Nós entramos no trem que nos levaria pra mais uma longa viagem até Paris. Meu sonho sempre foi viajar pela Europa e principalmente conhecer a capital Francesa, mas sob as atuais circunstâncias, eu não estava tão feliz assim por estar ‘realizando’ esse sonho. Sentei ao lado de Greg no vagão, enquanto Nico sentava no banco da frente ao lado de Charlie, e ela não parecia muito feliz com isso...

- Então... – Disse Greg passando um braço pelo meu ombro e me recostando a ele. – Ainda bem que isso está acabando sabe? Não vejo a hora de voltar pro acampamento e tudo ficar em paz. – Houve um murmúrio de concordância de nós três.

- Papai disse que você deveria fazer uma visitinha ao mundo inferior em breve. – Nico falou.

- Por quê? Ele vai me matar? – Perguntei assustada e ele riu.

- Não sua besta, é fazer uma visita mesmo, não ir permanentemente, acho que ele já enjoou de ter só a mim lá, e sabe... Nunca achei que ele realmente gostasse de mim. – Disse Nico dando de ombros.

- É claro que ele gosta de você, você é filho dele. – Falei. Uns cinco minutos de silêncio se passaram após eu dizer isso, nos quais Greg olhava pela janela, Nico também, Charlie brincava com umas pecinhas que tinha a mão, parecia estar construindo alguma miniatura, mas lançava olhares mortíferos a Nico ás vezes, e eu estava deitada com a cabeça no colo do Greg e as pernas pra cima contemplando o meu All Star.

- Tou com fome. – Disse Charlie levantando os olhos das suas pecinhas e me passando elas.

- Também... – Eu disse e olhei pra o negocio que Charlie tinha me dado, eram quatro pingentes de bronze, um era um narciso, o outro uma caveira, o outro um cachinho de uvas e o terceiro um pequeno martelo. O que mais me surpreendeu foi os detalhes contidos nas peças, precisaria de dias e várias ferramentas pra fazer isso.

- Venho trabalhando neles a uns dois dias, - Disse Charlie. – É um pingente pra cada um de nós, Narciso é um dos símbolos de Hades, Martelo Hefesto, Uvas Dionísio e a Caveira foi porque ele se meteu na nossa missão. – Disse ela apontando pra Nico.

- Obrigado Charlie, são lindos. – Greg tinha se inclinado pra olhar também, e estava com uma expressão meio surpresa.

- Toma aqui. – Disse ele tirando uma pequena corrente do bolso, e me passando. – Pendure eles. – Foi o que eu fiz, passei os pingentes pela corrente e coloquei no meu pescoço.

- Obrigado. – Disse dando um abraço em Charlie. – Os filhos de Hefesto realmente tem o dom, se fosse eu, não conseguiria fazer nem um circulo direito. – Todos riram e balançaram a cabeça. Nessa hora, passou um carrinho de comida por fora do nosso vagão servindo o almoço. Já não era sem tempo, eu estava faminta. Nós pegamos os nossos sanduiches e refrigerantes e comemos em silêncio, mais algumas conversas bestas se seguiram após isso, e nós quatro acabamos adormecendo.

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Abri os olhos lentamente, o sol estava se pondo pela janela. Olhei em volta, Greg estava com os dedos envoltos em meus cabelos e a cabeça encostada no vidro frio, eu estava em seu colo com as pernas encolhidas, fazia realmente muito frio. Charlie estava ressonando com as pernas em cima do Nico, e ele estava deitado em uma posição bem esquisita em cima do quadril dela. Tirei gentilmente os dedos do Greg dos meus cabelos, e sentei. Sacudi ele pelos ombros, e o chamei com a voz rouca ainda.

- Greg, acho que daqui a pouco a gente vai chegar, acorda... – Ele abriu os olhos e me deu um sorrisinho. Chutei Nico na panturrilha, mas ele nem se mexeu, chutei de novo bem mais forte e ele pulou atirando Charlie no chão. Ela abriu os olhos e viu que estava no chão, nem deu tempo de eu avisar o Nico quando um pelo tabefe ecoou pelo vagão.

- AI, VOCÊ TÁ LOUCA? – Perguntou Nico exasperado olhando pra Charlie e massageando o ouvido que ela tinha estapeado.

- Não mandei me jogar no chão. – Respondeu ela se sentando e cruzando os braços. Eu e Greg caímos na gargalhada.

- Não foi culpa dele Charlie, eu que o chutei e ele se assustou, ai te derrubou sem querer.

- HAHAHA! Tou doidinho pra irritar você viu Charlie? Essa doeu até em mim. – Disse Greg entre lágrimas de riso. Ela corou e murmurou uma desculpa pra Nico, ele disse que estava tudo bem, mas continuou massageando a orelha. De repente o trem foi parando, e eu vi que estávamos em uma plataforma.

- Finalmente. – Greg falou. – Então, vamos lá. – Nós concordamos e nos levantamos, saímos do trem, e fomos caminhando pela estação, ela era simplesmente enorme, e muito imponente, ouvi as pessoas falando rapidamente em francês ao meu redor.

- Então, o que a gente faz agora? – Perguntou Nico.

- Vamos a um café, pensar um pouco. – Charlie disse. Nós saímos da estação, e fomos nos dirigindo a rua em frente, parecia que estávamos bem no centro da cidade, estava torcendo pra gente não se perder, afinal nenhum de nós já tinha estado em Paris antes. Agora eu entendo do porque de ela ser chamada a cidade das luzes, era simplesmente linda, e parecia que tudo ao redor reluzia, tinha um ar romântico a nossa volta, chegamos em frente a um desses cafés e entramos. Pedimos quatro capuccinos.

- Então, onde vocês acham que essa deusa está? – Greg perguntou.

- Vejamos, acho que ela tem que estar em um desses marcos importante em Paris, porque tipo... O Olimpo fica no Empire State, a entrada pro submundo fica abaixo de Los Angeles e também no Central Park, Éolo fica em Chicago, a cidade dos ventos. Então se nos mandaram pra cá, ela deve estar no Arco da Liberdade, ou em algum lugar nas margens do canal do rio, ou...

- Ou na torre Eifel é claro. – Falei completando a fala de Nico.

- É lógico, então vamos logo pra lá. – Falou a Charlie já se levantando e indo pra porta do Café, nós fomos atrás dela. Não pense que foi fácil chegar a torre Eifel, nós tivemos que pedir informação a quase todo mundo, mais parecia que quanto mais a gente andava, mais distante o negocio ficava. Depois do que se pareceram horas, e alguns ataques de monstros que acho que não vale a pena mencionar porque nós quatro acabamos com ele em um piscar de olhos, chegamos na imponente torre Eifel.

- Então... Vamos entrar e acabar logo com isso. – Disse Greg me puxando pela mão e foi o que nós fizemos, entramos no elevador que não tinha ninguém, afinal já era mais de 8 da noite, e apertamos o botão pra fechar a porta, quando íamos apertar o do ultimo andar, um outro botão surgiu no painel, era azul e estrelado com o número 300, Nico o pressionou, e fizemos uma subida vertiginosa ao topo da torre. As portas se abriram, e eu pude ver que estava caminhando em cima das nuvens.

- Sejam bem-vindos heróis. – Uma voz a minha direita falou, eu virei a cabeça e a olhei estupefata. Era uma mulher de longos cabelos negros, mas a pele dela parecia um manto azul completamente cheio de estrelas, como se o céu partisse todo dela.

- Sou Nix, deusa da noite.