Nesse momento, vieram na sua cabeça algumas lembranças. João se escondendo pra ela o achar, João mostrando a música nova do cantor preferido deles dois, João rindo e a chamado de chata, João tomando um choque da caneta que ela tinha emprestado, eram tantos momentos que ela tinha guardado, deixado trancado na caixinha e esquecido. E de repente, parecia que tudo tinha voltado de uma vez e que ela tinha 10 anos de novo. Um sentimento de felicidade imensa invadiu seu coração. Ela queria ir lá e dar um abraço forte, queria conversar e perguntar o que havia acontecido esse tempo todo, queria voltar a ser a sua melhor amiga. Até que se deu conta que talvez não fosse a melhor ideia fazer isso. Havia 3 anos que não se falavam. Nem um simples oi, ela não sabia nem se ele o reconheceria.

– Né Vanessa? - Geovanna procurava por sua confirmação como se fosse um assunto governamental seríssimo.

– É sim, com certeza. Marta, vem cá comprar água comigo. - falou Vanessa soando muito artificial, mas as meninas não pareceram ligar.

– Marta, não olha agora. Mas aquele ali é o menino que te falei, aquele é o João! O garoto que fui apaixonada.. Não sei se esse verbo está conjugado certo, na verdade...

– É sério? - Marta deu um gritinho de felicidade - Vai lá falar com ele e dar um abraço, pergunta como ele está e se...

– Ah e que tal eu perguntar também se ele quer casar comigo? - disse Vanessa interrompendo o ataque de Marta - Não, claro que não. Vou embora - completou ela, indo em direção ao portão do colégio.

Em casa, Vanessa pensava como faria pra se aproximar dele novamente. Ela era muito tímida e todo tipo de ideia que pensava parecia ser totalmente insana pra uma menina como ela. Passou horas deitada, não dormindo. Pensou que primeira coisa que devia fazer era cumprimentá-lo. Perguntar qualquer coisa e sair. Pelo menos assim, teria a certeza que ele teria lembrado.

Por sorte, a localização da sala de Vanessa era perfeita. Nenhum aluno poderia ir na cantina sem passar pela porta da sala. Vanessa pensou em sair da sala exatamente na hora em que João estivesse passando, então seria uma coincidência e eles se falariam. Esse era o plano, e deu certo.

Pra disfarçar ela andou um pouco ao lado dele. Poucos segundos depois, tomou coragem, respirou fundo e falou:

– João! Quanto tempo! Não sabia que estava estudando aqui, nesse horário! - ela falou qualquer coisa que veio na cabeça, perguntando-se se não estaria vermelha mesmo sendo morena.

– Oi, Vanessa! - ele esticou o braço na direção dela - Pois é, cara, fugi.

– Ah, hahaha - ela apertou a mão dele, tremendo, gelada - Certo, a gente se vê por aí.