NOVEMBRO 2009

Parei na porta do quarto de Samantha e Zayn me empurrou para dentro. Caminhou até o armário enquanto eu fiquei parado olhando em volta. Ela estava deitada no banco da janela e dormia com um livro aberto em seu colo.

- tem certeza que é uma boa ideia? – perguntei sem tirar os olhos dela, com medo de que acordasse, e mordi os lábios.

- claro, dude! – disse e deu um tapa no meu ombro em quanto passava, indo em direção à mesa – eu só tenho que achar onde ela deixou anotado o telefone ok? – começou a remexer nas coisas espalhadas pela mesa – olha ali perto do computador para mim...

Segui até a mesa de cabeceira e procurei por lá algum papel com o numero de telefone, o qual Zayn jurava ser de uma menina super gata do colégio que ele queria convidar para sair.

- não era mais fácil você pedir para ela o papel? Ou então pedir o telefone para a menina mesmo? – ele se virou na minha direção na mesma hora que Samantha se mexeu no banco. Nós congelamos no lugar.

- ela não me daria – disse depois de percebermos que ela ainda estava dormindo – ela não gosta que eu fique saindo com trinta garotas por mês, como ela diz – revirou os olhos.- até aprece que é isso tudo...

Remexi em uns livros de escola que estavam por lá e vi um pequeno papelzinho rosa com um numero escrito e, logo abaixo um nome: Laura.

- hm, Zayn? – me virei e levantei o papelzinho para ele

- há! – falou vindo em minha direção e tirou-o de minhas mãos – isso. Laura, ela mesma – deu alguns tapas no meu peito e riu – quem perdeu essa, Sam? – disse olhando para a garota e fazendo caretas que me fizeram rir.

Ele ainda pegou cinco libras, que estavam em cima da mesa de Samantha, e disse um “obrigado por isso” virando em sua direção. Estávamos na porta quando fui falar novamente.

- não seria melhor pelo menos colocarmos ela na cama? Ela vai acordar com o corpo todo doendo se continuar naquela posição... – ele me olhou com uma cara engraçada e eu lhe dei um tapa – cala a boca, Zayn. Só estou ajudando ela.

- sei, sei ... – sua voz era sarcástica – ok, fica à vontade... – saiu para o corredor e eu apertei a nuca, indo em direção a ela.

Fui até a mesa, onde deixei seu livro aberto na página que ela tinha parado e logo depois voltei até onde ela estava. Respirei fundo, perguntando de onde tinha tirado aquela ideia e então peguei ela em meus braços, sentindo ela passar seus braços pelo meu pescoço inconscientemente, como se já estivesse acostumada a alguém pegá-la enquanto estivesse dormindo. Talvez estivesse mesmo. Talvez Harry fosse um irmão melhor do que aparentava.

Caminhei até a cama e me baixei, deitando-a nela. Coloquei um cobertor por cima e saí do quarto.

SAMANTHA’S P.O.V

 Estava me sentindo em uma cena típica de filmes quando entrei no colégio: parece que foi só eu colocar os pés na escola que todos ficaram calados, me olhando enquanto passava. Ótimo começo!

- porque estão todos me olhando? – sussurrei para Harry e ele deu uma risadinha, sussurrando de volta para mim.

- cidade pequena, lembra? – apertou minha mão – os boatos correm rapidamente.

- hm – resmunguei vendo uma menina ruiva acenar sorridente para mim. Sorri de volta – quem é aquela? – perguntei assim que saímos de perto e meu irmão riu

- Lily McFuller. Era sua parceira de laboratório... – concordei com a cabeça e continuamos o caminho até a secretaria, para pegar nossos horários.

Entramos na pequena sala e uma senhora de cabelos brancos levantou os olhos em nossa direção, abrindo um largo sorriso logo depois.

- olá – Harry disse feliz – viemos buscar os horários.

