A Herdeira escrita por GrazielleAlessa


Capítulo 8
Capítulo 7 - 1500




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Rosa respirava com dificuldade, as coisas passaram tão depressa que ela mal conseguiu assimilar tudo que acontecera. Há minutos atrás ela podia jurar que estava rindo das piadas da tia de Jenny, comendo bolo e jogando um velho vídeo game achado no porão e agora ela estava atrasada – Muito atrasada.

- Então era por isso que Ângela não foi pra casa. – disse Jenny pensativa – Ela já sabia que o trem chegaria tarde.

- Lado bom: Quase a escola toda está voltando agora. – lembrou Scorpion.

- Então todos chegarão atrasados. – Concluiu Alvo.

- Podemos parar de correr? – Rosa pediu se apoiando no corrimão da escada, ofegante.

- O baile, teoricamente, começou agora. – lembrou Jenny.

- E eu não vou chegar viva nele. – ralhou Rosa – Relaxem.

Os amigos pararam e subiram os lances de escada mais calmos até chegarem ao salão comunal da Grifinória. Quando o quadro da mulher-gorda girou para que eles pudessem entrar, havia quase todos os alunos da Grifinória correndo de um lado para o outro com malas, meninas correndo para chorar com as amigas que o vestido não era perfeito e garotos se enrolando para dar um nó na gravata borboleta.

- Isso é o caus. – observou Jenny de olhos arregalados – Vamos sair daqui.

Quando ela se virou para o quadro, Alvo a girou de volta para encarar a bagunça do salão.

- Agora vamos todos. – disse ele como se quisesse tranquilizar a si mesmo – Vocês se arrumam no dormitório, nos encontramos em meia hora.

Rosa e Jenny subiram até o dormitório enquanto Scorpion e Alvo foram para o deles. Havia começado uma maratona imaginária na mente dos quatro – O desafio de se arrumar em 30 minutos, nada a mais. Algo muito fácil quando se pensa em banho e roupas, mas Rosa estava preocupada em como domar seus cabelos. Os cabelos iam ser um problema. Jenny abriu a porta do dormitório e viu Ângela sentada em sua cama enquanto as outras duas meninas que também dividiam o quarto, Brenda e Melanie, passavam algo parecido com um mini-pufe nas bochechas da amiga.

- Mais, mais. – Ângela pedia falsificando um sotaque francês. Jenny fingiu vomitar. – Meninas, vocês voltaram.

Rosa ergueu uma das sobrancelhas, elas nunca se falavam. No máximo pediam licença quando uma estava no caminho da outra. Jenny pegara sua toalha e já entrara no banheiro fingindo não ter ouvido a saudação da colega de quarto.

- É. – disse Rosa simplesmente, virando de costas e procurando o vestido dentro do malão.

- Rosa, rosa. – ela sentiu Ângela colocando a ponta dos dedos em seu cabelo. – Frisado saiu de moda.

Rosa sentiu seu rosto ficar vermelho. Ela virou para encarar Ângela, imaginando que provavelmente se afastaria da garota e ignoraria seu comentário.

- O visual leãozinho não te favorece em nada. – completou Ângela com maldade.

Rosa respirou fundo e olhou com desprezo nos olhos da garota.

- Espremer uma abóbora em cada bochecha também não. – retrucou– E mesmo assim você insiste em sair como um porco bronzeado.

Rosa quase levou à mão a boca quando terminou de pronunciar a frase e sentiu arrependimento assim que a começou. Ela viu Jenny sair do banheiro enrolada na toalha e se dobrando de tanto gargalhar. Ela soltou uma risadinha nervosa e Ângela encarou Jenny com irritação.

- Eu ia me oferecer para arrumar seu cabelo. – defendeu-se Ângela.

- Ela tem toda a ajuda que precisa. – disse Jenny agora ficando séria – Você não tem que estar em algum lugar? – perguntou apontando a porta.

- Estamos atrasadas mesmo. – disse Ângela antes de jogar os lisos e loiros cabelos pra trás e sair do dormitório acompanhada das garotas.

Jenny riu de novo.

- Adorei. – disse Jenny ainda risonha.

- Ela merecia. – defendeu-se Rosa.

- Definitivamente. – concordou – Agora vai para o banho, temos 20 minutos.

