Never Let You Go - Bring me to Life escrita por lovemhatem_


Capítulo 18
A Experiência dos Inexperientes


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ;3
Boa-Leitura!



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Uma brisa fria tocou meu rosto. Uma risada baixa pôde ser ouvida. A brisa voltou, porém mais forte, e meu cabelo subiu um pouco da testa. Pensei que talvez estivesse na hora de corta-lo, a franja estava tão grande que já empatava na visão. Abri os olhos. Loui estava na minha frente, soprando meu rosto.

- Eu não quero ir para a escola - murmurei.

- É domingo. E bom-dia. - ela sorriu. Era como se eu não visse seu sorriso a mais de um dia.

Na verdade eu não via seu sorriso a mais de um dia.

- Ah!

- Você tem que comer, né?

- E se eles entrarem aqui? Não posso sair.

Nesse instante, alguém bateu a porta.

- Não vou sair! - gritei, logo de início.

- Você precisa comer, Jesse - minha mãe gritou do outro lado.

- Traga a comida para cá. E por Kendra. Não confio em vocês - gritei de volta.

Tudo permaneceu em silêncio. Eu olhei para Loui e depois me levantei. Meus ossos estralaram devido a posição e ao local em que eu fiquei a noite inteira.

- Você não vai dormir aqui hoje de novo, pode prejudicar sua coluna, você vai envelhecer antes do tempo - Loui murmurou.

- Tá, mãe - sorri.

Ela sorriu de volta, não com tanta intensidade quanto eu.

Alguém bateu na porta.

- Jesse? - era Kendra.

Eu corri até lá e abri a porta vagarosamente. Não havia ninguém além dela na porta, porém na mesa todos olhavam para mim com expectativa, e mamãe estava com os olhos vermelhos, provavelmente andara chorando. Era horrível constatar que era por minha causa, mas eu não poderia me preocupar com isso agora, era por uma boa causa que eu estava fazendo aquilo. Kendra estava com um prato com torradas e bacon e um copo de Ovomaltine.

- Obrigado, Kendy. - murmurei.

- De nada - ela esboçou um sorriso e depois olhou para trás.

Papai balançou a cabeça em sinal positivo.

- Jesse - ela disse - Tem alguém no telefone... Querendo falar com você.

Eles queriam que eu saísse. Mas não iriam conseguir tão fácil.

- Traga-o até aqui.

- Bem... É Honor.

- Traga-o até aqui - eu não queria falar com Honor, mas tudo bem.

Kendra olhou para trás novamente e papai meneou a cabeça em sinal negativo. Kendra me olhou e depois foi até o telefone. Papai fez menção de se levantar da mesa, mas mamãe segurou seu braço. Kendra me estendeu o telefone. Eu coloquei o copo em cima do prato e peguei o telefone com a outra mão. Loui me ajudaria assim que a porta se fechasse. Mas mamãe pareceu ver uma esperança em eu entrar no porão novamente com as duas mãos ocupadas. Eles poderiam se aproveitar disso. Então eu olhei para Loui e ela pareceu entendido, porque veio às pressas para o meu lado e pegou o prato e o copo. Eu voltei a abrir a porta mais um pouco e peguei o telefone. Kendra não pareceu se incomodar com o fato de eu ter me livrado do prato e do copo tão rápido, porém os da mesa pareceram curiosos. Eu apenas peguei o telefone e fechei a porta. Depois desci as escadas e fui até o meu 'colchão' improvisado.

- Alô? - atendi.

- Jesse! Oi, meu amor, bom-dia - a voz irritante de Honor gritou. - Eu pensei em ligar ontem, mas acordei muito tarde e imaginei que você devesse estar dormindo. Acertei?

- Não sei que horas você acordou, mas acho que eu já estava acordado. Tive insônia - murmurei.

- Ah, que pena. - ela falou de um jeito que não parecia ser pena. - Mas então, você vai fazer alguma coisa hoje?

- Não.

