A Mente Perfeita escrita por Gmilani


Capítulo 4
A Partida


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Eles teriam um ano para se preparar, perto do que eles precisavam, era pouco, mas demorar mais tempo para partir era arriscado. O gás se espalhava cada vez mais e um dia a mais era precioso e perigoso.

A rotina deles era acordar às sete horas e depois de tomar um belo café da manhã, ir para uma reunião com Darilo. A cada dia ele era mais específico sobre Túrio, ambientando os rapazes ao lugar. Após a reunião eles tinham uma longa aula de química com um dos cientistas do laboratório onde estavam. Seu nome era Billy, ele sabia praticamente tudo sobre essa área e também era responsável por ensinar os garotos a evitar que as explosões acontecessem. Depois dessas aulas eles almoçavam rapidamente e iam para o treinamento físico que acontecia no ginásio. Ele ficava em uma temperatura ambiente entre trinta graus negativos à cinco graus celsius para os garotos se acostumarem. A primeira aula era de lutas marciais com um mestre chinês chamado Kenji que deveria ter a metade do tamanho deles, porém, sua habilidade era tanta que os garotos sempre acabavam derrubados. A próxima aula era de manuseio de armas. O professor era marechal de um dos melhores exércitos do mundo. Ele havia se apresentado como Marechal Tknowisk e era assim que os garotos o chamavam. De todos os professores que eles tinham, este era o pior. Toda vez que qualquer um errava, ele o humilhava e como eles eram uma equipe, os três tinham que fazer uma série que ele usava como castigo, sendo composta por trezentos polichinelos, duzentas flexões de braço e duzentos e cinquenta abdominais. Para não perder tempo de aula, o Marechal anotava os erros e no fim da aula eles tinham que cumprir todos os castigos. Segundo o professor, isso daria disciplina para eles, a qual traria a perfeição. Darilo não questionava os métodos dos professores, mesmo que os garotos pedissem. Depois das aulas eles iam tomar banho, jantar e dormir. Fugir da rotina era proibido.

Passados seis meses, os garotos franzinos já estavam com o dobro do tamanho e quase irreconhecíveis por causa dos seus músculos forte. A amizade entre os três tinha crescido proporcionalmente e era impossível não dizer que eles tinham virado uma verdadeira equipe. Confiavam uns nos outros, ajudavam na defesa e no ataque e trabalhavam juntos. A famosa série de castigo do Marechal Tknowisk ia sendo cada vez menos repetida.

Uma visita de três semanas à suas casas foi permitida, eles passariam uma semana em cada lugar. Primeiro foram na de Régulo que ficava em Madrid. Todos os dias ouviam Carmen, a mãe do garoto, dizer emocionada como eles eram "guapos" e como seu "hijo" tinha mudado. Sua casa era simples, mas aconchegante. Os dois irmãos mais novos do espanhol estavam sempre com ele e com seus parceiros. Os pequeninos faziam de tudo com os três, até os levar em uma tourada eles fizeram. A hora da partida foi a mais difícil para os irmãos. Régulo sabia que talvez nunca mais visse sua família e isso o entristecia. Ele abraçou por pelo menos um minuto cada membro e os três garotos embarcaram no carro aéreo para a Inglaterra em uma cidadezinha que parecia de brinquedo chamada Winchester. Ali moravam Ash e seus pais.

Foi uma semana parada, mas mesmo assim, os pais do inglês se esforçaram para satisfazer seus convidados e, principalmente, matar a saudade de seu único filho. Eles fizeram um pequeno tour pela cidade com os garotos, passando pelo prédio de Guindhall e depois apreciando a vista da colina Saint Guiles Hill. Foi a mesma tortura para Ash na hora de se despedir. Ele sofria por dentro mas nenhuma lágrima escorreu enquanto iam para a tecnológica Yokohama, a cidade natal de Kin.

Sua mãe o abraçou chorando, já o pai foi frio como uma noite de inverno, apenas apertando a mão deles, inclusive do próprio filho. A cidade era movimentada e cheia de prédios. Depois dos Estados Unidos deixar de ser a "capital do mundo", este foi um dos únicos países que não entrou em crise. Ash e Kin ficaram maravilhados com a cidade, as luzes reluziam em todos os lugares e os prédio tinham, no mínimo, trinta andares.

Eles voltaram da viagem pelo menos cinco quilos mais gordos. Isso acarretou em uma dieta rígida e séries sofisticadas do Marechal Tknowisk que fez os garotos voltarem ao peso normal em um mês.

Quando faltavam dois meses para a partida deles, Darilo fez um teste para saber o nível de preparação dos garotos. Ele transformou o ginásio em um ambiente parecido com o que eles iriam encontrar em Túrio. Colocou um tubo com o gás propeno saindo de lá. Um jato de fogo seria lançado em dez minutos, era o tempo para eles impedirem a explosão. Estavam com roupas preparadas para suportar altas temperaturas no caso de algo der errado mas ficar perto de uma possível explosão não era aconselhável para eles, já que as roupas não suportariam tanto.

