Be Your Boy escrita por Yusagi


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Já peço desculpas pela formatação ruim do texto! Por algum motivo, meu M. Word se esqueceu de dar espaço no começo dos parágrafos! Esses editores de texto de hoje em dia...
Bom, sobre essa história não tenho muito o que falar, apenas que ainda não sei quantos capítulos ela terá e que espero que aproveitem a leitura! ♥
Ah, sim, podem ocorrer mudanças na sinopse, que achei bobinha!
Boa leitura! ♥



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Izaya não sabia que os humanos que ele tanto gostava podiam ser tão assustadores. Ele não esperava, realmente, que fosse pensar isso algum dia – mas humanos eram um bando de bastardos egoístas.
O fato era que, naquele momento, se ele medisse cinqüenta centímetros seria muito. Suas roupas não lhe serviam mais – sua camisa e jaqueta enormes quase saíam de seu corpo, e ele já nem fazia idéia de onde estavam suas calças e sapatos.
O pior de tudo é que ninguém parava para ajudá-lo, apesar da expressão descontente em seu rosto – só ouvia as pessoas dizendo que ele era adorável e que queriam adotá-lo.
Ele faria Shinra reembolsá-lo, definitivamente.
O desastre todo havia começado cedo naquela manhã – após receber uma ligação um tanto suspeita do amigo médico, Izaya havia ido até Ikebukuro para ver do que se tratava a tamanha animação na voz de Shinra.
Ao chegar ao apartamento de dito amigo, Izaya já levantou a guarda – Celty rapidamente se posicionou atrás da porta, quase como se quisesse bloquear a saída do moreno, e Shinra logo foi até ele cheio de paparicos como doces e balas.
Coisa boa não podia ser, e aliás, realmente não era.
Segundo o Kishitani, ele havia criado um medicamento “especialmente especial” , e, apesar de não dizer de jeito nenhum do que a coisa se tratava, insistia para que fosse testada em Izaya. Seu argumento dizia que o corpo do Orihara absorveria melhor as propriedades do medicamento, mas o moreno suspeitava cada vez mais.
Por fim Izaya concordou, dizendo que cobraria o favor de Shinra algum dia. Tomou então o líquido incolor que parecia água mais do que tudo apesar do sabor doce, e sentiu quase que de imediato uma tontura fortíssima.
Seus músculos contraíam, sua cabeça doía e seu estômago estava todo virado, e por último, Izaya havia desmaiado.
Ah, como ele preferia ficar desmaiado pra sempre.
Assim que acordou, percebeu que havia algo de errado. Celty e Shinra o observavam com olhos curiosos que possuíam um brilho um tanto estranho, e o enchiam de perguntas sobre seu bem-estar. Izaya sentou-se no sofá onde havia sido colocado, mas não sentiu seus pés tocando o chão.
Algo definitivamente estava errado.
O moreno quase tinha medo de checar. Fechou os olhos e apertou forte as sobrancelhas, tomando fôlego para o que muito provavelmente seria o apocalipse em seu corpo. Abriu os olhos vagarosamente e olhou para baixo, onde via apenas a negridão de sua camisa.
Ah, aquilo estava muito, mas muito errado mesmo.
Izaya esticou os braços, que um dia foram longos – sua jaqueta pendia sobre eles e ele não conseguia nem enxergar as próprias mãos. Pra piorar a situação, ao colocar suas mãos sobre sua cabeça, que parecia ter algo que não pertencia a ela, Izaya sentiu duas orelhas pontudas de felino, que combinavam bastante com a cauda que saía por debaixo de sua camisa.
– Kishitani Shinra-kuuuuun... -, bravejou Izaya numa voz baixa um tanto assustadora. – Siiim?
Houve um momento de silêncio. Os olhos de Izaya estavam palpitando, tamanha era a raiva que ele estava sentindo, e em menos de meio segundo o moreno estava no pescoço de Shinra, numa tentativa um tanto fútil de estrangulá-lo – suas mãos mal davam a volta em metade do pescoço fino do amigo, e parecia mais um abraço que tentativa de homicídio. – Ahhh Izaya-kun, não sabia que você ficaria tão feliz~!
- Eu não estou feliz! O que você fez comigo?! Que merda é essa que você me deu?!
- Não fique assim, Izaya-kun! Eu só te transformei em algo melhor! – Os olhos de Izaya palpitaram novamente e ele temia que o tique fosse permanente. – Não tem como eu ser melhor! E quando é que isso aqui passa?! Quanto tempo eu vou ter que esperar pra te matar?!
- Ehh, olha que gracinha, Celty~ Ele tá me ameaçando de morte~! – Izaya queria é se matar quando a sombra sobre o pescoço da Dullahan se transfigurou em um coração. Ela rapidamente digitou em seu celular e mostrou o texto para Shinra. – “Podemos ficar com ele?”