- E...?

- E... Eu estou... Não posso.. Não tenho como... Sair.

- Ahn... Mentira... Por quê?

- Por que... Tem umas pessoas aqui em casa e...

- Ah, então eu poderia ir até aí! E você me apresentaria a seus pais! - ela exclamou.

- NÃO! Quer dizer... Não vai dar. Por que... É... Essas pessoas são da igreja e estão fazendo orações sem parar e é em família.

- Agora eu também sou meio que da família, né?

- É, mas eu digo família tipo pai, mãe e filhos. Só. Entende?

- Hum... Acho que sim - ela suspirou. - E mais tarde?

- E mais tarde? Bem, mais tarde eu vou... Dormir. Sabe a insônia? Estou morrendo de sono e mais tarde, à noite, quando eles forem embora eu vou correr pra ir dormir.

- Ah... Que droga!

- Bom, se eu não dormir cedo irei acordar tarde e talvez nem vá para a escola amanhã.

- Não! Você não pode faltar amanhã, porque será oficial.

- Honor. Eu... Quero te dizer uma coisa... - olhei para Loui, ela havia se afastado.

- Sim? - ela - Honor - esganiçou do outro lado da linha.

- Eu... Você não acha que eu tomei algo que não devia na festa?

- Hã? Por quê?

- Honor, acho que foi um engano o que eu fiz. Olha, a pior coisa do mundo é fazer isso por telefone e na verdade eu nunca fiz, mas... A situação exige e... Bem... Eu não quero namorar com você - Pronto, falei. Fechei os olhos.

- O quê? - ela gritou. - Você só pode estar louco, é. Como assim, tipo, você termina comigo desse jeito? Não pode, não tem o direito. Você deve estar doente... Olha, corrige o que disse, eu vou fazer de conta que não ouvi, O.K.? Agora eu tenho que desligar porque a Shella está ligando para mim. 

- Não, Honor, eu estou falando sério. Eu estou terminando com você, desculpa.

- Beijos, meu amor, eu te amo - ela desligou.

Suspirei pesadamente.

- Dane-se! Ela ouviu perfeitamente. Eu não vou retirar o que disse. A partir desse instante não namoro mais Honor Mary Kinzer.  Fim de papo - resmunguei.

Ouvi Loui rir ao meu lado.

- E agora? - ela perguntou. - Como irá para a escola segunda?

- Seja o que Deus quiser - suspirei.

Nós permanecemos em silêncio, depois eu comecei a comer.

Loui começou a passear pelo quarto. Desapareceu. Eu terminei de comer pensando no que fazer com relação a todos os meus problemas. Encontrei uma resposta: nada. Nada poderia ser evitado. Todos temos problemas, eles são inevitáveis, mas podemos nos acostumar a eles e torná-los uma vantagem, abrir certos caminhos com eles e aprender novas lições. No meu caso, eu ainda não sabia como fazer isso.

Loui reapareceu na janela, batendo com a mão esquerda. Ela trazia minha escova e pasta de dente e um copo de água. Eu abri a janela e agradeci-a novamente. Escovei meus dentes ali mesmo. Ela apontou para um balde sujo perto do armário e eu cuspi lá. Depois peguei o prato, os copos e o telefone e subi as escadas com a ajuda de Loui. Abri a porta e Kendra correu para me ajudar.

- Onde arrumou esse outro copo? - Jason perguntou da cozinha.

Eu fiz de conta que não havia escutado e entreguei-os a Kendra, depois fechei a porta tão rápido quanto havia aberto. Desci as escadas e voltei para o edredom.

- O que faremos agora? - Loui perguntou.

- Não tem nenhuma lembrança?

- Nenhuma interessante.

- Nem de Math?   - arrisquei.

- Bom, até que tenho. Mas você não gostaria muito de vê-la.

- Tente - pedi.