Rosa correu para o box e começou a se lavar.

- LAVA O CABELO. – Ela ouviu Jenny gritar do lado de fora. Ela resmungou e soltou o rabo de cavalo mal feito e lavou.

Já vestida, ela saiu do banheiro tentando desembolar algumas mechas do cabelo e deu de cara com Jenny sentada na cama afivelando os saltos. Ela estava com o mesmo modelo vestido-regata do de Rosa, usava brincos e colar de pérolas e seus cabelos ondulados já estavam cheios de cachos modelados.

- Eu iria falar que só podia ter sido mágica. – disse Rosa com os olhos arregalados – Mas isso ia soar idiota.

Jenny riu.

- Calce as sapatilhas, agora esta na hora de arrumar você. – Enquanto Rosa tentava se equilibrar na parede para encaixar as sapatilhas nos pés, Jenny pendurava brincos em suas orelhas. Rosa chegou perto do espelho e franziu a testa quando viu as pedrinhas azuis tilintando.

- Onde conseguiu? – perguntou.

- Tia Kenzie me emprestou. –disse Jenny com simplicidade – Ela achou que teria melhor uso aqui do que mofando na caixa de joias dela.

- É bonito. – comentou Rosa tocando um dos brincos ainda olhando no espelho. Jenny agarrou seu outro braço e colocou uma pulseira feita das mesmas pedrinhas.

- Seu cabelo. – comentou Jenny – Vou pegar meu equipamento.

Rosa olhou ansiosa enquanto Jenny tirava do malão um pote, pente e um elástico. Ela sentou-se numa cadeira de costas pra amiga e deixou que Jenny desembaraçasse e trançasse seu cabelo com habilidade. Ela olhou para o relógio de parede e viu que o tempo tinha acabado.

- Temos que ir. – disse Rosa – Vamos perder toda a cerimônia.

Jenny concordou e pegou um espelho de mão para Rosa poder ver o reflexo do penteado – Uma trança longa e arrumada, com nenhum fio fora do lugar. Por um momento ela se sentiu desprotegida sem a imensa cortina desgrenhada de cabelos ruivos em volta do rosto.

- Ficou ótimo. – aprovou Rosa.

- Ficou mesmo. – concordou Jenny. – Os meninos já devem estar lá em baixo.

Elas desceram as escadas de dois em dois degraus e encontraram apenas Alvo e Scorpion no salão comunal, sentados no sofá.

- Muito atrasadas? – perguntou Rosa fazendo uma careta já prevendo uma bronca.

- Demais. – disse Scorpion levantando e virando-se para encara-las. Ele arregalou os olhos e Alvo fez o mesmo. Rosa sorriu sem jeito, Jenny fechou a cara quando viu um sorriso abrindo no rosto dos amigos.

- Vocês estão… – disse Scorpion como se tivesse dificuldade pra controlar a voz -… Hilárias.

Alvo explodiu em uma gargalhada e o sorriso de Rosa se amarelou.

- E isso vem dos garotos que parecem cópias malfeitas do Johnny bravo e do Elvis. – retrucou Jenny de mal humor.

Só agora Rosa reparara que o cabelo dos amigos estava penteado para trás e parecia ter sido colado para que permanecesse daquela forma por horas.

- A culpa não é nossa. – Alvo parou de rir – Emília estava dando uma mão para os outros e não aceitou o nosso “não”. Parece que ela não arranjou um par.

- Ela é do sétimo ano. – observou Rosa incrédula.

- Pois é. – disse Scorpion – Ela disse que assim pareceríamos pequenos príncipes. – Ele e Alvo fizeram uma careta de desaprovação.

- Já perdemos uma boa parte da cerimônia. – anunciou Alvo olhando o relógio de pulso – É melhor a gente ir.

***

Quando eles pisaram no salão principal quase não o reconheceram. As mesas haviam sumido dando lugar para um palco onde a diretora McGonagall fazia um discurso, rodeada pelos outros professores. O resto do salão estava tomado por todos os estudantes, e os que decidiram ignorar a cerimonia comiam algo da mesa de petisco ou bebiam ponche de um bar montado num canto longe do palco.

-… Então acho que devemos uma festa para os esforços dos quatro magos mais bem vistos do nosso mundo – Eles ouviram a voz da diretora ecoar pelo salão. – Não se esqueçam de votar nos representantes dos anos e a meia-noite… – ela forçou um sorriso ressaltando as rugas do seu rosto -… Teremos a nossa última dança.

