Never Let You Go - Bring me to Life escrita por lovemhatem_


Capítulo 17
Reverendo Breslyn [part 2]


Notas iniciais do capítulo

Nessa13 , muito obrigada pelo review, amei *---*



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Entrei no porão e tranquei a porta. Dane-se o que tivesse lá dentro. Poderia ter um cadáver, vários cadáveres, poderia ter o que for. Mas também tinha uma coisa que pertencia ou era importante para Louissean, e eu iria guardar e proteger essa coisa de tudo. Não importa o que fosse preciso fazer.

Lá embaixo era escuro e frio, assim como eu havia imaginado que fosse. Eu procurei um interruptor, e quando liguei a luz, era tão clara que talvez fosse melhor ficar no escuro. Tudo ali cheirava a mofo. Senti náusea, mas continuei descendo as escadas. Lá embaixo havia um armário velho e mofado, claro, no canto da parede. Havia um colchonete rasgado e sujo, com a espuma saindo. Havia uma janela na parte de cima que dava para a grama do quintal. Ótimo.

Eu fui até o canto da parede oposto ao do armário e me sentei no chão frio.

- Jesse! Abra! - ouvi mamãe gritar e bater a porta, mas eu nem sequer me dei o trabalho de responder.

Não demorou muito para Loui aparecer ao meu lado.

- Você não devia estar fazendo isso.

- Dever não é a mesma coisa de poder, muito menos querer. Além de que é um direito meu de ir e vir para onde quiser. Agora quero estar aqui.

- Jesse... Por favor.

- Não insista - notei que minha voz estava meio embargada e meus olhos marejados. - Eu não quero que você vá embora.

- Eu também não, mas... É a sua vida em jogo também.

- Exato. Minha vida, e eu quero que você faça parte dela - dirigi minha mão para a sua.

Ela estava fria, como sempre.

Divertir os outros, um dos modos mais emocionantes de existir. - ela suspirou.

- Você não existe para me fazer feliz. Você existe para complementar o espaço vazio que sempre predominou em mim e eu nunca notei, só depois que fiquei hoje o dia inteiro sem você percebi o quanto você é essencial para mim. Eu não posso perder você, Loui.

Ela me olhou nos olhos, mas eu não me senti desconfortável como me sentia com o resto das pessoas.

- Você está falando sério? - sussurrou.

O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo? Para mim, você existe, Louissean. Eu não sei ao certo até que ponto se elevou a nossa amizade, mas sei que agora você é parte de mim. E ninguém consegue viver só com metade do corpo... Nem metade do coração. Do mesmo modo, não conseguiria viver sem você - continuei falando.

- Isso foi a coisa mais linda que alguém já me disse - ela suspirou. - E porque só agora? Porque não antes, quando eu tinha toda a juventude para aproveitar? Eu sou tão mais velha que você, Jesse.

- Nunca se é velho demais para amar - eu falei sem pensar. Ou falei pensando? Eu havia dito isso em voz alta mesmo?

- O que disse?

- Eu disse... Que estou muito confuso agora. E a única certeza que tenho é de que preciso de você ao meu lado.

Fomos interrompidos pelas batidas que recomeçaram, mas fortes.

- EU. NÃO. VOU. ABRIR! - gritei.

- Jesse, você precisa abrir. O Reverendo já foi embora, por favor... - papai suplicava. Ele nunca havia suplicado desse jeito. Ele era sempre muito sério e seguro de si. Devia estar mentindo.

- QUE SE DANE O REVERENDO. EU NÃO VOU SAIR DAQUI!

- Você pode sair se quiser - Loui sussurrou.

- Não quero - murmurei. Estava com raiva. E isso devia ser óbvio.

Loui sumiu de repente. E eu me perguntei se havia sido muito rude. Bati minha cabeça na parede. Droga. As batidas continuaram. Levantei-me e fui até lá em cima. Abri a porta e quase que meu pai caiu em cima de mim.

- O que vocês querem?  - O Reverendo ainda estava lá, como eu já imaginava.

- Vamos conversar, filho. Deixe-nos entrar.

Permaneci calado.

-Vai nos deixar entrar? - mamãe perguntou.

- Preciso responder? - sibilei. - Eu só vim dizer que quero dormir e preciso de silêncio.

- Dormir? - mamãe arfou. - Você não vai dormir aí, vai?

- Apenas sei que não irei sair daqui e vocês não irão entrar - dei os ombros e fechei a porta com força.

- JESSE JONES! ABRA ESTA PORTA I-ME-DI-A-TA-MEN-TE! - meu pai gritou.

- ESPERE SEN-TA-DO!

- Acho que o demônio deve estar entrando em ação. Ele já se comportou assim antes? - ouvi Robbie perguntar.

- Desde que começaram essas crises horríveis - mamãe respondeu, ela parecia estar chorando.

Eu bati na porta com força. QUE ÓDIO! Loui apareceu ao meu lado trazendo dois edredons e meu travesseiro, ela estava na janela do porão - a que dava para o gramado do jardim. Eu fui até lá e abri-a. Ela jogou os cobertores e o travesseiro primeiro, depois escorregou para dentro.

