With Eyes Closed escrita por Carol, Thata Ferreira


Capítulo 2
Revivendo


Notas iniciais do capítulo

Oi!
A partir de agora,a fic será narrada em terceira pessoa,e só será narrada em primeira em casos especiais.
Espero que gostem do capitulo,e que tenham uma boa leitura!
Capitulo betado.



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Tateou toda a extensão da mesa de madeira tentando encontrar as chaves de casa. E quando finalmente as achou suspirou aliviado.

Já fazia um mês que sua mãe morrera e desde então sua vida nunca mais foi a mesma. Teve que se adaptar a nova casa, ganhada de herança dela que nunca comentara sobre a existência do imóvel. Conseguira um emprego em uma floricultura perto de casa e era lá que passava a maior parte do tempo. O perfume das flores espantava a solidão que ele sentia toda a vez que colocava a cabeça no travesseiro para tentar dormir.



Pegou sua, fiel e companheira, muleta e com a ajuda dela caminhou até a porta de casa. Estava ansioso para ir ao trabalho, já que o senhor Juanes, o dono da floricultura e muito amigo dele, falara que hoje traria novas sementes de flores, das quais Edward poderia plantar sozinho.

Passou a mão por toda a porta até achar a fechadura, onde com muito cuidado pois a chave e sorriu ao conseguir, de primeira, colocá-la ali. Girou-a até certificar-se de que estava trancada, então finalmente seguiu para o trabalho, repetindo o mesmo processo que havia feito na porta, no portão de casa.



Podia sentir o vento lhe tocar a face como se fosse um carinho. Instantaneamente pensou em sua mãe e teve que se segurar para não chorar.

Estava chegando perto da floricultura, pois conseguia sentir o cheiro das flores de longe. Sem contar que pelo o que havia constatado, ele já havia passado em frente a escolinha infantil, já que escutara o riso das crianças e também havia ouvido os gritos providos de uma briga típica de casal, que ocorria todos os dias, ou seja ele também passara em frente a casa da senhora Gonzalo, o que significava meio caminho andado. Mais alguns tropeços e cambaleadas e ele finalmente chegou ao seu destino: a floricultura Sensaciones de Puerto Rico.



–Chegou cedo rapaz. - O sotaque forte do senhor Juanes quase fez Edward pular com o tamanho susto que levara. Estava tão concentrado em tentar descobrir se ele trouxera as novas sementes ou não, que não o ouvira chegar.

–Eu estava ansioso.- Desabafou.

–Ansioso para que?- Um homem de estatura um pouco baixa, com os cabelos extremamente espetados e bem penteados, caminhou até Edward enquanto ele conversava com o chefe, entregando-lhe um pacotinho e sem dizer nada saiu de perto dele. Edward sabia que o filho mais velho do senhor Juanes não gostava dele, mas mesmo assim tentava trata-lo com respeito, que nunca lhe era retribuído.

–Para vir trabalhar.- Apertou o pacotinho e assim que sentiu o que havia ali dentro, ficou feliz ao constatar que essas eram suas preciosas sementes. Sentiu-se como o João, de o João e o pé de feijão, mas obviamente não dera nada em troca das sementes ou tinha uma mãe para toca-las pela janela de seu quarto, ao pensar nesta última coisa ficou triste novamente.

–Nunca vi ninguém, em todos os meus setenta e oito anos, dizer que estava ansioso para vir trabalhar.- O senhor Juanes falou observando-o. - Até te conhecer. Mas já que está tão ansioso rapaz, pode começar a trabalhar. Chamarei José para ajuda-lo.

–Não precisa senhor Juanes, eu me viro sozinho. - Edward respondeu rapidamente.

–Está bem. - Falou desconfiado. - Mas se precisar de ajuda, chame o José.

–Sim senhor.- Edward concordou na hora. Não gostava de ficar perto de José, mas tinha que trata-lo bem, afinal ele era o filho de seu chefe.



Assim que ouviu os passos de Juanes se afastando, ele colocou a muleta no chão e seguindo uma fita colada no azulejo, posta por Maria, a irmã de José, para que ele pudesse se locomover melhor.Ele caminhou seguindo-a até chegar no pátio da floricultura, onde colocou sua muleta no seu lugar de costume.

E logo sem auxilio dela, caminhou um pouco rápido, até o local, guiado apenas pelo cheiro da terra fresca, onde se eram plantadas as flores .Com a própria mão, cavou um buraco em um vaso grande de flores e plantou ali as sementes. Por incrível que pareça as flores plantadas por ele eram sempre as mais bonitas e eram sempre a escolha da maioria. Porém ninguém reconhecia isto e ele as vezes ficava triste por saber que seu trabalho não era elogiado, já que quem ganhava todos os créditos era José, pois todos achavam que era ele quem as plantava.



Balançou a cabeça e se concentrou em seu trabalho. E com todo o amor e carinho plantou tudo, com enorme dedicação, desfrutando do enorme prazer que tinha em fazer aquela simples atividade e tirar de seu coração, mesmo que por alguns segundos, toda dor acumulada em seu peito, que parecia nunca ter fim.

Quando terminou o seu trabalho, levantou-se do chão e tentou limpar as mãos sujas de terra, em vão é claro. Caminhou a tropeços até o lugar onde havia deixado sua muleta e se desesperou ao notar que a mesma não se encontrava ali. Antes de pensar em quem pudesse pega-la, sua linha de raciocínio fora interrompida pela conhecida e nojenta voz de José.



–Procurando por isto?- Balançava na frente do rosto de Edward a muleta falando em um tom de deboche.

–Sim, e acho que você deveria me devolve-la.- Suspirou cansado.

–Se você acha-la, eu te dou.- Correu até uma árvore que havia ali perto, subindo rapidamente na mesma, colocando a muleta em um lugar que com certeza Edward não a acharia e depois disso correu para longe dele, deixando-o parado sem saber o que fazer.



Sem alternativa, ele caminha tropeçando em alguns vasos de flores tentando achar a muleta, em vão. Já estava cansado das piadas de mau gosto de José, mas dessa vez ele fora longe de mais e com certeza ele contaria o ocorrido para Juanes.

Andou por todo o pátio sem encontrar o que queria, ganhando alguns machucados nas canelas devido as constantes batidas em diversos objetos, não via alternativa a não ser reinventar uma nova muleta para si até que a sua fosse encontrada.



Pensou no que poderia utilizar para lhe auxiliar a se locomover e logo pensou em um cabo de vassoura. Não era lá a coisa mais elegante ou bonita para usar, mas seria útil. Sorte que ele sabia onde ficavam as vassouras que Maria usava para limpar o local. E sem pensar muito foi até lá.

Guiado pelo cheiro estranho das ervas medicinais, que ficavam perto das vassouras, Edward caminhou até encontra-las. Algo que demorou um pouco, já que ele teve que tatear tudo a sua volta, para enfim acha-las. Com um pouco de dificuldade, pegou o cabo tirando a parte usada para varrer o chão, deixando-a sobre o azulejo frio, e com sua nova bengala, achou o caminho do banheiro, onde enfim pode lavar as mãos em paz.




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Notas finais do capítulo

Se quiserem comentem.