POV Megan

Acabo de chegar em casa e são umas sete da noite. Pelo jeito só Thalia está em casa. Percy está nadando, Annabeth na academia, Nico no treino... Moro numa casa de atletas! Só eu e a outra morena somos sedentárias, que vergonha.

Deixo minha bolsa em cima da escrivaninha e encontro um pedaço de papel colado no meu mural de músicas:

“Hey girl, I Love you.”

A letra curva de Nico estampava o papel de linhas azuladas. Meus lábios formaram um sorriso involuntário.

POV Luke

-Fala aí Luke. – Percy me para no meu caminho.

Estou no meu caminho pra academia, e ele deve estar aqui no clube pra treinar, só a noite as piscinas ficam vagas para os nadadores treinarem.

-Oi peixe. – sorrio sacanamente. Ele revira os olhos.

-Indo pra academia?

-Sim. – balanço a cabeça. – Tenho alguns alunos agora as sete e meia.

-Pelo jeito as garotas gostaram do novo instrutor. – ele me olha significativamente.

-Nem vem, você é o gato desse clube. – digo rindo. – Mas vamos combinar que meu tanquinho seduz. – levanto a blusa numa pose sexy.

-Abaixa isso cara. – ele fecha os olhos. – Mas, sério, ouvi por aí que as mina riquinha pira em você. – ele ri e sai andando para a piscina aquecida.

Dou um risinho e caminho até o banheiro masculino dos funcionários. Coloco um short preto, uma regata branca que está escrito “personal” nas costas e em baixo meu nome, e um tênis de amortecedores.

Deixo minha mochila nos ganchos do banheiro e subo ate a academia. As duas alunas das sete e meia já estão me esperando.

Bom, para quem não está por dentro (todo mundo), eu estou trabalhando. Sim, trabalhando. Percy descolou um emprego pra mim aqui no clube. Eu sou instrutor da academia e ajuda na cozinha nos finais de semana. Não é grande coisa, mas a grana ajuda a me manter aqui em Los Angeles.

Alguns dias depois

Quinta-feira

POV Annabeth

Faz um mês que eu estou tentando várias bolsas de estudo. Mas... Digamos que estou começando a achar que não bem vinda entre os bolsistas.

É... Nenhuma das bolsas deu certo! Nenhuma!!!

Alguém tem alguma sugestão sobre como eu posso tomar um rumo na minha vida e talvez continuar fazendo faculdade???

Respiro fundo e me acalmo. Sento na frente no notebook e abro minha caixa de entrada de e-mail. Tem um da minha mãe. Oh Deuses, tomara que ela diga que a empresa se recurou e que ela vai mandar o dinheiro da mensalidade!

“Oi querida.

Eu queria muito estar mandando esse e-mail para te dizer que eu consegui resolver as coisas, mas, infelizmente não é bem por isso.

As ações estão cada vez mais baixas e... Não achamos que vamos conseguir reerguer a situação.

Sinto muito minha filha, você vai ter que voltar.

Eu enviei sua passagem pelo correio, há um voo nesse domingo à tarde.

Beijos, Atena.”

Não sei por que em algum momento eu imaginei que iria dar certo. Uma única lágrima solitária escorre pela minha bochecha e não faço a mínima questão de enxugá-la.

Fecho o notebook e pego uma mala no meu guarda-roupas. Começo a guardar as coisas lentamente. É mais que torturante ter que fazer isso.

-Vai viajar? – Nico franze o cenho olhando para a mala sobre a cama. Balanço a cabeça em afirmação. – Pra onde?

-Nova Iorque. – minha voz sai num sussurro rouco.

Seus olhos negros encontram os meus e ele entende. Seus pés rapidamente se dirigem até mim e seus braços rígidos e gelados me envolvem. Ele afaga meus cachos calmamente.

-Sinto muito Annie. – ele murmura.

-Agora já foi Nico. Não tem mais curso, não tem mais faculdade.

Era pra eu estar me derramando em lágrimas nesse exato momento, mas meus olhos estão gélidos.

Separo-me de Nico com o maxilar travado. Ele acaricia minhas bochechas com os polegares e tenta forçar um sorriso com o canto dos lábios.

-Vai ficar tudo bem.

-Não vai. – nego com a cabeça.

-Vai sim. – ele me puxa para mais um abraço apertado. – Acredita em mim. – dito isso ele sorri vagamente e sai do quarto.

POV Percy

-Vai ficar tudo bem. – Nico disse a ela.

-Não vai. – ela nega com a cabeça.

-Vai sim. – o moreno a puxa para um abraço apertado. – Acredita em mim. – ele sorri e sai do quarto.

Nico passa por mim e acena com a cabeça para eu ir atrás dele. Sigo-o até a porta do seu quarto.

-Ela não conseguiu uma bolsa. – diz ele em voz baixa.

-Ela...  Vai voltar pra Nova Iorque? – pergunto com um nó na garganta.

-Vai. – ele olha com pena pra mim.

Respiro fundo com os punhos cerrados e caminho a passos firmes até meu quarto. Bato a porta e procuro meu notebook no meu de toda a bagunça.

-Merda! – digo entre os dentes. – Achei!

Pego o aparelho, ligo e espero impaciente até que a tela inicial aparece. Abro o e-mail rapidamente e digito o texto com uma agilidade que eu desconhecia. Enviar. E-mail enviado com sucesso.

-Beleza, agora é só eu mexer com a fera. – digo. Pego meu celular e digito o número e espero.

Depois de três toques aquela voz familiar, literalmente, atende ao telefone com o mesmo tom bem humorado de sempre:

-Nossa, você foi preso, levou um tiro ou alguma coisa do tipo? – pergunta ele e se segue de uma risada gostosa.

-Ei, um filho não pode mais se preocupar com o paradeiro do pai não? – digo fingindo estar ofendido.

-Poder pode, mas convenhamos que isso não exatamente normal quando se trata de uma marmanjo de dezenove anos que mora em Los Angeles com a namorada gata. – fico em silêncio. Silêncio. Silêncio. – Morreu aí Percy?

-Não fala dela!!! – finjo um choro dramático.

-Oh Pai tenho um filho viado. – ele ri debochado.

-Ei, cala a boca! – paro de chorar e respondo rindo.

-Ok, não quero irritá-lo amorzinho.  – não digo nada esperando meu pai acabar com a rodada de piadas. – Pronto, essa foi a última. – ele ri. – Agora pode me dizer qual foi o milagre que te fez ligar para a minha humilde residência.

-Humilde... Sei... – comento. Ele ri e eu continuo. – Então, eu preciso de uma ajudinha...

-Eu sabia, la vem merda.

-Ei, não vou pedir tanto assim, presta atenção... – começo a explicar a situação a ele enquanto meu velho ouve tudo atentamente.