Theres No Going Back. escrita por Mandimcfly


Capítulo 8
Capítulo 8 - Duvidas


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo é no POV da Alisson.
Ficou maiorzinho.



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POV Alisson

Acordei e sorri, ao sentir que ele estava com os seus braços em minha volta. Tirei cuidadosamente os seus braços de minha volta e me levantei.

Após fazer a minha higiene matinal, fui até a cozinha preparar o nosso café da manhã.

Ninguém podia negar o que ele havia feito por mim. Eu nunca me esqueceria, e na primeira oportunidade eu devolveria.

Eu estava em um colégio caríssimo. Havia saído daquela espelunca que eu morava.

Tinha um namorado maravilhoso. Cavalheiro e totalmente europeu com aqueles olhos azuis e cabelo loiro.

Fiquei esperando-o acordar enquanto arrumava algumas coisas que haviam ficado fora do lugar. Fui até o escritório e organizei alguns papeis que ele havia deixado esparramado.

Não demorou muito para eu sentir seus braços envolta da minha cintura e seus lábios contra o meu pescoço.

- Bom dia. – Murmurou.

- Bom dia. – Murmurei e me virei beijando os seus lábios. – Dormiu muito em? – Brinquei.

- Você me deixa exausto. – Brincou. – E olha que nem fizemos nada.

- Você anda muito fraco. – Murmurei e novamente colei nossos lábios.

Fomos para a cozinha e começamos a tomar o nosso café da manhã.

Enquanto comíamos, comentávamos sobre a noite anterior. Ele estava bastante feliz pelo fato do Aidan ter ido nos visitar. Ele sentia falta do amigo, era evidente.

Após terminarmos de tomar o nosso café, ele me ajudou a lavar as louças e depois fomos assistir a um filme.

O dia estava chuvoso e isso só despertou a nossa vontade de passarmos o dia inteiro na cama, apenas curtindo um ao outro.

- Meu pai chegará sábado. Vai ser chato entrar na segunda-feira e não ter muito que fazer. – Comentou.

- Você poderá descansar um pouco. Anda meio chorão. – Comentei.

- Hmm. – Murmurou, cheio de manhã.

Ele deitou no meu colo e eu comecei a brincar com os seus cabelos loiros.

Não prestávamos a atenção em mais nada. Nem no filme. Estávamos em uma conexão tão grande, que nada mais fazia sentido.

Passaram se longos minutos e ele então começou a me beijar.

Os beijos eram cada vez mais intensos e urgentes.

Ele fora o primeiro homem que despertara essa sensação de desejo em mim.

Sempre que eu fazia sexo era totalmente por causa do dinheiro. Eu fingia que estava gostando, para que os homens não achassem ruins e me batessem. Mas, a verdade é que eu chegava a ficar entediada.

Mas, com o Tyler era totalmente diferente.

Ele conseguia que eu ficasse com vontade de tê-lo.

Não demorou muito para que ele tirasse a minha blusa e começasse a me beijar com mais urgência ainda.

Pouco tempo depois estávamos apenas com as roupas intimas.

- Pronta? – Perguntou, após colocar o preservativo.

- Sim. – Mais gemi do que falei.

E então ele nos uniu.

Não demorou muito e chegamos juntos ao clímax. Ele caiu do meu lado e me puxou para ficar em cima dele e continuarmos nos beijando.

- Cada vez fica mais surpreendente. – Confessou.

- Você é o melhor. – Confessei.

- Quero ficar aqui deitado, depois tomamos banho. – Disse manhoso.

- Hmm. – Apenas murmurei.

Passamos um longo tempo fazendo juras de amor. Às vezes ele dizia algo bem engraçado e quebrava o clima. Mas, retornávamos aos beijos e tudo voltava ao mesmo jeito.

- Amor, você já pensou em se casar? – Perguntou a mim.

Eu nunca pensei que teria um namorado. Ainda mais me casar. Era um pensamento que se fosse há 1 mês atrás, eu poderia estar me considerando louca.

- Amor, há 1 mês atrás praticamente, eu nem pensava que teria um namorado.

- Você gosta do seu namorado? – Perguntou abobado.

- Ele é meio manhoso às vezes, mas nada que alguns beijos não resolvam.

- Estou me sentindo manhoso. – Disse e riu em seguida.

Beijamos-nos por um tempo, até que eu tomei coragem de perguntar:

- Porque da pergunta?

Ele ficou calado por alguns segundos, até dizer:

- Eu nunca me imaginei casado. Passava todos os finais de semana com uma mulher diferente.

