Tom saiu andando por um bom tempo, fora parar numa parte um pouco afastada da cidade, até que achou uma praça meio deserta e se sentou. Estava na hora de por um fim em uma coisa que parecia nunca ter tido um começo feliz. Pegou seu celular e discou o número da sua futura ex-namorada. Esperou.

– Tom? Thomas? Ai meu amor, achei que você nunca ia ligar! Eu te desculpo por ter saído com aquela piriguete americana! Eu sei que você me ama e nós...

– Kelsey cala a boca...

– O que você disse?

– Te mandei calar a boca. Agora me escuta... Isso não está mais dando certo, eu não aguento mais. Está tudo se tornando insuportável...

– Você está terminando comigo? É isso?

– É isso mesmo, ainda bem que eu não vou precisar explicar de novo.

– EU NÃO ESTOU ACREDITANDO NISSO THOMAS! ISSO É TUDO POR CAUSA DAQUELA VADIA?

– Sinceramente Kelsey, você ainda se pergunta o porquê de estarmos terminando?

– ESTAVA TUDO BEM ATÉ AQUELA LÁ CHEGAR!

– Não estava! Não estávamos bem faz muito tempo!

– Então é isso que você quer Parker?

– É.

– Então está certo, mas saiba que isso não vai ficar assim... Eu não vou deixar você em paz...

– Por favor, faça um favor a si mesmo e siga sua vida, porque eu vou seguir com a minha e não ouse dizer que a culpa é da Lilyan porque na verdade é toda sua. Segue em frente Kelsey, segue em frente... - Tom desligou o telefone antes que ela começasse com mais uma gritaria estrondosa que provavelmente deixaria seus ouvidos doloridos. Apagou as poucas fotos que ainda restavam no Iphone e apagou seu número também, pois não precisaria mais dele.

Livre. Era assim que ele estava se sentindo. Parece que o haviam livrado de dois anos de problemas...

Levantou do banco e começou a andar pela extensão do parque. Achou uma arvore com uma sombra boa e deitou. Ficou olhando as nuvens mudarem de forma a cada minuto que passava e tudo parecia tão calmo e despreocupado que acabou dormindo. Sonhou que Lily terminava com Siva por sua causa e ela dizia que o amava mais do que tudo e por isso não conseguia mais viver sem ele, não podia mais lutar com aquele sentimento... De repente estavam andando por uma praia deserta, a garota estava linda e estavam andando de mãos dadas quando se sentaram a beira da água. Estavam próximos. Tom poderia sentir seu hálito de menta perto da boca. Os cabelos de Lily, Tom podia sentir, tinham cheiro de morango e a brisa do mar batia neles fazendo-os voar. Ele queria beijá-la, estava prestes a fazer isso quando alguém o acordou.

– Ei cara! Acorda! Você está dormindo no meu lugar!

– Mas que merda é essa? Você não tem vergonha de atrapalhar o sonho dos outros, palhaço? - Tom se levantou rapidamente e encarou aquele homem com roupas esfarrapadas e sujas.

– Esse é o meu lugar, cara.

– Ta certo, pode ficar... - virou as costas e saiu andando quando ouviu o homem gritar.

– WOOOOOOOOOOOW, VIVA O ÓCIO! – Thomas olhou para trás a tempo de ver o homem abraçar a arvore.

“Legal o que as drogas fazem com as pessoas.” Pensou rindo. Enquanto voltava para casa ouviu seu celular tocar.

Tom’s POV

– Alô?

– Thomas? Onde você está, cara? – Por que o Siva estava me ligando?

– Eu estou em um parque, por que? – Não devia satisfação a ele...

– Porque nós estamos esperando há horas pro você para terminamos de combinar as coisas da turnê.

– Ah, já estou indo pra casa então. Tch... – ele me interrompeu.

– Ei! Você já sabe?

– Do que?

–Estou namorando com a Lily!

– Com quem? – Ele não poderia estar falando sério!

– Com a Lily! Você não acha isso ótimo?! – Claro que não, idiota.

– Claro! Isso é muito bom! – Mentira...

