Ammy

Nós estávamos indo para a boate quando algo fez com que Jhonni parasse bruscamente. Suas pupilas se dilataram e ele aguçou todos os seus sentidos.

- O que foi?

- Tem algo errado. – ele foi em direção á um beco escuro e todos seguimos.

- Jhonni...

De repente imagens começaram a passar pela minha cabeça: um carro, uma pessoa no meio da estrada, fogo, sangue e... um rosto conhecido.

- Jú!

Comecei a correr em direção a casa dela e não demorou até os outros apareceram do meu lado. Corremos pela estrada escura até que um cheiro forte de gasolina invadiu nossas narinas e chegamos até o carro caído na beira da estrada.

Jason correu até ela e a tirou de dentro do carro.

- Jhuli – passei a mão em seu cabelo.

- Ela está perdendo muito sangue, precisamos levá-la para casa agora. – Aline falou mas eu permanecia concentrada no coração da Juh.

- Ammy? – Jhonni tocou meu braço. – Vamos. – Jason correu na frente e todos nós o seguimos. Assim que chegamos tio Edward a pegou e a levou para o quarto.

Em menos de um segundo toda a família já estava reunida a sua volta.

- O que vamos fazer com ela?

- Talvez leva-la é um hospital? – sugeriu mamãe

- É tarde. O coração está fraco demais. – todos alavam e falavam ao mesmo tempo, mas ninguém chegava à conclusão mais obvia. A Jhuli estava morrendo, eu podia sentir que seu coração logo não bateria mais, eu só não tinha ideia do que fazer. E se não fosse a escolhe certa? Olhei pro seu corpo na cama e segurei sua mão.

- Transforme-a. - todos me encararam surpresos. De todos nessa família eu era a que mais odiava o fato de ser imortal.

- Mas Ammy... Você sabe o que isso significa.

- Transforme-a. – implorei com lágrimas nos olhos.

Papai me abraçou forte e me tirou do quarto e todos os outros saíram também. Apenas Bella e Edward permaneceram lá e logo os gritos puderam ser ouvidos por toda a casa, gritos de agonia e dor. Aninhei-me nos braços do meu pai e permaneci ali por alguns segundos, até que me levantei.

- Não precisa fazer isso. – Edward parou na porta da cozinha.

- Preciso sim. – subi e coloquei uma cadeira ao lado da cama.  – Tudo bem, eu estou aqui com você. E espero que me perdoe.

Três dias depois...

Júh

Aquela dor horrível ia consumindo cada parte do meu corpo e eu podia ouvir os meus gritos. Tudo doía e eu rezava pra que aquilo acabasse logo, mas demorou.

Fui sentindo a queimação ir diminuindo até chegar ao meu peito onde parecia machucar mais e então parou.

Soltei um suspiro de alívio e abri meus olhos. Paredes brancas, cortinas de um amarelo ouro clássico, uma claridade alaranjada entrava pela janela. Será que eu estou no céu? Olhei em volta procurando algo familiar até que meus olhos encontraram alguém sentada a beira da cama. Seus feições tranquilas ressonavam, com uma expressão cansada.

- Ammy? – calmamente ela abriu os olhos que se encheram de lágrimas.

- Júh. – ela correu e me abraçou foi então que senti uma queimação horrível em minha garganta e um cheiro, ah um cheiro tão bom que vinha do seu pescoço. Senti minha boca salivar e então me dei conta do que estava fazendo. Empurrei-a mas me surpreendi ao ver que ela foi para do outro lado do quarto.

- O que está acontecendo comigo? – perguntei olhando pra minhas mãos e sentindo minha garganta queimar. Nisso toda a família dela entrou no quarto. Tantos cheiros diferentes, mas um em particular chamava minha atenção.

- É o sangue deles que você deseja. Você está com sede Juliana.

- O que? – quase gritei encarando o homem lindo com cabelos cor de bronze. Edward se não me engano.

- Sim, e essa é minha esposa Bella.

- Por que é que a minha garganta está queimando tanto?

- Por que você está com sede.

- Então pode, por favor, me dar um copo de água? – todos riram e eu fiquei sem entender.

- Não é bem sede de água.

- Então do que é?

- Nós precisamos te explicar algumas coisas. – Edward começou a me falar coisas que não faziam nenhum sentido no começo, mas depois eu comecei a entender. Eles me contaram tudo sobre o mundo dos vampiros, sobre a família deles e tudo o que eu precisava saber.

- Você está bem? – Ammy se manteve calada o tempo todo, e eu sabia o porquê.

- Estou sim, não se preocupe. É que isso é muito novo pra mim.

- Me desculpe, eu não sabia o que fazer pra te salvar.

- Não se desculpe Ammy, você só fez o que achou que fosse o melhor. Eu não estou reclamando, pelo contrário: achei muito legal. Só que ainda preciso me acostumar com tudo isso. Você é minha melhor amiga e agora é a minha família. Todos vocês são. – todos sorriram. Levei a mão em minha garganta.

 - Acho que precisamos dar um jeito nisso e nessa roupa também. – All’s  entrou no closet e saiu logo em seguida com uma roupa.

- Hã, eu vou pra alguma festa? – as mulheres caíram na risada e os homens bufaram enquanto saiam do quarto.

- Vai se acostumando.

- O que eu preciso fazer? – perguntei  meio envergonhada e tia Nessie sorriu.

- Apenas siga seus instintos – então todas pularam a janela e eu segurei um grito, corri até lá e vi todas me chamando.

- Eu devo estar ficando louca. – respirei fundo e pulei. Senti apenas meus pés tocarem o chão com muita leveza.

- Vamos – logo elas sumiram novamente apenas Ammy ficou.

- Corra. – ela pegou em minha mão e juntas corremos. Aquilo era incrível, o vento batendo em meu rosto. Eu parecia estar voando. Ri alto e então um cheiro maravilhoso: doce, invadiu minhas narinas e eu avistei um servo á beiro do rio.

- Vá. – eu não sabia ao certo o que fazer, apenas deixei meus instintos me guiarem e sem pensar cravei os dentes na jugular dele e deixei o liquido viscoso descer por minha garganta, aplacando a queimação. Fiz isso até que aquela dor irritante sumiu e então percebendo meu estado lamentável fui até o rio pra me lavar só o susto que levei foi muito grande. Eu estou linda e meus olhos estão vermelhos.

- É sempre um choque a primeira vez. – Edward sorriu.

- Eles vão ser sempre vermelhos?

- Não, apenas nos primeiros anos. Depois ficaram da cor dos meus, isso é claro se você mantiver a dieta de sangue animal.

- É claro.  Eu nunca mataria ninguém. – ele me olhou dentro dos olhos e sorriu

- Vamos. – corremos todos de volta para casa e quando chegamos parei para me analisar. Parece que eu tinha ido pra uma guerra. Edward gargalhou e o olhei sem entender.

- Tem mais algumas coisas sobre vampiros que você precisa saber. – então novamente eles me contaram dos poderes, sobre não poder dormir e tudo mais o que eu ainda precisava saber.

- Nossa, é tanta coisa. Mas com o tempo vou me adaptando. Agora acho melhor eu tomar um banho. – subi pro quarto e tomei um banho demorado. Depois me analisei no enorme espelho dentro do closet: minha pele é absurdamente branca e brilha no sol, meu olhos são de um vermelho vivo o que dá certo medo. E qual será meu dom? Tantas perguntas mas eu tenho muito tempo pra descobrir as respostas.