Um Amor De Infância escrita por Anah


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

vooooltei s22 aqui vai mais um capitulo



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Kagome parou, enfeitiçada pelo olhar sedutor de Inu Yasha. A decisão tomada nos últimos dias desapareceu, refletida, brilhante e efêmera, nas íris dele. Então, transformou-se em cinzas, sumindo com a brisa fria noturna.

Completamente seduzida por aquele homem tão viril, Kagome ficou imóvel, fitando-o, matando a saudade dos dias que estiveram longe um do outro. Será que Inu Yasha também sentira sua falta? A água respingava dos cabelos castanhos, descendo em pequenas fileiras por seu peito e seus braços.

A expressão de Inu Yasha manteve-se controlada, reservada, mas Kagome notou uma necessidade quase dolorida, um desejo refreado a custo por baixo daquele rosto contido.

Inu Yasha não carregava nenhuma de suas armas, a não ser a adaga que levava na cintura. Mesmo assim, Kagome o via como um guerreiro, um conquistador, e ela, a subjugada.

Aquele era o homem de seus sonhos. Era o motivo de nunca ter se casado. Agora compreendia a relutância que a acompanhara por toda a vida. Amava Inu Yasha com todas as forças. E sempre o amaria.

— Inu Yasha…

Ele deu um passo em sua direção, porém Kagome desapareceu na multidão de dançarinos. Tropeçando para o lado, observou o sorriso malicioso de Sesshoumaru quando a tomou nos braços e a conduziu para a próxima dança.

A música continuava animada, e o jovem guerreiro a rodopiou em tantas direções que ela perdeu Inu Yasha de vista no meio de toda aquela gente.

E de repente ele apareceu. Inu Yasha afastou o irmão e puxou-a para si, guiando-a até o estábulo.

Parando em frente à porta aberta, Inu Yasha não a soltou. Os dois permaneceram imóveis por alguns instantes, apenas se olhando. Kagome tinha consciência do calor que emanava da mão dele em suas costas, e estremeceu quando ela se moveu para cima.

Ele iria beijá-la! Na frente de todo o clã!

Apavorada, Kagome soltou-se de Inu Yasha e entrou no estábulo. Miouga, Shippou e os demais criados se mantinham ocupados com os cavalos que tinham acabado de voltar.

Sem pensar, Kagome passou pelos homens e seguiu pelo labirinto de estruturas conectadas ao estábulo principal. Quando chegou à baia onde fizera o parto, na última das construções, parou para recobrar o fôlego.

A porta que dava para o pátio estava fechada, bem como a janela. Mesmo assim, um brilho suave iluminava o recinto, vazio a não ser por algumas pilhas de feno fresco. Decerto Miouga levara a égua e seu filho para uma baia maior.

Por que fugira? Queria ser beijada e tocada por seu amor mais do que qualquer coisa na vida.

Passos se aproximavam. Era ele!

Kagome respirou fundo e esperou que Inu Yasha falasse. Estava atrás dela, respirando bem perto de seus cabelos. Uma forte excitação percorreu-lhe a espinha quando as mãos fortes afagaram seus braços. Sucumbindo, Kagome se deixou levar pelas carícias do homem que tanto amava.

— Kagome… — Inu Yasha roçou os lábios em sua face antes de tomá-la nos braços.

— Você voltou.

— Por que, minha querida? Achou que eu não fosse voltar?

— Eu… não sabia se… quando você voltaria para casa.

— Ah, minha Kagome, eu queria ficar longe, mas não consegui… — Inu Yasha a beijou com ternura. — Cavalguei sem parar para chegar aqui hoje à noite.

— Mas Grant…

— Não há o que temer. Agora você está sob minha proteção.

Kagome franziu a sobrancelha diante daquelas palavras. O que Inu Yasha sabia? Será que Miouga comentara algo com seu chefe? Não, não era possível. Ele não sabia nada sobre o casamento.

