POV MELANY

          - Pode começar pela pilha que está em cima da escrivaninha. Melany.

 - Espera! Quíron isso é a m-a-i-o-r injustiça... Eu não queria... Eu não...

 - Criança, um heroi sabe reconhecer seu erro. E no final. O erro se torna uma lição. - Quíron assentiu e então fechou a porta.

- É o que ein?    

Eu não podia culpá-lo pelo acontecimento, mas, ele também não podia me culpar. Olhei para o relógio torcendo para que não fossem seis horas. Eram cinco e dez. Eu teria que correr para arrumar toda essa papelada na sala de Quíron, para dar tempo de participar da caça bandeira e encontrar aquele gatinho. Caminhei até a tal escrivaninha e peguei uma pilha enorme de papéis e documentos que mal conseguia equilibrar em meus braços, ajudando com o meu queixo.

          - Ninguém merece...- Murmurei para mim mesma.

          - É verdade. - A cabeça de uma garota surgiu debaixo da mesa de centro da sala.

- AAHH!!- Eu me assustei. Fazendo com que todas as folhas caíssem de meus braços. - O que você... Eu... Eu pensei que estivesse sozinha!!! - Olhei para toda bagunça no chão e arfei.- POR QUE VOCÊ QUER ME MATAR DE SUSTO GAROTA?!

         - Foi mal...- Ela saiu de debaixo da mesa e estendeu a mão para me cumprimentar. Um gesto que eu ignorei, claro. - Meu nome é Cibelly.

          - Melany.- Resmunguei enquanto tentava recolher todos os papeis do chão. - Será que dá para você sair daqui? Eu estou tentando cumprir meu castigo à tempo de participar da caça bandeira. E você está me atra...

           - De castigo? - Cibelly me interrompeu com um sorriso enorme no rosto. - Eu também!

            Olhei bem nos olhos dela.       

- Onde. Está. A. Graça. Nisso?

          - Ahn... - Ela continuou sorrindo. - Por que te mandaram para cá? - Cibelly ignorou minha pergunta e começou a me ajudar com os papéis.

            Eu hesitei. Poderia enrolá-la com minha história, enquanto ela arrumava tudo...

           - Bem. - Suspirei. - Você não vai sair contando isso para todo mundo né?

           - Claro que não! Nem conheço essa pessoa Mel!

           - Affs -_-

             Controlei a raiva. Odiava quando me chamavam assim.
           - Hoje quando eu acordei, fui reclamada. Por... Deméter.- Esperei pela reação da garota, que pareceu indiferente, como se nem conhecesse a deusa. - Vim até a casa grande saber direito dessa história. E tipo assim... Ela estava aqui! Deméter! - Cibelly continuou nem ligando. - Minha mãe, de boa com o Quíron! E quando eu cheguei, fiquei tipo... Como assim, você some por anos e depois me reclama do nada? Sem pelo menos se dirigir à mim pessoalmente?! E então no lugar do trigo, um X enorme começou a flutuar na minha cabeça. E ela disse que... - Esperei por um comentário, mas Cibelly não dizia nada. - Se prepara... ESTAVA ME RENEGANDO! Ai eu fiquei tipo, put* revolts, que mulher idiota! Perguntei por que ela tinha feito isso e ela disse que verdadeiros filhos de Deméter são organizados, educados e prendados e que eu estava mais para uma filha de ares. Eu não sou desorganizada nem violenta!!! SOU?!! - A semideusa apontou para minha mão e eu percebi que tinha rasgados vários documentos e estava prestes a fazer isso de novo. - Foi mal... Enfim. Deméter já tinha me lançado uma maldição que me fez falar ao contrário e depois me renegou. O que foi a gota dágua. Peguei o objeto mais próximo e joguei na deusa. E digamos que jogar leite em uma divindade não é uma coisa legal. Ela jurou que ia me amaldiçoar de novo, mas Quíron disse que ia cuidar disso e secretamente... Até achei que ele ia pegar mais pesado no castigo.
             - Hum... Cibelle murmurou.

             - Hum...?! É só isso que tem a dizer?

            - O que? Ah... Eu estava falando desse anúncio que eu estava lendo enquanto você não parava de falar. Olha, - Ela apontou para uma folha. No fim, ela que tinha me enrolado.-Tem uma nova lanchonete de cookies monstro em Boston!

             - E daí??! - Eu amacei o anúncio e joguei no lixo.

             - Eu só quis dizer. (N.A. alguns vão entender, rsrsrs.)

             – E você. Por que está aqui?

            - Tudo começou anos atrás, quando em uma festa, Giulia, minha mãe, resolveu paquerar um cara gordo e bêbado que jogava pac...

            - Eu quis dizer, por que você está aqui, de castigo.

            - Ahn... - Ela sorriu. - Não foi nada de mais.


                         POV CIBELLY


            - Você o que?? - Melany ficou indignada.
 
            Eu não via motivo. Só porque eu havia soprado algumas bolinhas de sabão altamente toxicas no pavilhão de refeitório, depois de ter treinado com meus irmãos? Caramba, era meu presente! EU, tinha achado na gaveta e resolvido brincar ora! Como eu ia saber que aquilo não era um simples brinquedo? Que na realidade, o produto utilizado em sua fabricação deixava as pessoas que entrassem em contato com suas substâncias, bêbadas e logo depois sem os sentidos? Até parece que tudo na vida de um semideus é mais complicado e perigoso. E além do mais só um semideus tinha ficado bêbado... E dois cegos... E outro surdo... E um quase morto. Mas isso não quer dizer nada!

            - Caramba. Cibelly, você é a filha de Dionísio mais estranha que eu conheço.

            - Obrigada *-* espera...

            - Na realidade, é a única.

            - Obrigada *-* espera...
           
            - Affs -_-


             Eu tinha gostado da Mel. Apesar de ela ser um pouco... Impulsiva. Iria convidá-la para minha festa. Depois da nossa conversa, percebemos que já eram quase seis horas. Mellany arrumou uma caixa de papelão vazia e nós jogamos todas as folhas lá dentro, saindo correndo em seguida para a batalha mais sangrenta de todos os tempos! Era hora da caça bandeira!