Roy Chess, The Story Teller escrita por CaioLinkin


Capítulo 2
Capítulo 2 - A dança das fadas


Notas iniciais do capítulo

O segundo capítulo tá aí. Tem algumas coisas surpreendentes. alguns tabus foram quebrados, espero que não se importem.



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   Roy deu seu diário na mão de Rood para que o garoto pudesse ir verificando os fatos. Não precisava dele, tinha tudo na sua cabeça. Todas as histórias que o deram a fama de louco, estava tudo ali: em seu diário e em sua mente.

   - Está prestando atenção? Essa é uma das minhas preferidas.

   O velho Roy começou a falar. Finalmente Rood saberia a origem de tudo.

   “Ao contrário de muitos personagens de livros épicos ou de super-heróis idiotas que você acha na televisão, eu não sou um “prometido”. Muito menos vim concretizar uma estúpida profecia antiga. Você me pergunta o por quê do meu conhecimento e o por quê de eu saber que não existem apenas as sombras mostradas na caverna. A resposta é simples, mas a história é longa.

   Eu fui criado sozinho com minha mãe. Até então, eu não sabia por que papai tinha ido embora, não que aquilo me interessasse, ele nunca fez falta. Mamãe trabalhava duro para sustentar a minha família. Éramos sete no total. Ela costurava o dia inteiro enquanto eu e meus irmãos estudávamos. Nós nunca podíamos trabalhar, ela nos proibia. Era, sem dúvida, uma mulher magnífica. Sua força de vontade era exemplar e seus cuidados por nós nunca secavam. É uma pena...”
 
   Pela primeira vez em sua vida, Rood e Ted ouviam falar dos pais de Roy e, surpreendentemente, era a primeira vez que viam seu avô, que era sempre tão bravo, chorar. Roy enxugou as lágrimas que brotavam por de baixo de seus óculos. O coração parecia apertado. A lembrança de tudo aquilo era muito dolorosa.

   “Eu digo que é uma pena por que foi graças à toda essa força e vitalidade que ela teve de partir. Não, meus caros, ela não partiu para longe para trabalhar e nem tirou férias. Seu corpo permaneceu conosco, mas seu espírito foi levado. E não foi levado para nenhuma outra dimensão pacífica, muito menos para ao lado do nosso Pai Celestial. Ela foi levada por seres desprezíveis.

   Naquela tarde, eu brincava com meus irmãos. Eu era o mais velho, então tinha que colocar ordem na casa. Mas o que uma criança de dezesseis anos é capaz de fazer? Pobre de mim e de meus irmãos. Se não fosse minha grande paranóia, eles poderiam estar ainda vivos e, com certeza, teríamos nos ajudado a suportar a dor de nossa grande perda.

   Conforme a tarde se passava, meu coração parecia morrer. Estava preocupado com a mamãe. Hoje era dia de pagar impostos e eu não sabia se ela tinha conseguido todo o dinheiro. Um dos meus irmãos ia mal nos estudos, essa notícia não seria dada em boa hora. Precisávamos ir. Chamei-os para voltar pra casa e, obviamente, muitos deles se opuseram. Era duro convencê-los. A maior parte nem tinha dez anos ainda, não tinham consciência de nossa situação. Com muito cuidado e lábia, pude levá-los para casa a passos apressados.

   Pude notar algo estranho assim que cheguei. A porta de entrada estava aberta. Aquilo não era normal. Mamãe não costumava ser descuidada. Entrei apressado pela sala e gritei seu nome, mas nossa mãe não respondeu. Apressei-me em ir para seu quarto e, antes que chegasse lá, fui abordado por uma linda mulher. Ela tinha cabelos dourados e cacheados. Para um menino de dezesseis anos, aquilo era um anjo.

   - Olha só. Se não é o filho. Você deve ter caído do céu, garoto – Minha inocência não me permitiu entender a ironia daquela frase. Mas fiquei encantado com sua voz melodiosa.