Soldados dos Grant na floresta… Não era um bom sinal. Talvez…

Os pensamentos corriam sem parar na mente de Kagome, mas os beijos de Inu Yasha a distraíam de toda e qualquer tentativa de ordenar as idéias. Encarou-o e perdeu-se para sempre.

Os dois se beijaram por um longo instante. Rendendo-se por completo aos encantos do guerreiro, Kagome gemeu baixinho, incapaz de se controlar.

Inu Yasha segurou-a com mais força e aprofundou o beijo, explorando-lhe a boca com uma urgência que ela também sentia. Kagome retribuiu com ardor, experimentando, provocando-o com sua língua.

As mãos de Inu Yasha desceram até as nádegas arredondadas, apertando-a contra sua masculinidade. Ele queria compartilhar com Kagome a intensidade de sua paixão. Entretanto, ela o empurrou, interrompendo o beijo.

— Quer que eu pare?

— Não. — Ofegante Kagome alisando-lhe o peito.

— Minha jovem, não me importo com sua identidade. Eu te quero demais.

— Inu Yasha…

— Você me quer? — Os olhos dele, repletos de volúpia, procuraram os de Kagome.

— Sim.

— Então, diga.

— Eu te quero Inu Yasha.

Ele a abraçou e beijou outra vez. Antes que Kagome soubesse o que estava acontecendo, Inu Yasha a tomou no colo e a levou até a escada que dava no celeiro de feno. Colocando-a no ombro como se fosse um saco de grãos, subiu os degraus e a deitou em um monte macio.

Kagome suspirou o coração batendo desenfreado. Inu Yasha se colocou por cima dela, procurando-lhe o olhar, questionando-a em silêncio.

Ela respirou fundo, inalando o delicioso perfume masculino, e foi tomada pela ansiedade de seu próprio desejo. Sem pensar duas vezes, puxou Inu Yasha com todo o ímpeto.

Sem se importar com as conseqüências, Kagome se entregou ao prazer. Seu corpo ardia, bem como o de Inu Yasha, que tremia por cima do dela. Queria ser possuída ali mesmo.

— É melhor você me impedir agora, pois temo não conseguir parar depois, querida.

Consumida pela novidade de todas aquelas sensações, Kagome não queria que ele parasse com as carícias. Fechou os olhos e arqueou-se, e Inu Yasha foi lhe dando beijinhos na testa, nas pálpebras, no rosto, no pescoço, provocando-lhe arrepios fabulosos.

— Você é a mulher mais linda que já vi em toda minha vida.

— Meu Deus…

A porta da baia se abriu de repente, assustando-os. Inu Yasha saiu de cima dela e empunhou a adaga. Kagome sentou-se e ajeitou o vestido.

— Inu Yasha! Inu Yasha! — gritava Jamie, quase sem fôlego. — Sesshoumaru pediu que você viesse depressa!

Inu Yasha hesitou por um instante, então olhou para Kagome e desceu do celeiro.

Inu Yasha ajeitou a manta e seguiu o jovem Jamie por entre a multidão de dançarinos, sorrindo para os homens que erguiam seus copos para um brinde.

Passando pelo estábulo, Jamie o levou até um grupo de homens, dentre os quais se achava Sesshoumaru. Eles conversavam perto da escadaria de entrada da casa.

Sesshoumaru se virou ao escutar a chegada do irmão, e Inu Yasha notou a preocupação em seu semblante.

— As sentinelas voltaram da fronteira norte, chefe.

 Inu Yasha foi até os degraus onde os dois sentinelas se achavam sentados, e não avistou os cavalos. Um guerreiro dos Davidson deu um copo de cerveja para aplacar a sede deles. Paciente, o chefe do clã esperou.

— Drake, o que houve?

— Chefe, o próprio Grant… O chefe…

— E MacBain — complementou o outro. — Estão seguindo para o Castelo Findhorn pelo norte.

