Na cozinha Lily estava a preparar um dos pratos favoritos do pessoal da casa, a cozinheira servia as panquecas no café da manhã para Gumi e Gachapoid que eram sempre os primeiros a levantar. Como havia voltado às aulas do meio do ano e Gachapoid teria aulas em uma escolinha especial de música, tomavam seu café da manhã matinal e se dirigiam a seus afazeres enquanto Lily era encarregada de cuidar da casa.

– Tchau Lily-chaaaaan! Vamos Gachapoid não quero chegar atrasada! – Gritava Gumi da porta esperando Gachapoid que vinha logo até ela com sua mochila de dinossauro.

– Gumi, eu... tartaruga... – Dizia Gachapoid chateado com a mudança drástica de lhe passarem de tartaruga para dinossauro.

– Você vai se acostumar Gach! Logo nem vai notar a diferença, eu prefiro lhe ver em roupinha de dinossauro. Agora vamoooos! – Puxava o garoto e batia a porta, estava sempre animada e bem disposta.

Lily acenava pela janela, estava se adaptando melhor entre eles e sem perceber se sentia mais a vontade para se expressar. E logo ia até os afazeres domésticos. Quando não demorava muito e se ouvia barulhos estrondosos da escada, era Gakupo, que estava a uma semana totalmente depressivo. Saía do quarto apenas para comer e voltava para seu refúgio. Seu mundo estava cinza, não enxergando se quer um palmo a sua frente. Lily não sabia muito bem o que fazer, pois não era tão animada como Gumi para lhe alegrar, e nem tão meiga como o Gachapoid para lhe tranqüilizar. Assim só podia lhe fazer a comida e cuidar da casa, já estaria contribuindo com alguma coisa. Gakupo se aproximava da mesa e sentava, estava de bermuda e uma camiseta larga e clara, seu cabelo estava bagunçado, ou seja, parecia um mendigo pobre coitado.

– Lily, eu quero... – Já dizia ele esticando o braço para pegar o leite enquanto a garota já lhe servia as panquecas colocando a quantidade de açúcar certa no copo de leite do jeito que ele gostava. Sem dizer uma palavra ela voltava até a pia onde lavava as vasilhas. Gakupo notou no mesmo instante como ela já havia previsto o que ele queria e como ele gostaria de comer. Olhava para ela de costas dando apenas um suspiro. – Você poderia me fazer companhia no café da manhã?

A loira virava o rosto olhando para o Gakupo, depois de uma semana sem nem sequer reparar que havia pessoas que morava com ele naquela casa, foi a primeira vez que ele se dirigiu a ela apropriadamente que não fosse para lhe servir como uma empregada. E ia até o rapaz. Aproximou seu rosto ao dele e o encarava, o rapaz arregalava os olhos ficando corado e assustado com o que ela estaria pensando, já que ela sempre foi difícil de lidar. A garota apenas colocava a mão sobre a testa dele para medir a temperatura. – Hmmm... não está com febre. Deve estar começando a se recuperar da depressão Gakupo, que bom. – Esboçava um pequeno sorriso, mas logo disfarçava com uma cara séria e sentava do outro lado da mesa para lhe fazer companhia.

Gakupo percebia que Lily estava mudando aos poucos, não estava rude como antigamente na sua chegada ao meio deles, se mostrou preocupada mesmo tentando disfarçar. Também percebeu o quanto havia deixado todos preocupados com ele enquanto ele se trancava no seu quarto depressivo. Esboçava um sorriso feliz para Lily, logo a mesma corava olhando para o lado disfarçando.

– Onde estão Gumi e Gachapoid? Está meio quieto aqui. – Perguntava Gakupo que só saiu do quarto depois que eles haviam ido à escola.

– Aposto que nem sabe em que ano estamos, já começaram as aulas deles. Mas não se preocupe, eu estive cuidando muito bem da situação, então fique tranqüilo. – Dizia à loira que se servia com uma fatia de pão.

– Lily-chan, você é tão eficiente, forte, determinada. Eu admiro as suas qualidades e agradeço por tomar conta enquanto eu estive ausente, mas a partir de hoje eu vou voltar aos meus afazeres. Te observar hoje me fez perceber que perdi muito tempo pensando em outras coisas enquanto deixei todos aqui de lado, eu peço desculpas por agir dessa forma. – Esticava o braço segurando na mão dela, fina e delicada, eram mãos de uma pessoa que precisava ser protegida e não proteger a todos. Ao mesmo tempo as mãos dele eram cuidadosas e quentes, encaixava perfeitamente as mãos dela, poderia ficar assim por um bom tempo, aquecida e apoiada. Ambos coravam por obterem os mesmos pensamentos mesmo sem saber o que o outro pensava e logo soltaram as mãos.

– Eu não fiz nada para ajudar Gakupo e... queria lhe pedir desculpas por aquela noite, eu não devia ter falado daquela forma com você. – Dizia a loira.

– De maneira alguma eu que lhe devo desculpas por ter sido duro com você, te assustei por isso agiu daquela maneira então...

– Me desculpe! – Os dois falaram ao mesmo tempo e logo riam daquilo. Mas Lily se lembrava de ter visto Gakupo e Luka na cozinha naquele dia e logo vinha aquele aperto novamente. – Você e a Luka, formam um belo casal... – Forçava um sorriso naquele momento.

– Eu e Luka terminamos, por isso que fiquei assim durante toda essa semana... Eu não consegui contar e nem conversar com ninguém depois disso. Mas, eu decidi que não adianta ficar me lamentando pelo passado eu quero seguir em frente, Lily, me dedicar à música é o mais importante pra mim nesse momento, eu amo a música.

Lily sentia um alivio pelo que ele falou, mas no caso isso seria egoísta de sua parte enquanto Gakupo sofria, não estava agindo certo com ele, olhava para o lado sem que ele pudesse notar seu semblante. – Você não deveria desistir tão fácil, se você a ama deveria ir atrás. Ficar com a pessoa que faz do seu mundo mais bonito, que te deixa feliz. Bom, deixa-me voltar aos meus afazeres. – A loira levantava da mesa indo até a pia para terminar de lavar as louças.

Gakupo não tinha certeza se escutou realmente essas palavras da Lily, estava pasmo e com certeza o que ela disse lhe deu motivação. Levantou-se indo até a loira colocava a mão sobre a cabeça dela lhe fazendo cafuné. – Arigatou Lily-chan, eu vou me lembrar de suas palavras e colocá-las em prática. – O rapaz se retirava em seguida, estava começando seu dia e não iria falhar de jeito nenhum com mais ninguém.

Lily continuava com a cabeça inclinada, seu coração estava acelerado, sentia uma vontade de chorar e uma lágrima insistia em cair de seus olhos. – Definitivamente ele vai atrás dela, ele vai até a Luka e serão felizes, os dois, como um casal que todos torcem e admiram. Eu desejo muito que ele seja feliz, mas, por que isso me machuca apesar de tudo? Não entendo... não entendo mais nada. – Pressionava as mãos na pia se apoiando ali na borda.