Oi, faz tempo que não escrevo nada aqui, é que aconteceu muitas coisas nesse tempo, por exemplo.

     Depois de eu ver a menina dos meus sonhos na padaria fui correndo até ela, e comecei a puxar assunto.
     - Ann.. Oi, tudo bom?
     Ela virou, seus olhos castanhos eram lindos, como se chamasse qualquer pessoa para entrar em um mundo diferente.
        - Ah, oi, tudo sim e você?
        - Também… É nova por aqui?
        - Sou sim, me mudei essa semana.
        -  Conhece o lugar? Ou quer um guia?
  Ela ri
       - Acho que preciso visitar alguns lugares, talvez possamos sair essa noite, o que acha?
       - Oito horas?
       - Oito.
      - Me encontre na praça central, conhece?
      - Moro do lado – Ela se vira, o vento leva seus cabelos, vento… meu amigo de todas as horas. – E garoto, você esqueceu de perguntar meu nome.
     - Desculpe garota nova, como você chama?
     - Luisa e você?
     - Cayo.
     - Até mais Cayo.
      - Até.
  Eu não sabia o que tinha acontecido comigo, um calor invadiu meu corpo, fiquei parado ali olhando a Luisa ir embora, com seus cabelos ao vento, era uma sensação diferente, era uma sensação de … amor.
  Cheguei na escola, encontrei Manuela e o Caio conversando, fui falar com eles, mas quando me aproximei a conversa parou.
  - O que houve gente?
 - Você esta atrasado. – Manuela me olhava dos pés a cabeça, procurando algo.
 - Encontrei a nova pessoa do circulo.
 - Espera.. o que? – Caio estava surpreso, na verdade, todos nós estávamos.
  - Sim, ela chama Luisa, se mudou pra cá semana passada, é a garota que tenho os sonhos, eu vi a mesma cicatriz em seu braço.
  - E como vamos saber se é ou não ela? – Manuela tava linda com sua camiseta da banda The Beatles, caída aos ombros… do jeito que eu achava lindo.
  - Chamei ela pra ir caminhar hoje a noite.
  - Ah que lindo, um encontro. – Sentia o ciúmes nos olhos dela. 
  - Não necessariamente, vou mostrar os lados da cidade que ela não conheceu.
  - Boa sorte – Ela pegou sua bolsa, e saiu pisando fundo dali, quando passou entre o telefone da escola, ele começou a tocar muito alto. 
  - O que deu nela?
  - Cayo, é meio obvio, ela ta com ciúmes de você com a Luisa.
  -  Mas eu não tenho nada com a Luisa, conversei com ela hoje.
  - Talvez a Manuela sentiu alguma coisa, sei la.
  O sinal soou, fomos para nossa aula de biologia, minha favorita.
  A aula era sobre plantas, desde sua genética, até seu funcionamento.      Começamos a analisar uma folha no microscópio, Manuela estava na mesma bancada que eu e Caio estava. Comecei a falar com ela, pra ver da onde ela tirou aquela ideia.
  - Manuela, porque você está com ciúmes de uma menina que conheci hoje?
  - Eu senti uma ligação entre vocês.
  - Como assim ?
  - Senti oras, vocês vão ficar juntos.
  - Como sabe?
  - Eu sinto as coisas, apenas.
  - Ainda não entendi.
  - NÃO PRECISA ENTENDER. – a planta mais próxima começou a mover seus galhos, eles começaram a prender meu pulso, prendendo cada vez mais forte, a professora olha pra trás e pede nossa atenção.
 - O que esta acontecendo?
 - Manuela, solta, ta me machucando.
   Eu conseguia ver o ódio, ciúmes, amor, tudo nos olhos dela, uma lagrima encheu seus olhos, mas não chegou  a cair, ela simplesmente soltou o galho, que voltou ao normal assim que a professora estava do nosso lado.
   - Cayo, Manuela, o que houve?
   - Nada professora.
   - Prestem atenção na aula. 
   - Ok. 
   Manuela pediu licença, e saiu da sala, provavelmente ela ia respirar um ar, sei la.
  - Ela é mais forte do que eu imaginava.
  - Sim – Caio observou tudo, pasmo – Acha que ela foi na onde?
  - Não sei, talvez foi caminhar um pouco, jogar agua na cara, sei la cara.

  O sinal toca, alertando que acabou o período, não vi Manuela desde a nossa aula de biologia, tava começando a ficar preocupado.

  Em casa, passei a tarde inteira ligando para seu numero, não atendia, era só caixa postal. Quando anoiteceu, fui tomar um banho, e ver a Luisa.

  Cheguei na praça, ela estava linda. Uma camiseta com a bandeira de New York, short jeans preto, um all star e cabelos presos num rabo de cavalo. 
  - Que linda, desculpa ai senhorita.
  - Bobo – seu sorriso era tão perfeito. 
  - Então, vamos começar por onde?
  - Você é o guia. 
  - Então vamos andar nessa praça um pouco, depois vamos pro riacho que tem aqui perto, é lindo. 
   Começamos a caminhar, ouvi sua história, contei a minha, tava tudo tão perfeito, até que acontece algo.
   Manuela.
   Ela surge das arvores, com expressão muito brava, e vai adiantando.
   - Ela que é sua nova parceira Cayo? 
   - Não, nada haver, eu e ela nos conhecemos hoje.
   - Oi – O sorriso da Luisa era tão sincero, pena que ela não sabia nada do que estava acontecendo.
  O clima começou a esquentar, uma arvore próxima começou a pegar fogo, olhei para Manuela e sabia que era ela que tava provocando aquilo, sorte nossa que a praça é meio deserta.
     - Manuela.
     - Não vou deixar.
     - MANUELA!
   Galhos queimavam, um raio caiu poucos metros da Luisa, eu puxei ela pra perto.
     - MANUELA PARA COM ISSO AGORA.
     - NÃO VOU DEIXAR, ELA NÃO PODE.
     - Não posso o que Cayo?
     - Ela esta com ciúmes de você.
  Eu estava bravo, abri minha mão atrás das minhas costas pra Luisa não desconfiar, um vento forte começou invadir as arvores, eu impulsionei tudo contra a Manuela, que saiu voando e bateu numa arvore mais próxima.
     - CAYO VEM AQUI.
  Sai correndo com a Luisa, conseguia ouvir raios no caminho, uma chuva forte começou a cair, eu não sabia o que fazer,  até que um galho prendeu no tornozelo dela, e vi a menina que acabei de conhecer pendurada de ponta cabeça, numa árvore.
     - HAHAHAHAHAHHA QUE ENGRAÇADO.
     - MANUELA PARA COM ISSO AGORA. !
  Comecei a jogar todos os objetos em sua direção, ela criara um escudo de defesa, são feitiços simples,  até que vi o inesperado.
  Luisa colocou a mão na arvore, o galho desceu ela lentamente até o chão, ela ficou de pé, olhou para Manuela.
    - Vocês não são os únicos com truques.