- E a Ally? – Perguntei.

- Vamos mesmo falar dela? – Indagou.

Sempre que o nome dela era mencionado, ele mudava a sua expressão. Parecia que lhe causava uma sensação ruim.

- E se eu disser que sim?

- E se eu disser que não? – Retrucou. – Não vamos ter essa discussão, por favor.

- Algum dia alguém ainda vai me contar. Será pior, porque não virá de você. – Comentei e me levantei.

Ele tentou me pegar, mas eu já estava no banheiro.

Passei e tranquei a porta.

Eu queria ficar sozinha.

Provavelmente eles estavam mais juntos do que nunca. Talvez não houvesse sido apenas uma aposta.

- Amor, abre essa porta. – Murmurou do outro lado.

- Preciso ficar um tempo sozinha, por favor. – Murmurei de volta.

- Tudo bem. Vou aceitar a sua decisão. – Disse e voltou-se o silêncio.

Passei diversos minutos abaixo do chuveiro. Nós nos amávamos, mas a insegurança batera na porta. Eu estava sendo completamente infantil. Ele não merecia isso, mas ao mesmo tempo eu não conseguia ir até ele e pedir desculpas.

Sai do banheiro e peguei uma de suas camisas xadrez e a vesti. Coloquei uma calcinha confortável e fui para a sala.

Ele estava assistindo a um programa qualquer. Sentei ao seu lado, mas ninguém puxou assunto. Passaram-se alguns minutos e ele se levantou. Vestia apenas uma cueca boxer. Provavelmente ele tomaria banho.

Fiquei pensando nas probabilidades. Será que ele chegara a pedir ela em casamento ou pensado em pedir? Não havia motivos para ele desviar do assunto.

Depois de um tempo ele voltou. Estava somente de bermuda.  Ele se sentou ao meu lado, e passou o braço envolta da minha cintura. Não criei objeções.

- Cheguei a pensar em pedi-la em casamento. Mas, na semana anterior, o pai dela veio conversar comigo. – Começou. – Ele me disse que faria de tudo para não ficarmos juntos, que eu não a merecia. E então, eu contei a ela sobre a aposta, mas que eu já havia começado a gostar dela de verdade.

Esperei ele continuar. Mas, antes entrelacei os nossos dedos.

- Mas, brigamos feio. Ela saiu do meu apartamento e nunca mais voltou. Também não corri atrás. Fiquei mal por um tempo. Depois de uma festa, resolvi parar e pensar. Meu pai viu o meu estado e fez uma proposta para eu trabalhar com ele.

- Você aceitou logo de cara? – Perguntei.

- Não. Quase xinguei ele. Ele queria que eu fizesse como Michael. Aceitasse a sua ‘ajuda’ e começasse a ser o seu escravo. Passaram-se dois meses e eu resolvi aceitar. Eu já não agüentava mais a minha antiga vida.

- E conseguiu mudar a sua vida?

- Os primeiros dias eu passei a me interessar, mas queria continuar a sair e beber. Na quinta-feira mudei de apartamento, vindo morar nesse. Resolvi no sábado ir a qualquer lugar para beber e distrair-me.

Ficamos em silêncio por alguns instantes, e ele prosseguiu:

- Cheguei a uma boate qualquer e, ao ver uma garota de lindos olhos verdes o meu mundo parou por alguns instantes. Não consegui parar de olhá-la. E ela também não tirava os olhos de mim. Depois descobri que ela queria apenas que eu pagasse a ela para fazer qualquer coisa comigo. – Pausou. – Mas, eu não conseguia. Achava ela frágil além de tudo. Ofereci uma carona e a partir daí, tudo mudou.

Ele havia chegado à parte que ele me conheceu.

Recordo-me que quando ele entrou na boate, todas as meninas que dançavam comigo comentaram o quanto ele era gato.

E estava mesmo. Vestia-se como um riquinho mimado. Estava com a barba de provavelmente três dias, sua camisa era azul claro, quase da mesma tonalidade de seus olhos e a calça jeans. Calçava um sapatênis que caia perfeitamente.

Houve um pequeno dialogo entre nós dois e depois fomos até a área reservada. Ele havia me dado dinheiro para apenas conversar com ele.

E quando eu ia saindo da boate ele oferecera uma carona. Mas, na verdade eu queria conhecê-lo melhor e também distrair um pouco.

- Você foi à melhor coisa que aconteceu em toda a minha vida. – Confessei e o abracei.

