– De vários cadáveres em decomposição. - Ele respondeu-me como se fosse a coisa mais normal do mundo.

                - Que cadáveres? – Continuei, tentando extrair o máximo de detalhes possíveis.

                - Acho que você já deduziu que está em um quarto para reféns, e que está em algum lugar comandado pelo cara que você denominou “ele”. Você, ao longo de sua vida, já deve ter observado algumas características deste homem, e que ele não é uma pessoa muito calma e pacifica, isso torna a questão óbvia, cadáveres que foram mortos pelo comando d’ele.

                - Pessoas inocentes ou culpadas?

                - Depende do ponto de vista.

                - Do meu ponto de vista, e pare de enrolar, diga logo tudo de uma vez, dê-me informações completas.

                - Apesar de d’ele ter lhe dito que deixaria sua garota e os moradores do prédio saírem em segurança, ele não cumpriu com suas palavras, e acabou ordenando a morte de todos os moradores e o mantimento de Luna como refém, mas ela sendo tratada como uma refém especial, diferentemente de você, ela é muito bem tratada, como se fosse uma hóspede. Creio que você queira saber por que os moradores foram mortos.

                - Sim, quero, e também gostaria que me explicasse para onde orientava-os naquela noite.

                - Foram mortos por terem visto nossos rostos, alguns vizinhos curiosos também foram mortos, e o prédio, demolido. Eu e meus companheiros dizemos ser de certo órgão do governo, e os guiamos até aqui, onde colocamos uma vírgula em sua vida.

                - Como ninguém suspeitou de nada?

                - Eles estavam tão assustados que se disséssemos que éramos fadas, acreditariam, e as pessoas que passavam pela rua, ou pessoas do gênero, acabavam sendo influenciados por algum conhecido assustado que encontravam naquela multidão, e acabavam por participar também.

                - E se alguém se recusasse?

                - Alguns de meus companheiros traziam-nas para cá, forçadas, dentro de um carro. Deixar testemunhas é um dos piores erros que algum criminoso pode cometer.

                - Então por que ainda estou vivo? Vejo seus rostos desde criança, e sou uma testemunha, tecnicamente, e vitima também.

                - Mas você tem uma relação mais que direta conosco, os outros foram mero acaso.

                - E essa relação é o motivo das perseguições e tudo o mais?

                - Sim.

                - E que relação é essa?

                - Isso apenas “ele” poderá te explicar, primeiro por que ele proibiu todos nós, e segundo, porque só ele conhece os detalhes e tem informações completas e verídicas.