Hillel e Flea chegaram completamente fora de si, acho que a noite deles, foi tão boa quanto a que eu tive com Anth.
- Bom dia pombinhos! – Disse Flea, dando risada, expondo o espaço que havia entre os seus dentes, tão fofo.
- Cale a boca! – Disse Anth, sorrindo.
- Sabemos o que rolou ontem – Hillel se pronunciou movimentando a sobrancelha e rindo
- E quer que a gente conte os detalhes? – Eu disse, caindo na brincadeira.
Flea e Hillel pegaram uma cadeira, e sentaram-se do me lado, cada um pegou em uma mão minha, e então disseram:
- Estamos aqui para escutá-la, senhorita.
Caímos no riso, terminando de tomar o café e então Anthony disse:
- E então, vamos á gravadora hoje, e preciso que fique sozinha aqui, e sabe... Preciso confiar em você, em que você não vá fazer nada. Tudo bem?
Eu sei sobre o que ele se referia: cortes e vômitos.
- Bom, não posso prometer-lhe nada, mas tento.
Ele beijou minha testa e então saiu com os meninos, que acenaram e disseram:
- Tenha um bom dia milady! - Eles sorriram e eu retribuí. Enquanto tirava a mesa, o telefone tocou umas quatro vezes, sem se cansar, e então deixei joguei as coisas dentro da pia, e correndo fui atender.
- Alô? Quem fala?
- Tracy? – Disse a voz do outro lado
- Sim, quem esta falando, posso saber? – Irritei-me.
- Olá, aqui é o Jonas.
Jonas finalmente havia ligado uma surpresa!
- Jonas! Que surpresa! Como vão as coisas?
- Vão extremamente bem! E as coisas aí? Anthony já aprontou com você?
- Estão ótimas! – Parei por um instante. – Aprontar? Porque ele faria isto?
- Sabe, é o “Anthony Kiedis” Tracy... Acho que isso já é motivo suficiente. Não acho que você mereça um homem que te trate mal nas horas vagas do seu dia...
- Não Jonas! Ele esta me tratando super bem!
- Por enquanto né. – Ele disse, deixando-me irritada.
- É melhor pararmos de falar sobre isso.
- Tracy, quero dizer-lhe uma coisa
- Fale – Disse eu, seca.
- Estou com saudades, muitas saudades, de você.
Eu soltei um pequeno “awn” e ele riu do outro lado da linha.
- Também estou Jonas!
Ficamos conversando por mais meia hora, ele havia dito a possibilidade de vir para LA me visitar, mas somente se me livrasse de Anthony, e isso me deixou extremamente irritada, mas Jonas era meu amigo, então o perdoei. Desligamos o telefone, e então eu fui aprontar algumas coisas naquele apartamento, que mais parecia um bueiro, estava em condições horríveis, eca.
Quando finalmente terminei, já eram quase oito horas da noite, e Anthony não havia chegado ainda, eu estava ficando um pouco preocupada, e já pensava na possibilidade de ele ter ido se drogar com Hillel. Eu estava sentada no sofá, procurando algum canal na televisão, até que a maçaneta se abre, revelando a silhueta de Flea.
Ele, nada disse, estava cabisbaixo, e então eu perguntei.
- Flea, você não me parece bem, aconteceu algo? Sabe de Anthony e Hillel?
- Não, não estou bem, só preciso me deitar um pouco. Ah, Anthony esta por aí com Hillel, sabe lá Deus onde eles estão neste momento.
- Acha que devo esperá-los chegar?
- Não sei Tracy... Faça o que achar melhor. Se não se importa, vou tomar um banho e dormir. Boa noite.
Ele saiu da sala, e entrou no banheiro, tomando um demorado banho. Enquanto isso ainda estava procurando algum canal, mas não estava passando nada que me interessasse, entrei no quarto em busca de um livro para ler, durante a leitura acabei pegando no sono, e acordei subitamente, com barulhos vindos da parte de fora do apartamento. Olhei para o relógio e já eram quatro horas da manhã.
Coloquei os meus ouvidos sobre a porta, e então escutei a voz de Hillel e Anthony xingando a própria porta, só porque não estavam com as chaves. Eu abri.
- Isso são horas? – Eu disse.
- Qual é, vai dar uma de “mamãe” agora? – Disse Anthony sarcástico e com certeza drogado.
- Vou, tenho o direito de saber onde você estava, e porque chegou há essa hora.
- Se liga Tracy, não devo satisfação pra você, eu sei me cuidar, se não se importa. Vadia nenhuma vai me dizer o que fazer.
Eu fui levada por uma onda de ira, por aquela simples palavra “vadia” talvez pra ele, todas as mulheres com quem ele se deitava, fossem vadias. Descontrolada, dei um tapa, ardido em sua cara, ele me pegou pelos braços e disse aos berros:
- Nunca mais faça isso, entendeu? – E então jogou-me no chão, trancando-se no quarto em que dormimos a noite passada.
Levantei-me e surrei a porta, gritando:
- Abra essa porcaria! Aonde eu vou dormir? Abra isso, abra essa porra Anthony!
- Se vira! Agora tem o que merece!
Anthony era mesmo um filho da puta, um covarde, e achava que o mundo girava ao seu redor. Coitado.
Peguei a colcha que cobria o sofá, algumas almofadas e dormi ali na sala,  acordando com uma dor terrível no dia seguinte.