Alguns assovios e aplausos indicaram que era o fim do discurso e, pela animação, parecia que ele tinha sido longo e todos estavam felizes que houvesse acabado. Uma banda subiu no palco e substituiu à diretora. Os gritos aumentaram e houve um tumulto provocado por alunos histéricos que queriam ficar o mais perto possível do palco. Jenny ficou parada no lugar observando o baterista agitar sua varinha em vários ângulos como se regesse os tambores e pratos que se montavam sozinhos. O guitarrista apontara a varinha pra seu instrumento e o baixista o imitou. Por último, uma garota de cabelos longos e loiros e com maquiagem preta exagerada pegou a varinha como se fosse um microfone e começou a gritar. A multidão gritou junto e só depois de algum tempo que os músicos começaram a tocar que Rosa percebeu que a letra já começara. Ela olhou para o lado pra comentar com Jenny e percebeu que a amiga não estava lá. Ela olhou em volta e encontrou Alvo e Scorpion espremidos tentando passar por um aluno gorducho da Sonserina para chegar até ela. Suados e com os cabelos desarrumados como o costume, eles chegaram ofegantes ao lado de Rosa.

- Que confusão. – reclamou Scorpion – Vamos sair de perto, lá trás parece estar mais tranquilo.

Mas Rosa nem sequer olhou para o garoto e continuou procurando a amiga no meio da multidão.

- Cadê a Jenny? –perguntou Alvo percebendo a ausência dela.

- Sumiu! – disse Rosa – Me ajudem a procura-la.

Scorpion prendeu ar nos pulmões como se estivesse pronto a dar um mergulho e começou a se espremer entre as pessoas pedindo passagem, Rosa e Alvo o acompanharam.



***

Jenny também estava girando em volta de si mesma procurando os amigos, mas a multidão parecia os ter arrastado. Ela soprou sua franja, nervosa e foi até a mesa de bebida procurar se refrescar. Para um inverno rigoroso, Hogwarts parecia quente demais.

Ela desviou de alguns alunos que ficaram pra trás e chegou até o bar improvisado. Ela viu um garoto servindo-se de ponche e bebendo copos e copos em questões de segundos. Ela focou no suco de abóbora que queria antes que o garoto percebesse que ela o encarara. Sem conseguir resistir, depois de servida ela encarou o garoto de novo.

- Jenny. – ele parou com o copo a meio caminho da boca – Você está bonita…

Ela arregalou os olhos.

- O-obrigada. – respondeu surpresa – Como foi o natal, Tiago?

- Eu ainda não te perdoei. – o garoto falou apontando pra uma marca de unha que havia ficado no lado de sua sobrancelha direita. – Ainda dói.

- Desculpe por isso. – disse Jenny se apoiando na mesa pra encarar a multidão eufórica.

- Talvez eu tenha merecido. – disse Tiago com a voz engrolada – Ou talvez eu esteja muito bêbado pra admitir isso.

Ele bebeu mais um copo e o jogou numa lata de lixo ao lado da mesa.

- Não é muito novo pra beber? – perguntou Jenny encarando os cabelos arrepiados de Tiago que pareciam ainda mais rebeldes do que nunca.

- Não é muito nova pra querer me controlar? – retrucou Tiago com os olhos semicerrados como se tentasse enxergar Jenny melhor.

- Onde arranjou bebida? – perguntou Jenny.

- Shh, segredo. – disse Tiago rindo colocando um dedo sobre a boca de Jenny para cala-la.

Ela se desvencilhou e ele quase caiu quando tentou dar um passo em direção a ela. Ele começou a gargalhar apoiado na mesa.

- Impossível você ter ficado bêbado em tão pouco tempo. – disse Jenny ajudando-o a ficar em pé. – Minha tia demora quase uma hora pra ficar alegre.

- A minha festa começa antes. - disse ele em meio a risos – Vamos dançar.

Antes que ela pudesse impedir, ele já havia colocado uma mão em sua cintura e aos tropeços girava ela no salão numa marcha lenta enquanto o restante pulava e gritava junto com a música agitada da banda. Ela revirou os olhos quando Tiago a girou, caiu para trás e começou a rir.