- Nunca vou largar você. – Prometeu. – Talvez eu estivesse agora com uma mulher naquela cama. Eu não agüentaria por muito tempo.

Ficamos abraçados por um longo tempo.

Recordei também que as coisas entre nós dois foram rápidas, mas não precipitadas. Acho que havia um desejo de ambos ficarem juntos, e no domingo quando fomos ao almoço na casa do pai dele percebi que ele de certa forma estava feliz com a minha presença. E eu também estava.

E após ele ir à boate comigo e ter inventado uma desculpa qualquer para o dono, não resisti e o beijei. Apesar de ter sido por alguns segundos, foram os mais impressionantes que eu havia vivido.

Depois de nos separarmos do abraço, deitei a minha cabeça em seu colo e continuamos a assistir ao programa na TV. Ele brincava com os meus cabelos e quando eu o olhava, ele abria o lindo sorriso de sempre.

Ele me convidou para morar com ele na segunda-feira. Eu precisava na época resolver algumas pendências. Mas, não havia duvidas alguma que eu já não conseguia vê-lo apenas como um simples amigo.

O fato dele também não falar sobre sexo por um tempo ajudou. Apesar de ter sido a minha ‘profissão’ por anos, era como se eu estivesse virgem outra vez. Sem coragem alguma.

Iríamos fazer amor.

E não sexo.

Era uma situação completamente diferente.

A cada dia que se passava, ele era mais atencioso e preocupado. Havia algumas noites que ele sonhava dizendo palavras tais como: ‘Alisson, eu te amo’ e ‘Alisson, eu preciso de você’. Certamente ele não sabia que dizia essas palavras.

Voltei a estudar, por vontade própria. Apesar de ele ter perguntado se eu queria voltar, eu sabia que ele não forçaria se eu dissesse não.

Ele também ainda sonhava com o Michael. Falava coisas relacionadas a ele. Era complicado, eu queria ajudá-lo. Entretanto, não queria invadir tantos os seus medos. Seria pior para nós dois.

- Vou preparar alguma coisa para nós. – Murmurei e lhe dei um selinho.

- Vou ligar para a minha mãe. – Murmurou.

Fui para a cozinha e preparei sanduíches naturais e suco. Recorríamos a esses alimentos sempre que estávamos com bastante fome e principalmente, preguiça.

No colégio, logo no primeiro dia eu fizera algumas amizades.  Entretanto, não queria me envolver muito, eu não era do tipo de pessoa de se envolver muito com as outras.

A vida me fizera ficar assim, não havia como eu negar.

E por incrível que pareça, havia alguns garotos que davam em cima de mim. Certamente, eu não dava bola para eles. Não haveria homem melhor que o Tyler. Mas, teria um baile dali a algumas semanas, e eu não sabia se ele queria ir comigo.

- Está pensativa. – Tyler murmurou me tirando dos pensamentos recentes.

- Você iria a um baile de colegial? – Perguntei, enquanto começávamos a comer.

Ele ficou em silencio por um tempo, e então disse:

- Se eu fosse convidado.

- Vou me esquecer dessa parte. – Murmurei seca.

Não tocamos mais no assunto. Ele fizera graça, como sempre. Mas, havia algo em mim hoje que eu não sabia o porquê estava agindo daquela forma com ele.

Ele também parecia não entender.

Propôs a lavar as louças e eu segui para o nosso quarto.

Arrumei a nossa cama e recolhi a toalha molhada sob ela. Eu havia dito a ele para não deixar a toalha na cama diversas vezes, mas todos os dias, ele deixava.

A chuva havia voltado. Resolvi levar algumas peças de roupa até a lavanderia.

- Amor, estou indo até a lavanderia, tenho que recolher algumas de suas camisas e os seus ternos. Já volto. – Avisei e ele apenas assentiu.

Apesar de ter 17 anos, eu nunca agira como uma adolescente com ele. E não poderia começar a agir dessa forma. Pois, dali a alguns dias ele se irritaria e seria pior.

Não havia ninguém na lavanderia, menos mal. Eu odiava ter que puxar assunto para ser educada demais. E as outras mulheres sempre perguntavam com o Tyler era, e isso me deixava com ciúmes.

Peguei já passados os seus ternos e deixei as outras peças. Ainda bem que o Tyler pagava alguém para lavar e passar as nossas roupas. Eu odiava essa parte de dona de casa.

Cheguei ao nosso apartamento e segui direto para o nosso quarto. Coloquei nos devidos lugares os seus ternos, com o máximo de cuidado para não amarrotar e organizei as gravatas.