- Quer que eu traga o seu notebook também?

- Não precisa - murmurei. - Obrigado.

Ela arrumou o edredom mais escuro - azul - no canto que eu estava antes e colocou o travesseiro em cima. Depois pegou o outro - cinza - e acomodou-o sobre o travesseiro.

- Aqui faz frio - explicou.

- Obrigado, de novo.

- Tudo bem. Agora venha, já são quase dez da noite - ela bateu no edredom esticado no chão.

Eu me arrastei até lá, já que estava sentado perto da janela de onde ela havia saído segundos atrás. Eu não me deitei, apenas me sentei, tirei meus tênis e fiquei só de meias. Também desabotoei minha camisa e fiquei apenas com a de baixo. Loui me olhou e depois olhou para a janela.

- Talvez faça frio, aqui é úmido.

- Eu não me importo - dei de ombros. - Agora estou com calor.

Ela ficou em silêncio e se afastou.

- Não precisa, eu não vou dormir agora.

- Você vai ficar aqui por quanto tempo? - ela perguntou, ainda afastada.

- O quanto for preciso... - murmurei.

- Sabe que não precisa.

- Mas eu quero.

Ela suspirou e depois encostou a cabeça na parede. Eu fiz o mesmo. Nós permanecemos em silêncio. As batidas na porta haviam cessado, e eu ouvi um barulho de carro velho em movimento. Eles deviam ter ido embora, mas meus pais não desistiriam tão fácil assim. A brisa gelada me tocou e eu tremi. Loui se arrastou até o travesseiro e pegou minha camisa. Mas eu não a vesti. Logo eu ficaria com calor novamente, e ainda teria o edredom, seria o necessário.

- Bom - ela falou, finalmente. - Já que você vai ficar aqui mesmo, vou lhe mostrar uma coisa. Vou me mostrar a você.

Não entendi bem o que ela disse no começo, mas então ela foi até o armário e o abriu. Não havia nada lá, a não ser uma capa de chuva comida pelas traças e uma caixa pequena que não parecia tão velha assim. Ela a trouxe até mim e se abaixou ao meu lado. Depositou-a lá e voltou para fechar a janela. Eu não ousei tocar a caixa. Ela voltou e se sentou ao meu lado.

- Não tenha medo. Esta é a prova de que eu não sou imaginária. - ela sussurrou, enquanto abria a caixinha vagarosamente.

Quando a abriu, eu quase desmaiei. Era uma espécie de pó, cinza e preto, espalhado em seu interior. Cinzas. Lembrei-me do que ela havia dito um dia após eu a ter conhecido: Mamãe estava na casa da vizinha e só viu quando as chamas começaram a tomar conta daqui. Meu corpo foi queimado. Eu morri antes disso". Então aquelas eram as cinzas de Loui.

- Essa sou eu - ela murmurou. - Eu de verdade.

Eu olhei bem para a caixa. Era apenas pó. Mas era Louissean, minha melhor amiga. Lembrei-me de que ela também havia me dito que ela não poderia sair da casa por muito tempo, pois seu corpo - ou cinzas - estava aqui ainda. E se as cinzas fossem levadas? Loui não poderia voltar para a casa, ficaria onde as cinzas estivessem. Era isso que o Reverendo Robert Breslyn e sua esposa Carmen queriam aqui. As cinzas de Loui. Mas eu não poderia deixar isso acontecer.

- Você é minha melhor amiga ainda - sussurrei.

Ela ficou em silêncio.

- Você.. Você.. Poderia voltar a viver? - não sei se já havia perguntado isso antes, mas eu estava curioso para saber.

- Talvez - ela respondeu tão baixo que eu quase nem cheguei a ouvir.

Mas meu coração bateu quase pulou para fora do corpo com a resposta.

- Talvez...?

- Se... Se eu arrumasse um corpo. Um corpo humano morto. Eu voltaria a viver nele. Mas, nem eu nem você podemos sair para o cemitério e pegar um corpo em decomposição. Tem que ser um corpo recente, ainda novo, ainda... Perfeito, recém-morto, que ainda consiga sustentar uma vida, entende?

- Sim.

- Ou seja... Impossível.

- Nunca diga nunca. Nada é impossível para Deus.

- Deus permitiria um espírito viver como eu vivo?

- Não sei. Só sei que ele existe e quer sempre o nosso bem.

- Sim. - ela sussurrou.

Nós voltamos a ficar em silêncio. Então eu me deitei, mas não me cobri. Loui se afastou para que eu pudesse ficar confortável. Algo na minha mente disse que eu ficaria mais confortável com ela, mas eu afastei isso da cabeça. Loui era minha melhor amiga, e um espírito.

- Reze - ela voltou a sussurrar.

- Eu me sentei novamente e olhei para ela.

- Reze junto comigo.

- Eu posso?

- Ninguém está nos impedindo.

Ela juntou minhas mãos e eu tremi com seu toque gélido. Depois ela juntou as suas. E juntos rezamos o Pai-Nosso, depois fizemos nossas preces, apenas na mente um do outro. Não sei o que Loui pedia, mas eu estava pedindo para que ela ficasse comigo.


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Notas finais do capítulo

e aí?



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