Todo mundo ainda estava estupefato se entreolhando, e olhando pra Nix.

– Quer dizer que a deusa da profecia é você? – Perguntou a Charlie.

– Sim, - Ela respondeu calmamente. – eu sou uma entre muitos deuses que foram basicamente esquecidos, claro que todo mundo sabe que nós existimos, mas não temos muitos filhos, ou recebemos oferendas e coisas do gênero. Agora venham aqui, se sentem. – Disse ela gesticulando pra um grande sofá que havia surgido lá do nada. Nós demos de ombros e sentamos nele, era como sentar nas nuvens, o que eu lembrei a mim mesmo era bem possível.

– Então... O que você vai querer que a gente faça? – Perguntei enquanto segurava a mão de Greg que se espremeu do meu lado do sofá.

– Simples, capture Morpheus. – Ela disse dando de ombros.

– O quê? Você quer que quatro semideuses capturem um deus? Isso é um absurdo. – Disse Nico balançando a cabeça.

– Não, não é. Na verdade é bem simples, só montar a armadilha que eu vou entregar, ele vai cair e ponto. – Continuou Nix.

– Mas, pra quê?

– Bom, eu sou mãe da maioria dos deuses da noite, como Hipnos, e Morpheus é meu neto, mas a gente nunca se deu muito bem, até um pouco antes de vocês virem pra cá a gente teve uma pequena confusãozinha que não vem ao caso agora. Mas eu preciso dele preso em uma bela rede de ouro, que vocês vão pegar. – Nix disse em um tom de voz como se não tivesse falado nada de mais interessante, como se ela tivesse simplesmente dito que sabia fazer ovo frito e não pra quatro adolescentes capturarem um deus.

– OK né, a gente tá aqui pra isso mesmo. – Greg falou e nós três concordamos. – Então, qual é o plano?

– Eu vou atraí-lo pra baixo do arco da liberdade, essa é uma das redes de Hefesto, ele mesmo usou em Hera uma vez e depois a trancou em uma jaula, por isso ele não deve sentir a presença dela, a única coisa que vocês tem que fazer é com que ele pise em cima dela.

– Então era por isso que ele tava ‘tentando’ nos impedir de chegar aqui? – Perguntei.

– Quando ele desmaiou a Charlie, era sim. Mas depois acho que ele pensou que eu não ia fazer nada com ele, então parou de realmente de tentar impedir vocês, e além do mais, não se deve interferir diretamente na vida dos humanos. – Disse Nix.

– Ah, então vamos fazer isso logo. – Disse Nico. – Cadê a rede? – Nix entregou pra ele um pequeno tubo dourado, disse que era só apertar uma das extremidades que ela se soltava, e ficava invisível. Nós estávamos nos encaminhando de volta pra o elevador quando ela chamou.

– Helena, você não. Temos que ter uma conversinha.

– Mas, eu tenho que ajudar eles. – Falei.

– É rápido, eu envio você quando eles chegarem lá, a propósito tomem aqui um mapa da cidade. – Ela disse indo em direção ao Greg e o entregando.

– Tudo bem, - Falei. Vocês devem tá pensando que a gente tá aceitando toda essa loucura bem demais não é? Mas eu digo uma coisa, desde sempre eu aprendi que discutir sobre coisas que não podem ser mudadas é inútil, por isso não fiz birra ou fiquei com medo quando descobri que era uma semideusa, e a profecia dizia claramente que tínhamos que ajudar Nix, então era o que iríamos fazer. Heróis não tem tempo pra ficar vacilando pelos cantos, afinal, nunca se sabe qual vai ser o ultimo momento de vida que nós teremos. – Vejo vocês lá pessoal, cuidado. – Dei um beijo na bochecha do Nico, abracei Charlie, e beijei Greg, então eles saíram pelo elevador e eu fiquei lá, olhando.