Eles entraram na hora que o cronômetro começou a contar o tempo. Os professores e o cientista observavam rigorosos os movimentos dos três que no início ficaram sem saber o que fazer e foram para o tubo um pouco confusos com a quietude. E os nativos? Darilo não tinha pensado na hipótese deles os encontrarem?

Quando eles estavam se aproximando, a resposta para a pergunta deles apareceu. Dois robôs imitando turianos entraram e começaram a atáca-los fisicamente. Régulo derrubou um no chão e começou a socá-lo enquanto Kin pulava no outro e quebrava um dos seus braços. Ash foi até o robô do japônes e o enforcou, mas a máquina não dexou ele ficar ali a enforcando e o derrubou no chão, mas Kin o impediu de bater no amigo. O espanhol, que já tinha acabo sozinho com o outro robô, quebrou a perna do robótica do outro enquanto Ash se levantava e quebrava o pescoço do simulador. O Mestre Kenji deu um sorriso orgulhoso.

O espanhol abriu sua bolsa e tirou um identificador de gases dela, mas antes que ele fizesse a medição, uma bala foi disparada contra a sua mão. Era de borracha, é claro, mas causava dor e esta foi o suficiente para fazer Régulo soltar o objeto. O inglês foi mais rápido e o pegou antes deste cair no chão. Os três desviaram de aproximadamente quinze tiros enquanto o gás era identificado, então a palavra propeno apareceu na tela. Antes deles irem detê-lo, eles tiveram que se livrar dos atiradores. Kin pegou uma bomba em sua bolsa, acendeu e jogou nos robôs. Uma fumaça densa do fogo subiu para todos os lados e os garotos aproveitaram para acabar com os robôs que sobraram.

Ash mirou em um deles e atirou, mas acabou errando o alvo, em troca ele levou um tiro no braço. O Marechal Tknowisk sentiu um nervo de suas têmporas tremer com o erro do garoto, ele estava furioso. Os outros dois já tinham levado ao chão cinco robôs, restavam quatro. Irritado pelo seu erro, o inglês memorizou a posição dos inimigos e mirou no primeiro. Antes dos outos garotos tomarem qualquer medida, os quatro simuladores estavam no chão com um tiro certeiro no peito. O garoto tinha acabado com todos com apenas quatro tiros, tinha acertado todos. O Marechal balançou a cabeça suavemente em sinal de aprovação mas seu nervo ainda tremia.

Os três se reuniram para discutir como impediriam a explosão. Cinco minutos restavam. Kin disse rapidamente que propeno era solúvel em álcool, os dois concordaram e o espanhol acrescentou que o ponto de ebulição e fusão era abaixo de zero o que seria muito difícil de alcançar. A solução seria o álcool mas este também era inflamável.

Eles ficaram pensando, deveria ter uma solução, mas, qual? A dor no braço de Ash era forte, ele automaticamente levou uma as mãos até o machucado da bala, analisando-o. Foi quando ele teve a ideia. O inglês correu até um dos robôs e puxou os seus fios, chegando até o gerador de energia. O professor Billy roia todas as unhas, desejando que os garotos lembrassem da sua aula sobre energias renováveis. Por sorte, eles lembravam. Régulo e Kin entenderam o que o outro queria fazer e fizeram o mesmo nos outros robôs.

Tudo nessa época era movida ao gás carbônico, era uma espécie de fotossíntese. Os produtos eletrônicos retiravam o ar, o qual tinha este gás e liberavam oxigênio, mas, como os robôs precisavam de uma energia muito maior do que a planta, a velocidade das reações era muito maior. Transformando-os em uma espécie de "aspirador do ar". Eles tinham um sensor que delimitava a entrada de ar para não deixar os seres humanos sem este para respirar. Qualquer gás que fosse desprezível para a respiração humana, o robô fazia uma reação dentro dele, tranformava-o em gás carbônico e o armazenava em um dos seus três cilindros que serviam de reservatório de energia.

Cada um pegou cerca de cinco robôs e inverteu a polarização dos cilíndros, fazendo com que o gás carbônico fosse expelido. Quando eles estavam quase vazios, os garotos os levavam para perto do propeno e estando zerado, eles invertiam novamente a polarização, fazendo com que esse outro gás fosse sugado e armazenado nos cilíndros. A quantidade limite era atingida e eles rapidamente trocavam de robô. Não demorou para eles se organizarem. Kin esvaziava os cilíndros, enquanto Ash os enxia novamente com propeno e Régulo levava-os até o outro lado do ginásio, longe do fogo.

O relógio atingiu os oito minutos e metade do propeno tinha sido armazenado, mas eles ficaram cerca de três minutos enchendo a primeira parte, não daria tempo se ficassem no mesmo ritmo. O espanhol passou a ajudar Ash e começou a encher os cilíndros e apenas jogá-los para trás ao invés de levá-los. O inglês fazia o mesmo.

