Aqui estou eu no meio de um nada. Alguns minutos antes minha mãe tinha pedido que fosse ao mercado comprar maçãs, mas, eu disse a ela que os agrotóxicos nelas contidos fazem muito mal a nossa saúde.  Então, peguei o dinheiro e antes de sair de casa gritei:

- Vou buscar maçãs no galho da árvore!

Como ela não hesitou, estranhei. Agora percebo que ela acha que galho da árvore é um mercado. Como disse antes, vim parar aqui, no meio de um nada, procurando por maçãs sem agrotóxicos.

Escutei um barulho estranho vindo de uma moita atrás de mim. Então, fiz a coisa mais sensata que veio à minha cabeça, sai correndo e gritando:

- Socorro! Um dinossauro!

Então corri. Corri muito mesmo, com toda a minha vontade. Porque eu tenho medo de várias coisas, mas o pior medo de todos é o meu medo de dinossauros. Eles são grandes, fortes e canibais, e eu odeio dinossauros grandes, fortes e canibais.

E o pior de tudo é que eles são variados, entendeu? Eles podem ser aves porque voam, podem ser anfíbios, porque eles nadam e vivem na terra, podem ser répteis por que... Ah, porque sim!  São herbívoros, carnívoros e... Oh! Será que eles podem ser mamíferos? Acho que vou até ali perguntar para o dinossauro que está me perseguindo se os eles mamam. Ah é! Tem um dinossauro me perseguindo.

- Socorro!

De repente eu tropecei numa maça e pensei “Será que eu estou na história da Branca de Neve e ao invés de dinossauro tem um caçador doido e assassino me perseguindo? Será que ele também é grande, forte e canibal?” Então eu olhei pra frente e vi algo que me surpreendeu. Eu vi um dragão, mas não foi isso que me surpreendeu, o que me surpreendeu mesmo foi um pinheiro. Isso mesmo UM PINHEIRO! E pendurado nele havia uma tolha de banho dourada.

Que maldade! Será que aquela casa azul é na verdade uma casa de veraneio onde as pessoas sem noção que ali moram acham que podem pendurar suas toalhas em pobres pinheiros? Quer saber? Eu vou até lá ensinar eles a colocar varais.

Passei pelo dragão e quando eu estava quase na Casa Azul um garoto cabrito chegou pra mim e perguntou:

- E aí semideusa? Quer falar com Quíron?

- Não, não, me desculpe. Meu nome não é semideusa, é Cibelly, deve ter me confundido com outra pessoa. – O garoto cabrito fez uma cara de quem não entendeu. - Eu não vim falar com Quíron. – Ignorei a cara dele. - Vim ensinar vocês a colocar varais. E aí? Cadê o fio?

Ele gargalhou e seguiu andando-trotando e me deixando completamente no vácuo, queria ter perguntado onde ele havia comprado aquelas pernas, mas antes que fizesse isso ele já havia desaparecido em uma multidão de meninos e meninas uniformizados que corriam para lá e pra cá com coisas nas mãos. Seriam eles ajudantes do papai Noel? Eu teria acabado de conversar com uma rena?