Ele estava no banheiro, pois a luz estava acesa. Fui para a sala e novamente coloquei em um canal qualquer.

Pouco tempo depois, ele apareceu. Havia feito a barba, eu gostava dele com a barba de no máximo 3 dias.

- Já voltou... Foi rápida. – Comentou e me beijou.

- Uhum. Não havia ninguém para eu ter que puxar assunto.

- Porque está tão irritada hoje? – Perguntou.

- Não sei. Desculpa-me. – Murmurei e deitei a minha cabeça no vão do seu pescoço.

- Tudo bem. E é obvio que eu vou ao baile. Só queria descontrair, não me leve a mal.

- Fui uma idiota. Vou conferir a data depois.

- Vou esperar. Quero namorar um pouco. – Disse maliciosamente.

Começamos outra vez a guerra de línguas e beijos. Mas, não se passou disso. Não que ele estivesse animado, mas que houvera um problema.

A porcaria da minha mestruação havia descido. Corri até o quarto e dei graças a Deus de eu ter trago da minha antiga casa os absorventes.

Voltei pouco tempo depois e o Tyler me encarava confuso. Eu tinha saído correndo do seu colo, e o deixado definitivamente na mão.

Ele tinha consciência que mulheres possuíam esse desconforto. No entanto, eu ainda sim tinha vergonha de comentar.

- Ér... minha mestruação. – Falei fazendo gestos nervosos com a mão.

- Ah, claro. Tudo bem. Já volto. – Disse e saiu. Provavelmente indo até o banheiro.

Passaríamos mais de 4 dias sem sexo. E eu ficaria totalmente irritada e ainda mais, com uma terrível cólica que começaria hoje. A qualquer momento.

Ele voltou pouco tempo depois com um sorriso tímido nos lábios. Sentou-se no sofá e me puxou para junto dele.

Não dissemos nada, apenas ficávamos fazendo carinho um no outro.

Já se passavam das 19 horas, decidi escovar os dentes e tomar um banho antes de ir para a cama. Ele não perguntou nada, apenas sorriu quando me levantei.

Fui para a cama e logo puxei as cobertas para cima de mim, esquecendo-me de qualquer coisa.

O Tyler continuou organizando as suas coisas para o dia seguinte, mas não demorou a ele tomar banho e também vir para a cama.

- Vamos mesmo dormir nesse horário? – Brincou. Olhei no relógio e eram 21 horas.

Sempre íamos dormir depois das 23 horas, mas hoje seria diferente. E provavelmente eu acordaria a noite com aquela dor terrível.

- Duvido que eu não acorde e passe a noite em claro, por causa dessa maldita dor. – Comentei. Já que a dor começava a se instalar.

- Quer que eu faça massagem? – Sussurrou, colocando a mão no meu ventre.

- Hmm. – Gemi de dor.

E então, ele começou a fazer a tal massagem. Não sei o quanto demorei a dormir, mas foi rápido. De início, ele havia feito à cólica diminuir a intensidade.

Acordei por volta das 4 horas, ele dormia calmamente com os seus braços em minha volta. Fiz o máximo de esforço para não acordá-lo e ir até o banheiro.

Fui para a cozinha tomar água e procurar algum analgésico para também a minha dor de cabeça.

Havia alguns, ainda bem. E por incrível que pareça, também havia remédios para cólica. Aproveitei e tomei um. Voltei para a cama e me aninhei a ele, e instintivamente ele voltou a passar os braços em minha volta.

Observei o seu rosto, e ele parecia um deus grego. As linhas finas de seu rosto eram perfeitas. Ele estava com o semblante sério, provavelmente estava sonhando algo desagradável.

Não deu para eu saber o que era, já que ele não disse nada.

Por fim, voltei ao meu sono.

                                                             ~~~~~~~~~~~~

Acordei com o Tyler me chamando e beijando os meus lábios, da mesma forma que ele fazia todos os dias. Ele estava por cima de mim, e seus braços sustentavam boa parte do seu peso.

- Vamos, amor, acorde. – Sussurrou mais uma vez.

Desisti. Ele vencera. Retribui mais um beijo e ele sorriu.

Levantou-se e eu o segui. Fomos juntos para o banheiro. Sempre tomávamos banhos juntos pela manhã, pela falta de tempo.

Enquanto eu penteava o meu cabelo depois do banho e ele vestia o seu terno, ele perguntou:

- Sentiu muita dor nessa noite?