Ela o levantou.

- Cadê os gorilas que andam com você? – perguntou mal-humorada.

- Estão com as garotas deles. – disse Tiago se levantando cambaleante – Falando nisso, eu preciso achar os meus pares.

Jenny ergueu a sobrancelha.

– Pares?

- Duas garotas. – Tiago se lamentou – Acabei me perdendo delas.

- Elas sabem? – perguntou Jenny curiosa.

- Claro que não. – disse Tiago batendo na testa de Jenny como se quisesse acordar algo que podia estar dormindo ali.

- Chame a atenção delas. – sugeriu Jenny afastando a mão dele de sua testa.

- Tem muita gente aqui. – ele disse sentando no chão com as pernas dobradas. Jenny suspirou irritada e tirou a varinha de dentro do paletó dele. Ela a colocou na mão de Tiago como se tivesse que ensina-lo a segura-la e apontou pra cima.

- Qual é o feitiço das luzinhas vermelhas? – perguntou Jenny confusa lembrando que já tinha visto alguns garotos do sétimo ano fazendo. – É Peri…

Tiago bocejou e apoiou o rosto sobre o cotovelo livre.

- Pericullum? – arriscou Tiago e, sem intenção, explodiu algumas faíscas vermelhas da ponta de sua varinha. A banda parou de tocar e a multidão se virou para encarar o autor do feitiço. Jenny soltou a mão de Tiago e dando pequenos passos pra trás e saiu da frente dos holofotes. Ela esbarrou em Scorpion.

- Onde você esteve? – ambos perguntaram em uníssono.

- Estávamos procurando você. – disse Scorpion

- E eu procurando vocês. – respondeu Jenny

- Ok, vamos sair do salão. – disse Scorpion arrastando Jenny pra longe da multidão, depois decorridos alguns minutos a banda retornou a cantar a música interrompida e a festa continuava. Ele a levou até os amigos que estavam sentados na parede de um corredor mal iluminado. Alvo estava de olhos fechados com o rosto virado para o teto e Rosa segurava um livro com uma mão e a varinha na outra, iluminando a sua leitura. Quando os saltos de Jenny começaram a fazer barulho no corredor, eles voltaram seus olhos para ela.

- Finalmente. – disse Alvo com a voz cansada – Passamos um tempão atrás de você.

- Eu me perdi. – disse Jenny sentando ao lado dele – O baile não está sendo divertido, hã?

- Isso é um saco. – reclamou Scorpion sentando de frente pra eles – Quem inventou de vir mesmo?

Rosa encarou Alvo de esguelha. Ele jogou as mãos para o ar.

- Eu achei que era legal igual naqueles filmes. – Ele virou o rosto para Rosa – Sabe aquelas comédias que você fica vendo? Achei que era parecido.

- São só filmes. – Rosa suspirou – Queria ter ficado no salão.

- Continuaria um tédio sem ninguém lá em cima. – disse Jenny – Poderíamos arranjar algo legal pra fazer.

- Como? – perguntou Rosa fechando o livro.

- Vamos brincar de algo. – sugeriu Jenny levantando-se animada.

- Não estamos muito grandinhos pra ficar brincando? – perguntou Rosa indecisa.

- Você tem 11 anos, não 30. – retrucou Jenny revirando os olhos e esticando a mão para a amiga.

- Brincaremos de que? – perguntou Scorpion de pé. – Algo de correr?

Jenny pareceu pensar por algum tempo, rodeando-os como se andar levasse sangue mais facilmente para o cérebro. Ela chegou perto de Rosa e tocou em seu ombro e correu, quando a amiga ficou sem reação ela explicou:

- Te peguei. – avisou Jenny revirando os olhos – Agora pegue qualquer um e corra quando pegar.

Rosa sorriu maliciosamente correndo em direção a Alvo que se esquivou rapidamente de suas mãos e todos se espalharam pelo corredor desviando das investidas dela. Depois de um tempo, ela parou pra pegar folego antes de tentar um bote em Scorpion, ele diminuiu a velocidade de sua corrida para que Rosa o pegasse. E depois voou em direção a Alvo e Jenny.

