Shitashii Sensei escrita por Jibrille_chan


Capítulo 15
Capítulo 15




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Reita's P.O.V.

Já estava há duas horas seguidas andando de um lado para o outro na sala da minha casa, a luz acesa embora fossem mais de três horas da manhã. Tinha um papel já quase amassado na mão, ainda que eu não o tivesse desdobrado pra ler. No mínimo instante que consegui falar com Taka, quando entreguei seu canudo, ele havia dado um jeito de colocá-lo no meu bolso. Olhei para o telefone, pensando. Sim, eu só podia ligar para uma pessoa.

- Moshi moshi... - a voz sonolenta preencheu o outro lado da linha.

- Takashi¹? Takashi, é Akira. Acorda o Kouyou pra mim?

- Hn... fácil pra você falar...

Alguns segundos de silêncio se seguiram.

- Suzuki Akira. São três e quarenta e oito da manhã. Se você não estiver morrendo, eu te mato, seu cretino.

- Boa noite pra você também, Kou. Desculpe te acordar a essa hora.

-É, mas agora já acordou. Fala logo o que você quer pra eu poder voltar a dormir.

- Eu estou com... um pequeno problema.

-Engravidou quem?

- O quê? Não, ninguém! Se fosse isso tinha ligado pra minha mãe! È um pouco pior, eu acho.

- Puta que pariu, Suzuki, pára de enrolar e fala logo! Ou eu vou dormir no telefone.

- Então... há um tempo atrás, eu comecei a sair com uma pessoa... um rapaz...

- Ae, saiu do armário, Suzuki. Sabia que você tinha um potencial oculto.

- Vou ignorar isso. O problema é que ele é um dos meus alunos.

Mais alguns segundos de silêncio.

- PUTA QUE PARIU, MAS VOCÊ SÓ FAZ MERDA! VOCÊ É MALUCO? ISSO DÁ CADEIA!

- Ah ta, falou o cara que tirou Takashi de casa quando o menino tinha 15 anos.

- Também não precisa jogar na cara, cretino. Mas alguém descobriu? Ele é muito mais novo? Cara, como você foi fazer uma merda dessas?

- Aconteceu, Kou. Aconteceu. Ele acabou de se formar no colegial. Mas o problema é que... os pais dele querem levá-lo pra Finlândia, pra ele estudar musica. É algo que ele realmente quer, mas...

- Mas você não quer que ele vá. Akira eu não acredito que você me acordou só pra jogar as coisas na sua cara.

- Sua fraternidade comigo chega a me comover, Kouyou.

- Há. De qualquer maneira, amigo é pra jogar a verdade na cara mesmo. Então pára de ser burro, Suzuki, e vai logo atrás dele. Deixa de ser um cego tapado, admite que você se apaixonou pelo pirralho, corre atrás dele e pelo amor dos deuses, me deixa dormir. Mas alguma coisa?

Abri a boca pra dar uma reposta atravessada, mas parei no meio do caminho, analisando melhor as palavras daquele poço de gentileza que eu tinha como amigo. Acabei por sorrir.

- Não, pode dormir. Beije o Takashi por mim.

- Hey, não é porque você se revelou que eu vou deixar você ter intimidades com o meu companheiro. Vai atrás do seu, sua mula.

Desliguei o telefone, sabendo que Kouyou não iria ficar bravo comigo – pelo menos depois de ir dormir. Sentei no sofá, respirando fundo. Pra variar, tudo o que Kouyou havia dito estava certo. Mas o que eu ia fazer, pedir pra Taka desistir do sonho dele por um professor de colégio? Não tinha boas experiências sobre isso. Me joguei no sofá, encarando o teto, pensando. E em algum momento que eu não sei qual, eu dormi.

Acordei com um pulo ao sentir o celular vibrando no bolso da calça, despencando do sofá. Havia recebido uma mensagem de um celular desconhecido, e vagamente notei que eram 7 e meia da manhã.

O vôo atrasou. Você tem meia hora. CORRE. Nakayume.

A primeira coisa que eu pensei foi sobre que vôo ela estava falando. Depois meu cérebro foi começando a funcionar. Mas não era possível, era? Procurei desesperadamente aquele pedaço de papel dobrado que Taka havia me dado, até encontrá-lo e finalmente desdobrando-o. Era a letra de uma música nova, possivelmente aquela que ele tinha dado a Nakayume. Em baixo tinha um horário escrito, juto com o nome do aeroporto de Tokyo.

Peguei o telefone, quase o derrubando, chamando um táxi com um desespero que o taxista ficou assustado. Troquei de roupa e escovei os dentes em tempo recorde, quase me jogando dentro do táxi quando ele jogou. Eu tinha assustado tanto o pobre taxista que ele passava quase voando pelos outros carros. Nem recebi o troco do taxista, saindo do carro feito um desesperado. Apenas olhei de relance para a placa que informava o número dos vôos, correndo loucamente pelas pessoas até avistá-lo de longe. Taka estava de costas, mas Nakayume abriu um sorriso nada discreto quando me viu, chamando a atenção de Taka.