– Hmm... Então a gente se vê aqui. Tchau. – Filho de uma puta! Como assim ele já estava namorando com ela? Isso não era nada bom. Que grande merda. Eu voltaria para lá, mas para resolver as coisas da banda, não estava a fim de ver o Siva, nem um pouco.

Sabe quando você finge que entende alguma coisa e apenas balança a cabeça a cada afirmação? Foi bem isso que eu fiz nas duas horas que se seguiram. Que falação chata que estava naquela sala... O que eu queria mesmo era sair dali rumo ao bar mais próximo e beber, beber muito. Enquanto caminhava em direção ao meu destino, o peso da palavra ‘namoro’ começou a pesar em mim. Por que ela tinha aceitado tão rápido? Eu pensei... Que ela gostasse de mim depois da quantidade de textos que ela me mandou... Vai ver o Siva, aquele idiota estupidamente sortudo, tinha chegado primeiro.

Foi enquanto eu caminhava em direção ao pub escondido no final da rua perto da sorveteria, que percebi que meu celular parecia me chamar de uma forma inexplicável. Para quem eu ia ligar?

Procurei o número na lista de contatos e esperei dar sinal, acabou na caixa de mensagem.

“Oi, você ligou para Lilyan Carter! No momento eu não posso atender agora, mas deixa uma mensagem após o sinal.”

Nada. Foi isso que eu consegui dizer. Ela deveria estar muito ocupada com o seu namoradinho. Caralho. Estava pensando demais e não queria isso. Chegando a porta do bar, cumprimentei as poucas pessoas que estavam por lá e me joguei numa mesa bem ao fundo.

– Pra começar, James, me veja uma dose caprichada do seu melhor whisky...

Lilyan's POV

– Vocês se importam de eu dar uma parada aqui? Preciso respirar um pouco... - eu dizia para a equipe onde estava trabalhando. As coisas estavam muito boas por lá e eu estava fazendo o possivel para deixar a minha contribuição no jornal, e pelo que as pessoas estavam falando, estava conseguindo isso. Andei em direção a minha mesa e ao chegar sentei na cadeira e tirei o salto que, de tanto andar, já estavam me machucando. Bia tinha saído para o almoço assim como a maioria das pessoas por lá, me deixando sozinha com aquele pessoal para terminar de fechar uma matéria que iria ser publicado na manhã do dia seguinte.

Peguei meu celular que estava perto do monitor do computador, e adivinha só? Claro que tinha chamadas perdidas, e havia um recado também. Eram 4 chamadas perdidas, 3 do Siva, que provavelmente era um pedido de almoçarmos juntos e uma do Tom, e eu realmente não sei por que ele me ligaria, porque eu não achava motivos para isso, mas enfim, resolvi retornas as ligações do meu namorado... Nossa... Era estranho dizer isso...

– Oi Seev.

– Lily? Por que você não atendeu as ligações? Estava OCUPADA com alguém? - Eu podia sentir sua desconfiança através do telefona.

– Você ainda esta com essa idéia na cabeça? Nós estamos namorando ha 1 dia e já brigamos mais do que eu já briguei com todos os meus ex-namorados!

– Wow... Desculpa...

– Tá. - respondi seca e diretamente.

– Mas o que você estava fazendo?

– Como você disse, eu estava ocupada, mas era preparando uma matéria para amanhã, preenchendo formulários de algumas faculdades.

– Você escolheu quantas?

– Umas quatro.

– Vai fazer pra qual curso?

– Jornalismo. Os testes são mês que vem.

– Eu já vou ter voltado?

– Sei lá... Acho que sim.

– Olha, eu sei que você está chateada com o que eu disse agora, mas que tal um almoço pra consertar as coisas? Você sabe que eu não queria dizer aquilo... Eu te amo.

– O que você disse?

– Eu te amo. - Foram três palavras e um estômago inteiro despencando, tanto que eu não conseguir falar absolutamente nada. Palmas.

– Lilyan? Você ainda está aí?

– Oi... Estou...

– Você quer almoçar comigo?

