A porta se abriu atrás deles e a garota que tinha falado no microfone estava chamando os três. Ela os mostrou um robô e disse que era só segui-lo. Quando eles chegassem na mansão uma outra pessoa os receberia e daria as instruções para o quarto deles.
Ash piscou para a garota antes de seguir o robô, ela deu um sorriso discreto em retorno. No começo da trilha para a mansão, eles não disseram nada, mas na metade do caminho Régulo se incomodou com o silêncio.
- Bem louca essa história toda, né? Explosões, Big Bang, o mundo em nossas mãos...
Os dois concordaram. Quando o silêncio voltou, Ash perguntou se eles aceitariam a missão. O espanhol deu sua resposta de um jeito engraçado, dizendo que já tinha aceitado a missão e mesmo que o universo não explodisse, ele aceitaria do mesmo jeito. Kin já não fez o mesmo, ele não sabia até que ponto valeria a pena aceitá-la. O jovem pensava que Darilo tinha sido muito otimista. Ash concordou.
Eles chegaram na mansão e não conseguiram falar mais nada. A visão era muito impressionante. Um mar de verde antecipava o caminho da casa. Ela era enorme, com pintura branca e diversos detalhes. Parecia um santuário pela sua calmaria e um castelo pelo seu tamanho e luxo.
- Por que esse homem é tão viciado em branco, em?!
Régulo perguntou indignado. Kin e Ash riram do comentário e os três começaram a se divertir inventando motivos absurdos para a fascinação de Darilo por branco.
O robô passou por um caminho de concreto pela grama, entrou na varanda que circundava a casa e se aproximou de uma belíssima porta de vidro. Logo que eles chegaram, uma morena sorridente e bonita veio ao encontro deles.
Ela se apresentou dizendo que seu nome era Ceci e que era a governanta da casa. Disse ainda que iria mostrar o quarto deles e ajudá-los em qualquer problema. Se eles precisassem de qualquer coisa era para procurá-la. Ela começou a guiar-los até seus quartos.
- Será que se eu disser que preciso de um beijinho, ela atende ao meu pedido? -- Régulo cochichou para os companheiros maravilhado com a moça.
O primeiro quarto que eles pararam foi o de Ash, ele ficava no terceiro andar. Era uma suíte gigante, do tamanho de uma quadra de tênis. Tinha uma cama de casal, com cerca de vinte almofodas e cobertores macios. Uma TV com uma imagem belíssima de paisagens da ilha. Dois sofás aconchegantes e muitas outras coisas extravagantes como um frigobar estavam ali, mas o que chamou a atenção dos três foi a vista da varanda. Era a praia que tinha água transparente e areia amarela, era maravilhoso.
- Linda, não é, meninos? -- A garota disse analisando a paisagem.
- Sim, realmente muito linda... -- Régulo concordou olhando para Ceci.
A governanta não percebeu que o comentário dele referia-se à ela. A garota falou para Ash que se ele precisasse dela era só discar o número um, sete e zero no telefone.
Em seguida eles continuaram o caminho. Régulo torcia para que o quarto de Kin ficasse antes do dele, assim ele poderia ter um momento a sós com Ceci. E os pedidos dele foram aceitos. Enquanto eles atravessavam o corredor de vidro com vista para o mar, Ceci indicava o quarto de Kin. Ele ficava no mesmo andar, mas seis quartos a frente. Era idêntico ao de Ash.
Quando eles saíram, Régulo arrumou seu cabelo no reflexo do vidro e começou a conversar com Ceci dizendo que ela tinha um nome bonito e interessante. Ela ficou feliz com o elogio e explicou que era pelo fato dela ser uma nativa daquela ilha e assim, aos poucos, Régulo foi jogando seu charme na governanta.
O quarto dele ficava no final do corredor e eles puderam conversar bastante por causa da distância. Quando eles chegaram no quarto, Ceci não entrou. Ela apenas deu as mesmas instruções que tinha dado para Ash.
- E se eu quiser conversar mais um pouco com você, eu posso ligar no um, sete e zero, Ceci?
Ela riu e negou com bom humor. Antes de ir embora ela disse que ele deveria se aprontar porque em quinze minutos ela voltaria para buscá-los e os levar para o jantar.
- Eu vou contar cada minuto ansioso para te ver de novo.
Ceci sorriu mais ainda com o comentário de Régulo e partiu.
Os três se arrumaram e conforme o combinado, em quinze minutos Ceci voltou para buscá-los. Kin e Ash conversavam animadamente sobre seus quartos enquanto Régulo perguntava por curiosidades da ilha para Ceci.
Enfim, eles chegaram. Era uma noite quente e eles iriam jantar a beira mar. Darilo já estava sentado e bebia uma taça de vinho.
- Aí estão vocês, meus queridos. Sentem-se, a comida já será servida. Ceci, meu amor, peça um copo de água para Keiko por mim, por favor?
- Sim, senhor.
Antes de sair, nem ela, nem Régulo conseguiram evitar de olhar um para o outro. Ambos sorriram quando seus olhos se encontraram.
Darilo conversou de assuntos agradáveis com eles e quando Kin pediu para Darilo dizer-lhes o detalhe que ele não disse na reunião, ele respondeu com uma certa cautela.
Ele começou dizendo que o outro universo tinha a sua população classificada em dois tipos. Essa divisão era baseada em um gene que os habitantes do outro espaço pensavam que era um "dom". Com estudos, foi possível descobrir que eram características ligadas ao DNA e não a uma espécie de milagre.