Trinta segundos restavam. Kin já não tinha mais cilindros para esvaziar e se afastou pensando que eles tinham falhado. Régulo também pensou a mesma coisa e se afastou decepcionado, mas o inglês não. Ele continuou ali, sugando as últimas gramas de propeno. A contagem regressiva começou. Ash se concentrava em manter o tubo reto, os outros garotos gritavam para ele se afastar. Se o lugar explodisse, Ash iria também. Darilo olhou preocupado para o garoto, temendo pela vida dele. Apesar do risco, ele não desistiu, ficou ali até que a contagem chegasse no dois. Então ele se jogou para trás junto com o robô, indo para longe do fogo. Seus companheiros puxaram ele e o objeto bem a tempo do fogo ser lançado.

Eles ficaram olhando receosos para o ponto onde estava o propeno. O fogo ficou ali por trinta segundos. Uma grama de propeno seria o bastante para causar a explosão e se esta acontecesse, seria um sinal de despreparação.

O fogo cessou e nada aconteceu, nenhuma explosão e nenhum estrago. Os garotos comemoraram com gritos, Billy e Mestre Kenji saíram do local de proteção orgulhosos e foram parabenizar os garotos. O Marechal apenas acenou para eles, inexpressivo e encarou o inglês. Tudo aquilo não tinha sido o bastante para fazê-lo esquecer do erro do garoto. O cientista apareceu por último e correu até os seus escolhidos. Ele tinha certeza, os três estavam preparados para a sua missão, preparados para salvar o universo.

O tempo passou e o dia dos garotos partirem chegou. Eles não conseguiram dormir a noite inteira. A ansiedade simplesmente não deixava. Depois de virarem, revirarem e não conseguirem cochilar ao menos, Ceci foi chamá-los.

Tudo já estava pronto quando os ecolhidos entraram no laboratório. Assim como na primeira reunião sobre Túrio, nenhuma pessoa era autorizada a ficar ali, a não ser, é claro, por Darilo, os professores e os garotos.

Quando a governanta começou a se distanciar, Régulo percebeu que aquele era seu último momento com ela e fez o que qualquer garoto apaixonado faria. Ele correu atrás dela e deu um beijo intenso em seus lábios. Mesmo depois de todo esse tempo, aquela era a primeira vez que os dois tinham um contato mais íntimo.

Enquanto o novo casal estava em um momento meloso de mais para Ash e Kin suportarem, eles viraram, revirando os olhos. Começaram a prestar atenção no laboratório, tomando o cuidado de memorizar cada detalhe. O quanto aquele lugar tinha se tornado especial para eles era impossível de transmitir com palavras.

Darilo apareceu intrigado com a demora dos garotos e viu um dos seus escolhidos nos braços da sua jovem governanta. Aquela visão o irritou. Isso lá era hora de namorar? Não, para o cientista, definitivamente não era hora. O casal foi distanciado por ele, mas mesmo de longe, eles continuavam a fazer juras de amor. Ceci que pensava que seu amado iria apenas para mais uma reunião de tantas outras com seu chefe, prometia tudo só pelo momento, mas Régulo que sabia da verdade, fazia o mesmo pela partida e possível fim de sua vida.

Os quatro seguiram o caminho de costume do último ano, mas, dessa vez, eles tinham uma sensação estranha. Era uma mistura de ansiedade, medo, curiosidade, tristeza e ao mesmo tempo, se é que era possível, felicidade. Mas não cabia a ninguém tentar entender o que se passava na cabeça deles, afinal, eles estavam prestes a ir para outro universo para salvar o mundo.

As roupas eram tão pesadas e complexas que os garotos levaram cerca de meia hora para colocá-las e ainda assim, eles precisaram da ajuda uns dos outros. Quando eles finalmente estavam vestidos, Darilo os chamou na sala de reuniões.

Em cima de sua mesa, algo estava coberto. Os escolhidos olharam com curiosidade e antes que perguntassem o que era, o cientista respondeu. Eram presentes como forma agradecimento pelo ano e também como objetos que seriam úteis em Túrio. Eles foram revelados e apreciados com toda a intensidade que mereciam. Era um delicado memorizador de olograma, uma espada esculpida manualmente e um mapa complexo com caminhos e legendas. Os jovens deram um passo admirando os objetos. O barulho das explosões começou, estava quase na hora.

O armazenador de ologramas foi dado à Ash, o garoto que melhor conseguia interpretar as mensagens do cientista. O olograma só seria entendido por eles quando encontrassem o que Darilo pediu. A espada era para Régulo, o escolhido com mais habilidades com armas. E por fim, o mapa era um presente para Kin, aquele, que na opinião de Darilo, é o que conseguia "ligar os pontos" com uma facilidade quase divina.

O homem olhou uma última vez para os três, não conseguia conter a emoção. Então, falou que estava na hora. Com o coração batendo forte, eles colocaram os capacetes e foram confiantes até a sala da partida onde o barulho era maior ainda.

Eles correram e entraram na máquina, ela se mexia descontrolavelmente. De repente, algo se abriu na frente deles, tudo que eles podiam ver era um clarão tão forte como a luz do Sol. Era o ponto cego de uma das explosões. Eles respiravam ofegantes. Quando uma faísca os atingiu, a máquina os empurrou

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Notas finais do capítulo

O que acharam? Agora que vai começar a melhor parte, pessoal!