- ah, claro – levantou e foi até uma prateleira cheia de papéis. Pude escutar ela sussurrando para ela mesma “Styles... Styles...” até achar duas fichas que nos entregou ainda sorridente. – prontinho. Aqui está

- obrigada – sorri e saímos da sala.

Dei uma rápida olhada em meu horário: história, química, matemática, almoço, biologia, inglês e educação física. Fiz uma careta e Harry começou a rir de novo. Ele estava feliz de mais naquela manhã, só pode!

- olha só quem está fazendo careta para os horários: a garota do “escola é bom... eu quero voltar para a escola... blá blá blá” – falou imitando a minha voz e riu mais.

- para Harry – olhei em volta – tá todo mundo olhando... E a minha voz não é assim! – disse depois de um tempo, colocando a mão na cintura.

- não é mesmo, desculpa... – disse parando de rir – é pior né? – acrescentou depois de alguns segundos e voltou a rir. Dei alguns tapas nele e Niall veio em nossa direção.

- parece que alguém tomou os comprimidos da alegria hoje... – disse olhando para Harry e eu revirei os olhos.

- nem me fale – peguei seu braço e fui andando em direção aos armários, deixando um Harry risonho para trás.

- qual é o seu? – perguntou dando uma olhada na minha folha.

- 365 – disse depois de finalmente achar o infeliz do número do meu armário no papel.

- ah, é perto dos nossos – disse feliz e eu sorri – vem, vou te mostrar onde é.

Andamos pelos corredores beges da escola, até chegar ao que estavam nossos armários. Niall apontou para o de número 365.

- você, Eleanor, Zayn – apontou para os outros dois ao lado do meu, e então se virou para a fileira que ficava na frente – Harry, Liam, eu – sorriu e eu fiz uma pequena careta ao escutar o segundo nome, mas ele nem pareceu perceber.

- que ótimo – sorri – parece até que fizeram de propósito – ele deu de ombros.

Escutei o primeiro sinal e me despedi dele, indo até a aula de história, onde mais rostos me encaravam ao entrar.

As aulas passaram devagar, mas pelo menos o professor não teve que me apresentar para a sala a cada uma delas, já que todos ali já me conheciam, coisa que eu não sabia se era boa ou ruim, já que tinha alguns que eu não me lembrava.

Todos foram simpáticos comigo, e, em algumas vezes (como por exemplo quando uma menina metida, loira e de olhos azuis começou a me tratar como melhor amiga) me perguntei se estavam agindo assim por mim, ou pelo fato de ser irmã do Harry e amiga de Zayn, Niall e Louis.

Sorri para todos que conhecia, e os que não conhecia também, no caminho até o refeitório. Passei rapidamente em meu armário, para pegar meu lanche e encontrei Eleanor mexendo no dela.

- graças a Deus! – disse chegando ao lado dela – achei um de vocês – ela deu uma risadinha.

- oi, Sam. Por favor, fala que temos alguma aula juntas – cruzou os dedos depois de me entregar seu papel de horários e eu comparei com o meu.

- bom, é uma chata, mas pelo menos é uma – ela deu um pulinho e sorriu – educação física no ultimo horário.

- espero que não seja o Sr. Gilbert de novo – revirou os olhos e eu ri. Tínhamos pegado todas as aulas com o Sr. Gilbert desde o jardim de infância.

Fomos até o refeitório e vimos Niall acenando para nós de uma mesa no canto. Sentamos e joguei um pedaço de biscoito em Zayn, que fingia não me ver.

Eles me contaram que Louis fazia faculdade de manhã e, em algumas tardes, trabalhava na pizzaria. Eleanor fez um biquinho ao meu lado.

- queria que ele ainda estivesse na escola.

- pra gente ficar vendo vocês dois todos melosos? Não obrigado – Liam disse chegando à mesa e eu ri, vendo ele abrir um sorriso para mim, de um jeito que me fez pensar que ele não estava acreditando que estava rindo de sua piada.