— Em terras dos Taisho? — Inu Yasha se ajoelhou na frente dos dois.

— Não, bem mais ao norte. Nas terras dos MacBain.

— Vocês foram até lá? — interveio Sesshoumaru.

— Não pretendíamos ir, mas deparamos com um grande grupo de soldados Grant e achamos melhor seguir por outro caminho. Um verdadeiro exército de guerra, cerca de trezentos homens.

— Liderados por Reynold Grant em pessoa. Só o vi uma vez, porém, saberia reconhecê-lo até no inferno.

Inu Yasha sabia qual foi essa ocasião: a noite em que Reynold Grant provocara a morte e a destruição no clã Taisho.

Engoliu em seco e sentiu uma pesada mão em seu ombro. Bankoutsu. Antes de voltar a atenção para os dois sentinelas, o olhar de Inu Yasha encontrou o do guerreiro.

— Há quanto tempo foi isso?

— Quatro dias — afirmou Drake. — Eles passaram para as nossas terras a oeste e viajaram durante meio dia ao longo da fronteira entre as terras dos Taisho e dos MacBain. Nós os seguimos até rumarem para o norte, que foi quando encontraram MacBain.

— Os chefes dos dois clãs encontraram-se?

As sentinelas assentiram.

— Maldição! — Inu Yasha se levantou e começou a andar em círculos. — Onde estão seus cavalos?

— Foram roubados. — Drake baixou os olhos. — Nós os prendemos perto do ponto de encontro dos chefes e seguimos a pé. Havia tantos guerreiros dos dois clãs que tivemos de fazer um grande desvio antes de alcançar os animais. Quando conseguimos chegar, não encontramos mais nossas montarias.

— Então eles sabiam que vocês estavam lá.

— Sim.

— Mas ninguém os capturou. — Sesshoumaru cocou a orelha. Inu Yasha olhou para o irmão e cerrou os dentes. Todos ficaram em silêncio, esperando a resposta do chefe.

— Vocês agiram bem — elogiou-os Inu Yasha, sabendo que eles deveriam ter corrido o caminho de volta todo para chegar a Braedün Lodge em apenas três dias.

Aliviados, os dois sorriram e voltaram a beber suas cervejas.

— Preciso pensar um pouco no assunto. Sesshoumaru, Bankoutsu, vamos conversar.

Inu Yasha seguiu em direção à celebração, mas parou diante da porta do estábulo. Sesshoumaru e Bankoutsu fizeram o mesmo. Ele fitou seus companheiros, considerando os eventos dos últimos dias e as opções disponíveis.

— E então, o que acharam das novidades?

— Parece-me que Reynold Grant conseguiu convencer MacBain a unir-se a ele.

— Pode ser que sim, pode ser que não — disse Inu Yasha.

Quatro dias… Tempo suficiente para encontrar o MacBain, depois seguir para o sul, onde Inu Yasha e seus homens tinham encontrado Reynold Grant.

— E agora o bastardo pretende se encontrar com Macgillivray. Ou quem sabe assassinar o chefe dos Davidson e sua esposa.

— O quê?! — Sesshoumaru ficou chocado.

Inu Yasha contou-lhe sobre o encontro com Grant na fronteira sudeste, bem como sobre seus temores pela segurança de Kagome e de seus tios.

— O que pretende fazer, meu irmão?

Inu Yasha estudou o semblante de Sesshoumaru. Sempre pensara nele como um garoto, mas aos dezoito anos o irmão já era um verdadeiro homem, um guerreiro Taisho. Ficou muito orgulhoso de ver como o belo rapazote se transformara em um respeitado líder de soldados. Era rápido com a espada e bastante perspicaz, e chegara a hora de colocar suas qualidades em ação.

— O que você faria?

— Eu?

— Claro que é você, Sesshoumaru.

