Iaaug escrita por anaterra2


Capítulo 5
V


Notas iniciais do capítulo

Agora sim algumas coisas são explicadas, e começa a ter relação com a sinopse. Já aviso que as coisas estão esquentando.



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POV Ben Hur

E agora, o que eu faço? “Eles” já estão me procurando, e logo me encontrarão, não quero pô-la em risco, mas não quero rejeitar-lhe, adoraria passar mais tempo com ela. É um pouco arriscado, mas acho que ficar só mais um pouquinho não fará mal algum.


POV Luna

Ele pensava, e enquanto isso, aproveitei para fitar a lua. Ela estava enorme, branca e muito brilhante, e bela. Às vezes ela exerce certo encanto sobre mim, fico parcialmente hipnotizada, e por esse motivo só percebi que Ben Hur havia respondido quando ele cutucou meu braço.

– Oi?

– Acho que vou aceitar sua proposta, mas é uma longa história. – Ele repetiu, e eu abri um sorriso, queria realmente saber sobre o tal mito, ele parecia interessante. Estava tão interessada que convidei um estranho para entrar em minha casa, mesmo sabendo dos riscos.

– Que ótimo! – Ele deu um sorriso discreto, sem mostrar os dentes, em resposta ao tom animado de minha voz. – Iremos subir, pelas escadas, já que o elevador encontra se com defeito, e peço-lhe que não repare na bagunça, ando sem tempo de arrumar. – Sem tempo, e com preguiça.

Após vários lances de escada chegamos ao oitavo andar, suados e ofegantes. Fiquei com pena dele, estava abusando da boa vontade dele, agora.

– Desculpe, sei que estou abusando um pouco da sua boa vontade, e pelo transtorno.

– Não, que isso! Mas por favor, diga-me que seu apartamento é nesse andar! – Implorou, brincalhão, eu respondi, ainda rindo, e indo abrir a porta.

– É sim, 805. Entre. – Convidei-o, ao terminar de destrancar e abrir a porta.

– Com licença. – Ele disse adentrando em minha sala desorganizada.

– Fique a vontade. – Respondi, fechando a porta, mas não trancando-a, caso eu precisasse fugir, seria mais fácil.

Ele estava de pé, parado e observando o local. Pedi que tirasse o casaco, e sentasse no sofá. Liguei a TV e entreguei-lhe o controle, avisando que tinha Sky. Coloquei o casaco pendurado num cabide no meu guarda roupa, e voltei para a sala.

– Vai querer beber o que? – Perguntei, aparecendo na porta da sala, que dá para a cozinha.

– O que tem para beber? – Perguntou, se inclinando para frente e segurando o controle entre as mãos.

– Tem de tudo. O que gosta de beber? Fale, e eu vejo se tenho.

– Vinho?

– Boa escolha! Tinto ou branco?

– Tinto.

– Vou pegar.

Voltei para a cozinha, peguei duas taças no armário mais alto, quase cai, mas isso não vem ao caso, peguei o vinho na geladeira, o abri e preenchi metade de cada uma das duas taças. Guardei o vinho na geladeira de novo, e fui para a sala.

Entreguei-lhe uma das taças e olhei para a TV, ele assistia Criminal Minds.

– Você gosta? – Perguntei.

– Sim, é um dos meus seriados favoritos, mas não consigo acompanhá-lo, infelizmente. E você?

– Sim, é o meu favorito, acho muito interessante, talvez eu venha a cursar psicologia. Eu não consigo acompanhar certinho, mas vejo quase todo dia. – Peguei o controle das mãos dele, e toquei em seus dedos, que continuavam muito quentes. – Posso desligar, para que você comece a contar a lenda, mito, ou o que quer que seja o nome da história dos seus antepassados? – Ele acenou positivamente com a cabeça.


POV Ben Hur

Posso desligar, para que você comece a contar a lenda, mito, ou o que quer que seja o nome da história dos seus antepassados? – Ela perguntou, e eu acenei positivamente com a cabeça, enquanto tentava me lembrar do dia em que minha avó contara-me esta história, que, de acordo com ela, é verdadeira.

– Há muito tempo, quando os continentes ainda não eram divididos como hoje, um dos integrantes de uma tribo, enquanto caçava, avistou uma ave parecida com aquelas que faziam ninhos no alto das árvores, ou em qualquer outro lugar alto, mas esta era diferente de todas as outras que já havia visto. Ela era muito maior, emitia uma luminosidade, parecia estar brilhando, era encantadora e hipnotizante, e diferente de suas “irmãs”, não emanava uma aura de agressividade, mas sim de passividade e mistério.