- ai, larga de ser chato, Liam – mostrou a língua para ele, que deu uma risada, voltando ao normal.

Eu não podia negar que ele era bonito, muito bonito, aliás. Estava usando uma camisa branca com as mangas arregaçadas até o cotovelo, que tinha três botões caindo do colarinho, uma calça jeans escura e um all star. Lembrei, mentalmente, de adicionar seu nome à lista de garotos que eram o motivo de garotas interesseiras serem simpáticas comigo, já que, tecnicamente pelo menos, éramos amigos.

Escutei o sinal bater um tempo depois, e todos levantaram, indo para as salas. Meu parceiro de biologia era legal, eu me lembrava vagamente de ter visto ele andando pelos corredores alguns anos atrás.

Seu nome era Tom, era alto, loiro e tinha olhos cor de mel. Em algum ponto ele até me lembrava Louis (não pela aparência, claro, eles não podiam ser mais diferentes), mas pelo fato de me fazer rir toda hora, a ponto do professor ter de chamar nossa atenção algumas vezes durante a aula.

O resto das aulas passou rápido (graças a Deus) e logo eu estava no carro de Zayn com os outros quatro, indo para minha casa, onde mamãe tinha prometido um belo jantar para todos.

Entramos e fomos até a cozinha cumprimentar minha mãe e pude escutar Liam perguntar se ela precisava de ajuda no preparo do jantar. Ela sorriu e agradeceu, mas acabou recusando.

- LOU! – escutei Eleanor gritar e então correr para a porta. Assim que esta se abriu, pude ver Louis parado do outro lado e ela se jogou em cima dele.

- até parece que não se viram ontem – Niall revirou os olhos e eu ri.

O jantar não demorou para ficar pronto e logo estávamos todos sentados na mesa, brigando para ver quem pegaria o melhor pedaço da lasanha.

- e então, querida, como foi na escola? – minha mãe perguntou.

- tive um pouco de dificuldade em biologia e química – dei de ombros - mas o resto foi tudo bem... – ela sorriu.

- ela até pegou o cara mais gato da sala de biologia como parceiro – Eleanor falou colocando um pedaço de lasanha na boca logo depois. Dei um chute nela de baixo da mesa.

- ah, é mesmo? – Zayn disse em uma voz engraçada e todos começaram a jogar pedaços de coisas em mim dizendo coisas como “ui, arrasadora de corações” enquanto riamos. E isso continuou até minha mãe voltar da cozinha e quase matar todo mundo.

LIAM’S P.O.V

A semana foi passando e Sam parecia ter, pelo menos, se acostumado com a minha presença, o que já era um grande passo!

Era sexta-feira depois da aula e eu atravessei a rua, indo em direção à casa da frente. Dei a volta nela e entrei pela porta da cozinha, que sempre estava destrancada. Fui até a sala e encontrei os meninos jogando vídeo game, enquanto Eleanor, com uma cara nada boa, estava sentada na poltrona olhando: provavelmente Louis tinha trocado sua companhia pela do Mario Kart.

Escorei-me atrás do sofá e fiquei olhando o jogo. Não demorou muito Sam desceu e parou ao meu lado, olhando para a tela também.

- entãaaao... – disse arrastando o “a” – nós vamos comer ou o que? – levantou uma sobrancelha e ninguém respondeu – podemos pegar um pizza...

- eles não estão entregando hoje – eu me perguntava como Niall sempre sabia essas coisas...

- porque não? – ela perguntou

- acho que deu um problema com os entregadores, eles não foram, estão de greve, sei lá, Sam! – disse com um tom de “eu estou jogando, não me atrapalhe” e eu dei uma risadinha, recebendo um olhar feio dela.

- bom, alguém pode ir lá pegar então... – ela continuou.