- Um pouco, acordei por volta das 4 e fui até a cozinha. Tyler, porque você tem remédio para cólicas? – Eu precisava perguntar.

- Ah, é por causa da Caroline, ela também sente fortes. E eu nunca sei quando ela estará por aqui, já fiquei prevenido. – Respondeu normalmente.

Ele terminou de se vestir e ficou me observando. Fomos tomar café, e enquanto comíamos, ele me perguntou:

- Você está bem para ir ao colégio? Se não estiver, não precisa ir. Sabe que eu não estou te cobrando nada.

- Estou bem sim. Só é uma cólica, amor. Vou levar alguns comprimidos. – Murmurei, fazendo um carinho leve em seu resto.

Eu queria tanto tocá-lo, passar o dia inteiro tocando-o.

Ele pegou as minhas mãos e as beijou, antes de se levantar e me puxar para um beijo.

Depois que nos separamos, ele encostou as nossas testas e sussurrou:

- Amo você.

- Também te amo. – Sussurrei e voltei a beijá-lo.

Separamos-nos e enquanto eu ia para o nosso quarto para terminar de me arrumar, ele organizava as coisas da cozinha.

Ele apareceu depois e me entregou a gravata que usaria para combinar com a camisa preta. Fiz o nó em pouco tempo e depois lhe dei um selinho.

Peguei a minha mochila e ele a sua maleta. Saímos de mãos dadas e quando chegamos ao carro o celular dele tocou.

- Sim, Jenine? – Murmurou logo que atendeu. – Chegarei daqui 20 minutos. – Desligou em seguida.

- Algum problema? – Perguntei enquanto ele dava partida no carro.

- Não muito grave. – Respondeu levemente irritado.

Liguei o rádio em uma estação qualquer e deixei baixo. Quando chegamos ao meu colégio, beijei os seus lábios brevemente e sai.

Ele me fitou confuso por não ter dito nada.

Olhei para trás a cada vez que eu me distanciava mais e ele ainda me olhava.

Passei pelos os rostos já conhecidos e ao chegar à minha classe as meninas vieram falar comigo:

- Aconteceu alguma coisa Alisson? Está com uma cara péssima. – Katharine perguntou.

- Não, só estou com uma cólica horrível. – Respondi normalmente.

Na verdade, eu ficara chateada pelo jeito que o Tyler falara comigo. Eu sabia que ele estava nervoso e me respondeu por impulso, mas ainda sim eu não conseguia aceitar a sua atitude.

- Vamos acreditar nisso e não pensar que foi algo com o Tyler. – Ashley disse.

Eu não comentaria o fato. Queria esquecê-lo e me concentrar nas aulas.

O sinal dos inícios das aulas soou e todas nós fomos para os nossos respectivos lugares.

As aulas se passaram rapidamente e ainda bem que eu não senti nenhuma dor. O intervalo foi até divertido, com as meninas comentando sobre os seus finais de semana.

- E o seu Alisson, como foi? – Perguntaram-me.

- Ah, foi ótimo. Um amigo do Tyler foi ao nosso apartamento no sábado, no domingo por causa da chuva passamos o dia inteiro na cama. – Respondi.

- Hmm. – Murmuraram maliciosamente.

- Vocês só pensam em sexo? – Perguntei.

Parecia que essas garotas só tinham isso em mente. Por não terem namorado ainda, provavelmente elas ainda não havia tido essa experiência.

- Não, só estamos pensando em ter um loiro daquele conosco. – Katharine brincou e rimos em seguida.

Elas babavam literalmente pelo Tyler.

- Já arrumaram os seus pares para o baile? – Ashley perguntou.

- Estou pensando em convidar o Thomas. – Katharine respondeu.

O Thomas era um dos garotos ridículos da nossa classe que dera em cima de mim. Rico, olhos azuis e o cabelo extremamente negro. Não era feio, mas eu ainda assim preferia o Tyler.

Thomas era aquele tipo de garoto para apenas uma noite. Não queria compromisso algum com ninguém, apenas curtir.

E ele achava que eu cairia na dele. Nunca trocaria o Tyler por ninguém.

- Se tudo der certo para o Tyler, iremos juntos. – Respondi.

- Finalmente conheceremos aquele deus grego? – Ashley perguntou animada.

- Sim, mas tratem de se comportar, senão mato as duas. – Avisei.

Rimos em seguida e ouvimos o sinal soar. Voltamos para a nossa classe, e então ouvi o Thomas comentar com o seu amigo Daniel:

- Não vou sossegar enquanto não pegar a Alisson.