Como este jovem era ambicioso, pensou: “Irei capturar este animal magnífico, e o levarei para minha tribo, conquistá-los-ei, fazendo com que pensem que sou um ótimo caçador e como nosso líder já está velho, e já passou da idade de chefiar, talvez me passem esse “cargo”.”

Calculou mais ou menos onde o pássaro pousaria, e escondeu-se atrás de um arbusto. Ouvia o choro de um bebê, mas pensou que fosse sua imaginação, por causa da ansiedade e do nervosismo. Se conseguisse capturar o animal, novas possibilidades seriam abertas.

O pássaro enorme surgiu no céu, e conforme se aproximava da clareira, mais baixo voava, e mais nervoso o rapaz ficava. Não poderia perder tal chance. O choro cessou, mas o rapaz não fez nenhuma conexão.

O pássaro pousou muito próximo ao arbusto em que estava escondido. Karji, o rapaz, estava prestes a atacar o animal, mas ficou observando sua plumagem. Era macia, mais macia que qualquer coisa que já tivera a oportunidade de tocar, e podia saber isso apenas olhando. Todos os outros animais voadores que comeram tinham penas duras e espetadas.

Sua penugem era, na maioria, branca, e marrom escuro, mas haviam algumas de outros tons de marrom, algumas vermelhas, algumas cinzas, outras pretas. As patas e a cabeça eram, na maior parte, brancas, enquanto o “tronco” e as asas eram, quase todos, marrom escuro.

O choro da criança recomeçou, e ave passou a olhar para o local de onde o som vinha, depois andou até lá.

O jovem Karji, curioso, foi atrás da ave, mas sempre se escondendo. Quando alcançou o pássaro novamente, viu que ele estava próximo a criança, e ficou pensando se aquele seria o momento ideal para atacá-lo, mas o pássaro ficou ali, parado, apenas encarando o bebê.

O tempo passava, e o pássaro nem se movia, e o bebê o observava, isso levou Karji a pensar se ele se alimentaria do bebê, que era muito branco, com cabelos ralos, e de um amarelo quase branco, estranhíssimo, para o rapaz, que desde sempre convivera com pessoas de pele marrom, e cabelo marrom ou preto.

Karji estava num estado semi-consciente, estava esperando alguma movimentação a quase 9 horas, quando as penas do pássaro, todas elas, tingiram- se do tom vermelho sangue, e dourado, “ventos coloridos” começaram a soprar, e vozes agradáveis surgiram, eram calmas e ternas. Uma delas falou silencio, e todas as outras cessaram, um discurso começou, então:

– Você, um pequeno guerreiro, rejeitado por suas diferenças, deixada ao mundo, ainda indefeso, sobrevivendo as dificuldades se poder nada fazer – o bebê começou a flutuar em uma das correntes de ar, a única preta, em círculos em volta do animal – receberá como presente, por toda a sua força e garra, dons e poderes, nunca antes imaginados serem possíveis na Terra. Todos haverão de adorá-lo, tratá-lo como uma divindade, como um rei, será aceito e querido, mas em troca terá de realizar boas ações, ajudar os fracos, a todos que não tem condição, e terá de fazer com que os fortes que tem más intenções parem de afetar os que nada lhe fizeram, terá de tentar fazer justiça num mundo onde não conhecem as virtudes. – O bebê parou de frente para a ave. Um arrepio percorreu o corpo do Karji, que agora se via diante do desconhecido. – Quando tratar com os fortes, não poderás ser cruel, e nem realizar ações como as destes mesmos, pois se assim o fizer, de nada valerá. Deverá ensinar ao mundo a bondade, e terá de ser sábio. É o preço a pagar, e você aceitará, pequeno e ingênuo garoto?

Incrivelmente, Karji não desmaiara, apesar de todos aqueles acontecimentos estranhos, continuará observando, sem reação.

O bebê abria a boca, mas ao invés de saírem sons ininteligíveis, palavras bem pronunciadas eram ditas.

– Eu aceito esse preço, e digo que terei o prazer de pagá-lo. Obrigado, e serei eternamente grato. Poderia saber com quem eu falo?

– Garoto, você fala com Iuaag, a alma escolhida para viver eternamente no corpo deste maravilhoso pássaro, capaz de incríveis façanhas, esculpido manualmente por Deus, sem molde algum, sem nenhum número de série, com a missão de encontrar pessoas capazes de melhorar o mundo, e retardar as ações malignas dos homens influenciados pelo Senhor do Mundo Inferior, e dar-lhes as ferramentas para isso. Agora toque a pena preta no peito do meu hospedeiro, para receber as bênçãos e maldições que aceitou. – A voz que pedirá silêncio respondeu.

– Obrigada pela honra, e agradeça a Deus por mim.

