Parei o carro na frente do hospital. Dei um breve “tchau” para os meninos e abri a porta do carro. Tínhamos combinado que eu deixaria o carro com eles para poderem voltar pra suas respectivas casas. Não foi assim que aconteceu. Dean pulou para o banco do motorista -doidinho pra dirigir minha Land Rover- e Logan apareceu na minha frente.

– Você não vai sozinha.

–Você quer mesmo ficar ai comigo? Vai demorar... - falei, mas ele me cortou:

– Quero, com certeza. - ele sorriu.

Enfiei a cabeça no espaço do vidro para falar com o Dean.

– E você? Vai ou fica?

– Você quer que eu fique? Por que se você fizer questão eu fico! - ele respondeu e eu ri.

– Não, se você quiser ir tudo bem.

– Então tchau! - ele me mandou um beijo. - Mais tarde eu te ligo. - ele respondeu sorrindo.

Olhei para o Logan e ficamos em um minuto de silencio.

– Então somos só nós... - falei olhando para o lado, sem assunto.

– É... Vamos entrar. - ele respondeu se dirigindo a entrada.

Seguimos as faixas coloridas pelo chão, mas chegamos a lugar nenhum. Perdemos-nos, claro. - Não me julgue, quem nunca se perdeu em um hospital?!- Por sorte uma enfermeira nos encontrou e nos direcionou a ala de maternidade.

Minha mãe estava na sala de pré-parto, junto com um bando de mães malucas berrando. Logan ficou na sala de espera enquanto eu fui falar com ela.

– OI MÃE! - Falei feliz de encontrar ela.

– Oi filha. - ela sorriu.

– Você ainda está com seis meses, não é? Por que você já tá em trabalho de parto?

– É Abbey, a bolsa estourou. O bebezinho vai nascer prematuro. - ela falou sorrindo meio fraca.

– PREMATURO? COM SEIS MESES? ELE POR ACASO JÁ TERMINOU DE SE FORMAR?! - falei brava.

– Abbey, tudo bem. A medicina hoje em dia tá bem avançada, você não vai perder seu irmãozinho. - ela pegou a minha mao. - Você também nasceu prematura, sabia? Uma semana antes.

– É um menino? - perguntei feliz.

– Não posso dizer nada.

– Mas você acabou de dizer “irmãozinho”!

– Eu sei. Mas “Ser-Humano” também tá no masculino e não somos todos homens.

Eu sorri e meu pai apareceu.

– Oi Abbey. - ele me abraçou.

– Pai, quando vão fazer o parto da mãe?

– A enfermeira está vindo. - meu pai apontou.

A enfermeira chegou e mediu a dilatação da minha mãe. Ela disse que mais cinco minutos minha mãe estaria pronta para o parto e saiu.

– Vou pra sala de espera. - falei pra eles. - O Logan tá lá me esperando. - sorri.

– Tchau pai. - eu o abracei.

– Tchau mãe! - eu a abracei e ela começou a chorar.

– Eu te amo, filha.

– Eu também te amo mãe. - falei sorrindo.

– Se você quiser, pode morar com a Hilary. Você não precisa ir pra Londres com a gente.

Eu sorri e fui pra sala de espera. Não respondi, porque queria pensar mais sobre isso. Cheguei na sala de espera chorando e Logan estava sentado em uma cadeira. Ele levantou e me abraçou.

– Você acha que um bebê de seis meses sobreviveria? - perguntei.

– Não pense coisas negativas. - ele passou a mao nas minhas costas.

– É... - falei sentando numa cadeira ao lado dele. - Agora é só esperar.

Ficamos acordados até umas três da manhã, mais ou menos, fazendo coisas como jogando joguinho no celular, brincando de qual é a enfermeira e o médico mais bonito, ouvindo música no fone de ouvido, passando trote pelo orelhão, lendo os jornais, conversando com pessoas quase morrendo, conversando sobre coisas sem noção, assistindo South Park pela internet -Logan estava com o iPad dele- brisando na capelinha do hospital... Mas não agüentamos mais. Procurei uma enfermeira e ela me disse que minha mãe ainda estava esperando o doutor chegar. E ela ainda não estava com a dilatação adequada, então demoraria.

– O que acha de irmos para a cafeteria? Você tá morrendo de sono. - falou Logan.

– Melhor não. - falei sem-graça. - É que meu dinheiro acabou...

– Tá brincando né? - ele falou rindo. - Vamos lá, eu pago.

Eu sorri e seguimos para a cafeteria. Escolhemos nossos lanches, dois copos de café e duas barras de chocolate. Pegamos uma mesa e sentamos um na frente do outro.

– Brigada. - falei sorrindo e ele riu.

– To aqui pra o que você precisar. - ele falou sorrindo e eu ri

Ele segurou minha mao que estava em cima da mesa, e eu sorri.

– Quer saber? - falei - Você é o melhor amigo que alguém poderia ter!

– É, eu sei. - ele riu.

Uma idosa de andador passou do lado da nossa mesa, olhou para nós e falou para o seu marido “Olha querido, eles estão esperando um bebê! Que lindos”. Nós só olhamos e rirmos.

Voltamos para as cadeiras, coloquei minha cabeça no colo do Logan e dormi. Ele encostou a cabeça no encosto da cadeira e também dormiu. Acordei umas cinco e meia da manhã morrendo de frio. O Logan já tinha acordado e estava ouvindo música.

– O que foi? - ele perguntou tirando o fone.

– To com frio.

– Pega a minha blusa. - ele falou tirando a blusa.

– Não, deixa. - falei por educação, claro. Eu tava morrendo de frio.

Não adiantou, e Logan colocou sua blusa sobre meus braços. Voltei a dormir, e acordei com o Logan me chacoalhando. Olhei no relógio e eram 06h24min da manhã.

– Hey, Abbey! A enfermeira acabou de dizer que sua mãe já entrou na sala de parto.

– Ah! - limpei os olhos - Sério?! - perguntei e Logan fez “sim” com a cabeça.

– Agora é só torcer. - ele segurou forte na minha mao,e eu fiz o mesmo.