No final do meu segundo ano de tratamento eu já estava quatro meses sem ter tido nenhum deslize.

Scorpius e meus primos acabaram terminando o colégio naquele ano mesmo. Albus entrou para o time profissional de quadribol, Caerphilly Catapults, e Rose começou a cursar seu primeiro ano de medi-bruxa no mesmo ano em que eu terminava o colégio. Scorpius entrou Chudley Cannons dois meses depois que concluiu Hogwarts e todo dia me visitava em casa, enquanto eu cursava o meu ultimo ano de colégio.

James e Fred acabaram virando aurores, como meu Tio Harry, e Erik decidiu administrar as finanças  da família, alegando que precisaria de estabilidade financeira para se casar com a Rose. Pois é, eles iriam se casar.

Nate e Dafne se mudaram para a França. Dafne decidiu fazer moda em uma faculdade bruxa francesa e Nate a acompanhou, se decidindo em cursar direito para trabalhar no ministério Francês. Um ano depois ambos estavam casados e Dafne estava contando os dias para terminar seu curso e engravidar.

No final do meu terceiro ano de tratamento, eu já tinha uma carta de aceitação para a Yale e a Brown, ambas para o curso de Psicologia. Acabei escolhendo Yale, e sei que escolhi bem. Pretendia me especializar no tratamento de distúrbios alimentares e trabalhar no mundo bruxo com isso, ajudando pessoas que passaram pelo mesmo que eu.

Agora, cinco anos depois de toda aquela loucura, eu estou no meu segundo ano de faculdade. Moro em uma apartamento grande e bem equipado, á cinco minutos do campus de Yale, junto com Scorpius, que decidiu morar comigo depois que se estabilizou no time de quadribol. Estamos noivos há sete meses e para a alegria do meu pai, vamos nos casar no final desse ano.

-Querida, você está me escutando? – escuto a voz de Scorpius me tirou de meus devaneios e suspirei.

-Parcialmente. – disse, respirando fundo para dizer o que eu queria dizer naquele jantar.

Ele riu baixinho e pegou minha mão por cima da nossa mesa de jantar.

-Aprendi a cozinhar direitinho? – perguntou divertido. Quando ele veio morar comigo, não sabia fazer nem um ovo frito. Como eu passava tempo demais no campus estudando, ele teve que aprender sozinho a cozinhar. E tenho que admitir que ele conseguiu me superar.

Assenti.

-Aprendeu tão bem que eu comi até mais do que eu deveria. – disse rindo.

Ele revirou os olhos.

-Uma vez não vai te matar, Dominique. – disse um pouco mais sério. Mesmo depois de eu ter me recuperado dos meus anos escuros, tratar de peso comigo era praticamente um tabu. Quando precisava ser discutido, todos levavam com seriedade e delicadeza. Eu achava um exagero, já me considerava curada, mas mesmo assim todos faziam isso.

-Andei comendo muito esses dias... – digo tentando achar uma brecha para dizer o que queria.

Os olhos prateados dele tornam-se gélidos e cheios de cautela e alerta.

Droga, acionei o campo errado!

-Devo me preocupar com isso? – ele perguntou se aproximando com o rosto.

Neguei com a cabeça, mas antes que pudesse falar mais alguma coisa, me estomago se agitou e eu senti um enjoo forte me atingir. Rapidamente me levantei e segurei o enjoo o suficiente para sorrir para o loiro a minha frente.

-Estou bem, só um minutinho. – disse tentando parecer normal. Com passos que eu queria que parecessem casuais, fui em direção ao banheiro e sem tempo para trancar a porta, me debrucei sobre a privada. Tudo que eu tinha comido saiu sem nenhuma dificuldade, como nos meus dias escuros, e me lembrando daquilo, gemi.

Isso ia durar quanto tempo mesmo? Me perguntei tentando me levantar sem vomitar mais.

Escutei a porta se abrindo e antes que eu pudesse disfarçar, mais uma onda de enjoo me atingiu e eu me debrucei novamente para vomitar.

Senti os olhos de Scorpius, preocupados e descrentes, me fitarem através da soleira da porta e lentamente encarei eles.

-Eu vou ligar para seu médico. – ele disse saindo do meu campo de visão e correndo para  pegar o telefone. Sem pensar duas vezes, me levantei do chão e corri para a sala, onde ele já discava o numero do meu querido medico.

-Não, Scorpius, não é isso que você está pensando... – disse desesperada, tomando o telefone de suas mãos.

O loiro me fitou em um misto de raiva e medo.

-Dominique, tudo bem, nós sabíamos da possibilidade de você voltar à estaca zero. Nós vamos passar por isso juntos, voltamos ao tratamento como antes e...

-Pare, Scorpius! – disse mais alto que sua voz, fazendo ele ficar quieto automaticamente. – Não é isso mesmo que você está pensando. – afirmei, depositando minha mão sob meu ventre, ainda liso, mas que logo cresceria. – Estou grávida. – finalizei radiante, me aproximando dele cautelosamente.

Scorpius piscou confuso por alguns segundos, alternando seu olhar entre meus olhos e meu ventre. Depois um sorriso estonteante se formou em seus lábios e sem poder conter a sua alegria, ele cortou o espaço que existia entre nós e me abraçou, girando meu corpo no ar.

-Scorpius, não faça isso, os enjoos... – disse sentindo meu estomago se agitar novamente.

Ele parou de me girar e delicadamente me colocou no chão.

-Isso é maravilhoso, Dominique. Um filho nosso, só nosso. – sussurrou ainda abobado.

Sorri em resposta, assentindo alegre também.

-Eu te amo, ruiva. – ele disse, me dando um beijo calmo.

Correspondi ao beijo me sentindo completa. Eu jamais deixaria que a pressão da sociedade atingisse meu filho ou que ele fosse julgado pelo que aparentava ser. Eu ensinaria para ele que para tudo na vida tinha uma segunda chance, uma forma de consertar as coisas ou pegar um caminho e resolver seus problemas. Eu diria a ele que errei, joguei tudo que tinha fora, literalmente, e me afundei em um mar horrendo de problemas. Jamais mentiria para ele dizendo que fui perfeita. Mas mostraria para ele que tinha dado a volta por cima e que no final, eu consegui ser feliz. No fundo, nunca fora uma perdedora.

Eu tinha vencido o maior obstáculo do homem: a vida.

_ Throw away_

 E teria sido uma boa ideia, se ela não tivesse errado tanto para concluir ela.

Ela tinha jogado tudo que tinha fora. Mas existiam vários caminhos para conseguir o que Dominique queria. Independente deles, o destino final foi sempre o mesmo:

Vencer.

FIM


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Notas finais do capítulo

Bem, fim! Para quem me deixar review ou recomendação, mandarei uma MP com um capítulo bonus que está muuuito engraçado e interessante.
XOXO