— Sairia com quarenta cavaleiros, hoje à noite, e encontraria o grupo de nosso tio antes que eles deixem a sentinela dos Macgillivray na fronteira.

— Vá em frente. Leve Bankoutsu junto. Ele conhece bem o caminho além da estreita passagem que Alistair e Kikyo terão de atravessar entre as propriedades dos dois clãs.

Sesshoumaru se virou para obedecê-lo, os olhos brilhando com a promessa de aventura.

Inu Yasha o puxou de volta pela camisa.

— Sesshoumaru, não saia hoje. Alguns dos homens que irão com você acabaram de voltar comigo e precisam descansar. Espere o amanhecer. — Notou o olhar de alívio de Bankoutsu e achou graça. — Agora, meu amigo, gostaria de dar uma palavra em particular com meu irmão.

— Sim, chefe. Acho que vou para minha cama. Foi uma longa cavalgada. — E Bankoutsu se foi.

— Diga Inu Yasha, o que quer saber?

— Para começar, que balbúrdia é essa? — Inu Yasha apontou para o grupo no pátio, a maioria das quais parecia bastante bêbada.

— Ah, é uma comemoração!

— Estou vendo! Mas o que estão celebrando, e por que agora?

— Comemoramos o nascimento do potro de Conall. — Sesshoumaru deu de ombros, como se Inu Yasha fosse compreender sem problemas seus motivos.

— Uma festa para um cavalo, Sesshoumaru? Não acha um exagero montar uma fogueira desse tamanho e oferecer a cerveja de Alistair para todo esse povo?

Sesshoumaru baixou os olhos.

— Na verdade, a festa era para lady Kagome. Eu… Todo o clã queria demonstrar sua gratidão por ela ter salvado a vida de Conall e do potro.

Inu Yasha olhava para os dançarinos. Fazia tempo que não via sua gente tão alegre.

— Tem razão, foi uma boa idéia.

— Kagome também gostou. Ela…

— Falando em Kagome, eu lhe pedi para cuidar dela, e não para cortejá-la como um jovem apaixonado — ralhou Inu Yasha, acotovelando as costelas do irmão.

— Estava cuidando para que milady não se sentisse sozinha durante sua ausência.

Inu Yasha lançou-lhe um olhar severo.

— Além disso, é outro Taisho que está apaixonado. — Sesshoumaru, sorrindo, tirou um pedaço de palha da manta amassada de Inu Yasha.

— Quem? — Segurou o braço do irmão. — Fale o nome desse homem!

Sesshoumaru caiu na risada, e Inu Yasha quis muito acertar um soco naquele belo nariz.

— Ah, meu irmão, gostaria que nossa mãe, que Deus a tenha, o visse assim… É muito divertido!

Kagome estava linda no vestido de Ellen Taisho. Inu Yasha lutou contra uma onda de emoção.

— Saia daqui, Sesshoumaru. Vá reunir seus homens e parta ao amanhecer.

Inu Yasha estreitou os olhos ao ver Miroku encostado na cerca, conversando com a jovem Sango. Os dois estavam de mãos dadas, perdidos em seus olhares, parecendo pássaros enamorados.

— E leve-o com você. — Inu Yasha indicou Miroku. — Uma comemoração! Pois sim! A guerra é iminente e você organizou uma festa!

Sesshoumaru, sorrindo ainda, rumou para casa.

Inu Yasha encostou-se na cerca e olhou para o chão sob seus pés. Uma visão de Kagome, deitada sobre o feno, surgiu em sua mente.

"O que se passou por minha cabeça? Possuí-la no estábulo como se fosse uma das garotas de Sesshoumaru?" Não, não a desonraria dessa maneira. Queria bem mais do que uma noite apaixonada para Kagome. Muito mais.

Ao se afastar da cerca, Inu Yasha seguiu para a entrada do estábulo. Poucos passos depois, sentiu alguém segurá-lo pelo cinto. Virou-se e encontrou o rosto enrugado e alegre de Kaede.