- Você já viu o namorado dela por acaso? – Daniel perguntou. – Ele é enorme, além de parecer bastante importante. Ouvi falar que é o Tyler Hawkins, filho do Charles Hawkins.

- E o que importa? Não tenho medo de ninguém. – Thomas disse.

- Depois não diga que eu não avisei. – Daniel murmurou e passou por mim.

Então ambos sabiam sobre o Tyler. Eu ficara melhor com essa noticia, mas ainda sim, eu sentia que o Thomas não cansaria até que eu ficasse com ele. Ou então, até o Tyler dar uma surra nele.

As ultimas duas aulas se passaram arrastando. Não que eu tivesse me concentrado novamente, mas era que os professores eram bastante entediantes.

O sinal dando o fim das aulas de hoje soou, guardei as minhas coisas rapidamente e sai. Esperaria pelo Tyler alguns minutos, mas as garotas também faziam o mesmo, fazendo-me companhia.

- Ouvi o Daniel dizer ao Thomas sobre o Tyler. – Comentei, enquanto os dois se distanciavam de nós.

- E? – Katharine perguntou interessada.

- Acho que mesmo assim ele não vai me dar sossego. – Respondi.

- Isso está me cheirando a uma grande briga. – Ashley comentou. – Thomas é persistente.

- Tomara que você esteja enganada. – Comentei.

Continuamos a conversar sobre o fato, e logo o carro do Tyler se aproximou. Da mesma forma de sempre, ele desceu e acenou.

- Tchau meninas, vou para a biblioteca estudar, no mesmo horário. – Comentei.

- Estaremos lá. – Elas responderam. – Tchau.

Caminhei em direção ao carro e selei nossos lábios rapidamente. Não dissemos nada e entramos em seguida ele deu a partida em silêncio.

O silêncio se prosseguiu até o estacionamento do mesmo restaurante de sempre. Descemos de mãos dadas e então ele perguntou, quebrando o silêncio:

- Melhorou a dor?

- Não senti nada, felizmente. – Respondi normalmente.

- Desculpe-me por ser mal educado de manhã. Foi por impulso. A Jenine me ligou dizendo que o vice-diretor havia chegado e feito cena. – Murmurou se irritando no fim da frase.

Agora estava entendido. Ele desde o começo da semana previa esse fato e estava bastante preocupado com isso.

Fomos nos sentar em uma mesa qualquer e então eu perguntei:

- Qual foi a sua decisão quanto a isso?

- Disse que foi decisão do meu pai eu ficar esses 12 dias a frente da empresa, e que em momento algum eu quis ser superior a ninguém. E que ele conversasse com o meu pai depois.

- Só isso? – Perguntei. Eu previra algo maior.

- Só faltou eu dar uns socos nele pelos insultos, mas me seguraram. – Confessou e me fitou em seguida.

Não quis prolongar o assunto, ele estava bastante nervoso. Não havíamos ido à casa da mãe dele por um motivo desconhecido. Ele também dissera que não precisaria levar a irmã dele até ao colégio.

Pedimos algo simples e não demorou muito para ficar pronto. Saímos depois, indo diretamente para o nosso apartamento.

Ao chegarmos, tirei a camisa do uniforme e coloquei uma dos The Beatles. Ele estava na sala assistindo um jornal, sentei ao seu lado e beijei os seus lábios.

- Vou à Biblioteca hoje, continuar a estudar com as meninas, tudo bem? – Perguntei.

- Uhum. – Respondeu e me puxou para outro beijo. – Queria tanto ficar o dia inteiro com você.

- Hmm. – Murmurei e o abracei. – Fiquei preocupada com você, parecia tão nervoso.

- Já me acalmei um pouco. – Respondeu. – Desculpa se eu te deixei assustada. É que eles não sabem o que eu passei e quanto ainda dói entrar naquele lugar e não ver o Michael.

- Esquece está bem? – Voltei a beijá-lo. Ficamos um bom tempo juntos, quando faltavam alguns minutos para ele voltar à empresa, ele se propôs a me deixar na biblioteca. Aceitei, assim evitava caminhar um longo caminho sob o sol escaldante que resolvera aparecer hoje.

Chegamos à biblioteca e antes de eu sair, ele me puxou e colou nossos lábios.

- Te busco no mesmo horário, está bem? – Perguntou.

- Sim, não se preocupe. A dor passou. – Respondi.

Na verdade, eu ainda me sentia incomodada, no entanto não queria comentar.

