Hunters escrita por lissaff


Capítulo 1
Capítulo 1




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 – Vamos lá Ana!É 1, é 2, é 3 e elevet – Minha professora de balé, ela sempre coloca uma motivação especialmente para mim.
O recital estava perto, fui escolhida para ser a principal, era preciso treinar. O auditório estava com no mínimo cinco pessoas: olheiros, curiosos e quem quer faltar aula – um novo homem entrou, ele parecia um olheiro. Terno e classe, olheiro concerteza, em um treino você pode perceber muita coisa.
– Somente mais trinta minutos para ter certeza que estão magníficos. – A senhora Hertz foi sempre perfeccionista. Minhas pernas já estavam cansadas de tanto fazer piles. Tentei me distrair enquanto mudava de série, o tempo podia passar mais rápido, todos os alunos dentro daquele auditório tinham um objetivo. Bailarinos: Dançar; olheiros: Procurar novos talentos para trabalhar; curiosos: aprender como se dança com os olhos e quem falta aula: fingir ser curioso.
O novo homem parecia entediado, quando não estava olhando pro teto estava olhando para o palco.
– Atenção! – Senhora Hertz estralou os dedos freneticamente perto dos meus olhos.
– Desculpe- me. – Logo me virei para o lado certo, que dava de frente para o relógio.Droga! Ainda 23 minutos?!?
Giros, pulos e sempre a postura ereta. Assim terminei a aula – a professora liberou todos e a “platéia” se levantou, eu peguei minha mochila e sai correndo. Todos gostavam de falar com olheiros nos treinos, mas eu tinha pavor deles. Quer saber o por quê? Simples, eu ficaria a pessoa mais chata do mundo querendo tudinho perfeito. Também, eu estava abalada com os acontecimentos no colégio – mortes sem explicações – o homem de terno me barrou,
– Ana Brandon? -   Ele parecia confuso e certo, Seu cabelo loiro escuro e seus olhos verde mar eram realçados pela gravata azul-marinho.
– Sim, posso ajudá-lo? – Minha educação formal, devo tudo ao meu pai.
– Sou Dean Stabler, agente da FBI. Posso falar com você? – E me mostrou o distintivo. Tremi.
– Hum, pode. – Tudo que consegui falar.
– É sobre a morte de Cristina Russo, o que sabe a respeito? – Fiquei estática, virei meus olhos para o chão e saí em direção ao meu armário com ele ao meu lado.
– Estava na biblioteca e ouvi gritos. Corri o máximo que pude e a encontrei sangrando no chão. – Os flashes passavam por minha cabeça em segundos. Dei uma olhada para o agente de cabeça baixa, parecia analisar cada traço do meu corpo.
– O que fazia na escola à noite? – Ele balançou a cabeça parecendo desnorteado, mas continuou – A escola deveria estar fechada para os alunos, não acha?
– A escola tem atividades extras. – falei firme. – Olha, já contei o mesmo para uns 3 agentes, porque não pega o testemunho com um deles? – Olhei atentamente com ironia nos olhos, sai em direção ao meu armário é logo me animei ao ver os ônibus na porta. Era a saída.
– Quem era o gatão? – Uma voz veio por trás de mim que me fez pular e dar um grito de susto.
– Júúúúlia. – Me virei para a minha melhor amiga com uma felicidade em excesso.
– Desculpa donzela, mas quem era o gatão? – Ela me sacudiu me olhando com olhos pidões e desesperados por um namorado galã.
– Um agente da FBI querendo saber sobre a morte da Cristina. – Falei com tédio
– Aah...  – Júlia gostava de Cristina, ela balançava a cabeça lembrando da amiga. Ela olhou para o lado direito e mordeu o lábio inferior por alguns segundos (sinal de problemas... para mim) e virou-se para mim subitamente.
– Velinha não quer ser mais velinha. Te vejo no ônibus. – Ela saiu da minha frente acenando e jogando um beijo, ninguém me fazia rir como ela.
– Oi Ana.- Agora a voz era outra, bem grossa e cheia de masculinidade.
