Dads Diary escrita por Nath Mascarenhas


Capítulo 3
10 de janeiro, sexta-feira, pouco tempo depois.


Notas iniciais do capítulo

Gente, obrigada pelos reviews e espero que curtam mais um cap...



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Sim, acabei nem contando o resto da viagem de carro pra vocês... E pra falar a verdade, eu acho que eu vou precisar de terapia quando eu voltar pra casa, sério mesmo...

Depois da sexta lata de Red Bull, a sua mãe parecia que ia ter um ataque cardíaco. Ela se mexia a cada meio segundo! E tipo, ela ficava mesclando entre me abraçar e me bater feito louca, eu já estava ficando meio confuso e os outros três roxos de tanto rir. E vocês lá, capotados...

-Ah amiga, por que você terminou com aquele gaaato? – É, John realmente achava que o cara era bonito, hein?

-Ele disse que me amava... - E bufou como se fosse a coisa mais idiota do mundo.

-E o que você respondeu?! – Os olhos de Alexia pareciam que iam sair das órbitas de tão arregalados que estavam.

-Obrigada? – Ela lia um script do próximo filme e parecia achar aquele papo entediante. –Você queria que eu dissesse o quê?

-“Eu te amo também” não seria uma má ideia... – John comentou.

Anna riu, quer dizer, gargalhou. Ela caiu numa crise de riso tão grande que precisou beber agua para os espasmos cessarem. Mas mesmo assim cuspiu mais que bebeu. Quando finalmente ela conseguiu respirar fundo e dizer alguma coisa, falou:

-É ruim hein? – revirou os olhos. – Eu só digo essas três palavras para pessoas que tem o mesmo DNA que o meu, queridos.

Mas uma vez, eu poderia ter ficado calado, mas quem disse que eu resisti?

-Você disse pra mim. – Sério, até pareceu quando pegamos Matt II xavecando uma menina. Só que em vez de você, meu filho, todos os olhares estavam voltados pra mim.

-Você é um caso diferente. –Ela murmurou sem sequer me encarar e percebi que suas bochechas estavam levemente coradas.

Alexia disse muda um “Viu?” e eu bufei também sem som algum. Ela fez um gesto que eu entendi ser que era pra abraça-la, mas eu simplesmente não consegui. Meus braços chegavam perto, mas parecia que havia uma barreira invisível que não me deixava tocá-la.

Ela me olhou confusa, como se não entendesse o que eu pretendia, mas depois que percebeu o que era, simplesmente, agarrou minha mão e pôs sobre seus ombros. Encostando-se ao meu corpo e assim deixando-me sentir o delicioso cheiro de frutas do seu cabelo.

 -Não foi difícil, hein? – Seu sorriso foi lindo, mas logo desapareceu e seu interesse voltou-se ao trabalho. – Argh! Já li a mesma linha cinco vezes!

E jogou o script para longe e suspirou, e não sei o porquê Alexia chegou e centralizou a conversa para uma parte do corpo da Anna que não precisa dar ênfase para ser notada.

- Amiga, você parece até que colocou silicone... – Começou.

-É, gravidez faz isso com a gente. – Suspirou.

-Não faz não. – Richard discordou. – Bianca fez três lipos, duas plásticas e várias sessões de não sei o quê  pra voltar ao normal e você só...

-Aumentei o numero do meu sutiã. –Completou quando viu que Rick não queria continuar, ele sempre era hesitante em relação a Anna e sua beleza.

 - E você teve gêmeos! – Richard resmungou. – Não é justo...

Ela simplesmente deu de ombros.

Meu celular começou a tocar e pelo toque escandaloso e constrangedor todos ali já sabiam que se tratava da madrasta de vocês. Anna logo franziu o nariz e se separou de mim.

Lucy tagarelava do outro lado da linha e eu já nem prestava atenção, a única coisa que passava na minha mente era a mãe de vocês encostada na janela com os olhos bastante distantes.

-E-Eu já vou te ver, amor. – Falei achando que essa era a resposta para alguma coisa que ela me pediu.

Anna pareceu levar um choque.

-Você a trouxe?! – Perguntou incrédula. – Pra cá... Por quê?

Dei de ombros.

-Ela disse que não me deixaria viajar com você. – Tentei puxá-la da janela, mas ela se esquivou.

-Claro! Por que eu sou uma louca que vai te agarrar assim que ela der as costas, né? – Bufou.

-Bem... - Minha cabeça ficava “cala a boca”, “cala a boca”, “cala a boca”. – Ela não confia em você.

-Hum, então estamos quites por que eu também não confio nela. – Avisou. – E definitivamente ela pode ficar com o “mozão” dela.  – Anna adora implicar com o jeito espalhafatoso de Lucy ser.

Depois disso ela ficou calada demais e por mais que os outros puxassem assunto ela respondia monossilábica. Ela começou a passar dois batons ao mesmo tempo e depois misturá-los com os lábios.

-O que você está tentando fazer? – Perguntei curioso.

-Deixa-los com gosto de tuti-frutti. – Eu ri, ela ergueu uma sobrancelha em desafio. – Quer provar?

Eu engoli em seco. Ela jamais havia sido tão atirada assim, ela nunca disse algo do tipo tendo plateia ou até mesmo não estando ligeiramente bêbada. Não sei o que deu em mim, mas eu assenti.

Ela riu com vontade e passou os dedos na boca e depois passou na minha. Eu estava muito chocado com o fato dela me tocar para notar que ela havia me zoado bonito.

-E aí tá ou não com gosto de tuti-frutti? –Richard que segurava o riso, perguntou-me.

