Lendas Do Acampamento: Vingança De Urano escrita por V i n e


Capítulo 20
Aprendiz de Hera




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Seus lábios eram quentes e macios, quando eu digo quente eu quero dizer mais que puro calor humano, era um calor sobrenatural. Ela se afastou devagar, seus olhos eram divertidos e perversos. Ela desviou o olhar descaradamente para Sophie.

- Algum problema, querida? Ti estás com uma expressão péssima! – Ela riu.

- Cale a boca sua aprendiz de Hera! – Gritou Sophie.

- O que? – Perguntei.

- Vaca! Cara de Sardinha. Ela é uma vaca! – Explicou Emma.

- Ah! Isso... É... Isso é estranho... – Um trovão retumbou no céu. Hera não gostara nem um pouco do ‘vaca’.

A Hésperide fulminou Sophie com o olhar. Sophie encarava sem medo, seus olhos eram vorazes. Suas irmãs tentavam esconder um sorriso. A ninfa girou nos calcanhares e chutou Sophie no peito. A Srta. Wikipédia literalmente voou! Ela foi jogada a sete metros de distância e caiu no lago.

- Sophie! – Gritamos em uníssono. Eu tentei correr até ela, mas minhas pernas não me obedeciam. Eu não conseguia me mover. O encanto da Hésperide sobre mim ainda me dominava. Sua beleza me anestesiava.

Sophie se levantou encharcada. Ela pingava da cabeça aos pés.

- Sua aprendiz de Hera! Sua vaca! Sua pirig... – Ela vociferou seus olhos brilhando com uma fúria homicida, mas antes que pudesse concluir a ninfa a interrompeu.

- Meu nome é Beatriz. Mas pode me chamar de Bia, Will! E para vós – ela olhou para minha namorada. - É senhora! - Disse a Hésperide correndo em direção a Sophie, ambas armadas com espadas.

Raphaella preparou o arco, mas Sophie gritou.

- Só eu e ela. Essa aprendiz de Hera vai ter o que merece! – Urrou ela.

Após milênios de experiência a Hésperide até que era boa. Conseguiu aparar um golpe frontal esquerdo facilmente. Ela se movia com tanta elegância e tanta agilidade que eu tinha minhas dúvidas de quem iria ganhar. Sophie tentou uma estocada, sem sucesso. O duelo estava equilibrado, sem considerar o fato de que uma das duas era imortal. A ninfa apoiou no pé esquerdo e se esquivou estilo Matrix Revolutions, ela lançou o corpo para trás dando uma cambalhota. Sophie avançou desta vez tentou uma serie de golpes complexos e velozes. Com um movimento, rápido e certeiro, Sophie fez um corte no braço da Hésperide. Icor dourado jorrou como uma fonte de ouro. A ninfa ajeitou os cabelos negros brilhantes e ergueu a espada ameaçadoramente.

- Filha de Atena! Vai conhecer o seu fim! – Ela gritou. Sophie foi forçada a recuar, andando em direção ao lago. A Hésperide empurrou Sophie para trás, mesmo sem conseguir me mexer concentrei-me na água. Pude sentir um frio estranho na espinha, o ar a minha volta ficou gelado. Sophie cambaleou para trás, seu pé tocou a água, onde seu All Star encostou-se à superfície do lago a água congelou. Ela se firmou no pé esquerdo olhando para baixo. Pronto! A Hésperide aproveitou a oportunidade e atacou. A raiva rugiu em meus ouvidos, ardendo como veneno em minha língua. Uma parede de água se projetou entre a ninfa e Sophie, a espada cortou facilmente a barreira, mas ninguém toca na minha Sophie! A parede de água se solidificou prendendo a espada em uma barreira de gelo com 30 cm de espessura.