– Oi Luciano. – Disse ainda rindo da Júlia.
– Como está indo o recital? – Ele sorria tentando ser o único a chamar atenção ali, impossível pra mim.
– Bem pesado. – Falei bufando e em seguida sorri meiga e sai em direção ao ônibus.
– Então, tá livre sexta? – Me assustei, hoje era segunda.
– Olha, se você quiser responder depois, tudo bem. – Acho que ele percebeu meu susto.
– Tudo bem... Aanhh, qualquer coisa eu te ligo... – Ainda assustada segui para meu ônibus, graças a Deus que ele não é do mesmo que o meu.
– Viu um fantasma garota? – Júlia logo me olhou com aquele seu “tom” de pergunta.
– Só se ele for malhado e loiro dos olhos azuis. – Me joguei no banco.
– Me conte TUDO. – Ela estava pronta para me sacudir de novo. Respirei fundo.
– Ele me chamou pra sair.
– AAAAHHHH!!! – quase caí do banco com o grito dela.
– Você aceitou, né? – Ela quase gritava de novo.
– Não... não totalmente – Falei baixo.
– Ana Brandon, como você acabou de recusar um convite do Luciano delicia, gostosão, maravilhoso? – Ela sussurrou grosseiramente olhando direto para mim.
– Júlia, eu não quero sair com ele. – falei abafando um súbito chilique .
– Ta bom extraterrestre, vou pegar ele pra mim. – O apelido super carinhoso era por causa que eu não era uma lucianomaníaca.
– Ele só e meu amigo, tá? – Ainda estava quase gritando.
– Duas loucas! Seu ponto. – O motorista gritava de seu lugar, mas que ótimo, nós levantamos rápido.
– Valeu Richard. – Falamos juntas e rimos juntas. O ponto era bem na frente das nossas casas.
– Te ligo mais tarde.- Júlia gritou para mim, só acenei.
Peguei a chave em minha bolsa e abri a porta.
– Cheguei! – Gritei anunciando e verificando se tinha alguém em casa.
– Aqui! – A voz que eu procurava logo respondeu, joguei minha mochila no chão e corri para cozinha.
– Oi pai. – Disse abraçando o homem que foi minha influencia desde  pequena.
– Oi querida. – Ele beijou minha testa e voltou a cortar a carne.
– Oba, carne. – Peguei um pedaço que já estava grelhado e coloquei na boca.
– Oh gulosa, por que não vai se trocar pra me ajudar?Teremos visitas hoje. – entortei a boca numa careta que meu pai conhecia bem.Eu não gostava das visitas do meu pai, ele sabia daquilo. Eu e ele na mesa já estava ótimo.
– Formal ou normal? – Era sempre bom ter boa aparência para os agentes de meu pai.
– Normal. – Ele disse rindo da minha cara.
– To indo. – Subi as escadas rápido, na metade meu pai assobiou.
– Oi. – Me virei rápido e desengonçada. Ele me olhou com cara de reprova e segurando minha bolsa na mão. Desci as escadas.
– Desculpe. – Falei rápido dei um beijo em sua bochecha peguei minha bolsa e subi as escadas novamente para um belo de um banho.
Corri para meu quarto e joguei a bolsa no chão e fui para o banheiro. Despi-me rápido e liguei o chuveiro no morno, meu xampu favorito era com cheiro de cereja. Lavei meu corpo e sai do banheiro, agora era a dúvida, o que vestir?

Acabei escolhendo um vestido vermelho rodado, ele tinha alças finas e valorizava meu corpo. Era normal, mas tinha que ficar formal – passei pelo quarto de meu pai é escutei o chuveiro ligado. Desci as escadas os mais rápido que pude para dar minha ajuda.
