Meu Pequeno escrita por PrincesaDeOtris


Capítulo 3
Escultura




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Argh, eu odeio o Oceano.

Eu odeio o Kronos.

Eu odeio o Luke.

Eu odeio o exército do Oceano.

Eu odeio o exercito do Kronos.

Eu odeio o Luke.

Eu odeio o Tifão.

Eu odeio os meus irmãos, e minha família, no geral.

Mas eu odeio ainda mais quem está tentando machucá-los, só eu posso fazer isso.

Eu já disse que eu odeio o Luke?

Aquele traidorzinho desgraçado tá me pedindo pra morrer. Ah, como eu gostaria de vê-lo todo furado pelo meu tridente, seria tão inspirador!

Tipo assim, quem ele pensa que é para tentar machucar o meu filho? Eu devia amarrá-lo no pátio do Olimpo e deixar os semideuses praticarem um pouco de tiro ao alvo* nele, pra ver se ele acha divertido.

Tá, eu sei que a culpa é do Pai, mas o moleque poderia colaborar, né?

Enfim, o navio explodiu, o Beckendorf foi junto o Percy está perdido por aí. Ótimo!

Sério, eu vou grudar um GPS no Perseu. Como é que ele consegue se esconder desse jeito? Eu posso achar tudo que está dentro da água, um dos meus poderes preferidos, mas ele não tá aqui! *Momento de desespero*

–Senhor?

–Sim?

–Por um acaso da vida o senhor seu filho é um versão adolescente do senhor?

–É, por quê?

–Por que nós o achamos numa caverna lá no Covil das Águas-Vivas, bem queimado por sinal.

–AH, MEUS DEUSES, NO COVIL DAS ÁGUAS-VIVAS? ELE ESTAVA NO COVIL DAS ÁGUAS VIVAS?

–Estava, senhor.

– COMO VOCÊS O ACHARAM? DIZ HOMEM!

–Calma, senhor, não precisa me sacudir. Nós havíamos mandado uma turma de peixes-espada para lá, numa missão de reconhecimento, e eles o acharam e trouxeram para cá.

–EU NÃO QUERO SABER DE QUE JEITO VOCÊS O ACHARAM, QUERO SABER COMO ELE ESTAVA QUANDO VOCÊS O ACHARAM!

–Ah, sim, ele estava queimado, senhor.

–COMO ASSIM "QUEIMADO"?

–Bem, nós achamos que parte das queimaduras tenha sido por conta da explosão do navio, mas o resto com toda certeza foi culpa das águas-vivas, que estavam bem enroladas nele quando os missionários chegaram.

–Então ele está...

A palavra parou na minha garganta, entalada. Antes estava gritando, todo o orgulho esquecido, o medo tomando conta, mas agora, nem um murmúrio era baixo o suficiente. Foi como se minha voz estivesse do nada enfraquecido, se transformando num fiapinho de som.

–Não, senhor, ele não está morto. Bem machucado, eu diria, muito machucado mesmo, mas não morto.

–Onde ele está?

–Na enfermaria, senhor, não sabíamos onde acomodá-lo.

–Leve-o para um dos quartos de hóspedes, o número 10, de preferência, e garanta que ele fique o mais confortável possível.

–Sim, senhor.

O tritão se retirou a passos rápidos, certamente assustado com o meu ataque repentino, bem na hora em que outro entrou, esse último vestindo uma armadura verde completa e uma expressão de medo no rosto.

–Senhor, o exército do titã está chegando perto da fronteira.

–Prepare os soldados, vamos para a luta.

"Luta" não é bem o termo, o certo é "carnificina", mas vamos olhar pelo lado bom, minha turma ganhou! Ok, eu perdi guerreiros, todo mundo ficou machucado e eu ganhei um belo corte na testa, mas o exército inimigo também sofreu baixas pesadas, teve que se retirar, e eu descobri que não é bom deixar a Anfitrite perto de facas.