— Tome Inu Yasha. — Ela lhe entregou uma camisa limpa. — Vista-se depressa.

Assim que terminou de se trocar, Inu Yasha dirigiu-se para o celeiro, torcendo para que Kagome ainda estivesse ali. Abriu a porta e foi até a escada. Sem demora, chegou ao alto e deparou com um monte de feno.

Sim, estava decidida. Contaria tudo para Inu Yasha.

Shippou ofereceu-lhe a mão, e Kagome montou o garanhão preto. Ela o conduziu pelas cinzas restantes da noite anterior e saiu pelo portão do estábulo.

O céu estava limpo, e o ar, quente. O verão chegara e, com ele, acontecimentos imprevistos que haviam mudado sua vida para sempre.

Notou que vários cavalos não se encontravam em suas baias. Como Shippou não fizera nenhum comentário, decidiu não perguntar.

Pouco antes do amanhecer, Kagome escutara uma comoção no pátio, mas achou que fossem resquícios da diversão da festa. Então, cedera ao conforto da cama, deixando que o sono a levasse. Depois que respondesse a todas as perguntas que Inu Yasha lhe faria sobre Reynold Grant, ela o questionaria sobre os cavalos.

Erguendo a cabeça, deliciou-se com o sol em seu rosto. Vestia suas roupas de trabalho, calça e malha de lã, e usava os cabelos soltos. Entretanto, indagou-se por que não colocara um vestido.

Inu Yasha elogiara sua beleza. Decerto fora por causa dos trajes femininos.

Passou a mão pelo pescoço, lembrando-se da boca quente em sua pele. Será que ele a achara ousada por ter entregado seus sentimentos com tanta ousadia?

Foi até o portão principal, pois Shippou lhe dissera que Inu Yasha saíra para patrulhar a área externa da propriedade. E a conversa que pretendia ter com ele não podia esperar. Nem um minuto.

Faltavam apenas cinco dias para o solstício. Tinha pouco tempo para resolver seus problemas.

Ao passar pelo galpão das armas, viu que a atividade era intensa. Havia inúmeras armas empilhadas do lado de fora da construção.

Pelo que tudo indicava, eles estavam se preparando para a guerra. Um arrepio percorreu-lhe a espinha quando considerou as implicações do conflito para os dois clãs, Taisho e Davidson, caso entrassem em embate contra o exército de Reynold Grant.

Precisava impedi-los. Era loucura!

Tinha de fazer com que Inu Yasha enxergasse o tamanho da tolice que cometeria se travasse batalha contra Reynold Grant. Não existia a menor possibilidade de vitória para os Taisho. A não ser, óbvio, se ele dispusesse de outros recursos, os quais ela não notara até então.

Kagome se aproximou do portão principal e surpreendeu-se ao encontrá-lo fechado. A grande e pesada tora de madeira que costumava ficar em pé na parede se achava em seu devido lugar, impedindo a entrada e a saída de qualquer pessoa. Avistou alguns guerreiros dos Davidson sobre o cadafalso, vigiando a floresta.

Um deles virou-se para Kagome ao notar a aproximação de alguém.

— Eu gostaria de sair. Você poderia, por gentileza, abrir o portão?

Dois outros se viraram e se puseram a fitá-la. Nenhum deles se mexeu.

Será que não a tinham escutado?

— Eu gostaria de…

— Peço desculpas, cara dama, mas não posso abrir o portão. Ordens de Taisho.

— Mas é com ele que quero falar. Com o chefe do clã. Se você abrir o portão, eu poderei…

— Sinto muito, mas não posso. Não costumo descumprir ordens do chefe. E ele disse que ninguém sai de Braedün Lodge.

Uma pequena multidão se formou para assistir à conversa de Kagome com os guardas. Ela se irritou mais com a presença deles do que com a recusa dos homens a deixá-la passar.