Despedimo-nos e eu sai acenando. Fui para o mesmo local que sempre estudávamos.

- Parece melhor agora. – Ashley comentou.

Sorri sem graça.

- Vamos lá? – Perguntei. – Quero terminar nessa semana. – Murmurei.

- Olha só, temos uma nerd. – Katharine zombou.

Ignorei a provocação e começamos a estudar.

Hoje fora mais aproveitoso do que nos outros dias. Paramos por volta das 18:50, quando a mãe da Ashley veio buscá-la. Sempre parávamos antes, por estávamos cansadas demais, mas hoje havia sido diferente.

A Katharine perguntara a mim se eu estava com medo das atitudes do Thomas e eu não hesitei em dizer que sim.

Mesmo eu sabendo que o Tyler sabia que eu não queria ninguém além dele, era uma situação chata. O Thomas poderia inventar uma grande mentira e destruir tudo.

De fato, parecia que nada na minha vida conspirava para dar certo. Sempre havia uma enorme pedra pelo caminho, a qual eu nunca conseguia me desviar.

Olhei no relógio da biblioteca e era 19:10, resolvi ir para fora e esperá-lo. A Katharine me acompanhou e disse para eu esquecer o Thomas e que ela ajudaria mantendo-o longe de mim.

Avistei o carro de o Tyler aparecer e após me despedir dela, caminhei até ao carro. Ele conversava no celular, provavelmente resolvendo alguma coisa. Não quis perguntar o que era depois dele desligar. Trocamos um beijo rápido e em seguida deu partida no carro.

Chegamos ao nosso apartamento e mal entramos, e ele já me puxava para os seus braços. Separamos e fomos para o banheiro. Tomamos banho juntos, depois que saímos fui preparar o nosso jantar, enquanto ele disse que iria organizar algumas coisas da empresa.

Preparei algo simples, ele não se importava. Se pudesse, provavelmente queria pedir pizza todos os dias. Mas, eu não tinha preguiça de cozinhar, até gostava de arriscar-me algumas vezes.

Ele apareceu depois, passando os braços envolta da minha cintura e beijando o lado exposto do meu pescoço. Eu sempre me assustava quando ele fazia isso, mas eu havia cansado de brigar com ele. Resolvi deixar esse fato de lado.

- Amor, pode arrumar a mesa? – Perguntei.

Ele fez uma careta e depois respondeu:

- Arrumo sim. Só porque estou morto de fome.

- Own. Não está se alimentando na empresa, durante os intervalos? – Perguntei perplexa.

- Como alguma coisa ou outra. Mesmo assim. Já são quase 21 horas. – Respondeu sorrindo e beijando a minha bochecha.

Terminei de temperar a salada e coloquei as coisas na mesa. Começamos a nos servir e por fim, eu indaguei:

- Porque não levou a Caroline para o colégio hoje?

- Minha mãe disse que teria uma reunião de pais e já aproveitaria a oportunidade. – Respondeu.

- Hoje pensei que as duas ultimas aulas nunca acabariam. – Comentei.

- O professor Morus ainda dá aula lá? – Perguntou.

- Não brinca que ele já foi o seu professor. – Comentei e rimos em seguida.

- Eu quase morria de tédio nas aulas dele. Não culpo ninguém, e olha que história é uma das minhas matérias favoritas.

- Gosta de estudar o passado? – Perguntei.

- Gosto de reviver os bons momentos.

Continuamos a comentar sobre o professor e as suas manias para chamar a atenção. Lavamos as louças juntos, e depois de escovarmos os dentes, fomos assistir algo qualquer na TV.

A cólica estava voltando, e ele percebeu. Começou a fazer novamente a mesma massagem e fora buscar o remédio para que eu tomasse.

- Acho que é um treinamento para o parto. – Comentei e rimos.

- Está quente amor, acho que está com febre. – Sussurrou depois que me puxou para os seus braços.

- Vamos ficar aqui quietinhos, por favor. – Pedi.

- Qualquer coisa, me chame. – Avisou.

Nada respondi, e fiquei me concentrando em nossas respirações. Ele brincava com os fios dos meus cabelos e às vezes, o beijava também.

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A semana se passou, e o Tyler ficava cada vez mais ansioso com a chegada do pai dele. Ele estava frustrado por não conseguir resolver a situação do vice-diretor.

No colégio tudo estava normal, mas as provocações do Thomas ainda continuavam. Mesmo com a ajuda da Katharine, ele ainda conseguia se aproximar de mim.

