Tattoo escrita por Bea


Capítulo 5
Capítulo 5




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House pegou mais casos naquele mês do que em toda sua história no Princeton-Plainsboro Teaching Hospital. Porém, ele também não tinha passado nenhuma vez pelo quarto de Cuddy para fazer uma visita ou para, pelo menos, tentar descobrir o que ela tinha tatuado.

O inverno de 2013 chegava com tudo. Dezembro parecia ser uma dos piores nos últimos anos. Todos procuravam lugares aconchegantes onde poderiam se sentir confortáveis. Entretanto, House estava sentado em um banco de concreto, com várias camadas de roupas e uma fina camada de gelo sobre seus pés, ombros e cabelos.

– Hey, boneco de neve. – Alguém o chamou da porta do hospital. Sabia que era Wilson. – Preciso falar com você.

– Venha aqui.

– Não obrigado, preso meus dedos, não quero perdê-los por hipotermia. Às vezes são úteis.

House tentou respirar fundo, mas apenas uma brisa gelada congelou suas narinas. Talvez fosse hora de entrar. Wilson esperou com a porta aberta e fechou no segundo seguinte após House entrar.

– Você tem feito um ótimo trabalho. – House permaneceu em silêncio. O ar quente chegava a doer nele – Foram quase 10 casos em 4 semanas. Sua equipe está vivendo à cafeína.

– Isso significa que a minha antiga equipe era melhor.

– Se não notou, todos não trabalham mais aqui.

– O que quer? Botar a culpa em mim? Todos se foram porque eu sou um grosseiro estúpido?

– Não sei, mas você está sendo agora. Por que está gritando?

– Por que vocês não conseguem simplesmente me deixar no meu canto? Sempre tem alguém me tentando puxar para esse mundo paralelo de felicidade em que vocês vivem.

– O que há de errado nisso?

– Há o certo, é isso que há de errado.

House para e Wilson faz o mesmo alguns passos depois.

– Tchau Wilson.

– Você está se despedindo?

– Para alguém que fez Medicina, você tem dificuldade de notar o óbvio.

Depois disso, House deu a meia volta e foi para a saída do hospital.

***

– Seu estado é estável, muito bom. O tratamento está reagindo muito bem. Ainda vai ter que ficar alguns meses em casa, sem fazer muito esforço. – Disse Dr. Dolloway, que era o médico responsável por Cuddy. – Bem, alguém já deve ter dito isso a você, vejo que está com as malas prontas.

– Sim. Não me leve a mal Dr. Dolloway, eu admiro muito o PPTH, mas não quero ficar mais aqui se eu tenho a oportunidade de não ficar.

Ele sorri. – Muito bem, nos vemos por aí Dr. Cuddy.

– Até mais.

Dr. Dolloway sai do quarto e deixa Cuddy sozinha pondo seus últimos objetos pessoais dentro da bolsa. A porta se abre.

– Hey, Lisa.

Ela se vira. Lucas estava parado na porta olhando para cima. Estava com a barba feita e cabelos penteados com gel para trás. Lucas dá um passo para dentro e então olha para ela.

– Soube que estava aqui. Não pude vir antes...

– Lucas... Na-não precisava vir...

– Eu sei. Não vou ficar muito tempo. Só queria ver se estava tudo bem. Sabe, apesar de tudo, não quero seu mal.

– Estou bem.

– Por que tu fez aquilo?

Cuddy o fitou, sabiam que falava da tatuagem.

– Eu não sei.

– Isso quase te matou. Não seria a primeira vez que ele te provocaria isso.

– Onde quer chegar?

– Que ficou aqui por quase dois meses, vai pensar que ele mudou e já sabe o resto. – Ele faz uma pausa. – Só to tentando te lembrar das coisas que ele fez e sempre vai fazer. Falo isso por que quero o bem de alguém que um dia eu amei.

– Então deveria entender que eu me sinto assim também.

– Só que não é do meu bem que estamos falando. Você quer o bem dele.

– Sinceramente, estou preocupada comigo mesma neste momento.

Ele assentiu uma vez e saiu.

***

Uma semana se passou, Cuddy já estava em casa com sua filha. Sofria um pouco com o tratamento, mas levava tudo muito bem. Recebia muitas visitas de muitas pessoas, menos de House. Dizia para si mesma que não esperava pela visita dele, mas no fundo sabia que isso era mentira. Estava confusa. O odiava por tudo que ele fez, mas ainda o amava pelo que era. O que vale? Atos ou intenções?

O celular toca.

– Alo.

– Alou.

– House?

– Eu.

House ficou em silêncio, mas várias pessoas conversavam no fundo em português. Cuddy notou o idioma diferente.

– House, você está em Portugal?

– Estou.

– Por que você-. Não, eu já sei porquê você foi.

– Desculpe.

Silêncio.

Apita uma segunda chama no celular.

– Tenho outra chama, eu...

Ficou no mudo, House desligou o telefone. Ela atende a chamada.

– Alo?

– Cuddy, é a Cameron.

– Cameron? Nossa, oi...

– Oi! Lamento pelo que o que aconteceu, eu soube...

– Ah, não se preocupe, estou sendo bem tratada.

– Aposto que sim. – Cameron faz um pausa – House acabou de me ligar.

– Ele também me ligou.

– O que ele disse?

– Ele me pediu desculpas. - Respondeu Cuddy

Cameron ficou em silêncio por alguns segundos processando a informação.

– Sabia que ele tinha largado o Vicodin?

Foi a vez da Cuddy ficar em silêncio. – Por conta própria?

– Pelo jeito sim. E ele parecia estar se despedindo.

– Cameron, eu te ligo depois.

Cuddy desligou e tentou ligar para House. Desligado. Ela passou a mão pelo rosto e respirou fundo. Ela mal acreditava no que iria fazer.

***

Arriscando a vida, e sem contar falsificação. Cuddy pensou. Vale a pena? Tamborilou os dedos sobre o mouse. Estava prestes a comprar passagens para Portugal, mas estaria arriscando seu tratamento, sem contar que teria que falsificar alguns documentos para poder viajar tendo hepatite. Seu celular vibra tirando sua concentração.

Don’t want to be addicted, but…

Ela sorri. Não quero ser viciado, mas... Ela ri. Ele tinha descoberto.


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