Ergui meu braço esquerdo. A água me acompanhou sem hesitar, movi meus braços em movimentos amplos e suaves, como a água, o movimento fluiu sem esforço. Jatos e mais jatos de água se enrolavam em volta da Hésperide que ainda tentava libertar sua espada. Parei o movimento bruscamente, mantive os braços estendidos e as mãos com a palma para frente. Apenas bati palmas uma vez. Uma onda de energia foi liberada, o casulo de água começou a congelar. A ninfa abriu a boca para gritar, um grito mudo, todo seu corpo estava congelado. Dois pares de olhos dourados olhavam sem acreditar. As duas Hésperides puxaram suas armas. Uma com uma lança de ouro e outra com um arco.

- Façam isso e sua irmã vira o picolé mais quente do mundo! – Ameacei. Elas hesitaram tempo sulficiente para Emma e Rapha agirem. Uma flecha prateada acertou a mão da ninfa que segurava a lança. Emma tocou seu elmo com os dois dedos médios. Seu corpo todo tremeluziu, como de um holograma. Minha amiga caiu no chão desacordada.

- Emma! – Gritei. Apesar dos efeitos do encantamento consigui correr até ela. Sophie ajoelhou-se ao lado da irmã.

- Estou bem gente. – Mas não é a voz de Emma. Olhamos para trás. A Hésperide que segurava o arco acenou para nós. – Meu elmo me permite trocar de corpo com meu oponente. Posso dominar a mente dele. Presente da diva da minha mãe! Agora é só fazer uns estragos na cabecinha oca aqui e já volto para o meu corpo.

A Hésperide loura. A do arco. Tocou a têmpora, ela tremeluziu com Emma e depois desabou no chão. Minha amiga tremeu e abriu os olhos.

- Bem vinda de volta. – Eu disse sorrindo. Sophie a ajudou a se levantar. – Tudo bem?

- Sim... Só que gasta muita energia. – Ela sorriu. Eu também estava cansado. Transformar liquido em sólido gastou quase minha energia toda. Eu nem sabia que tinha esse tipo de poder. – Como você fez aquilo com a água?

- Eu não sei. Eu apenas imaginei uma morte cruel para aquela aprendiz de Hera. E simplesmente aconteceu. – Admiti.

- Seu pai é senhor das águas. Você pode controlar ela nos três estados da matéria. Sólido, liquido e gasoso. Você foi frio quando imaginou ela morrendo. E a água reagiu da mesma maneira. – Murmurou Sophie.

- Você é genial! – Exclamei, dando uma piscadela. Ela não sorriu, não piscou de volta, apenas balançou a cabeça. – Ah não! Ah, eu não acredito que você esta brava comigo!

Ela deu de ombros.

- Semideus! Minha irmã o curou. Pode retribuir a libertando de sua prisão gelada. – Disse a Hésperide que tinha sido atingida pela flecha de Rapha. Icor dourado pingava por entre seus dedos.

- Curou? – Eu sou meio lerdo às vezes sabe...

- Suas costelas não estão doendo mais não é? O beijo de uma Hésperide é uma dádiva. Ele pode curar qualquer ferida.

- Ah, obrigado! – Eu disse sem graça.

- Pode ser muito mais útil se você a descongelasse.

Inspirei e espirei. Uma névoa dançou em meus dedos, o Ice Berg descongelou rapidamente e a ninfa ganhou literalmente um banho de água fria.

Bia caiu de joelhos e começou a tossir. Ela arquejou, seus olhos lacrimejavam.

- Corram antes que meu pai chegue. – Grasnou ela.

Ela nem precisou falar duas vezes. Corremos o mais rápido que nossas pernas podiam. Um arco de ouro era adornados de rosas azuis, passamos por ele, uma nova onda de energia invadiu meu corpo. Estávamos no Monte Tamalpais. Ruínas de mármore negro refletiam a luz do Sol.

- Agora vamos achar Atlas e fazer ele segurar o céu de novo.

Uma voz rugiu atrás de mim:   

- Pensa que vai ser fácil meio-sangue?    


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