Peguei a toalha mais linda que tinha em casa e forrei a mesa, o scarpin preto não me ajudava, então tirei por alguns minutos. Corri nas gavetas é peguei os talheres de prata – meu pai só tinha aquilo para visitas importantes – arrumei os pratos em seu lugar é coloquei os talheres. Garfo, faca e colher, tudo em seu lugar. Desci até o porão e escolhi o melhor vinho da safra de meu pai, escutei que ele já estava se sentindo – sua cantoria brega era o sinal  - Eu ria enquanto arrumava as taças de cristal. Calcei meus scarpin e fiquei em pé atrás da mesa.
– Mas o que..? – Meu pai parou e me olhou dando um sorriso de uma criança excessivamente feliz.
– Filha, não acredito. – Ele ainda estava pasmo
– Pai, eu sempre ajudo tá? Não fique assim.- Olhei ainda sorrindo.
– Tudo bem, obrigada por existir. – Ele sorriu e deu uma corrida básica para perto de mim é me deu um beijo na testa. A campanhia tocou.
– Deixa que eu atendo. – Fui indo para porta. – Arruma o cabelo. – Sussurrei rápido para ele que se olhava no espelho.
– Boa noite. – Sorria o mais bonita que podia, quando abri a porta vi 5 homens e 3 mulheres. A explicação de meu pai usar a mesa grande.
– Olá Senhorita Brandon. – Uma delas sorriu pra mim.
– Olá. – Eu sorri, mas desviei o olhar para rua por pura curiosidade. Acabei vendo um Chevy Impala 1967 com dois caras dentro olhando demais para minha casa.
– Entrem, vou resolver uma coisa. – Andei disfarçadamente fingindo ir para o parque perto dali, mas quando fiquei de frente com o carro. Eles não tinha como fugir.
– Algum problema senhores? – Disse me aproximando, eles me encararam de primeira. Um deles era bem mais novo que o outro que eu parecia conhecer, ele sorriu sem graça pra mim.
– Não, só estamos vigiando a rua. – Eu olhei com ironia, estava mentindo. Para mostrar para eles mesmos para inventar uma mentira mais agradável eu vi o verdadeiro guarda da rua que chamei discretamente com o dedo.
– É mesmo?São novos na turma? – Minha ironia não foi percebida. O guarda já estava chegando.
– Somos sim, nosso primeiro turno é hoje. – O que eu parecia conhecer falou com um sorriso também irônico.
– Pois é, hum Marcos. Eu não sabia dos novos caras e meu turno é amanhã. – Disse para o guarda que era meu amigo Marcos, a idéia de ter vigias na rua foi nossa.
– Não entrou ninguém Ana. – Ele disse confuso, os cara no carro abaixaram a cabeça descobertos.
– Olha, não sei o que estão fazendo aqui. Mas é melhor virem disfarçados da próxima vez e com uma mentira melhor. – Disse grosseiramente e depois sorri acenando, o motorista que eu ainda tinha a sensação de já te-lo visto. Ligou o carro é foi embora.
Agradeci a Marcos e voltei para casa devagar, não queria escutar conversas de negócios e de adultos chatos. Mas cheguei em casa, quando abri a porta todos olharam pra mim.
– Minha filha, aonde estava? – Meu pai me olhou preocupado e zangado.
– Estava falando com Marcos pai. – Falei do meu jeito doce, ele sorriu e voltou para seus amigos.
– Já disse que ela inventou a segurança na rua? Os assaltos abaixaram bastante depois disso. – Me sentei na cadeira e percebi que o assunto era  a minha pessoa. Eu sorri corando enquanto colocava a comida na mesa
Durante o resto do jantar um assunto lá da empresa dominou a convesa, fingi me interessar para passar uma boa impressão – o de sempre – mas acabou logo, a louça estava grande então tirei meus sapatos de novo e fui ajudar meu pai.
– Tá, agora me diz. O que você foi fazer? – Ele parou de lavar o prato e se virou para mim com o rosto zangado. Eu respirei fundo algumas vezes.
– Tinha uns caras estranhos olhando demais para nossa casa. Só fui verificar. – Falei dando de ombros. Ele ficou parado por um momento olhando para o horizonte.
– Ok mocinha, cama agora! – Ele tirou o pano da minha mão é me empurrou para a escada. Eu fiquei confusa, mas obedeci , mal cheguei no quarto e o telefone tocou.
