Meu Pequeno escrita por PrincesaDeOtris


Capítulo 1
Olhares




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Sim, eu sei o que você vai dizer, não precisa se incomodar. É, eu não devia ter feito isso.

Mas eu fiz. Por quê? Porque eu sou o deus do mar, sou impulsivo, não penso muito antes de fazer as coisas, nem ouço minha consciência ( é uma voz muito parecida com a da Atena, e eu não gosto da voz da Atena) .

E, é claro, como todo bom deus, sou tarado ao extremo.

Então, aqui estou eu, pensando em como me matar.

O único problema é que eu sou imortal. Mas tenho certeza de que meus queridos irmãos vão achar um jeito de se livrar de mim, depois que descobrirem que o menino nasceu.

Mas o Zeus também quebrou o Juramento, e não aconteceu nada com ele, só com a coitada da menina. Seria muito injusto se eles quisessem me castigar.

Não, não vai acontecer nada comigo, só com o Percy.

Ah, não. Não, não, não.

Eles não podem machucar o meu filho. Eu nunca sequer toquei em nenhum dos filhos deles, nem na tal da Thalia.

O Percy não corre nenhum perigo, disso eu tenho certeza.

Ou será que corre?

Mas, se fosse para acontecer alguma coisa, já teria acontecido na hora em que ele nasceu. No momento ele está perfeitamente bem.

Quer dizer, foi isso que a nereida falou.


Flashback on


– Meu senhor, seu filho acabou de nascer.

– Qual deles?

– O meio-sangue.

– Percy?

– Sim, senhor.

– Ele está bem?

– Sim, senhor.

E Sally?

– Também está ótima, senhor, muito feliz de ter o filho perto dela, senhor.

– Sally é estranha, muito estranha.


Flashback off


Então, os dois estão bem. Eu confio plenamente na minha informante, não é necessário ir até lá vê-lo. Por mais que eu queira.

Ele é seu filho!

E daí?

Você tem a obrigação de ir lá vê-lo.

É, tenho muitas obrigações, Consciência, não tenho tempo.

Não tem tempo para o seu próprio filho?

Não, não tenho.

Mas você acabou de dizer que quer ir visitá-lo.

Eu quero!

Então!

Querer nem sempre é poder.

Fiquei nessa batalha mental por horas, sem decidir se vou ou não vou. Nunca fui visitar nenhum dos meus filhos, só os vejo em certas ocasiões, como o Conselho Olimpiano.

Mas Percy é diferente, eu sinto isso. Mesmo não o conhecendo, eu sei que ele é diferente dos outros.

Mesmo se não fosse assim tão especial, tem a Sally. É minha obrigação, como disse minha querida consciência. Tenho que fazer isso por ela.

Então aqui estou eu, de novo, só que dessa vez foi por ouvir minha consciência, não por deixá-la no vácuo.

Há muitas coisas nesse lugar que podem me fascinar. Não só pela beleza dos móveis e as paredes, que muitas pessoas diriam que são sem graça e velhos, mas sim pelas lembranças que eles me trazem. O sofá, por exemplo, está velho e puído, mas eu sei como ele é confortável e quentinho, principalmente quando se deita nele junto com a Sally.

Atravessei os cômodos assim, numa espécie de estupor, até que cheguei naquele cômodo em particular. Antes era uma espécie de escritório do tio de Sally (que está no Hades), mas agora tinha uma plaquinha na porta, com o nome "Percy" escrito em letras de imprensa.

Abri a porta e entrei. Era um mundo marinho, literalmente. As paredes eram azuis, com desenhos de peixinhos e estrelas do mar, o armário e a cômoda eram marfim, para combinar com o pequeno berço branco. Havia uns brinquedos em um canto, bichinhos de pelúcia, em sua maioria. Sally era bem inteligente de não deixar nada que pudesse perfurar perto do garoto.

Fui até o bercinho. Lá estava ele, enroladinho nas cobertas azuis, dormindo.

Percy era um mini-Poseidon. Cabelo preto, nariz reto, lábios cheios e vermelhos, muito bonito. As únicas coisas que eram diferentes de mim eram a pele branquinha, mas muito branquinha mesmo, e as bochechas. Eram grandonas, rosadas e muito fofas. Dava vontade de apertar.

Eu quase apertei, mas fiquei com medo de machucá-lo.

Peguei-o nos braços, não resisti. Ele estava usando um macacãozinho desses que bebês usam, verde claro. Seus bracinhos, inconscientemente, foram para o meu pescoço, se segurando, e sua cabeça ficou no meu ombro. Apertei seu corpo contra o meu.

Ele era tão quentinho, tão fofo. A sensação de tê-lo perto de mim era tão boa, que eu não pude deixar de sorrir e fechar os olhos. Quem diria que era tão bom abraçar um bebê?

Senti uma movimentação. Ele estava acordando.

Separei-nos o suficiente para olhar seu rostinho. Ele abriu os olhos lentamente, revelando incríveis íris verdes. O meu verde.

Deu um leve bocejo, como quem acorda, e olhou para mim. Pensei que fosse chorar, mas ele não fez nada, apenas me olhou.

Naquele momento, eu soube por que ele era especial.




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