Alvo o rodeava como uma provocação e logo a brincadeira ficou pessoal – uma disputa entre os dois garotos. Mesmo assim, Jenny tirou os saltos para correr melhor caso fosse necessário. Scorpion logo cansou e correu atrás das meninas, Jenny fez uma careta quando forçou as pernas ao máximo de suas forças, ela virou o corredor para escapar, e quando olhou pra trás para verificar onde seu perseguidor estava, bateu em algo.

Ela caiu sentada. Quando olhou para cima, Armando a encarava com expressão indecifrável. Ele esticou a mão e ela aceitou o gesto para levantar.

- Senhorita Hudson. – ele disse num tom de voz formal – Você não deveria estar em outro lugar?

Scorpion, Alvo e Rosa apareceram no corredor fora dos limites e o professor virou sua atenção para eles.

- Vocês todos não deveriam estar em outro lugar?

- Boa noite, professor. – disse Rosa num tom educado e obediente.

Só uma palavra passava na cabeça dos quatro: Detenção. Por mais agradável que o professor Armando poderia parecer dentro da sala de aula, começavam a achar que este tinha algo pessoal contra eles. Não é uma situação justa, uma aversão a professor sempre será vista como implicância e revolta à disciplina e não dará em nada. Mas quando é um professor que possui aversão por algum aluno, isso muda tudo.

- Boa noite, senhores. – respondeu o professor com um sorriso que não mostrava simpatia – Estou de bom humor. – alertou ele ajeitando a gravata borboleta em seu pescoço – Vou fingir que não os vi, mas se a diretora soubesse que andam causando alvoroço nos corredores… – ele fez uma careta como se já imaginasse o castigo – Enfim, voltem ao baile e não os quero ver por aqui de novo, entenderam?

Os quatro assentiram com a cabeça e voltaram para o salão, escoltados pelo professor. Quando Armando se afastou em direção ao palco, Jenny bufou e colocou os sapatos de volta.

- Esse professor é um idiota. – ela xingou – Como se tivéssemos cometendo um crime …

- Fico pensando se ele não gosta de nós. – comentou Scorpion pensativo.

- Não acho que seja isso. – defendeu Rosa – Ele é um professor, é dever dele zelar pela ordem na escola.

- Se você não fosse minha prima e eu não te amasse demais – disse Alvo – Eu te chamaria de louca.

Scorpion deu uma risadinha e Rosa fechou a cara. Jenny voltava seu olhar para o palco, algo acontecia lá - A música parara e não havia sinal da banda, os professores estavam reunidos novamente e os alunos lançavam olhares curiosos a eles.

- Eu fico feliz por não termos ficado de detenção. – disse Jenny.

A diretora voltara ao palco e parece pronunciar algo a varinha antes que sua voz fosse audível por todo o salão.

- Agora, a nossa última dança. – anunciou ela com a voz severa – Perto da mesa de frios, havia uma urna onde vocês votariam nos representantes de cada ano, espero que eles arranjem seus pares rapidamente e comecem a girar pelo meio do salão ao som da música do coral de Hogwarts.

Varias pessoas bateram palmas desanimadas, a banda parecia ganhar mais simpatia que o coral. McGonagall pigarreou.

- Representando o primeiro ano: Laila Watson, casa Corvinal.

Palmas animadas saudaram a estudante que poderia se passar facilmente por uma aluna do 4º ano por sua altura, ela sorriu para o público e arrastou um garoto que parecia querer tanto estar ali quanto um chipanzé.

- Representando o segundo ano: Stevan Yank, casa Lufa-Lufa.

Um garoto desajeitado que possuía um complexo de ajeitar os óculos de 2 em 2 segundos cronometrados foi acompanhado por uma garota que sorria e acenava para todos.

- Representando o terceiro ano: Tiago Potter, casa Grifinória.

A multidão foi à loucura, gritinhos agudos foram ouvidos de todo canto do salão. Ele apareceu sozinho ao palco, algumas meninas esticavam a mão esperando que ele as escolhesse. Ele sorriu para o público e tirou a própria varinha do bolso do smoking e apontou para própria garganta.

- Jenny Hudson, pode dançar comigo?

O silêncio percorreu o salão e lentamente, as cabeças começaram a se voltar para os lados e para trás procurando Jenny, até os professores começaram a ficar na ponta dos pés procurando a garota.