Shinra pareceu pensar sobre o assunto, até que soltou um suspiro. – Desculpe, Celty, mas acho que não temos condições de ter um bichinho.
- Como assim, bichinho?!
- “Por favor, Shinra! Eu limpo a areia dele!”
- Eu não sou um animal!
- Ah, mas nenhum de nós tem tempo pra ficar de olho... ele pode rasgar as cortinas!
- Alguém tá me escutando aqui?!
- “Ele pode ficar preso numa coleira!”
Aquilo foi a gota d’água. Izaya soltou-se de Shinra e saiu marchando até a porta; uma aura maligna em torno de si. Logo antes de sair, gritou que se vingaria e bateu a porta com toda sua força, que aliás não era tanta, devido ao seu tamanho reduzido.
Então agora Izaya andava pela cidade com sua maior cara de ódio. Porém, isso não parecia incomodar as pessoas à sua volta, que apenas ficavam gritando sobre o quanto ele era fofo.
Como é que ninguém percebia que não era normal um humano ter aparência de gato?!
Foi aí que Izaya percebeu que ainda não havia se olhado no espelho – não sabia se estava deformado, ou com alguma coisa estranha no rosto. Avistou um caco de vidro a alguns metros de distância e andou até ele, pegando-o com cuidado e se examinando.
Seu rosto não estava muito diferente do normal – apenas sua boca, que estava menor com dois caninos maiores e seus olhos já não eram tão finos quanto antes. Sobre sua cabeça, duas orelhas de gato da cor de seu cabelo; seu corpo estava pequetucho mas relativamente robusto, e uma cauda, também da cor de seu cabelo, escapava por debaixo da barra de sua camisa.
- Ehh, até que eu fiquei bonitinho. – Porém, sua raiva continuava forte. Num gesto de revolta, atirou o caco de vidro para trás e saiu andando de braços cruzados; o tecido de sua roupa se arrastando no chão. Foi então que ele ouviu o som de um cachorro rosnando, se aproximando dele vagarosamente pelas costas.
Ao se virar para ver do que aquilo se tratava, Izaya viu o mesmo pedaço de vidro que ele havia atirado descansando orgulhosamente sobre a testa do animal. Izaya não precisou olhar duas vezes.
Segurou a barra de sua camisa e saiu correndo pela cidade; o cachorro raivoso correndo atrás dele enquanto latia. – Eu não quero morrer, eu não quero morrer, eu não quero morrer...! -, era o mantra que Izaya repetia enquanto corria; pequenas gotas de lágrimas no canto de seus olhos.
Foi após correr pelo que pareceu uma eternidade, que Izaya viu o que parecia ser sua salvação.
-
- ...e então vamos de novo pra casa daquele devedor no distrito norte. Acho que com isso já podemos encerrar o dia.
Shizuo soltou um pouco da fumaça de seu cigarro enquanto andava pelas ruas ao lado de Tom; suas mãos em seus bolsos e rosto entediado. Seu rosto passou de entediado pra emburrado ao olhar o céu e ver nuvens perigosamente escuras vindo rápido para onde ele estava.
- Tudo bem, Shizuo-kun?
- Ehh... tudo ótimo. – O cansaço na voz de Shizuo era mais que evidente. Atirar tantas coisas e pessoas pelo ar desde cedo realmente cansava o loiro – por que é que as pessoas não podiam simplesmente pagar suas dívidas sem inventar mentiras inescrupulosas?
- Shizuo-kun...
- Eu estou bem, é sério.
- Não é isso... Shizuo-kun... aquele ali não é...? – Ao ver que Tom apontava para o lado, o loiro virou seus olhos para lá, mas, sinceramente, se arrependia de tê-lo feito. Parecia que no exato momento em que Shizuo fez contato visual, Izaya o havia visto. – SHIZU-CHAAAN! ME SALVA!
Izaya estava, definitivamente, menor do que da última vez que Shizuo o havia visto, e o loiro também não se lembrava daquelas orelhas e rabo. O pequeno Orihara corria como louco, segurando a barra da camisa, que voava atrás de si junto com suas lágrimas.
Num milésimo de segundo, Izaya havia pulado no colo de Shizuo, que precisou somente de um olhar para espantar o cachorro. – Shizu-chaaan~! -, marejava Izaya. Shizuo sentiu sua sobrancelha palpitar e puxou o moreno para longe de si, segurando-o pela gola da blusa. – Ainda bem que você me salvou, aquele cérberus ia me matar!
- ...por que raios você tá assim?
- Ahh! Foi aquele Shinra amaldiçoado! Eu juro que vou arrancar o couro dele!
Shizuo não resistiu; acabou soltando uma pequena risada – era bastante cômico ouvi-lo dizer algo assim no atual estado dele. – Não dê risada, seu sem-coração!