Eu limpei minha boca no braço enquanto os outros se acabavam de rir. Quando todos ficaram de gozação com minha cara, o motorista abriu a janelinha e comunicou:

-Srta. Bullock, temos um problema com a outra limusine. Terei que pegar os outros passageiros...

-Passa a diante e finge que não viu, Tony. – Falou séria, mas depois disse: - Brincadeira, pode parar. – Mas todos perceberam que havia um fundo bem grande de verdade nessa “brincadeira”.

Percebi que todos estavam tensos com a chegada dos novos passageiros, principalmente Anna e Alexia. Anna, por causa da minha noiva e a madrinha de vocês por causa do Gabriel, de quem estava se separando e com quem brigava vinte e quatro horas por dia.

-Por favor, Anna, dava pra você tratar civilizadamente a Lucy? –Pedi já temendo as confusões que as duas aprontariam estando no mesmo recinto.

-Claro! – Respondeu sorrindo e eu dei graças aos céus. – E quando o inferno congelar nós podemos esquiar lá...

-Bom, é uma ideia. – Dei de ombros, sabendo que minha felicidade duraria pouco.

Como naqueles filmes de terror, a porta foi se abrindo lentamente e nós no entreolhamos, eu segurei a mão de Anna, sei lá por que.

-Oiii, mozão. –Lucy veio e me abraçou já me beijando e pensando bem, esse jeito dela é realmente irritante. Percebi que Anna tentava se livrar do meu aperto em sua mão, mas eu não a soltei. – Que gosto de tuti-frutti é esse, amor?  - Anna não conseguiu segurar um risinho. – Por que tá rindo, tá vendo capim por algum acaso? – Lucy sorria de escárnio.

- Não, só acho engraçado você gostar o meu novo batom, bom né? – A mãe de vocês falou num falso tom amigável e vi Lucy trincar os dentes. – Ele também gostou, depois eu te empresto se quiser...

-Você a beijou, Matthew? – Lucy parecia bastante furiosa.

-Não, foi ela que...

-Te beijou? – Perguntou me interrompendo e fuzilando Anna com o olhar.

-Me poupe, vareta de cutucar estrela. – Anna revirou os olhos. – Eu não faço nada escondido. Se eu quisesse beijar o Matt, eu faria na sua frente. Como agora...

E ela me puxou e colou seus lábios aos meus. Não sei se foi por que eu estava surpreso, porém eu não a afastei, o que seria mentalmente correto. Quando ela me largou, ela deu uma piscadela pra mim e soltou um beijo pra Lucy.

Num piscar de olhos, Lucy estava prestes a esbofetear a Anna, que numa fração de segundo conseguiu segurar a mão dela antes que atingisse seu rosto. Lucy arfou com o aperto que a mãe de vocês dava em seu braço.

- Quer outra mão quebrada, piranha? – Ameaçou.

-Tá vendo, mô, ela está confessando! –Ela não era mais criança, cacete! Nem Katharina fala assim mais...

-Mentira! –Retrucou. – Você bateu na porcaria da parede e você sabe muito bem!

-Eu não sei de nada! – Gritou, acordando vocês.

-Tá vendo o que você fez, idiota! – Anna esbravejou acariciando vocês, tentando pô-los pra dormir novamente, sem sucesso.

-Ih, papai! Por que você trouxe essa bruxa loira? – Kathy me perguntou com os braços cruzados.

-Não fale assim dela, meu anjo. – Por incrível que pareça, foi a mãe de vocês, que lhe repreendeu. – Você sabe que não pode xingar as pessoas, né?

-Mas mãe, eu não gosto dela! – Retrucou teimosa.

-Por que não gosta dela, filhinha? –Perguntei.

-Ela é chata e fica falando mal da mamãe.  – Acusou mostrando a língua para ela.

-É. – Matt II concordou. – Fica chamando a mamãe de vadia e prostituta. Mamãe o que é prostituta?

Anna fuzilou Lucy com o olhar, até eu não a olhava amigavelmente. Ela poderia ter as rixas com Anna, mas ficar xingando-a na frente dos filhos dela, é sacanagem. Anna tinha o maior cuidado para não influenciá-los nesse sentido e sempre os repreendia quando eles inventavam um novo apelido para ela.

-Matt, qual é a pena para um homicídio? – Anna me perguntou calmamente.

-Depende. Mas normalmente é de quinze a trinta anos. Por quê?

Ela deu de ombros.

-Acho que dá para encarar. – E foi tirando os brincos. – Filhos, eu amo vocês e poderão me visitar todos os domingos, ok? – e depositou um beijo no topo de cada cabeça e pediu: - Fechem os olhos, tá? – Vocês assentiram e a obedeceram.

-Anna, o que você vai fazer? –Perguntei cauteloso.

-Eu? –Perguntou inocentemente. – eu vou matar sua namorada!

Ela pulou por cima de mim e começou a atacar Lucy de uma forma animalesca. Foi em questão de segundos e as duas estavam no chão. Richard me segurou.

-O que foi?

-É briga de mulheres e você é idiota o suficiente para separá-las.

Vocês dois ficavam parecendo dois torcedores em um jogo, gritando “vai, mamãe” e “É isso aí”, enquanto eu tentava tapar os olhos de vocês, missão quase impossível.

-Esse primeiro tapa, é por infernizar tanto minha vida. – E slap! – Esse segundo, é por ter me xingado. – E lá se foi outro. – Esse terceiro, é por que você ficou dando mau exemplo aos meus filhos. – Lucy tentava se soltar, mas coitada, realmente parecia um palito de dente perto da Anna. – E o quarto, bom, por ter nascido!

Caramba, não sabia que a mãe de vocês era tão forte. E mesmo sabendo o quão estranho foi, eu torci foi pra ela.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews, recomendações, qualquer coisa?