Ela me estendeu a mão e eu a toquei. Fechei os olhos, como de costumes. E quando os abri novamente estávamos no aquário que Loui havia me mostrado dias antes. Apenas Lou e Math se encontravam lá, eles estavam na mesma sala que eu e Loui estivemos. Estavam de mão dadas, deitados no chão, em silêncio. Quase dava para ouvir o som da respiração deles. Math falou alguma coisa, mais tão baixo que eu não ouvi. Provavelmente Loui também não porque aquelas eram suas lembranças. Eu poderia ter chamado aquilo de sussurro, mas achei que alguém como Math não sussurrava. Então ele se aproximou muito mais de Loui, mas do que eu gostaria, e tocou seu rosto. Eu sabia o que viria a seguir, e ela tinha razão. Eu não gostaria de ver isso.

Pisquei diversas e frenéticas vezes, tentei sair da sala. Fechei os olhos e então, lá estava eu. No porão frio e úmido, com cheiro de mofo. No edredom, com Loui ao meu lado.

- Essa foi rápida - comentei, para aliviar a tensão.

- Eu disse que você não gostaria de vê-la - ela se defendeu.

- Tudo bem, eu que quis - sorri.

Nós ficamos em silêncio novamente. O tempo parecia passar tão devagar, e eu estava ficando com sono, com tédio, com raiva. Eu devia estar no notebook, ou na televisão, ou na cozinha, ou em qualquer lugar menos aqui. Talvez eu até pudesse sair e levar a chave comigo. Mas provavelmente eles me perseguiriam e tirariam a chave de mim, entrariam e encontrariam as cinzas de Loui, e então levariam elas embora. Olhei meu relógio de pulso. Eram oito horas e cinco minutos. E como eu faria para ir para a escola amanhã? Talvez devesse faltar aula. Seria até melhor, evitaria Honor e Kevin. Me veria livre pelo ao menos por mais um dia dos meus problemas.

Olhei para Loui. Ela também estava me olhando. Com curiosidade.

- No que está pensando? - perguntei.

- Nada - ela respondeu rápido demais.

- Fale-me.

- Não - ela meneou a cabeça e sorriu. - É só bobagem.

- Então fale, ora. - insisti.

-Eu... Estava pensando em lembranças.

- Que lembranças? - insisti mais.

Ela hesitou e olhou para o outro lado do porão.

- Sabe daquela vez que eu estava falando sobre me lembrar de sentir o sol, o gosto de algumas comidas, essas coisas?

- Sim - assenti.

- Bem, estava me lembrando dessas coisas.

- Que coisa especificamente?

- Nada - ela fez uma expressão tão engraçada que eu poderia ter chamado aquilo de vergonha. - É só besteira.

Eu me aproximei dela.

- Fale-me, Louissean.

- Não, esqueça. É só bobagem.

- Quero saber que tipo de bobagem é.

Ela me olhou e depois virou o rosto. Ela estava mesmo com vergonha.

- Você não sabe mesmo?

Raciocinei um pouco.

- Hm... Não.

- Então deixe quieto - ela voltou a evitar o assunto.

- Não! Fale-me, por favor.

Ela ficou em silêncio. Então de repente me passou pela cabeça o que poderia ser.

- Lou...?

Ela tremeu. Era a primeira vez que eu a via tremer desde que a conhecia. Acho que ela não podia corar, por isso tremia. Pois se seu rosto tivesse circulação sanguínea estaria completamente vermelho agora.

- Sim? - ela respondeu e me olhou de relance, depois se voltou para o armário. 

- Eu estava aqui pensando... - não faria mal tentar, faria? - e eu queria experimentar... Uma coisa.

- Que coisa? - ela arregalou os olhos.

- Uma coisa, ué - me aproximei mais dela.

Ela congelou - modo de expressão porque ela já era fria. Eu toquei seu rosto e puxei-o contra o meu. Seus lábios em meus lábios. Foi um toque estranho, quente no frio, o que me provocou um arrepio. Quer dizer, não só em mim.


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Notas finais do capítulo

E então....?



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