Rescued escrita por Lolla


Capítulo 15
Finalmente.


Notas iniciais do capítulo

Oláá,
Tudo bem com vocês, pessoinhas?
Mais um cap. pra vocês XD
Boa leitura e obrigada pelos reviews maravilhosos que vocês sempre me mandam!



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                Minha vida se complicou desde então. Muitas consultas, muitos remédios, muitas agulhas intravenosas. Depois de descobrir sobre o derrame, tudo o que Ethan pode fazer foi me apoiar, me ajudar a me recuperar o mais rápido possível. Ele me visitou todos os dias que pode, até sua mãe o proibir de me ver, pois estava atrapalhando seus estudos. Claro que concordei com ela. Não quero ser um fardo para mais ninguém.

                Depois de algumas consultas e exames, o Dr. Yusha me avisou de que meu derrame não foi causado por alguma genética de algum parente distante, e sim puro azar. Aconselhou-me a não fazer esforços desnecessários por um longo tempo, assim como emoções muito fortes. Meu pai resolveu então de que eu não poderia mais ver Ethan até me recuperar, mas quando ameacei dar um chilique imenso, ele deixou a ideia maluca de lado. Sobre minha mão esquerda, Dr. Yusha me acalmou, afirmando que com algumas sessões de fisioterapia, eu seria capaz de fechá-la e abri-la novamente.

                - Este caso foi extremamente raro, Sr. Strecker. Eu e meus companheiros estamos pesquisando sobre isso, e com os exames feitos por Taylor ontem, acho que vai ser possível chegar a um resultado. Até agora estamos em um impasse, sinto muito.

                - Em um impasse? Vocês são um bando de incompetentes, isso sim! A minha filha de dezesseis anos teve um derrame! Um derrame, pelo amor de Deus! Ela poderia estar morta agora! Você e seus companheiros conseguem compreender isto?! Se não sabem a causa ainda, tratem logo de descobrir! Eu não conseguiria sofrer mais uma perda! –Dizendo isso, ele vai embora do hospital furioso. Uma lágrima escorre por minha face. É tão frustrante ter que o ver passar por esta situação. Como eu gostaria de não ser um peso na vida das pessoas. Eu só causo discórdia, preocupação. Sou um fardo para Ethan, para meu pai, era um fardo para minha mãe. Talvez eu devesse ter morrido.

                - Ei querida, por que está chorando? –Pergunta Keira, a enfermeira mais legal que eu já conheci. De repente sua face muda de curiosa para preocupada. –Está doendo, docinho?

                Nego, alegando só estar cansada. Ela injeta uma dose de sonífero em meu tubo intravenoso e sai do quarto. Fico alerta por mais dois minutos, antes de apagar completamente em meu sono artificial.

                Depois de mais alguns dias daquilo, percebo que o único jeito de eu dormir de novo é através de calmantes. Mesmo depois de o médico ter cortado eles de meus remédios diários, Keira continua a trazê-los, em forma de comprimido. Meu pai não me visita mais. Diz ter raiva de entrar neste hospital incompetente, mas nós dois sabemos que é um pretexto para ele não ter que gastar mais de seu tempo comigo. Por isso, minhas únicas diversões são assistir A Pequena Sereia repetidas vezes sem nunca se cansar (uma proeza que eu adquiri depois de ficar dois dias entediada) e ler. Estes dois passatempos só foram possíveis graças Keira, que arrumou livros e o filme através de Ethan.

                - Querida? –Chama Keira, tirando-me de um transe. Ela está sorrindo em seu jeito habitual e segura uma carta na mão. Carta? Olho curiosa e franzo a testa. Ela estende a carta encorajadora.

                - Para mim? –Ela assente e sai do quarto, me deixando sozinha para lê-la calmamente. Abro cuidadosamente sem saber quem é o remetente. A carta está cuidadosamente dobrada e exala um cheiro de colônia masculina.

Eu acho que não é preciso formalidades aqui, não é?

                Só queria dizer que estou morrendo de saudades, e já que não posso te visitar, estou aqui em meu quarto tentando expressar o quanto é péssimo a escola sem você. A nossa árvore não tem graça sem você sentada nela, nem a aula de trigonometria, nem o lanche, nem a saída, e não me obrigue a falar de como é um mártir ter que ir para casa sozinho. Além de ter que aturar as investidas da Anne, o que já é um pesar.

                Como você esta? Ta doendo alguma coisa? Eu queria poder ver o seu rosto e ouvir a sua voz de novo. Tá, isso é um tanto clichê, mas você sempre me deixa assim. Parecendo um babaca. Minha irmã me pergunta todo santo dia quando é que você vai voltar e quando disse que estava no hospital, ela chorou. Minha mãe também não é de todo mal. Ela está aqui me mandando pedir sinceras desculpas, alegando que eu já vou mal na escola sem este problema. Ela também deseja melhoras e que você venha passar a tarde em casa outra vez.

