Eu estava andando em direção ao bosque, não sei porquê, mas sentia que ia encontrá-la. Vai entender.

E meu pressentimento estava certo. Ela estava deitada, com a cabeça apoiada em uma pequena almofada. Por um momento pensei que dormia mas não. Simplesmente olhava pensativa para o céu.

Hikari estava ali deitada, com o lindo cabelo preto azulado esparramado ao redor dela. Meu olhar direcionou-se àquelas roupas (graças a Deus Hinata existia!). Desviei meus olhos daquelas roupas e tentei ao máximo evitar pensamentos pervertidos (o que era quase impossível devido ao comprimento delas), quando os raios de sol acariciaram sua pele.

Os cabelos dela brilhavam , sua pele parecia ainda mais pálida, os olhos brancos refletiam a pureza dentro dela. Hikari era mais linda que um anjo.

- Acho que é melhor eu ir. – sussurrei, não querendo ser notado, todavia, para meu azar, ela sobressaltou-se e me viu, escondido atrás de uma árvore.

- Sai?

Merda, merda, merda! Quem mandou sussurrar?! Bem feito idiota! – minha consciência gritou para mim.

- Por que não me avisou que estava aí? – encarou-me com curiosidade.

Por não saber o que fazer ou dizer, fiquei calado. Hikari sorriu para mim.

- Vamos, me conta. Não vou ficar braba.

Droga, esse sorriso dela amolece o coração de qualquer um.

- Não queria te incomodar. – falei com sinceridade.

Mais uma vez ela sorriu. – Sai, você não me incomoda.

Ficamos olhando para o tempo e minha visão deslocou-se para sua almofada. Era um pequeno retângulo preto, vermelho e branco. O ódio subiu em minha garganta e quase me sufocou.

Puta merda, eu tinha que ver!!! A almofadinha que o "bendito" Itachi dera à namorada.

- Por que? – olhei para ela, em seus olhos havia uma pergunta, e me sentei.

- Hã? Por que você está tremendo Sai?

- É ele. Sempre é ele que atrapalha.

A compreensão perpassou os olhos perolados e eles ficaram muito, muito tristes. Ela começou a chorar, abracei-a como que por reflexo e comecei a sussurrar em seus ouvidos:

- Está tudo bem. Tudo bem. Desculpa. – suspirei, derrotado.

- Sai... E-eu nunca quis te magoar Sai. Nunca. – e a minha Hikari começou um discurso de "eu não presto" horrível até que, por fim, ela perguntou.

- Sai, o que você vê em mim?

- Hã? – isso me pegou de surpresa.

- Por que você me ama?

Entre as lágrimas eu sorri.

- Você quer mesmo saber?

- Quero saber como consegue gostar de alguém como eu.

Sua face estava lavada pelo pranto, os olhos brilhavam. Seus lábios delicados me tentavam, quase zombavam de mim dizendo: "Propriedade de Uchiha Itachi".

Ah, como eu queria aquela boca só para mim...

E, para surpresa de ambos, eu a beijei.

Ela ficou parada, completamente em choque, passei uma mão por sua cintura, com a outra acariciei os longos fios e a puxei delicadamente para mais perto. A doçura de seus lábios me enlouquecia.

Mais cedo do que deveria, o beijo acabou. Estávamos arfando, mas eu ainda podia sentir seus lábios nos meus, o perfume de seus cabelos e o toque quente e macio da sua pele. Hunf, e pensar que o maldito Uchiha tinha esse pedaço de perfeição só para ele. Que egoísta.

Suspirei, exaurido.

- Eu te amo por tudo que você é e não é. Você é única. Suas qualidades são incontáveis. Delicadeza, força, inteligência, beleza, gentileza, bondade, pureza. Sei que não gosta de ferir os sentimentos de ninguém. Essa é a Hikari que amo, a minha Hikari.

Acariciei o belo rosto levemente e pude ver um forte rubor aparecer. Beijei sua testa cuidadosamente e sussurrei, sem coragem de olhar em seus olhos.

- Até mais.

E saí dali rapidamente, sem saber o que fazer da vida.