– Sente-se, - Disse a Deusa e foi o que eu fiz, retornei pro sofá e sentei em frente a ela. – Lembra que a sua profecia dizia que eu iria revelar um segredo? Então, é o que eu vou fazer agora. Você já deve ter se perguntado o quão estranho é ter a benção de Perséfone sendo uma filha de Hades, e de Afrodite também, sendo que amor, beleza e a felicidade que trás a primavera não batem muito com a morte. – Eu assenti já me roendo de curiosidade pra o que ela iria falar. – Então, - Nix continuou. – A sua história é mais ou menos assim:

Na universidade Mauricio de Nassau,em Recife, uma bela e encantadora jovem estudava Engenharia Química, ela realmente despertava a paixão de muitos e muitos garotos, mas ela não estavam nem ai pra eles. Ela não tinha medo da dor, não tinha medo de morrer, ela só queria ser feliz conquistando o que era dela, ela irradiava a sua personalidade forte por todos os poros.

Então, ela chamou atenção de um deus que ficou realmente encantado com ela, era a primeira mortal que ele se apaixonava depois de longos e frios anos, ele ainda não tinha se recuperado da ultima que havia sido morta tragicamente por outro deus, mas nela, ele também viu esperança.

Ela se chamava Ester Alves, e teve um relacionamento feliz com Hades, ela também ficou fascinada com ele, os deuses sabem mesmo fazer isso quando querem.

Já do outro lado do campus da universidade, um realmente lindo jovem, estudava engenharia da automação, e trabalhava na Aeronáutica Brasileira, ele realmente tinha a cabeça nas nuvens, feliz, simpático, amava a tudo, diferente de Ester, a felicidade que ele espalhava era realmente genuína, enquanto ela era mais um lance de todo mundo querer e não poder tê-la, já todos que quisessem podia ter acesso a Arthur Lima, ele era amigo de todos, e o numero de namoradas que ele teve foram incontáveis.

Isso também o fez chamar a atenção de uma deusa, que como ele irradiava felicidade e vida por onde passava, ela era Perséfone.

Foi realmente raro o que aconteceu, dois deuses gostarem de dois jovens que eram do mesmo lugar, e Perséfone foi a primeira ‘garota’ que Arthur não conseguia ficar longe. Mas um dia, no almoço, os destinos dos dois se cruzaram, eles vinham passeando pelo refeitório da universidade quando Ester deu um encontrão em Arthur, atirando um em cima do outro, e comida pra todo o lado, o que resultou em muita algazarra, no fim eles tiveram que ficar e limpar tudo, enquanto limpavam eles se apaixonaram, mas não como tinham se apaixonado pelos deuses, era o amor que Afrodite mais apreciava, era um amor puro, eles morreriam um pelo outro. Isso foi no ultimo ano da faculdade.

Cada um procurou seus respectivos Perséfone e Hades, e contaram sobre o que tinha acontecido, eles estavam realmente apaixonados e os deuses perceberam.

Então Hades contou quem era, Perséfone também, eles ficaram surpresos, mas como você, aceitaram numa boa. Só que pra uma surpresa ainda maior, Ester estava grávida. Arthur aceitou, e amou o bebê que não era dele como se realmente fosse dele, ele amava você e amava Ester incondicionalmente.

Perséfone nunca esqueceu dele, então vendo o quanto ele te amava, deu a sua benção pra que como o pai, pudesse trazer felicidade pra onde quisesse, assim como a primavera você tem o poder de trazer esperanças pra horas mais frias, ela não implicou com Hades por você ser filha dele, afinal de contas, ela o entendia.

Já Afrodite, viu que Hades e Perséfone não amaram pouco aqueles jovens, o que é realmente difícil acontecer com os deuses, e viu o quanto eles se amavam, então benção do amor pra Helena. Já como filha de Hades, você tem uma personalidade forte, sombria, gosta de ficar só, odeia claridade e coisas assim, mas diferente de todos os filhos de Hades que já viveram, você pode ‘reviver’ sentimentos ao invés de mata-los, além de amar mais que incondicionalmente.

E essa é a sua história entendeu Helena? – Eu ainda estava meio fascinada e meio perplexa, mas agora tudo fazia sentido, nem me ocorreu perguntar a Nix como ela sabia de tudo isso, mas vindo de uma deusa eu não iria nem questionar.

– Sim, entendi. Obrigado por contar. – Falei.

– Era o mínimo que eu poderia fazer, agora está na hora de se juntar aos seus amigos. – Ela estalou o dedo, e eu me vi em um turbilhão de pensamentos malucos e fumaça branca.