                 Outro dia eu estava andando pela rua e tomei um sorvete naquela sorveteria onde você foi atropelada. Acho que tudo me faz lembrar de você. Até aquelas flores amarelas que você insiste em pegar toda vez que passamos por ela quando voltávamos para casa. E aquela música ridícula que você gosta se tornou viciante, só por você gostar dela.

                Enfim, se você não percebeu ainda, eu estou ficando realmente louco. Quero dizer, eu nunca fui de escrever cartas. Principalmente as românticas! E cá estou eu, quase querendo me enviar junto para o hospital, só pra ficar perto de você. E sim, eu poderia usar o telefone, mas você mesma disse que não gosta destes “aparelhos modernos” (como se você pertencesse a uma época passada). Também sei que você gosta de cartas e tem uma queda por garotos que as usam para comunicação. Ahá, eu sei mais de você do que pensava, não é mesmo?

                Bom, vou me despedindo (infelizmente), porque eu não aguento mais escrever e minha mão está começando a latejar. Desculpe. Prometo escrever outras, se você prometer retorná-las.

                Até breve, Tay (assim espero).

                                                            Ethan.

Ps: Está gostando dos filmes e do livro? Dá próxima vez eu mando outros, é só me informar quais.”

                Ao terminar, sinto uma vontade louca de arrancar todos os fios que me prendem neste quarto branco e mal cheiroso, e correr o mais rápido que meus pés aguentarem até a casa de Ethan. Ele está certo, eu tenho mesmo uma queda por garotos literários. Quando estou a guardar a carta no envelope novamente, percebo que há mais um conteúdo lá dentro. Retiro de lá uma flor pequena e delicada, na cor amarela radiante. A mesma que eu sempre colho e ponho em meus cabelos. Inspiro seu arome refrescante e adocicado e arrumo-a em uma mecha perto das têmporas. Resolvo que quero respondê-lo imediatamente. Peço caneta e papel para Katie e se possível um envelope. Ela logo me traz tudo e deixa o quarto.

                “Hey,

                Você tem razão (sempre tem) quando disse que tenho uma queda por garotos que se comunicam através de cartas. Não sei se vai entender, mas é romântico e delicado (nada que combine com você).

                Ok, vou parar de te irritar agora e começar a falar de como um hospital pode ser chato! Os médicos são frios e as enfermeiras mal-educadas. Menos Keira, uma amiga que arrumei aqui para passar o tempo. Acho que gostaria dela, se você ainda me visitasse.

                Respondendo a sua pergunta, não, não sinto nenhuma dor. Bom, algumas fisgadas na cabeça, mas passam rápido. O problema é que estou sendo induzida com remédios para dormir e o médico disse que isso poderia se tornar um vício. Não estou muito preocupada com isso, na verdade. É que você sabe o quanto eu odeio remédios. E agulhas. E elas estão por todas as partes de meu corpo!É agonizante. Ainda não descobriram a causa de meu derrame e por isso eu posso ficar bastante tempo sem sair daqui. Mas quando eu voltar para escola, espero que a Anne esteja preparada para minha fúria canina. Ninguém investe no meu namorado. Nem aquela Barbie de araque, nem ninguém! Espero que você não tenha saído tanto assim e encontrado alguém melhor do que eu!

                Acho que você está tão entediado que está até gostando das minhas músicas. Mas a saudade também conta. Falando nisso, estou com saudades suas também. Do seu cheiro. Você cheira bem, não sei se já disse isso... Por sorte a sua carta tem o seu cheiro. Isso me acalma tremendamente.

                Manda um grande beijo para sua mãe e diga para a pequena que assim que eu sair do hospital eu visito ela. Fala para sua mãe não se preocupar, que eu entendo perfeitamente e apoio ela. Você tem que ir bem nos estudos! Como vai passar de ano, entrar em uma boa faculdade e ter um bom emprego para se sustentar? Se eu pudesse eu acabava com todo este problema que eu venho causando desde que entre em sua vida. Desculpe-me pelo tumulto, Ethan.

                Adorei realmente a flor e já estou até usando ela em seu lugar usual, em meu cabelo. Dá próxima vez pega aquelas flores roxas que ficam naquela árvore perto da farmácia. Eu amo elas, mas nunca as alcancei. Sabe que sou baixinha.

                Obrigada mesmo pela carta maravilhosa. Saiba que ela animou meu dia e me deixou mais feliz. Espero que eu cause isso em você também. Se eu não morrer com o derrame, eu morro de saudades de você.

                                                        Taylor.

Ps: Eu estou me divertindo muito com os filmes. Já vi milhões de vezes. Se você puder, traz aqueles filmes que estão na prateleira direita, perto da TV da minha sala. São meus favoritos. Obrigada por tudo que você vem fazendo por mim, Ethan.”

                Depois de terminar a carta e pô-la no envelope, dou um beijo nela e entrego para Keira, que diz que consegue arrumar um jeito de entregar a carta nas mãos de Ethan, já que ele mora perto do hospital. Agradeço tremendamente ela e volto a assistir TV.