Continuamos a estudar na biblioteca as tardes. Cada dia mais eu me interessava pelos estudos. Era uma rotina que eu estava feliz por ter voltado.

Felizmente, hoje já era sábado e podíamos acordar a qualquer hora. O Tyler havia trabalhado até tarde ontem, para ter a folga hoje. Iríamos ao aeroporto receber o pai dele hoje à tarde. À noite, sairíamos com o Aidan e a Vanessa para um bar qualquer.

As minhas cólicas desapareceram completamente na quarta-feira. E já na quinta-feira, eu e o Tyler já não agüentamos mais, sem sentir o outro. Depois do jantar, e de lavar as louças, faltou nos fundirmos, tanta era a necessidade.

- Amor, acorda vai. Não quero ficar aqui sozinho. – Tyler disse, beijando os meus lábios.

- Own. Tadinho do meu bebê. – Brinquei e o beijei.

Derrepente, ele me pegou e correu para o banheiro. Jogou-me debaixo do chuveiro e começou a fazer cócegas.

- Isso, é para não me chamar de bebê mais.

- Sim, mestre. – Brinquei e o beijei.

- Isso mesmo. – Afirmou e rimos.

Passamos longos minutos abaixo do chuveiro. Saímos, porque estávamos ficando enrugados.

Ele já havia preparado o nosso café, só estava esperando que eu acordasse. Já era 11 da manhã. Seu pai chegaria às 15 horas e almoçaríamos em casa mesmo. Eu iria preparar uma torta de frango.

Terminamos de tomar café, e ele disse que precisava sair para resolver algumas coisas. Não perguntei o que era. Eu confiava nele, e se ele quisesse contar, contaria.

Comecei a preparar a torta e depois de terminá-la, arrumei o nosso quarto.

Ele chegou com algumas sacolas, havia comprado frutas e verduras. E também, sucos.

A torta ficara pronta depois de alguns minutos e começamos a comer.

Não perguntei por que não havia me chamado para sair com ele.

                                                  ~~~~~~~~~~

Chegamos ao aeroporto 10 minutos antes do horário previsto para o vôo chegar. A chegada do vôo foi anunciada depois de 20 minutos do horário certo.

O pai dele estava com o semblante cansado, mas se surpreendeu em nos ver.

- Como vão? – Perguntou, depois de separar de um abraço do filho.

- Estamos bem. – Respondi e olhei o Tyler, que sorriu para mim.

- Vamos para minha casa, preciso tomar um bom banho. – O senhor Hawkins disse.

Seguimos para o estacionamento do aeroporto enquanto ele comentava sobre a viagem.

O Tyler dirigiu rapidamente e por fim, estávamos na mansão do senhor Hawkins.

Entramos e ajudamos o senhor Hawkins levar as malas. Ficamos na sala esperando-o enquanto ele tomava banho.

- Ele ficou bastante contente com a nossa presença. – Comentei.

- É, o velho ainda tem sentimentos. – Tyler brincou e me beijou.

Continuamos a nos beijar por um tempo. Ele sempre me surpreendia com esses beijos inesperados.

Ficamos de mãos dadas assistindo um programa que passava na enorme TV.

- Podíamos convidá-lo para almoçar conosco amanha. – Comentei.

- Estaremos de ressaca, sem chances. – Tyler comentou e rimos.

- Outro dia então. – Concordei.

O senhor Hawkins apareceu e começou a conversar com o Tyler sobre as coisas da empresa. Comentou ainda sobre a sua viagem, e depois o Tyler avisou que teríamos de ir embora.

O Aidan passaria em nosso apartamento às 20 horas para irmos a um bar qualquer. E já se passava das 18 horas.

- Então, até segunda-feira pai. – Tyler disse.

- Claro. Houve algum desentendimento?

- Não. – Tyler mentiu.

- Até mais, senhor Hawkins.

- Ah, me chame de Charles. – Ele disse sorrindo.

- Até mais, pai.

- Até.

E saímos.

Não iria perguntar por que ele estava mentindo.

Chegamos ao apartamento e fomos tomar banho. Coloquei uma roupa confortável, o tempo não estava muito quente para vestidos. O Tyler também se vestiu informal.  Ficamos esperando o Aidan chegar com a Vanessa, e eles chegaram no horário previsto.

Após os cumprimentos, saímos e no caminho os dois rapazes decidiram qual seria o bar.


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Notas finais do capítulo

Enfim, amanhã volta ao POV do Tyler.
Espero que tenham gostado. E divulguem, por favor.
Até maaaaais o/



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