Parei a alguns passos dele, tentando respirar. Ele me olhava com um misto de felicidade e medo, não sei dizer. Mas Nakayume foi mais rápida – ela sempre era, algo assustador.

- Aproveita que os outros dois estão distraídos com as revistas e vão pro banheiro, rápido. Antes que Suzuki morra de desgaste.

Fui seguindo o menor, ainda lançando um olhar atravessado a Nakayume, entrando no banheiro do aeroporto. Haviam umas poucas pessoas ali, mas ainda podíamos conversar num canto mais ao fundo.

- Achei que você não fosse vir. – ele começou. – Na verdade, eu achei muitas coisas.

- Eu acabei pegando no sono no sofá... sua irmã me avisou que o vôo atrasou.

-...

-...

-...

- Então você vai mesmo embora, não é? E provavelmente nada do que eu diga vá fazer você mudar de idéia.

Ele me sorriu, me olhando daquele jeito tão especial e dele que eu tanto gostava.

- Não. Mas dependendo do que você disser, eu considero a idéia de voltar ou não. Então eu realmente gostaria que você fosse sincero, mesmo que isso possa doer.

- A verdade? A verdade mesmo? – ele acenou com a cabeça, esperando que eu continuasse. – Quando... quando a sua irmã disse que ia se casar... eu pensei em te chamar pra morar comigo.

- É sério?

- É.

Ele sorriu de canto, olhando pro chão antes de me olhar novamente.

- Eu teria aceitado sem hesitar.

Eu queria me socar ali. Bater a minha cabeça contra o espelho até meu cérebro sair e começar a dançar a macarena. Respirei fundo, sabendo que eu tinha que continuar.

- E eu não quero que você vá embora. Eu sei que esse é o seu sonho, mas eu não quero. Se fosse a Coréia, eu iria a nado atrás de você, mas meu salário não banca uma viagem pra Finlândia.

Taka sorriu mais largamente.

- E por que você iria atrás de mim, Aki?

- Porque... porque... inferno, porque eu te amo. Porque eu me apaixonei por você, eu me acostumei a acordar do seu lado, me acostumei a ter você comigo. Por isso.

Ele me puxou para um abraço, tão apertado que inevitavelmente pensei que aquilo era uma despedida. Que mesmo que eu estivesse falando aquilo ele ainda iria entrar naquele avião.

- Não faz idéia de como eu quis ouvir isso. – ele sussurrou.

- E mesmo assim você vai entrar naquele avião?

Taka separou-se de mim, os olhos vermelhos e úmidos.

- Vou. Eu vou, porque eu decidi que se eu quero mesmo ficar do seu lado, eu tenho que ser uma pessoa melhor, que caminhe pelas próprias pernas e não um pirralho mau humorado e anti-social. Eu quero... crescer, no sentido profissional.

- Até porque eu acho que você não vai ficar muito mais alto que isso.

- Aki!

- Desculpe.

- Mas é isso. Eu quero ser capaz de cuidar de mim, quero ser capaz de te ajudar... e não depender de você. Não quero ficar com a sensação de ser um fardo pra você, e isso iria acabar acontecendo. Por mais que eu realmente fosse aceitar a sua proposta de morar com você. Afinal... você é o meu professor favorito.

- Agradeço a consideração.

Ficamos nos encarando por alguns segundos, e eu olhei ao redor. Havia algumas portas de boxes fechadas, mas não era bom arriscar. Puxei-o pela mão até o box livre mais próximo, trancando-o e colocando Taka contra a parede. Ele imediatamente me puxou, as bocas se juntando com pressa. Afinal, aquela era a nossa despedida. As pontas dos meus dedos corriam pelo seu rosto, pra tentar memorizar todos os seus traços. Coloquei a mão no bolso da minha calça, tirando uma chave e entregando.

- Se... você ainda quiser... quando voltar...

Taka nem me respondeu, apenas pegou a chave e colocou-a no bolso do seu casaco.

- Só espero que você não mude de casa ou troque a fechadura.

- Não, pode ter certeza que não. Quanto tempo.

- Cinco ou seis.

- Hn.

- Anos.

- Ah.

- Pensa pelo lado bom, Aki. Quando eu voltar já vou ser maior de idade.

- E eu vou ser um velho.

Ele riu baixo, me beijando brevemente.

- Mas ainda vai ser o meu favorito.




"Gomen ne
Ato sukoshi
Anata no namae wa nemurasette...







Continua...


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Notas finais do capítulo

¹ Takashi, de Sakamoro Takashi, de Saga. É, eu quis um casal diferente '
² Dispensa traduções, ne? e.e' Guren ta mais rodada que profissional da rua Augusta –QQQQ



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