No mundo do ano 2047, o ídolo da nossa nação era Darilo Ness. Reconhecido primeiramente por ter descoberto a cura para o câncer, depois firmou sua fama revolucionando a àrea física e matemática. Com seus grandes feitos não tinha uma pessoa que não o conhecia e o admirava, portanto quando os jovens Kin, Ash e Régulo receberam cartas de Darilo a reação de surpresa entre eles foi a mesma. Primeiro porque cartas não eram mais recursos utilizados e segundo porque elas eram de Darilo.

Régulo abria ansioso a carta no seu país natal, Espanha. Enquanto Ash lia rapidamente a sua na Inglaterra e Kin dava pulos de alegria pelas ruas do Japão. A carta convidava os três para um encontro com Darilo, ele não disse o que queria porque era um assunto confidenial, de extrema importância e que não poderia ser dito em uma carta. O encontro seria em uma ilha particular de Darilo que localizava-se na América Central.

O garoto de cabelos pretos e olhos azuis, Ash, foi o primeiro a chegar, ele carregava uma mala pesada pelas ruelas tecnológicas seguindo um pequenino robô. De tempos em tempos eles tinham que atrevessar a uma barreira de robôs responsáveis pela segurança. Pessoas não autorizadas realmente não eram bem vindas. Ash deu um sorriso orgulhoso de si mesmo. Ele era uma pessoa autorizada e bem vinda ali.

Depois de uma longa caminhada eles alcançaram o laboratório. Ele tinha um formato circular e era inteiramente branco, as paredes, os objetos de decoração, as máquinas e até os pequenos detalhes, como o uniforme, eram dessa cor. Uma mulher loira, alta e bonita se aproximou do convidado.

Boa tarde, senhor. O doutor Darilo o espera em sua sala de reunião Queira me acompanhar, por favor, eu o levarei até lá.

Ela deu um sorriso simpático para ele, o qual retribuiu o ato de uma forma boba. Ela riu da cara dele sem desrespeitá-lo e deu as costas, guiando-o até a sala. A garota parou em frente à uma porta branca enorme, com uma fechadura prateada, ela apertou um botão ao lado da mesma.

Doutor, Ash está aqui, ele pode entrar?

Darilo deu um grito dentro da sala que eles puderam ouvir pela caixa de som embutida na parede.

É claro que ele pode entrar, não precisava nem perguntar, minha querida.

A garota sorriu, pegou a mala das mãos de Ash, dizendo que colocaria nos aposentos dele e por fim, ela abriu a porta.

Lá estava ele, o homem mais admirado do mundo. Tinha um sorriso cativante e olhos escuros intensos. Ash o observou com curiosidade. Ele deveria ter aproximadamente trinta anos de idade, usava um óculos de armação branca. Estava sentado atrás de uma mesa também dessa cor. Os olhos de Ash já estavam ardendo de tanto branco que tinha ali. Em cima da mesa havia um olograma de explosões.
Ah, meu querido, seja muito bem vindo! -- Darilo sorriu mais ainda -- Esperei tanto tempo por vocês todos!
Vocês, senhor?

Darilo não tinha comentado na carta que mais duas pessoas eram esperadas e Ash não entendeu o plural na frase.
Ah, sim, mais pessoas irão vir. Mas agora, me conte, como foi a sua viagem?

Darilo era simpático com seu hóspede, sempre tentando deixá-lo a vontade. Ash estava relatando as turbulências que seu avião teve quando uma campainha tocou. A voz da moça que o trouxe até ali invadiu a sala.

Doutor, Régulo está aqui, ele pode entrar?

Darilo deu um pequeno pulo na cadeira e autorizou a entrada do jovem. Este entrou desconfiado e parou ao lado de Ash.

Obrigado por ter vindo, Régulo. Ah! como eu sou um péssimo anfitrião! -- Ele apertou um botão em cima da mesa.

A voz da garota que os apresentou surgiu.
Deseja alguma coisa, doutor?
Sim, sim, querida. Mande três cadeiras para cá, por favor.
Claro, Doutor.

Quase imediatamente a porta se abriu e três cadeiras brancas motorizadas entraram e se posicionaram em frente a Darilo e a mesa.
Sentem-se, fiquem a vontade.

Os convidados acomodaram-se nas cadeiras.

Bom, enquanto meu outro convidado não chega, deixem-me apresentá-los. Ash este é Régulo e Régulo este é Ash.

O moreno de olhos castanhos e dentes brancos, Régulo, apertou a mão do outro desconfiado, ele, assim como Ash, não sabia que teriam outros convidados.

Novamente a campainha tocou.

Doutor, Kin está aqui, ele pode entrar?

Darilo arrumou os seus óculos com excitação e autorizou a entrada. O anfitrião apresentou o novo convidado de biotipo oriental aos outros e conversou um pouco com eles. Quando os três já estavam confusos do porquê deles estarem ali, Darilo resolveu falar.

Garotos, antes de mais nada eu gostaria de dizer que eu não os chamei aqui por acaso. Foram anos e mais anos de estudos e depois um longo tempo de procura pelos meus escolhidos. Tudo que eu direi agora para vocês eu vou poder provar, mas, eu devo alerta-lhes: isso vai desafiar os seus conhecimentos e a vida de vocês. Eu não os obrigarei a aceitar o que eu vou dizer e pedir. Mas uma vez aceitado, vocês não poderão voltar atrás. Entendem o que eu estou dizendo?

Eles concordaram balançando a cabeça um pouco atonitos.

Ótimo. Então vamos ao que interessa. -- Darilo respirou fundo -- O nosso universo não é o único que existe. Vocês já ouviram falar que ele fica dentro de outro universo?

Eles confirmaram.