Ela lutou feito um demônio, fiquei até arrepiado, brandindo as suas duas facas de bronze de um jeito gracioso que acabou com qualquer monstro num raio de 3 metros ao redor dela. Elegante e perigosa, agora sim eu entendi por que casei com ela.

Mas minha cabeça estava em outro lugar, dentro do castelo, no quarto 10, ao lado do meu pequeno. Eu ainda não tinha visto ele, e não preciso dizer que estava começando a ficar aflito com todo esse tempo de espera.

Quando cheguei á porta o quarto, uma nereida estava lá, como que de guarda, do lado de fora. Ela me olhou longamente, avaliando, e depois olhou para a porta, como se estivesse vendo o que ela pensava sobre me deixar entrar ou não. Parei em frente da moça. Ela me olhou, dessa vez assustada.

–Senhor, é melhor o senhor não entrar, ainda está no clima de batalha, pode feri-lo sem querer.

–Mas...

–Ele ainda está muito fraco, senhor, os ferimentos se fecharam com a ação da água e das enfermeiras, mas é melhor não arriscar.

–Eu só quero...

–Eu sei, meu senhor, quer vê-lo. Eu também iria querer se fosse meu filho, mas pode ser prejudicial para ele, e...

–Eu não vou machucá-lo, pode ficar sossegada.

–Mas, meu senhor, ele...

–Chega, me dê licença, por favor.

Ela saiu da frente na mesma hora, e eu entrei.

Ele estava deitado na cama, com apenas o leve lençol de seda cinza-prateada sobre suas pernas, tirando as calças, é claro. A camiseta laranja do acampamento estava toda furada e queimada, assim como todo o resto de suas roupas, mas sua pele estava inteira e ilesa, embora vermelha em alguns pontos.

Havia duas nereidas no quarto, uma medindo sua temperatura e outra olhando feio pra mim.

–O senhor não devia estar aqui.

–Mas estou, algum problema?

–Todos.

–Então vamos ignorá-los, pois não estou com ânimo para discutir.

Ela saiu completamente contrariada, e a outra a seguiu, vendo que não tinha chance nenhuma contra mim.

Sentei-me na beirada da cama, olhando para ele. Havia crescido. Seus cabelos não tinham mudado, continuavam desarrumados, mas de um jeito até gracioso, ao seu modo. Seu rosto estava menos infantil, as bochechas menos rosadas, mais magras, os olhos fechados, as sobrancelhas pretas formando uma curva, os lábios vermelhos. Estava cada vez mais bonito, mais parecido comigo.

Toquei-lhe o rosto, levemente, com uma mão. Sua pele estava quente, e frágil. Não havia nenhuma cicatriz, apenas as leves manchas vermelhas aqui e ali, mas dava para sentir a textura delicada sob meus dedos, parecendo prestes a romper.

Inclinei-me na sua direção, e dei-lhe um leve beijo na testa, murmurei uma benção e me afastei. Ele se mexeu um pouco na cama, mas não acordou.

Não sei quanto tempo cheguei a ficar ali, apenas olhando, zelando por seu sono, mas só saí do meu posto quando o tritão entrou apressado. Ele nem precisou falar nada, já sabia o estava acontecendo, saí sem dizer palavra.

Na porta, olhei uma última vez para Percy, mas ele continuava imóvel, uma verdadeira escultura de mármore contra o tecido cinza-prateado, mas eu sabia que havia vida por trás de toda essa pedra, muita vida mesmo.




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Notas finais do capítulo

* trecho de a Guerra dos Tronos, eu amei esse livro, e na hora de escrever me pareceu que essa frase ficaria ótima no contexto, então eu pus, não me cruscifiquem, por favor, aquela coroa de espinhos não fica boa com meu cabelo.
Ah, eu gostei desse capitulo, é o que mais eu estava esperando pra escrever, digamos que foi por causa dele que eu comecei essa fic. Comentem!!!!



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