Roy Chess, The Story Teller escrita por CaioLinkin


Capítulo 1
Capítulo 1 - Entre no meu mundo


Notas iniciais do capítulo

Não deixe de ler esse primeiro capítulo. Ele explica o cenário, da a introdução dos personagens e ainda tem chaves importantes para entender capítulos futuros. Hope you like



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   Já era tarde da noite e lá ia o “Velho Roy”, um senhor de setenta anos que morava em uma casinha modesta na Rua Brigadeiro, no bairro mais afastado do centro da cidade. Quem conhecia o Velho Roy sabia o porquê de se manter afastado. Para um senhor de setenta anos, viver perto do barulho dos carros e do caos dos tempos contemporâneos era muito cansativo. Roy Chess não gostava de nada daquilo. Vivia lá desde que se mudara para a cidade. Ele não tinha filhos, não mais. Todos sabiam o que tinha acontecido à linda Celina Chess. A morte veio cedo para a doce mulher, mas a passagem de seu espírito deixou um rastro de luz que era o único guia do Velho Roy na escuridão: dois adoráveis garotos. O mais velho se chamava Rood e o mais novo era Ted. Os dois garotos eram tudo que sobrara na vida do velho.

   Roy Chess, muitas das vezes, era chacota da garotada da cidade. Sempre que era visto pela meninada, um coro se formava para atormentá-lo: “Roy Maluco, o contador de histórias!”. Ah, sim. Era assim que o chamavam: “Roy, o Louco” ou “Roy-cabeça-de-mentiras”. Todos na cidade já estavam cansados de ouvir as histórias loucas que o morador da Rua Brigadeiro contava. Todos lembravam de quando ele se mudou. “Eu vim de longe. De muito mais longe do que vocês possam imaginar!”, ele dizia. Quando perguntado de onde ele viera, sempre dizia: “De baixo, garoto. Eu vim de muito abaixo do que qualquer buraco. Eu fui muito mais baixo do que qualquer homem vil de caráter duvidoso”. O velho gostava de falar metaforicamente. Mas em pouco tempo, todos descobriram de onde o velho dizia ter vindo. “Ele é louco, acha que veio do inferno!”, alguns diziam. Outros já faziam afirmações mais audaciosas: “Eu sempre tive um mau pressentimento sobre ele! Eu sabia: ele é o demônio! Eu pude ver, eu pude sentir!”. Pobre Roy.

   O velho não se limitava a fantasiar sobre sua origem. Ele tinha uma peculiaridade que, aos olhos de muita gente, era muito engraçada: ele adorava contar histórias. E estas, segundo ele, eram reais. Mas, pelo amor de Deus! Ninguém acreditava em pessoas tão velhas, muito menos em velhos que falavam coisas absurdas. Ninguém queria acreditar em bruxas que lançavam raios pelo corpo, ou cavalos que pareciam águias e podiam voar pelos céus. Aquilo era baboseira. Todos faziam pouco do velho Roy. Em poucos meses, Roy se achou sem amigos. Foi então, que dois feixes de luz surgiram em sua vida: Rood e Ted.

   Roy ao sentiu muita falta de sua filha, Celina, quando ela morreu. Nunca fora um pai presente. O que todos sabiam é que Roy, supostamente, estava muito ocupado “caçando” aquele bando de “monstros”. Claro que não teria tempo para a sua filha. Mas a velhice chegou e o velho começou a se sentir muito sozinho. Quando a filha morreu, o velho mentiroso era a ultima família dos garotos e a justiça resolveu dar-lhe a guarda das crianças. Aquilo foi ótimo para o velho.

   Todas as noites, antes de dormir, o velho contador de histórias apresentava aos garotos toda a fantasia de seu mundo “imaginário” e a força de sua bravura. E assim foi por alguns anos. Os dois garotos adoravam ouvir as histórias do avô e cresceram fascinados pelo seu mundo. Mas isso não durou muito. A vida é mesmo um grande mar de ironias. O mais velho começou a crescer e a ceder às criticas que todos os cidadãos faziam contra o seu avô. “Ele é um mentiroso, Rood! Onde já se viu?! Você acha mesmo que ele veio do inferno?!”, ou então “Qual é?! Você acha mesmo que ele caçava vampiros?!”. O menino perdia a doce ilusão. Com essa pressão aumentando, o garoto passou a pedir explicações mais lógicas.

   Roy nunca se incomodou com isso, pelo contrário. Ficou feliz de o garoto lhe dar uma chance de provar que tudo era verdade. Mesmo que essa chance fosse muito pequena. É nesse pequeno cenário que nos sentamos no sofá da casa situada na Rua Brigadeiro. Estão todos lá: Roy, Rood e o pequeno Ted, que está cada vez mais ansioso para novas histórias.

   Rood tem os braços cruzados e a cara fechada. Bate o calcanhar contra o chão, deixando clara a sua impaciência. Roy, como sempre, mantêm um sorriso no rosto. Nada poderia destruir sua felicidade.

   - Então, meu filho, o que é dessa vez? – Pergunta o velho, com uma voz muito amigável e grave. Fez-se um minuto de silêncio, o que comprovou que aquilo não era uma pergunta retórica.

   - Vô, as pessoas acham que o senhor ficou louco! Ninguém acredita! Por que ninguém acredita nas suas histórias?!

   - As pessoas só não querem aceita-las, Rood. Não se pode culpa ninguém por isso. Eles são filhos da caverna: passaram a vida inteira vendo sombras em suas paredes e escutando seus ecos, achando que aquilo era real. E eles só acham isso, meu filho, porque nunca se deram o trabalho de virar os pescoços para verem de eram as sombras e de onde viam os sons!

   - E o senhor sabe a verdade disso tudo?! Como?!

   - Seu avô nunca foi de aceitar as coisas só de escutá-las, filho. – O velho Roy se levanta de sua poltrona, vai até sua velha estante de livros e apanha um deles.

   Rood mantinha os olhos fixos no avô. Sabia o que ele buscava: seu diário. Já havia visto muitos deles. Neles, Roy havia escrito todos os seus pensamentos e todas as suas informações sobre esse mundo paralelo. Rood sabia que o avô tinha mania de anotar tudo, fazia sentido que ele anotasse tudo sobre esse tipo de coisa. Quando o avô tirou o diário da estante, ele não pode reconhecer. Roy estendeu o diário para Rood, que o apanhou e leu a capa: “Dezesseis anos”.

   - Que tal se eu começasse do ponto em que a minha aventura realmente começou?

   Rood sorriu. Estava ansioso: Aquilo seria divertido.

 

<Continua>


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Notas finais do capítulo

Eu queria parar de receber reviews perguntando se o velho é louco ou se ele diz a verdade. A graça da estória está nesse mistério. Tem que esperar pra poder descobrir a verdade. Agradeço a todos que vêm acompanhando.
Thx!