Scorpion encarou Jenny com os olhos arregalados. Ela respirou fundo e foi até o palco. As pessoas abriam caminho para Jenny passar e ela podia ter certeza que havia visto o rosto alaranjado, lotado de blush, de Ângela fazendo uma careta de desaprovação.

Ela subiu ao palco e ficou ao lado de Tiago, ele virou e sorriu. Ela o encarou com os olhos semicerrados e depois encarava os próprios sapatos.

- Representando o quarto ano: Laurent Dobrev, Sonserina.

Poucas palmas foram ouvidas, os alunos das outras casas fecharam a cara.

- No quarto ano a gente já aprende como ameaçar as pessoas? – perguntou Alvo em tom irônico.

Uma coisa era mais que clara: Só os alunos da Sonserina gostavam da Sonserina. Não existia rivalidade entre as casas como Grifinória, Corvinal e Lufa-lufa, estas três pareciam unidas contra o mal perceptível: A Sonserina. Um objetivo em comum que fazia com que disputas entre si fossem deixadas de lado.

Do quarto ao sétimo ano, todos os representantes eram Sonserinos e era perceptível que a contagem ou os votos foram manipulados devido à reação enfurecida do público, mesmo assim os pares já haviam sido formados e a valsa já começava a sair da orquestra. Os casais desceram do palco e se posicionaram para dançarem.

Quando o coral começou a cantar, eles começaram a dançar. Jenny não fazia ideia de como se dançava aquele tipo de música.

- Por que você me chamou pra dançar com você? – perguntou Jenny enquanto tentava não cair quando era rodopiada.

- Por que não? – perguntou Tiago mantendo o ritmo.

- Porque você tinha dois pares. – lembrou Jenny.

- Eu esqueci quem eram. – disse Tiago – Eu estava tão bêbado que eu nem lembro quem estava me acompanhando.

- Que bonito. – reprovou Jenny – Você é muito novo pra beber, já te falei isso?

- E você é muito velha. – Tiago fez uma careta – Talvez eu devesse ter chamado Rosinha.

- Talvez mesmo. - Jenny deu dois passos pra trás. Antes que ela pudesse se virar ele já havia capturado suas mãos e a obrigado a continuar a dança.

- Deixa de ser chata, eu não podia ficar ali sozinho. – disse Tiago baixo.

- Acho que eu preferia você bêbado. – resmungou Jenny. – Falando nisso, como ficou sóbrio?

- Passei as últimas horas bebendo água. – confessou Tiago – Não estou 100%, mas acho que deu uma melhorada. – quando ele notou a expressão de desconfiança, acrescentou sorrindo – Até gente do primeiro ano bebe hoje em dia, não me julgue.

- Sou inteligente demais pra isso. – retrucou Jenny.

- Chata demais. – corrigiu Tiago.

- Isso significa que estamos de bem? – perguntou Jenny ignorando a provocação – Posso passar pelos corredores sem ser parada pelos seus capangas?

- Claro. – disse Tiago rodando Jenny mais uma vez – Não posso prometer o mesmo pro Scorp.

- Então o deixa de fora e implica comigo. – sugeriu Jenny

- Tentador. – disse Tiago pensativo – Vou pensar nisso.

- Sério? – perguntou Jenny.

- Não. – disse Tiago rindo mais uma vez – Mas posso dar uma folga, tenho outras coisas pra fazer.

A música parara e mais uma vez o salão foi tomado pelas palmas. Jenny se virou e foi embora sem parar para dizer tchau. Ela encontrou seus amigos bebendo o último suco de abóbora da noite perto do bar e depois foram para o salão comunal.

- Então você e o Tiago são amigos? – perguntou Scorpion.

- Não, você é meu amigo. Eu não sou nada dele. – explicou Jenny.

- Ângela está brava com você. – Rosa riu. – Espalhou que você gosta do Tiago e ele te chamou como uma piada.

- Nossa, imagina se eu o odiasse? – zombou Jenny. - Eu nem ligo mais para o que ela diz.

Com o fim da agitação do baile e dos rodopios da valsa, os meses seguintes foram notados por uma tranquilidade inquebrável. Longe do professor Kahn, não houve mais detenções. Com a pequena trégua com Tiago, não houve brigas. Tudo parecia calmo demais.




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Notas finais do capítulo

Acompanhem através do http://fanficaherdeira.tumblr.com/



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