Mais uma vez eu me encontrava naquela situação. Sentada no banheiro, de frente para a banheira e esperando a água que caia do chuveiro, enche-la. Pensando novamente em meus grandes e terríveis problemas, e talvez o pior deles, no qual convivo desde que tinha treze anos de idade. Como uma pequena fracassada, levantei-me enxuguei as lagrimas que caiam pelo meu rosto, borrando minha sombra preta, fazendo-me sentir como se eu fosse uma das piores coisas que havia no mundo. Desliguei o chuveiro, fui checar a temperatura da água, que estava perfeita para um dia chuvoso e ruim como aquele. Tirei a minha roupa, e entrei na banheira, tomando um ligeiro choque térmico. As marcas ardiam cada vez que eu passava o sabonete sobre elas, mas isso não era o verdadeiro problema.
 Fiquei estirada na banheira durante uma hora, minha mãe havia saído neste intervalo de tempo, e foi aí fiz o que fiz. Minha mãe, uma pessoa extremamente boa e de coração aberto, que sabia somente metade de meus problemas, a outra metade eu escondia de tudo e de todos, e não... Não eram as drogas. Rachel, mãe, protetora, amorosa, carinhosa, um anjo, completamente. Ajudava-me nos momentos de crise, e infelizmente gastava muito dinheiro com o psicólogo particular, que por um acaso não ajudava em nada.
Bom, no momento só estudo e estou no ultimo ano da escola, e me preparando para a fase adulta que esta por vir, mas não acho que sou capaz de sobreviver ate lá, do jeito que as coisas estão indo. Novamente, os meus famosos problemas atrapalhando os meus estudos, provavelmente irei repetir este ano, do contrario só se um milagre acontecer. As coisas estão ficando caóticas.
Vontade de voltar a minha infância, vontade de voltar no tempo não me falta, por algum momento pensar que isso nunca iria fazer parte, e tomar uma parte imensa dela. A única coisa, da qual me faz fugir de tudo isso, já que ainda não tiveram como inventar uma maquina do tempo, é a musica. Música, música e música que me faz sentir o verdadeiro dom da vida, de como somos abençoados por estarmos aqui, e respirar isso, realmente me faz muito bem. Mas, não podemos escutá-la o dia inteiro, vinte e quatro horas por dia, e quando fico apenas algumas horas sem escutá-la os problemas voltam a tona de novo. Drama? Talvez, e isso pode ir da opinião de cada um.
Tudo o que eu realmente quero é me livrar de tudo isso, e conseguir me concentrar nos “planos para o futuro”, do qual fazem parte, concluir os estudos, e iniciar uma faculdade, novamente, relacionada a musica.  Falar sobre esses “planos” realmente me irrita, pois a pressão que minha mãe exerce quanto a isso é enorme, e por isso, nós discutimos, e muitas vezes ficamos sem nos falar por alguns dias, mas depois desses “alguns dias” Rachel sempre diz que tudo ficará bem, e acho que essa promessa nunca se cumpriu, até hoje. Pelo menos pra mim.