   A jovem me levou para o quarto de minha mãe, onde a mesma estava deitada sobre a cama. Ao seu redor, mais três jovens lindas estavam de pé. Eu não resistia à cena. Estava encantado com suas belezas. Não poderia, nunca, ter adivinhado o que aconteceria em breve. Uma quinta mulher, também linda, trazia meus outros seis irmãos. Até mesmo a única menina dos irmãos estava encantada com a beleza das visitantes.

   - A família está toda aqui, certo? Podemos começar – Dizendo isso, ela me deu um sorriso. Lindo, maravilhoso. Aquilo me despertava paz. Queria beijá-la, tê-la para mim. Eu estava preso na armadilha. Fui uma presa fácil.

   Fomos colocados em cima da cama ao redor da qual as mulheres fizeram um círculo e começaram uma reza que, até então, pra mim era desconhecida. Enquanto rezavam, as lindas moças começaram a dançar. Era uma dança linda. Movimentos caóticos me permitiam saber que aquilo não era sincronizado. Era uma dança completamente improvisada. Elas ficaram ali dançando por um bom tempo, enquanto todos nós ficávamos admirados. Quando se deu por cansada, uma delas sentou na cama e beijou minha mãe. Aquilo foi um choque para mim. Não era um beijo no rosto. Era um beijo selvagem em sua boca. Mamãe não reagiu, estava inconsciente. Depois disso, todos os meus irmãos foram beijados. Minha irmãzinha foi beijada e, segundos depois, perdeu a consciência. Foi uma questão de tempo até que todos caíssem desfalecidos. Sobravam três: Eu e dois irmãos. Dois deles foram beijados e eu fiquei lá, admirando a cena.

   - Estamos todas satisfeitas. Esse aqui sobrou. O que fazemos com ele? – Uma delas perguntou enquanto olhava para mim.

   - Ah, deixa esse pra mim, não vai fazer mal se eu me divertir um pouquinho.

   Ao dizer isso, passou as pernas por cima de mim, sentando o quadril em cima do meu, de frente para mim. Minha excitação era indescritível. Não demorei muito para beijá-la.

   No momento do beijo, senti meu corpo formigar. O beijo era quente, envolvente. Meu corpo foi adormecendo. Comecei a ficar com um sono incontrolável. Eu queria dormir. Antes de perder os sentidos, ela recuou como se não agüentasse mais.

   - Já chega, é o suficiente. Vamos levar esse daí.”

   Rood tinha os olhos arregalados. Já conseguia entender o que o velho queria dizer. Olhou para o diário do avô e pôde ler algumas frases: “Malditas fadas”, “belezas farsantes” e “matei todas”.

   O velho Roy descansou um pouco antes de retornar à falar.

   “Elas eram fadas, meus queridos netos. Fadas são conhecidas como seres bons. Elas nos dão força para seguir em frente e muitas vezes nos ajudam com coisas que não poderíamos fazer sozinhos. Mas a pergunta, garoto, é: ‘de onde as fadas tiram seus malditos poderes?’.”

   Rood pensou um pouco. Não era possível! As fadas?! Criaturas tão lindas que ele via constantemente em contos infantis. Elas existiam? Mas eram más?! Confusão. Rood passou a mão na cabeça.

   “As fadas tiram a vitalidade de pessoas poderosas, Rood. E com essa força, elas ajudam pessoas que não têm condição de se virarem sozinhas. Elas são ‘demônios’, Rood, são criaturas que acham que podem brincar de Deus. Por ser forte, minha mãe perdeu a vida para que pessoas fracas pudessem seguir em  frente. Você acha isso justo? Eu não acho. E eu fiz a coisa certa.”

   Ted colocou as mãos em forma de concha na boca. Estava assustado. Nunca vira o avô tão conturbado e nunca tinha ouvido a história da primeira aventura do avô. O que será que o avó tinha feito com as fadas? Não queria vê-lo como um assassino.

“Ah, como é simples o mundo da inocência, Ted.”

<Continua>


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