— Vamos ver se ninguém sai — murmurou, lembrando-se da passagem nos fundos da casa. Virou o cavalo e começou a retornar para o estábulo, quando escutou um barulho.

Kagome se virou. Os três guardas tinham deixado suas posições para abrir o portão. Bem, deviam ter pensado melhor.

Ela incitou o cavalo a continuar e parou bem perto do portão. Os guardas empurraram as portas para dentro e o garanhão foi para trás, passo a passo, até que todo o portão se abriu, deixando-o face a face com…

O cavalo de Inu Yasha.

Kagome notou a surpresa nos olhos dele antes que os dois cavalos empinassem. Ela segurou-se com firmeza na crina do animal, temendo ir ao chão.

Inu Yasha não teve a mesma sorte. Vários guerreiros correram para ajudar o chefe a se levantar. Ele os dispensou e se colocou em pé sozinho.

Kagome ficou sentada no garanhão, cerrando os dentes para controlar a risada e tentando manter a expressão mais natural possível.

— Desça daí — ordenou Inu Yasha, segurando a rédea.

 Kagome nunca sabia o que esperar dele. Sua grosseria, no entanto, não admitiria.

— Não, não descerei. É meu cavalo e vou cavalgar quando bem entender. — Assim que disse isso, ela se arrependeu.

Os olhos de Inu Yasha cintilaram. A qualquer momento ele poderia arrancá-la de cima do animal e arrastá-la para algum lugar.

— É verdade, chefe. O garanhão é dela — afirmou um guerreiro Davidson.

Kagome o reconheceu de imediato. Era um dos que estivera à mesa com Sesshoumaru quando pedira para partir.

— Como assim?

— Sesshoumaru lhe deu o garanhão de presente enquanto você estava no sul.

Inu Yasha blasfemou e passou a rédea para o guerreiro.

— Está bem, mas você vem comigo.

 Quando ficaram a sós, ele a puxou pelo braço.

— Não admitirei que me desafie outra vez na frente de meus homens.

— Mas…

— Fui claro?! — Inu Yasha a soltou, fazendo com que ela tropeçasse.

 No mesmo instante, envolveu-a em um abraço.

Kagome sentiu o coração disparado.

— Não sabe como aquele cavalo é perigoso? Estou fazendo de tudo para mantê-la a salvo, só que você não quer colaborar. — Os lábios de ambos se aproximavam, mas Inu Yasha se afastou.

— Ele não é perigoso. Pelo menos, não para mim.

 Inu Yasha a levou para casa.

— Até Miouga concorda comigo. Ele pode não ser dócil com os outros, mas responde muito bem a meus comandos. — Kagome obrigou-o a parar. — Por favor, permita que eu fique com o cavalo. Preciso de uma boa montaria.

— Está bem. Mas não quero que saia sozinha. E não deixará a propriedade. É muito arriscado. Estou cuidando de sua própria segurança.

Ele tinha razão. Não sabia nada sobre os acordos de Inu Yasha com os clãs vizinhos, mas escutara comentários sobre os Grant e os MacBain. Portanto, seria melhor obedecê-lo.

— Prometo que não sairei sozinha.

 Inu Yasha sorriu.

— Ótimo. Agora, diga-me, qual nome que escolheu para ele?

— Destino.

— Destino?

— Sim.

— É um nome estranho para um cavalo.

— Não concordo.

Inu Yasha afagou-lhe o rosto com ternura.

— Precisamos ter uma conversa. Sobre a noite passada.

— Também preciso falar com você. E é muito importante. — Kagome queria lhe revelar quem era, e sobre as ameaças que Grant vinha lhe fazendo. Seu tempo estava terminando.

— Está bem, minha jovem. — Inu Yasha a colocou no segundo degrau da escada, de modo que ficassem da mesma altura.

— Sobre ontem… O que eu fiz… O que fizemos no celeiro não foi correto.