O garoto tocou a pena, e todos aqueles “ventos coloridos” transformaram se em um furacão em volta do menino e de Iuaag, e acabou por sugar também um pouco da vegetação da clareira, e Karji. Logo o redemoinho se desfez, e o brilho que antes emanava do pássaro, agora era presente no menino, logo o brilho foi se ofuscando e o pássaro foi voltando a sua coloração normal, já ia voando, quando Karji acertou-lhe uma flecha na perna, e o pássaro caiu. A intenção não era matar, agora que sabia o quão divino o animal era.

Ele esvaziou seu saco de flechas, e colocou o bebê ali, e vestiu a bolsa na frente do corpo, pegou o pássaro caído e apoiou-o em suas costas, carregando-o até onde sua tribo estava vivendo, chegando lá, contou a história, mas de inicio ninguém acreditou, mas quando o bebê saiu do saco, que se encontrava no chão, e engatinhou até a “horta”, colocou a mão no solo, e as plantas cresceram saudáveis e viçosas, atribuíram a Karji todo o mérito, nomearam-lhe o novo chefe da aldeia, mimaram a criança e ajudaram-lhe ao máximo a cumprir a promessa feita a Iuaag, e cuidaram muito bem de Iuaag e seu corpo, até que estivesse totalmente recuperado.

Em seu tempo chefiando a aldeia, Karji decidiu que a tribo iria se dedicar a defender o pássaro, e ajudar-lhe na sua missão, e nas missões de seus “filhos”, todos da aldeia apoiaram a idéia, e assim todas as gerações sucessivas vinham fazendo isso, até que os continentes terminaram de se separar, e Iuaag sumiu. Minha “tribo”, ou família, como hoje é chamada, acabou situando-se na Inglaterra, e adotaram o nome do animal o qual Iuaag usava como hospedeiro como sobrenome, achavam que Iuaag deveria ser usado unicamente por aquela boa alma. A última geração de minha família não gostava de neve, então veio morar em um lugar mais quente, como aqui. – Olhei para ela, que me encarava fascinada. – Eu disse que era algo bobo, uma história que minha avó me contará um dia qualquer, eu mesmo, particularmente, não acredito.

– Como algo bobo? É uma das melhores histórias que eu já ouvi, e saiba que já ouvi muitas histórias como essa, mitos. Falando nisso, por que não está em nenhum livro? Por que você não escreve um livro sobre isso? Se você conseguir escrever como conta, o que devo dizer que é muito bom. – Ela levantou, surpreendida e animada, mas um tanto curiosa também, curiosa demais.

– Espero um pouco, uma pergunta por vez. – Nem me lembro de todas as perguntas que ela fez, foram muitas. Tomei um bom gole do vinho antes de começar. – Ninguém nunca publicou nada do tipo, e nem nenhum outro alguém soube disso, pois ficou sempre entre a família, que até a três gerações atrás acreditava, e não teria coragem, e nunca contaram a nenhum outro alguém, pois achavam algo particular demais.

– Ah, entendo. – Ela respondeu meio despontada. – Mas por que você não publica agora, então?

– Ah, não sei, acho que meus ancestrais não iriam gost – Uma das paredes da sala vai abaixo. Eles me encontraram. – Merda! Se abaixa Luna! – Eu escorreguei sofá abaixo, e puxei as pernas dela. Diremos que não foi uma queda bonita, mas seria melhor do que ela levar um tiro, depois ela meio que engatinhou e se arrastou até onde eu estava, atrás do sofá, e perguntou, berrando:

– MAS QUE PORRA É ESSA? POR QUE ESTÃO DESTRUINDO MEU APARTAMENTO? O QUE É QUE EU FIZ? TOMA NO CU TODOS ESSES MERDAS QUE NUM SABEM DE NADA E ACHA QUE TÁ CERTO! VOCÊS CONFUNDIRAM A RESIDENCIA, OK? E VOCÊ, SEU MARACUJÁ DE GAVETA VELHO, VE SE APONTA ESSA MALDITA ARMA PRA OUTRO FILHO DA PUTA, OK? AFÊ, VÃO SE FUDER VOCÊS TODOS, CHEGA DESSA PALHAÇADA, SAIAM DAQUI, VAMOS! – Ela se levantou e começou a empurrar todos os homens pra fora, que estavam tão confusos quanto eu, ou até mais, até que um homem, Ele, chegou e ela já ia começar a gritar novamente, se uma faca não tivesse passado de raspão leve no seu pescoço, e cortado boa parte do seu cabelo.

– Fecha essa sua boca “limpa”, ou eu irei fechá-la com outra faca, que terá mira na garganta, esse foi apenas um susto. – Ele disse, intimidadoramente.



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Notas finais do capítulo

A sinopse foi explicada quase toda, mas mais duvidas surgiram, não?



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