- Você quase morreu jantado por um cachorro, é meio difícil acreditar que você mataria alguém. – Izaya esticou os braços para arranhar o rosto de Shizuo, mas não conseguiu alcançá-lo. – Você não tem coração mesmo! Eu tô quase morrendo aqui!
Assistindo à cena toda, Tom não pôde deixar de sentir pena de Izaya – alguém tão pequeno dificilmente conseguiria se virar numa cidade tão grande. – Shizuo-kun, você não acha que deveria tomar conta dele?
Shizuo olhou Tom quase como se esperasse o outro dizer que era uma piada, e enquanto isso os olhos de Izaya quase brilhavam. – Nem pensar. -, foi a resposta do loiro após perceber a seriedade das palavras do companheiro. – Izaya, vá pra casa antes que eu resolva me aproveitar da sua desgraça pra te matar.
- Sh- Shizu-chan...! – Devagar, Shizuo colocou Izaya no chão e fez movimentos com as mãos sinalizando para que ele fosse embora. O moreno abaixou as orelhinhas, com uma expressão no rosto que assustaria até um vidente. Izaya parecia estar realmente magoado com o que Shizuo disse. – Tá! Tudo bem! Não preciso que ninguém cuide de mim! Eu sei me virar muito bem!
Porém, seu rosto agora raivoso não escondia suas lágrimas. Izaya segurou novamente a barra de sua camisa e saiu correndo de lá. – Shizuo-kun... não acha que pegou pesado demais? Duvido que ele tenha como ir pra casa.
Shizuo permaneceu quieto, olhando o chão com uma expressão irreconhecível.
-
Izaya corria o mais rápido que suas pernas curtas conseguiam. Estava com ódio profundo de Shizuo – quer dizer, era óbvio que o loiro não iria nem considerar a idéia de levar seu maior inimigo pra debaixo de seu teto, mas algo no peito do moreno doía.
Passou a doer ainda mais quando uma gota de chuva caiu em sua testa, sinalizando a tempestade que chegava. Correu mais rápido ainda, até avistar uma caixa de papelão ali perto; para seu azar nenhum dos prédios naquela rua possuía marquise, mas a caixa serviria de abrigo.
Quando conseguiu alcançá-la, apesar de não estar encharcado, o molhado de suas roupas o esfriou e ele tremia, puxando suas pernas para perto de seu peito numa tentativa desesperada de se esquentar.
Ao ouvir um som no canto oposto da caixa, ele viu um pequeno gatinho amarelo lá fora, que parecia estar considerando entrar lá também para escapar da chuva. Quando viu que Izaya não parecia ser uma ameaça, o gatinho terminou de entrar e se sentou do lado do moreno, miando baixinho enquanto tremia de frio.
Izaya não resistiu às lágrimas que se apossavam dele. Puxou o gatinho pra perto de si, para dividirem o pouco calor que tinham, e esfregou os olhos tentando levar o choro embora. – Ninguém quer você também, né, gatinho? -, sussurrou baixinho enquanto acariciava o bichano.
Izaya estava verdadeiramente com medo – as únicas palavras que passavam pela sua cabeça naquele momento eram, “eu vou morrer”.
E a chuva não estava cedendo. Logo a caixa de papelão ficaria toda derretida e Izaya e o gatinho estariam sem saída a não ser contrair pneumonia. – Ah! Finalmente te encontrei! – Izaya assustou-se ao ver Shizuo agachado em frente à caixa de papelão, completamente encharcado. – Te procurei por todo canto. -, disse.
Izaya começou a chorar ainda mais. – Vá embora daqui! Só tem espaço pra mim e pro meu amigão aqui nessa caixa! -, disse com sua voz toda quebradiça. – Ele cuida de mim muito bem e nunca vai me abandonar! Pode ir embora!
Shizuo quase sentiu pena. – Você é teimoso mesmo, hein? Vem logo, vamos pra casa. Vai acabar morrendo nessa chuva. – Shizuo esticou os braços pra dentro da caixa e pegou Izaya, que ainda chorava, e o felino, segurando-os junto a seu peito para que não perdessem ainda mais calor.
Izaya queria reclamar. Queria chutar e espernear até libertar a si e ao seu novo amigo, mas não encontrava forças – o calor que emanava do corpo de Shizuo era reconfortante demais.
Apesar de ainda chorar baixinho, Izaya não estava mais com medo ou assustado – algo dentro de si dizia que Shizuo o protegeria.
- Obrigado, Shizu-chan.


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Notas finais do capítulo

Shizu-chan bonzinho~! Só não fiz ele chutar o cachorro malvado por que tenho dó. Mas pobre Izaya, só se ferra nessa vida! ):
Esperamos que Shizu-chan cuide bem do Iza, nee?
Até o próximo capítulo, onde veremos que ser um menino-gato não é tão fácil quanto parece, principalmente quando se mora com um Heiwajima! ♥