Amanheço me sentindo um pouco mais quente. Acho que o sol resolveu me enganar hoje, e sorrio com esse pensamento.
Levanto da cama e vou até ao banheiro tomar banho e escovar os dentes. Parece a minha adolescência, com o mesmo cheiro, com os mesmos costumes, mas com circunstancias diferentes. Depois de me arrumar, desço as escadas e encontro um belíssimo café da manhã me esperando. Cumprimento Jasper, que eu ainda não havia visto, e sua noiva, Alice. Me pergunto porque Rosalie não está ali, com Emmet. Eles costumam fazer as pazes em menos de 24horas.
Por um momento temo que o assunto da manhã seja a minha relação com Isabella, como das outras vezes. Mas não. Todos comem calmamente, e conversam sobre coisas banais, como a temperatura, e seus respectivos empregos.
Meu pai é médico, e por um momento de minha vida pensei que eu queria ser um, como ele. Mas cresci e entendi que eu não gosto nem de ver sangue, então não seria um bom médico. Jasper é professor de inglês, e você não pode falar errado na frente dele que ele te repreende, não importa se você esta acompanhado de sua namorada, ou qualquer pessoa importante que você queira impressionar. Perto de Jasper, qualquer pessoa se sente burra, menos Alice. Acho que ela é a única pessoa no mundo que ele não repreende, e não é que ela não fale errado de vez em quando, mas é que ele a trata como uma rainha. Espero que ela nunca o abandone.
Emmet é advogado, e vive indo e vindo de Forks para Seattle. Ele também já morou em Tacoma, Vancouver, e também fora do Estado, como da vez em que ficou oito meses em New York e em Los Angeles. Ele se gaba não pelo seu trabalho, mas sim pela quantidade de mulheres apaixonadas que ele deixou em cada um desses lugares, mas depois de Rose, ele se limita a Seattle, porque, mesmo que não assuma, ele não consegue ficar muito tempo longe dela.
Esme é professora de ciências biológicas, e ela se considera a médica da casa. Ela costuma brincar que não precisou ficar oito anos na faculdade para saber tudo o que meu pai sabe. E é por isso que para ela, tudo se resolve com um chá, não importa se o caso seja de febre ou unha inflamada, um chá tudo resolve! Eu amo a minha mãe!
Após tomar o café da manhã, decido caminhar pelas ruas. Faz tempo que não vou ali, e decido tentar encontrar meus velhos amigos. Emmet vai comigo, mas o proíbo de falar sobre as vizinhas e suas filhas gostosas. Acho que é por esse motivo que Rosalie brigou com ele. Nenhuma mulher aguenta um homem tão mulherengo quanto Emmet. Talvez esteja na hora de ele aprender isso.
- Emmet, você ama Rosalie, não ama? – Pergunto e ele abaixa a cabeça.
- Que porra esse tal de amor...
- Apenas responda.
- É só que... – Ele para um pouco e respira fundo – Não vê que esse sentimento só acaba com a gente? Você se sente fraco e forte ao mesmo tempo, e toda a sua vida se transforma na vida de outra pessoa e... Se você a faz sofrer você sente vontade de morrer, e se ela te faz sofrer, você sente vontade de morrer do mesmo jeito, porque você jamais seria capaz de mata-la.
- Estou começando a achar que você é um suicida. – Brinco e ele sorri.
- Eu a amo, Edward. Amo demais, mas ela não confia em mim. Ela acha que a traio.
- Você vive falando de outras mulheres e...
- Eu só falo, ok? Porque eu sou idiota, meu cérebro é deformado e coisa e tal, mas... Só existe ela pra mim. Quando viajo sinto falta dela. Quando ela briga comigo é como se eu fosse morrer se ela não me perdoar. E quando ela ameaça terminar comigo... como da última vez...
- Ela terminou com você?
- Não exatamente. Ela me pegou conversando com Amanda. Você conhece Amanda, minha primeira namorada, certo?
- Yeah, você perdeu sua virgindade com ela e coisa e tal, depois saiu contando pra todo mundo, e me disse que era superior a mim, porque eu ainda era um virgem idiota.
Emmet fica envergonhado e finge me bater no braço.
- Eu era ainda mais idiota do que sou agora. Mas ok, você lembra da Amanda. Eu estava apenas conversando com ela, e Rosalie deu uma crise de ciúmes, foi muito louco. Ela disse que não queria mais aturar minhas atitudes idiotas e que era melhor nós terminarmos. Só que...
- Só que...
- Eu chorei ok? Agora pode rir.
- Você chorou? Emmet, você produz lágrimas?
- Não é incrível?
Nós rimos e ele continuou.
- Eu chorei, implorei pra ela não me deixar. Acho que ela ficou com pena e disse que tudo bem, mas que ela precisava de um tempo longe de mim. Agora ela está em Tacoma, passando uns dias. E o acordo foi que eu não ia ligar pra ela, ela iria me ligar, então tudo o que eu tenho feito é esperar ansiosamente.
- Eu acho que ela ama você.
- Eu acho que sim. – Ele diz sorrindo.
- Mas você tem que se esforçar. Nenhuma mulher gosta de ser tratada dessa maneira.
- Eu sei. Só acho que eu tenho medo de acontecer comigo o que aconteceu com você.
- É diferente Emmet. Não é porque aconteceu comigo que necessariamente vai acontecer com você.
Andamos por um tempo em silêncio até passarmos por um casal de mãos dadas. Eu passeava daquele jeito com Bella. Pensando bem, toda essa cidade me lembra ela.
- E você e Bella? – Emmet pergunta ao me ver olhando para o casal.
- Eu não sei... As vezes é como se eu não a amasse mais, mas eu sinto algo quando ouço o nome dela, algo vivo dentro de mim, sabe? Então eu acho que ainda a amo, mas não quero mais amar. É só que... Ainda é como se ela estivesse aqui, sabe? Longe e perto ao mesmo tempo.
Emmet para de andar subitamente e me puxa pelo braço.
- Vamos voltar. – Ele diz.
- Por quê? Parece até que viu um fantasma! – Lhe digo rindo e me viro pra frente novamente.
Então o que eu vejo me deixou ainda mais pálido que Emmet. Meus olhos se arregalaram, minha boca se abriu, seca, e senti minhas pernas tremerem. O mundo parou. Tudo parou.
- Vamos voltar, Edward. – Emmet insiste, mas eu me livro dele.
Era ela. A minha Bella estava ali.