Por um momento, o cientista perdeu a linha de raciocínio dizendo que por o nosso universo ser derivado do outro, a nossa população também poderia ser classificada do mesmo jeito. Mas logo ele voltou ao assunto.
Os genes eram classificados em Nou e Akai. Os do Nou poderiam ser comparados aos quatro elementos: Terra representando a força; Ar que simboliza a velocidade e agiliade da pessoa que tinha esse gene. Isso valia tanto no sentido de físico quanto psicológico; Água mostrando a pessoa que conseguia controlar seus sentimentos e às vezes até os dos outros; Fogo que era o gene que intensificava um outro em uma hora de necessidade. Darilo sorriu e esperou um tempo para que os jovens conseguissem absorver tudo isso. O cérebro dos três pensava rápido tentando fazer a associação que tinha acabo de ser dita a eles. Quando eles pareceram entender, Darilo continuou.
As características do Akai eram ligadas ao cinco sentidos: Visão, tornando a pessoa que possui-lo observadora; Audição, com esta altamente avançada. Olfato, também muito desenvolvido; Paladar, facilitando a aprendizagem de novas línguas e a habilidade de se relacionar; Por último, o tato, que dava ao portador desse gene uma grande vantagem em trabalhos manuais.
A informação era nova e complexa mas, de fato, os garotos podiam associa-las a eles próprios e as pessoas que conheciam.
O normal era cada pessoa ter dois genes desses, mas havia algumas excessões como as pessoas que tinham três do tipo ligado aos quatro elementos. Os chamados, no outro mundo, de tribus dotibus Nou. Havia aqueles que tinham quatro genes dos cinco elementos, eles eram chamados de quatuor dona Akai. Em Túrio, eles eram escalados a servir no exército.
Outra excessão eram aqueles que tinham os quatro genes dos quatro elementos, eles eram chamados de Omnia Dona Nou. Existia as cinco características dos cinco sentidos, com a denominação de Omnia Dona Akai. Essas pessoas eram os Guions, os líderes de Túrio. Sempre governava um guion com os genes completos do Nou e outro com os genes completos do Akai para um completar o outro.
Ash perguntou intrigado o que acontecia quando havia mais de duas pessoas com esse tipo de DNA. O cientista respondeu com normalidade que eles lutavam até a morte, o vencedor governaria. Os jovens ficaram um pouco assustados com a crueldade mas não demonstraram, apenas semicerraram os olhos. Darilo bebeu um longo gole da sua taça de vinho, apreciando-o e continuou calmamente.
- Agora, há um tipo raríssimo. Com uma chance de uma em um milhão de acontecer. São os chamados Nouakais.
Essas pessoas tinham todos os nove genes em seu DNA. Com uma mente incrível, elas já tinham feito muitas mudanças e literalmente revolucionaram o mundo. Darilo deu alguns exemplos de personalidades da nossa história que eram Nouakais. Se pensarmos bem, esses exemplos são óbvios.
A mente dessas pessoas era tão fantástica que chegava a ser perfeita. Os Nouakais tinham a mente perfeita.
Ash, Régulo e Kin escutavam com atenção o que Darilo dizia. O modo que ele contava era fascinante. Ele parou de falar e deu um sorriso de canto de boca.
- Vocês não foram escolhidos por acaso, meus queridos. Vocês tem alguma noção do porquê que eu os chamei para completarem a minha missão?
Eles não tiveram coragem de arriscar.
- Vocês, meu queridos, vocês são os únicos Nouakais existentes no nosso universo de 2047. Vocês são os únicos com a mente perfeita.
Os três olhavam boquiabertos para Darilo. Eles estavam em choque e o cientista se divertia com isso. Houve um momento de silêncio entre os quatro. O homem estava perdido em seus pensamentos, orgulhoso dos garotos. Já eles estavam em uma espécie de estado de choque. Eles eram Nouakais. Essa frase se repetia inúmeras vezes na cabeça deles.
Depois de beber outra taça de vinho, o homem disse que teve acesso ao banco de dados dos garotos e, principalmente, teve acesso a constituição genética deles. Ele pesquisou, verificou e comparou com o de Nouakais, então veio a confirmação. Eles tinham os nove genes. Os jovens se lembraram que foram obrigados a fazer um exame de sangue há aproximadamente um ano. O motivo para isso tinha acabado de ser explicado. Quando eles se recuperaram um pouco do choque, o pesquisador ficou sério.
- Garotos, preciso fazer uma pergunta pra vocês agora. Pensem bem. Não precisa me responder agora, mas eu diria que o mais rápido possível. Vocês aceitam a minha missão?
Régulo respondeu instataneamente que sim. Darilo deu um largo sorriso e olhou esperançoso para Ash. Este deu um longo suspiro e então acenou positivamente com a cabeça. Darilo deu gritos e bateu palmas. Então ele olhou para Kin. Este estava pensativo olhando para o mar. Todo o universo nas mãos deles... E se falhassem? Ele morreria, com certeza... Mas se não tentassem... Eles também morreriam. Os três eram Nouakais, então, teoricamente, seriam as pessoas certas para isso.
- Aceito.
Darilo explodiu de tanta alegria. Ele levantou e abraçou os garotos e depois de uma grande comemoração eles se sentaram.
Uma garota de uma grande beleza oriental ofereceu algo para beber. Kin sorriu maravilhado para ela, a qual o retribuiu da mesma forma. Ele abaixou a cabeça ainda sorrindo e corado.
Depois de um delicioso jantar, Darilo falou para eles irem dormir. O dia tinha sido longo e eles precisavam descansar, já que os treinamentos começariam na manhã seguinte.