– Eu... Não posso... Tenho que terminar essa matéria com o pessoal. Assim que eu terminar, eu vou pra casa. Eu vou assistir algum filme com a Bia lá em casa, você e o Nathan querem ir?

– Eu queria muito, baixinha. Mas eu tenho que arrumar as malas. Me desculpa?

– Baixinha, Siva? - eu ri daquele apelido. - Sabia que eu tenho a altura normal de uma garota? E claro que eu te desculpo por isso, na verdade, não precisava nem ter pedido. Mas por que você não arruma agora?

– É por que você é minha baixinha. Eu até arrumaria agora, mas eu estou saindo para fazer umas compras.

– Compras? Não sabia que você gostava de fazer compras... Mais vai lá!

– Liiiiiiiiiiiiiiiiiiiilyan vem aqui ver o que você achou! - gritaram das mesas do fundo. Ai meu descanso tinha ido embora e o trabalho me chamava!

– Já vou! - respondi. - Seev, tenho que ir agora, estão me chamando lá dentro.

– Ta certo, amor. Passa lá em casa se der.

– A gente é vizinho, Seev!

– Eu sei, eu sei. - ele riu e continuou. - Mas você vai estar com sua amiga, não quero atrapalhar vocês.

– Não atrapalha, mas enfim... Deixa eu te perguntar, o Tom ta com você?

– Lá vem você...

– Para. É por que ele me ligou, mas não deve ser nada.

– Espero que não.

– Até mais tarde! - desliguei, joguei o celular na mesa novamente, calcei meus sapatos e bebi um copo d'água antes de voltar ao trabalho novamente.

Minha sorte foi que antes das cinco da tarde eu já estava a caminho de casa, exausta. A matéria tinha ficado boa e já havia sido entregue para ser publicada, mas não pensei que fosse dar tanto trabalho.

Como sempre não tinha ninguém nos corredores, entrei em casa e joguei os sapatos para um lado, a bolsa para o outro e me joguei no sofá. Passando alguns minutos tomei coragem para me levantar e ir tomar um banho, um bom e revitalizante banho. Sequei o cabelo e coloquei um short jeans azul claro e desfiado, com uma blusa rosa bem frouxa, estava muito largada, eu sei. Desci pra preparam umas pipocas e fui comprar um refrigerante no mercadinho do hotel. Pouco tempo depois Bia toca a campainha da porta.

– Sua vadia! Não acredito que você não me contou que estava namorando com o Siva!

– Oi pra você também Bia, claro que você entrar... Idiota.

– Ta, ta...

– Ia contar quando você me contasse que está namorando com o Nathan.

– Mas eu não estou namorando com ele... Combinamos que iríamos ver como seria depois da turnê, mas se você quer saber, a gente ta ficando mesmo.

– Coisa linda isso, sua vaca! Ele vem hoje pra cá?

– Não, foi fazer compras com SEU NAMORADO, aquele mesmo que você não me contou!

– Para de ser assim, porra! Qual filme você trouxe?

– Amizade Colorida.

– Tua situação nesse momento! Então vamos assistir né? Eu fiz pipoca.

– Deve ta com gosto de plástico.

– Não foi você que fez, sua puta.

– Eu sei. - ela colocou a mão na bacia de pipoca e encheu a boca. - Ta goxtoso. - disse com a boca cheia. Puta, insulta minha pipoca e depois diz que ta bom. Eu merecia ter uma melhor amiga desse jeito.

Chato assistir filme quando você e sua amiga acabam comentando cada segundo. Mas em um momento de silêncio ela parou e me cutucou.

– Teu celular ta tocando, não ta ouvindo?

– Não... AGORA EU TO! - sai correndo, pulando moveis ate chegar no balcão.

– Alô?! - eu perguntei ofegante. Do outro lado da linha eu podia ouvir o barulho de carros passando e pessoas conversando.

– Srta. Lily? - reconheci na hora o sotaque italiano do senhor que falava comigo.

– Sr. Giuseppe? Como o senhor conseguiu meu numero?

– Isso não importa muito, bambina. A questão agora é que seu amigo está com problemas, grandes problemas.