- ótimo! Você e o Liam vão – Harry sorriu

- o que? – perguntamos juntos – porque nós? – ela completou

- bom – Zayn começou – foi você que deu a ideia, e eu sei que você não vai querer ir sozinha e, bom, Liam é o único que não está jogando...

- mas e a Eleanor? – perguntei tentando me livrar dessa.

- meu pé – ela disse com uma cara falsa – está doendo muito, torci hoje na aula de Educação Física

- você nem fez educação física hoje! – ela jogou uma almofada em Sam por dizer isso.

- anda logo e vai! – todos gritaram quase que ao mesmo tempo e bufamos.

Sim, a única pizzaria boa de verdade na cidade era essa, e é por isso que não pedimos em outra que tinha entrega, porque era melhor andar seis quarteirões do que comer presunto e queijo velho.

Ela subiu para pegar trocar de roupa, já que já tinha colocar do pijama e eu fui contar o dinheiro de todos, vendo se daria para pegar a maior pizza. Sam desceu as escadas rápido e assim que parou na minha frente deu uma risadinha olhando para o meu casaco, como se só estivesse reparando nele agora. Era cinza de capuz e tinha um enorme desenho do Buzz e do Woody em sentados e rindo em um dos lados.

- belo moletom – apontou com a cabeça ainda sorrindo e eu olhei para baixo por força de hábito.

- obrigado – sorri – foi você que me deu – disse antes de perceber e ela levantou as sobrancelhas. Provavelmente odiava quando as pessoas faziam isso, contavam coisas desnecessárias.  

- o que quer dizer que eu sempre tive bom gosto – disse com uma voz fingindo de metida e deu uma risada logo depois e eu coloquei o dinheiro no bolço, sorrindo também.

- ah, por favor! Conversem sobre como o ultimo filme é triste no caminho, porque eu estou morrendo de fome – Niall gritou.

- novidade! – gritamos de volta e ela colocou uma mão nas minhas costas, me empurrado até a porta da cozinha.

Ela ficou em silêncio por um tempo, e, não sei por qual motivo, minha voz também não queria sair, mesmo eu tendo umas mil palavras para falar para ela. Bosta de voz!

Passamos ao lado de uma lojinha e pudemos escutar uma melodia saindo dela – a vendedora sempre deixava o rádio ligado – e começamos a cantar a musica quase que ao mesmo tempo: Sometimes there's airplanes I can' t jump out Sometimes there's bullshit that don't work now We are god of stories but please tell me What there is to complain about...

Ela deu uma risadinha e eu continuei a cantar baixinho When you're happy like a fool Let it take you over When everything is out You gotta take it in. Ela parou e ficou me olhando sorrindo e eu franzi a testa

- o que? – perguntei e dei uma risada pelo nariz.

- nada – voltou a andar – a sua voz... A sua voz é linda – abriu um largo sorriso para mim.

- obrigado – sorri também – a sua também

- ah, por favor, sem tentar me alegrar, Liam! – disse e deu uma risada, me fazendo sorrir – a voz de todos vocês é bonita, sempre que pego um cantarolando fico parada ouvindo – riu – deviam tentar cantar uma música juntos, aposto que vai ficar ótimo.

- é, quem sabe um dia... – sorri e chegamos à pizzaria.

Pedimos uma pizza gigante, metade calabresa, metade portuguesa e esperamos até que ficasse pronta. Passamos no mercadinho que tinha do lado e compramos duas cocas de três litros e ainda sobraram cinco libras, que usei para comprar um monte de balas, as quais fomos comendo no caminho, não querendo dividir com ninguém quando chegássemos em casa. era o preço que eles pagariam por ter nos feito andar até lá.

Entramos pela porta da cozinha e deixei a pizza em cima da mesa, do lado dos refrigerantes que ela tinha acabado de colocar lá. Peguei os pratos no armário enquanto ela pegava os copos e os talheres e então gritamos que a pizza tinha chegado. Não preciso nem falar quem foi o primeiro a chegar à cozinha, não é?