— Mas…

— Espere que eu termine. Não foi correto, e não quero que você pense que…

O estrondo de patas interrompeu a conversa dos dois. Inu Yasha levou a mão à espada. Só relaxou quando os cavaleiros apareceram. Um sorriso se formou em seu lindo rosto.

— Davidson! Davidson!

As sentinelas desembainharam as espadas e as ergueram em silenciosa homenagem.

Sesshoumaru vinha na frente. Kagome o achou deslumbrante com a armadura de couro e os cabelos voando ao vento.

Junto dele vinha Miroku, Bankoutsu e mais duas pessoas que não conhecia, mas imaginou que fossem Alistair e Kikyo Davidson, o chefe de Braedün Lodge e sua esposa. Os dois montavam cavalos brancos, e Kagome ficou encantada com a elegância do casal.

— Chefe, tio — chamou Inu Yasha, sorridente. — Não imaginei que fossem voltar tão rápido.

— Nós os encontramos na floresta, a duas horas daqui. Eles decidiram vir pelas montanhas, evitando a passagem.

— Foi uma atitude sábia, meu tio.

— Eu sei. — Alistair abriu um grande sorriso para o sobrinho, demonstrando todo seu carinho. — Depois conversamos sobre esse e outros assuntos.

— Minha tia, permita-me lhe dar as boas-vindas. — Inu Yasha faz uma mesura.

A senhora de Braedün Lodge era a mulher mais refinada que Kagome já vira. Poucas nobres haviam passado pelo Castelo Glenmore. O pouco que sabia sobre mulheres bem-nascidas vinha das histórias que sua mãe lhe contava sobre a corte francesa.

Kikyo Davidson tirou a manta de seu clã da cabeça, revelando cabelos escuros trançados. A pele branca contrastava com o vestido vermelho, bem como com seus grandes olhos azuis.

Kagome estudou seus trajes inadequados e cabelos despenteados. Então, levantou a cabeça e tentou encontrar o olhar penetrante da dama.

Inu Yasha a surpreendeu ao pegar sua mão e guiá-la para baixo.

— Tio, tia, apresento-lhes Kagome. — A voz dele continha uma silenciosa reverência, o que a fez enrubescer.

A filha do responsável de um estábulo sendo apresentada como se fosse uma jovem nobre…

Alistair e Kikyo franziram as sobrancelhas e trocaram breves olhares. Por um momento, os dois hesitaram, e Inu Yasha apertou a mão dela para tranqüilizá-la. Kagome percebeu que continha a respiração, e só a soltou quando o casal sorriu.

— Kagome, minha querida, é um prazer conhecê-la — disse Kikyo, com sua voz melódica.

— Ela está sob nossa proteção, tia.

— Seja bem-vinda a nossa casa.

Kagome teve a impressão de ver um sinal de reconhecimento no olhar do chefe dos Davidson, e baixou os cílios.

Miroku e Bankoutsu se afastaram para dar lugar aos dois cavaleiros que chegavam.

"Ah, não!"

O padre Ambrose enxugava a testa suada com um lenço. Era um sacerdote jovem, que acabara de ser ordenado, e servia vários clãs. Kagome o encontrara apenas uma vez, e torceu para não ser reconhecida.

Então sua atenção se voltou para a outra pessoa. Uma linda mulher, com cabeleira tão escura quanto às asas de um corvo, olhos castanhos e lábios bastante rosados. Deveria ter a mesma idade de Kagome. A maneira como a jovem olhava para Inu Yasha a incomodou. No mesmo instante, ela soltou a mão do guerreiro.

Inu Yasha sorriu para a jovem e se voltou para Sesshoumaru.

— Quem é a bela dama, meu caro irmão?

 Sesshoumaru abriu um belo sorriso, cheio de malícia.

— Permita-me apresentar-lhe Kikyo Macgillivray, sua noiva.


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Notas finais do capítulo

não me matem, eu volto rapido dessa vez HAUHAU bj



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