Minhas costas estavam arrebentadas, pois eu havia dormido naquele chão, como se fosse um cachorrinho abandonado! Aquilo era um tremendo desaforo pra mim, e então quando Anthony acordasse, nós teríamos uma conversa muito séria sobre isso.

Então, fui a cozinha e tomei uma bela xícara de café preto, puro, somente com um pouco de açúcar, até que sinto uma mão, envolvendo-me. Era Anthony. Eu me afastei, demonstrando estar chateada e brava com a sua atitude infantil.

- O que houve?

- Você faz a cagada e ainda pergunta o que houve? O que houve, não é mesmo Anthony? Porque você mesmo não tenta descobrir?

- Esta falando sobre ontem? – Ele falou, aproximando-se, eu fiz um sinal para que ele parasse.

- O que mais poderia ser? – Tomei um gole do café, e engoli a seco.

- Me perdoe Tracy! Eu estava fora de mim, eu não sabia das conseqüências! Eu te amo, não quero te perder tão fácil assim, me perdoe, por favor?!

Metade das palavras que Anthony estava falando parecia totalmente falsas, e é claro que ele faria aquilo de novo, sem duvida nenhuma.

 - Não acho que você esta sendo verdadeiro comigo, e não acho que irá largar esse vicio ridículo tão cedo.

 - Tracy, você tem que entender que isso faz parte da minha vida agora! – Ele disse em  um tom alterado.

- Isso só faz parte da sua vida, porque você deixou que entrasse! – Fiz com que minha voz se alterasse mais.

Ele se aproximou de mim, e me deu um abraço, do qual eu não correspondi.

 - Te peço perdão por ter feito isso com você, realmente não foi a minha intenção. Desculpe-me Tracy!

- Esta bem, mas acho que da próxima vez não tem volta senhor Kiedis. – Eu disse seria, e fui surpreendida por um beijo, um beijo curto, em sinal de agradecimento.

Flea, já havia acordado com o barulho da pequena discussão, e então veio ao nosso encontro:

- Esta tudo bem por aqui?

- Acho – Enfatizei – Que agora esta tudo bem sim, se o seu amigo não fizer outra cagada acho que tudo ficará melhor.

- Chega dessa historia Tracy, já te pedi desculpas, e isso foi o suficiente! – Anthony me interrompeu.

- O suficiente só se for pra você, por que isso machuca, não sei se você sabe...

Flea vendo tudo aquilo, deu um pequeno basta:

- Ei! Chega tabom? Vamos parar com essa palhaçada... E, ah, Anthony.... Cuidado com o que faz , esta bem?

- Beleza, mais um para me dar sermão agora. – Ele alterou o tom de voz para um mais alto, quase gritando. – Ninguém aqui é minha mãe, e mesmo que fosse... Que tal todo mundo ir se fuder um pouco? – Ele disse, saindo do apartamento e batendo a porta com toda a força que havia dentro de si.

Flea olhou-me, e fez um sinal de negativo com a cabeça, pegando uma xícara e colocando um pouco de café, se dirigiu ate a sala, fui acompanhá-lo. Sentamos no sofá, e então ele disse:

- Acho que a coisa mais sabia que você poderia fazer é ignorar esse cuzão! Porque aposto que daqui a algumas horas ele voltará pedindo desculpas novamente.

- Ignorar não parece tão fácil assim, Flea.

- Eu sei, mas se não quer se machucar, tanto quanto já esta, seria a melhor opção...

Coloquei a xícara em cima da pequena mesa que havia do lado do sofá, e Flea me deu um longo abraço, e repetiu em meus ouvidos duas vezes: “Fique bem”.

- Acho que vou ligar para Jonas – Eu disse.

- Jonas? – Flea repetiu parecendo desconhecer aquele nome.

- Sim, Jonas. Um amigo do Michigan, que me ajudou em muitas coisas. Ele é um anjo.

- Se ele te faz bem, ou tenta pelo menos, acho que você deve ligar sim... – Disse ele, compreensivo.

Flea se levantou largou a xícara na pia, e estava se preparando para ir atrás de Anthony, antes que ele abrisse a porta, eu disse:

- Flea!

Ele respondeu com um pequeno “sim”.

- Obrigada!

Depois me lançou um olhar de “de nada, é isso que fazemos pelos amigos”  e então saiu.

Levantei-me do sofá a procura do telefone de Jonas, e achei e então disquei o numero, a ligação não se completava, só chamava e ninguém atendia aquilo já estava começando a me estressar quando soltei um pequeno grito: “Mas que porra é essa? Que porcaria”.

Hillel parecia assistir aquela cena, e então se pronunciou:

- Tracy? Que conflito é esse entre você e o telefone?

- Ninguém atende essa porcaria, e eu amo quando isso acontece!

- Ah, se acalme! Tente ligar depois, sei lá... – Disse ele, tentando me compreender.

Fomos surpreendidos por dois toques no interfone, eu corri para atender.

- Boa noite, nós temos uma visita para esse numero de apartamento.

- Visita? – Eu disse, sem entender – Qual o nome?

- Senhor Jonas.

Abri um sorriso imenso e disse:

- Pode mandar subir, por favor.

Voltei para sala com um sorriso enorme estampado no rosto, Hillel percebeu e então perguntou:

- Quem era?

- A pessoa para quem eu estava tentando ligar.

Ele fez um sinal com a cabeça e disse:

- Tracy, se não se importa, vou ter que sair, chego mais tarde... Ta bem?

- Tudo bem! – Ele me deu um beijo em minha bochecha, e então quando abriu a porta se deparou com Jonas.

Eu fiz um sinal para que ele entrasse, e então Hillel saiu, e acenou-me.

Meu sorriso triplicara, e assim, abracei com toda a força, Jonas.