– Alô? – Disse ainda confusa.
– Ok, explicações. Por que do vestido vermelho? Pensa que eu não vi, você tava todo gostosa e nem falou nada pra mim. – Júlia, concerteza. Eu revirei os olhos e dei algumas risadas baixas.
– Meu pai deu um “daqueles jantares”, satisfeita? – Disse rindo, ficou silêncio no telefone depois ela falou.
– Me empresta o vestido? – Sua voz era de um cachorro pidão, olhei pela janela e a poucos metros dali estava ela me olhando com cara de cachorro pidão pra mim.
– Ta bom. – Disse rindo.
– Bom, eu tenho que ir fazer a droga do dever português, a gente se vê amanhã? – Ela parecia cuspir quando falou “português.”
– Faz direito. – Disse  motivando-a.
– Que seja. Te amo. – Eu ri de novo.
– Te amo. – Falei carinhosa, ela desligou primeiro, eu desliguei e fui ao banheiro colocar meu pijama preferido. Um short e uma regata folgada vermelha de bolinhas brancas. Escovei meus dentes devagar mas fazendo muito barulho, para mostrar ao meu pai  que estava indo dormir.Quando terminei, abri a porta de meu quarto e desci as escadas procurando por meu pai – ele estava na sala, parecia ver televisão. Mas a TV estava desligada, cheguei mais perto para ver o que estava acontecendo.
– Pai você ta...- não consegui terminar por causa do que vi, seu olhos estavam totalmente pretos. Não era só as córneas era todo olho! Me afastei dele com medo, apesar de ser meu pai, aquilo dava medo – ele se levantou com o rosto direcionado para mim, seus olhos voltaram ao verde normal que eu estava acostumada á ver.
– Ana, pro seu bem vá para seu quarto – Ele estava de cabeça baixa, mas sua voz era grossa.
Corri para meu quarto, mas não fui para cama. Peguei uma calça de malha e vesti rápido tentando ser discreta, fui para o guarda- roupa e peguei o Maximo de lençóis que podia e comecei a amarrar formando uma grande corda. Amarrei um ponta em minha cama e a outra joguei pela janela, parei para olhar a altura e percebi que estava chorando. Mas as lágrimas eram de desespero, limpei algumas delas e desci a “corda”.
O caminho até o chão não foi fácil, tive que parar no meio umas cinco vezes e continuar descendo, mas eu cheguei ao chão.Quando pisei em terra firme sai correndo, a minha primeira opção de fuga era a casa da Júlia – mas a Sra. Fontenele , sua mãe, iria descobrir e me mandar para casa e meu pai podia se transformar naquilo de novo. Então corri para o parque, as lágrimas aumentavam quando as lembranças iam em minha mente, balancei a cabeça várias vezes tentando tira –las de lá.
Cheguei ao parque não tinha quase ninguém, alguns corredores e pessoas como eu. Queriam fugir de casa, estava desnorteada e tonta com tudo aquilo em minha cabeça – sentei-me no banco mais próximo e coloquei a cabeça entre os joelhos, as lágrimas forçaram á aumentar.
Fiquei ali por alguns minutos, imóvel. Tentando pensar em alguma possibilidade do que tivera acontecido com o meu pai. A possibilidade de estar possuído foi a mais convicta para mim, na aula de filosofia o professor Cullen nos mostrou esse mundo, eu fui uma dos poucos que acreditaram nele, mas a maioria o mandou para um hospício.
Olhei para o pequeno relógio que tinha ali, já estava fora de casa á duas horas. Era hora de voltar, na volta eu fui andando – se fosse o meu pai que estava ali, ele já estaria dormindo, se não estava eu não seria pega. Subi a corda de lençóis sem ninguém perceber.
Me deitei na cama de um modo confortável, queria por um momento esquecer aquilo, queria voltar para a minha vida tediosa e monótona. Seria possível?











































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