                Duas semanas se passaram desde minha carta. Ethan respondeu no mesmo dia, praticamente. Foi até engraçado. Mandávamos cartas um apara o outro diariamente e isso virou um hobby para mim. Era divertido, no final das contas e até ele, que até então não gostava destas coisas, estava se divertindo. Ao todo foram 24 cartas.

                Ele veio me visitar em um dia inesperado, com sua mãe e a irmãzinha. Foi a tarde mais divertida que eu tive em todos meus dias de hospital. Claro que quando a mãe e a pequena foram na cafeteria comer um pedaço de bolo, nós nos agarramos instantaneamente. Como eu estou só sob observação e daqui a uma semana vou ser liberada, o bip não estava conectado ao meu corpo. E dou graças a Deus por isso, porque se não ele estouraria. Quando Lisa volta com a pequena Marylou, minhas bochechas estão fervendo. Ela até pergunta se estou com febre e se precisa chamar a enfermeira. Só sei que Ethan ficou rindo sozinho no canto da sala enquanto sua mãe se preocupava com sintomas que eram nada mais que vergonha.

1 semana e meia depois

                Finalmente. Não consigo acreditar em mim mesma. Estou finalmente saindo desta prisão branca. Deste confinamento forçado. Não consigo nem sentir saudades quando me despeço dos médicos. Menos, é claro, de Keira. Prometo que venho visitá-la mais cedo e saio do hospital radiante.

                Quando piso o pé no chão de cimento, um raio de luz me atinge, esquentando meu corpo congelado desde então. Esta sensação é tão gratificante que fico parada alguns minutos, absorvendo toda vitamina C e alegria que me é possível. Ouço um pigarro não muito longe dali e sei que é direcionado para mim. Abro meus olhos sorridentes e olho para a figura do outro lado da rua. Se cabelo está mais bagunçado do que o normal, deixando-o mais charmoso. A roupa está largada como sempre. Bermuda e uma blusa com alguma frase engraçada. Corro para seus braços abertos, impulsionando todo meu peso para seu colo, que me pega e me gira, quase me fazendo cair no chão.

                - Precisa treinar mais, docinho. Não consegue mais me levantar direito... –Repreendo-o com um sorriso zombeteiro. Ele da outro e morde meu pescoço, me fazendo dar um grito assustado.

                - Não tenho culpa que o único hobby que encontrou naquele hospital foi comer. –Ele diz. Abro a boca em choque e puxo seu cabelo.

                - Nunca fale a uma mulher que ela está gorda. Nós ficamos com complexo. Não me culpe mais tarde se eu for internada por desidratação ou anorexia. Irritante. –Ele solta uma risada e me beija, ainda me segurando. Na verdade, ele começa a andar comigo no colo. –Ei! O que pensa que está fazendo? Me solta! Está machucando minha pobre bunda! Ai!

                - Você não pode fazer muito esforço, milady. Permita-me carregá-la até sua residência.

                - Não, não permito. Agora me solta! Seu monstro! –Começo a bater nas suas costas, mas é não interfere em seu plano maligno de me carregar.

                - Calma aí, Taylor, sua estressada. Parece que voltou mais nervosa do hospital. E mais forte também. –Ele geme esta última parte. Dou uma risada e deixo ele me carregar. Subo de cavalinho, com ele segurando minhas coxas. Então ele para abruptamente.

                - O que foi? Por que parou? –Pergunto curiosa. Ele simplesmente me põe sentada em seus ombros. O problema é que eu tenho medo de alturas, e cara, Ethan é alto. Esperneio e começo a gritar, mas ele me segura, dizendo que não vai me soltar de jeito nenhum. –Por que está fazendo isso? Não espera que eu vá até minha casa assim, espera?- Digo assustada com a sua intenção. Ele nega com a cabeça, com um sorriso bobo e aponta para cima. Só então percebo que estamos em baixo daquela árvore com flores roxas que eu nunca consegui alcançar. Rio um pouco e pego algumas dos galhos. O cheiro delas é mais incrível que da pequena flor amarela. Ponho algumas em meu cabelo e o resto, prendo no cabelo de Ethan, que mesmo protestando, não as tira.

                Ele me tira de seu ombro quando chegamos na portaria de meu prédio (no final das contas, deixei ele me levar assim para casa) e ele me agarra antes que eu posso andar até o elevador. Me da um beijo avassalador.

                - Você e eu vamos a um bar assistir a banda de um amigo meu amanhã à noite. É uma ordem. –Ele me dá mais um beijo, desta vez explorando minha boca com a língua e vai embora, acenando. 


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Notas finais do capítulo

Desculpe algum erro de gramática e tenho que avisar que semana que vem minhas provas começam, por isso vou ficar sem postar nada, desculpa gentee! Mas prometo que volto rápidinho, ok?
Esse cap. foi meio parado e nada explicativo, eu sei, mas no próximo vocês vão saber a causa do derrame e muito mais! O que será que vai acontecer neste bar, hein? Muahahaha
Beijinhos e até o próximoo!



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