Acho que vocês conseguem perceber que para entrar neste outro universo levariam milhares de anos luz, certo? -- Ele sabia da resposta e continuou antes dos meninos responderem -- Mas e se encontrássemos um modo de encurtar esse caminho de anos luz em segundos? Não, não. Fiquem tranquilos rapazes, eu não pedirei para vocês criarem esse modo. Isso foi um trabalho meu, o trabalho mais árduo da minha vida inteira e eu consegui. -- Darilo deu um sorriso satisfeito -- Para vocês entenderem como eu fiz isso, nós teremos que voltar no tempo, quando os cientistas estavam testando o acelerador de partículas, acredito que já ouviram falar, não? -- Novamente ele não esperou a resposta -- Eu participei desse projeto e toda vez que as partículas se chocavam, uma pequena explosão acontecia. Nós percebemos que quanto mais aceleradas elas estavam, maiores eram as explosões. Garotos, me digam, qual é a terceira lei de Newton?

"A toda ação há sempre uma reação de oposta e de igual intensidade".

Kin respondeu prontamente. Ash e Régulo sabiam a lei, mas não a sabiam com tantos detalhes, eles ficaram impressionados. Darilo deu um sorriso orgulhoso.

Exatamente. Com a ajuda de estudos astrológicos, descobrimos que a reação dessas explosões acontecem um pouco longe daqui, dizemos que a milhares de anos luz, em um outro universo. -- Quando Darilo disse isso, Ash estreitou os olhos, Régulo coçou suavemente o queixo e Kin se mexia desconfortavelmente em sua cadeira, todos eles forçavam suas cabeças a entender isso -- Portanto, meus queridos, todas as explosões que fizermos aqui, acontecerão lá também. Pensem: e se essas explosões forem muitas e uma seguida da outra?

Elas... Elas vão se unir...

Ash disse compreendendo o pensamento de Darilo, este deu um enorme sorriso.

Sim, então criamos uma conexão entre esses dois universos. -- Darilo olhou maravilhado para o olograma das explosões em sua mesa, os três fizeram o mesmo -- Observem como essas explosões são rápidas... Entendem o que isso quer dizer?

A viagem durará segundos...

Régulo disse espantando.

Nunca me arrependerei de ter escolhido vocês três para cumprirem a minha missão!

Me desculpe interromper, senhor -- Ash começou -- Mas, qual é a missão?

Sim, sim. A missão é salvar o nosso universo.

Régulo começou a rir do comentário, não sabia que Darilo tinha senso de humor. Ele virou-se para o lado. Ash estava sério. Régulo pensou que ele não tinha entendido a piada. Ele virou a cabeça e olhou para Kin, ele tinha uma expressão de confusão. Aborrecido pelos companheiros não terem entendido o comentário de Darilo ele olhou para o mesmo, querendo mostrar que pelo menos ele havia compreendido. No momento que ele encontrou o rosto de Darilo o sorriso sumiu.

Ah! Não! Nós vamos ter que salvar o universo mesmo?

Darilo estava zangado pela reação do jovem e confirmou bruscamente com a cabeça.

Jura? -- Régulo perguntou em uma voz agúda.
Como eu disse anteriormente, nenhum de vocês é obrigado a aceitar a minha missão, senhor Régulo.

Ele percebeu a raiva de Darilo e se encolheu na cadeira.

Me desculpe, eu achei que era uma brincadeira.

Nós percebemos, querido -- Darilo disse com ironia -- se você julgar isso uma coisa difícil de mais para você, eu iria me decepcionar... Mas...

Não! De jeito nenhum! Eu aceito a missão! Mas é claro que eu aceito! Sempre quis salvar o mundo mesmo.

Darilo sorriu.

Bom, para salvar o nosso universo, vocês terão que salvar o outro universo. Simples, não?

Ash e Kin riram, já Régulo não, já bastava a vergonha que ele tinha acabado de passar. Se ele risse na hora errada de novo, ele prometeu para si mesmo que enfiaria a cabeça na terra.

O nosso universo corre perigo. Lembram do Big Bang? Começo de tudo e blá blá blá? -- Os três confirmaram rapidamente -- Se nós não fizermos nada, vai acontecer outro e... Bom... Dessa vez será o fim de tudo.

Os três prenderam a respiração diante da notícia.

Nosso universo é derivado desse outro, portanto tudo é basicamente como aqui. Mas ele está tendo problemas naturais com uma mistura de gases presentes lá e uma espécie de poeira atmosférica. A junção desses fatores está causando explosões e diferentemente daqui, onde nós temos um preparo para essas explosões, lá não tem, portanto, não tem como controlá-las. Então, vocês já sabem, muitas explosões, lei de ação e reação, o universo de lá explode...

O nosso universo explode. -- Ash completou o pensamento de Darilo.

Sim. Infelizmente sim. -- Ele respondeu tristemente -- Bom, voltando a missão, vocês precisarão, lógico, de armas, da inteligência de vocês e de algumas coisas específicas do outro universo. Peço a atenção total de vocês para isso. -- Darilo foi com o corpo para frente -- Vocês precisarão de fios pretos, 4 milímetros de mar azul, porcelana e flores.

Eles estranharam os últimos pedidos mas não questionaram. Afinal, Darilo sabia o que dizia e fazia.

Só mais um detalhe antes de eu dispensar vocês...

Mas antes de completar a frase, a campainha tocou e a voz da mulher invadiu a sala novamente.

Doutor, o jantar será servido em meia hora.
Ah sim! Obrigado Clarice. Bom, acho que esse detalhe ficará para mais tarde. Vocês devem estar cansandos por causa da viagem... Vão tomar um bom banho e eu os encontro em meia hora na sala de refeições na minha mansão. Ali eu direi o que ficou faltando.