Meu Bê escrita por ARTEMIZ


Capítulo 3
Triste notícia


Notas iniciais do capítulo

DESCULPEM PELA DEMORA!!1 Mas está FINALMENTE aí o terceiro capítulo, que talvez já venha seguido hoje mesmo do quarto. Beijos e espero que gostem!



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     Passaram dois dias que eu não via Bernardo. O fim de semana passou tão devagar que o meu coração apertava só de pensar que demorava horas ainda para eu voltar a ver o meu Bê.  Mas quando eu o visse de novo, o que eu faria? O que eu ia dizer para ele? Eu ainda morria de vergonha dele. Eu tinha que superar isso.
    Mas hoje eu ia ver ele, e eu estava feliz. Será que ele vai falar comigo de novo? Eu espero que sim. Me faria tão feliz!
- Você quer qual fita? Tem a azul, a vermelha, a amarela e a preta. – disse minha mãe.
- Eu quero a amarela. – eu disse.
    Minha mãe fez uma cara confusa. Eu nunca usei a fita amarela. Eu não gostava muito de usar fitas. Mas Bernardo gostava de fitas, e eu queria ficar bonita pra ele.
- Vai mãe! Coloca, se não vou me atrasar! – eu disse apurada.
    Mamãe colocou a fita e me desceu da mesa, então eu corri para o carro e logo chegamos à escola. Quando eu abri a porta do carro e saí, Amanda me viu e veio à minha direção.
- Saiu os papeis da apresentação, vamos ver? – ela disse.
- Vamos. – eu disse e saímos correndo para o pátio.
    Havia uma tabela grande e o papel que estava escrito quem iria fazer qual papel na peça. Me aproximei e passei os olhos por todo o papel. Amanda iria fazer a filha do casal principal, Bernardo o pai de Amanda, e eu... A empregada. Susana ia fazer o papel de mulher de Bernardo. Meu coração parecia pegar fogo e eu estava com raiva. Amanda olhou para mim séria. E então se virou para trás. Susana estava parada atrás da gente sorrindo de orelha a orelha, vitoriosa. Saí de lá batendo o pé. Como podia? Ele era MEU, ela não podia tomar o meu lugar!
- Mari, onde está indo? – disse minha professora, passando por mim.
- Onde eu não possa ser vista por ninguém. – eu disse, parando para olhar ela.
    Ela suspirou.
- O que aconteceu agora mocinha?
- Por que colocaram Susana no papel de mulher do Bernardo? Eu queria ser a mulher dele! – eu disse.
    Meus olhos se encheram de lágrimas, mas eu contive elas para ninguém perceber que eu estava triste.
- E qual papel você pegou? – ela se abaixou para ficar do meu tamanho.
- A empregada. – eu disse meio chorosa.
    Ela pensou um pouco, suspirou novamente, me olhou com olhos que sorriam brilhantes.
- Você devia experimentar fazer esse papel, talvez ele traga surpresas, e o que você quer é ficar perto do Bernardo, não é? – ela disse. – Talvez assim seja o jeito.
    Ela piscou. E meu coração pequeno e com batidas rápidas ficou leve. Ela estava certa, eu tinha que tentar. Então voltei correndo para o pátio.
Uma semana depois os ensaios iam começar, e eu mal podia esperar já. Eu teria a minha chance de devolver o chaveiro de Pikachu para o Bernardo, teria a chance de dizer o que sinto para ele e de ficar perto dele. Eu estava tão feliz! O sinal bateu e entramos para sala.
- Mari, você ainda está triste? – perguntou Amanda.
- Não, eu estou até feliz, sabe. Vou passar mais tempo com o Bê. – eu disse, empolgada.
    Ela sorriu. O sorriso dela era tão meigo.
- Ele veio perguntar se você estava brava. – ela disse.
    Meu corpo esquentou, meu sorriso se abriu automaticamente. Quê?
- Você tá brincando! Pare. – eu ri.
- Não estou brincando! – disse ela parecendo irritada. – Ele veio mesmo perguntar isso.
    Olhei fixamente para ela, meu sorriso não tinha se desfeito. Será mesmo? Bê gosta de mim? Parece que sim. Balancei a cabeça, ele não gostava de mim, se não falaria comigo, não com Amanda. Olhei em direção dele, e ele estava olhando para o quadro fixamente. Ele estava com um rosto meio triste, e meu coração apertou de repente.
- Ele está triste? – perguntei para Amanda.
- Acho que sim, ele estava quieto hoje na entrada, não brincou com os meninos. – ela disse.
    Não havia mais sorriso no meu rosto, não podia haver se não houvesse no dele também. Levantei e fui até ele, morrendo de vergonha, é claro, mas eu queria saber por que ele não estava com aquele sorriso lindo que só ele tem estampado no rosto como sempre foi. Quando cheguei perto dele, ele me olhou. Hesitei um pouco.
- Oi. – eu disse sem graça.
- Oi Mari. – ele disse.
- Você está bem? – perguntei.
    Ele fitou o chão e balançou o pé.
- Aham, e você? – ele disse.
- Você parece triste, o que aconteceu? – eu disse, ignorando a resposta dele.
    Ele me olhou, parecia surpreso, e voltou a fitar o chão logo depois.
- Daqui 5 semanas eu vou me mudar daqui. Eu não queria. Eu gosto daqui, aqui eu tenho amigos. Lá onde vou, eu não tenho nada. – ele disse.
    Aquilo partiu meu coração. Parecia que nunca houve felicidade ali. Daqui a 5 semanas era a apresentação da peça de teatro que íamos fazer. Levantei quieta dali e fui para o meu lugar. Eu não sabia o que falar nem o que pensar, então me concentrei na tarefa que a professora tinha passado.


    O sinal bateu para irmos embora e eu guardei meu material lentamente, eu estava tão triste que não tinha ânimo para fazer mais nada. Quando levantei da cadeira e coloquei minha mochila nas costas, eu senti um puxão.
- Mari... – disse Bernardo.
- Oi. – eu disse.
- Por que você está triste? – ele perguntou.
    Pensei em responder qualquer coisa, mas era feio mentir, e eu sabia disso.
- Você vai embora. – eu disse.
    De novo meus olhos se encheram de lágrima e eu me contive.
- Mas isso te deixa triste?
- Deixa, você é meu amigo, não é? – eu disse.
- Sou.
- Então. Amigos sentem falta um do outro.
    Ele pensou um pouco.
- Certo. Vou sentir sua falta. – ele disse, e então me abraçou.
    Aquilo acalmou tanto meu coração.
    Fiquei observando Bê sair da sala, e então sai também. Andei calma até o carro e por muito tempo esqueci o     fato de ele ir embora. Eu estava pensando que eu podia aproveitar que ele ainda estava aqui e virar pelo menos sua melhor amiga. Pelo menos isso.


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