E o que acontece depois? Será que uma grande vilã, por mais inteligente e cruel que seja, conseguirá se esconder para sempre?

– Novo México, 4 de novembro de 1987

O relógio marcava nove e meia da manhã, o sol escaldante do verão no Novo México era o preferido de Claire, a piscina então, de água gelada cristalina, que embelezava ainda mais a linda casa rosa, com um jardim das mais lindas flores, e o enorme lago atrás, que podia ser visto lá de cima da janela gigantesca do escritório, Claire era uma típica garota americana, cabelos pretos e brilhantes e belos olhos azuis, que ficavam verdes diante do sol quente, era sem dúvidas dona de uma beleza extraordinária; Diria que era o tipo certo de garota, tinha uma bela família, marido e uma filha encantadora, Peter era o dono de uma das maiores empresas do país, tinha todo o dinheiro que precisava para satisfazer os caprichos da mulher e da filha.

– Gostou da água, querida? - perguntou Claire, enquanto brincava com a filha Krista, de um ano de idade - Eu acho bom mesmo, quero que um dia você seja campeã de natação.

– SENHORA, SENHORA!

– Mas o que foi Gloria? Precisa este escândalo todo? - perguntou intrigada.

– É que tem um homem querendo falar com a senhora, e disse que é importante. - respondeu ofegante.

– Eu disse que não gosto de atender ninguém quando estou na piscina. - disse irritada. - Ah, está bem, peça pra esperar.

Claire vestiu o roupão, pegou um copo de suco que uma das empregadas havia trazido, e seguiu até a sala de estar com Krista pela mão, na chegada viu sentado de costas, pela guarda da poltrona, um homem igualmente moreno, mas de pele branca, por alguns segundos lhe passou pela cabeça que pudesse ser... não! Aquilo já era passado, e improvável. Na outra poltrona, uma garota, loira de cabelos curtos e usava óculos escuros, olhava para o chão como que se estivesse perdida em seus pensamentos. Quando Claire se aproximou, o rapaz tratou logo de falar:

– Música clássica, filhos, casamento, Claire... então foi isso que você se tornou? - falou irônico.

– Mas, quem você pensa que é pra comentar minha vida? - respondeu irritada – Espera ai, essa voz...

O homem se levanta, e se vira para Claire, ela ficou tão perplexa, que nem percebeu - ou não tinha a menor importância - quando o copo escorregou das suas mãos e caiu no chão se transformando em pedacinhos de vidro, ficou tão pasma, que demorou alguns segundos até conseguir pronunciar alguma palavra.

– J-J-JONES? - gritou surpresa.

– Certifique-se de que terminou seu trabalho da próxima vez, Luize. - falou ainda mais irônico do que da outra vez.

– Como você conseguiu meu endereço? Como me achou? Como sobreviveu? Como está aqui?

– É incrível uma pessoa como você, se surpreender com coisas tão fúteis, como por exemplo, seu trabalho ter falhado.

– Vá brincar querida. - falou para Krista, que andou desajeitada até a sua babá, na sala ao lado.

Por um momento, Claire leva seus olhos para a garota sentada na poltrona, tinha quase certeza de que era...

– Eu sei o que você deve estar pensando, Luize, e sim, ela é Alex.

Jones andou até a garota, e a ajudou a se levantar puxando-a pelas duas mãos, tirou os óculos e depois os dois curativos que escondiam os olhos de Alex; no lugar deles havia dois furos, depois a beijou e Alex correspondeu o beijo com muita paixão.

– Então, tem certeza que quer conversar aqui, Luize? - perguntou ainda irônico - Seu marido pode chegar a qualquer momento.

– Na verdade, acho melhor você ir embora, Jones. - falou ainda irritada.

– Ir embora? Só pode estar brincando, temos muito o que conversar. - riu-se.

Subiram os três até o escritório, Jones ajuda Alex a se sentar e Claire abre as cortinas da enorme janela, deixando o lugar extremamente iluminado.

– Confesso que me surpreendeu Luize, a exatamente dois anos, você era uma garota da estrada, uma ladra alcoólatra e viciada, e agora uma mãe de família, muito gostosa por sinal. - terminou arrancando um suspiro de desaprovação de Alex.

– Olha Jones, eu não sei como sobreviveu, mas acho melhor você voltar pro lugar de onde saiu.

– Não seja ingênua, você sabe muito bem que não vou embora.

– Tá bom, o que você quer? - respondeu, dando-se por vencida.

– Calma, não é você a garota mais pacienciosa de todas?

– Olha, eu não quero discutir meu passado com você.

– Diminua o tom, não quer que seu maridinho descubra quem você é de verdade, quer?

– Ah, então agora você aprendeu finalmente a ameaçar alguém?

– E você finalmente decidiu mostrar as garras?

– Como você conseguiu sobreviver? Eu podia ter certeza...

– Vou contar tudo pra você...

Flashback ON

Casa de Campo, Califórnia, 2 anos antes.

– DESGRAÇADA, VOLTE AQUI! - falou enquanto suas mãos eram inundadas pelo sangue. - Eu preciso de algo.

Jones se arrastou até o sofá perto da escada, e agarrou uma toalha.

– Como ela pode fazer isso comigo? - falou com raiva. - Ela vai me pagar muito caro.

Arrastou-se, subindo as enormes escadas até o andar de cima, com muita dificuldade levantou-se e andou até o banheiro.

– Quem está ai? - perguntou assustada.

– Não temos tempo pra apresentações. - respondeu, terminando com um suspiro.

Ele desligou a ducha, fazendo com que uma última gota caísse na cabeça imóvel de Alex, antes de parar de pingar completamente, deixando a menina um tanto confusa, com dificuldade a desamarrou, e um ajudando o outro, desceram e foram para o lado de fora.

– Precisamos de um carro. - disse sem esperanças. - Qual a possibilidade de um passar por aqui?

– Temos que ir andando. - respondeu desanimada.

Andaram algumas horas até encontrar um bar, os homens que jogavam uma partida de xadrez assustaram-se ao ver a moça, alguns riram-se, mas não se negaram a ajudar, e os levaram até a cidade.

Flashback OFF

– Ninguém fez perguntas? - perguntou interessada.

– Acho que até tinham curiosidade, mas deviam ter medo da resposta, alguns estavam tão bêbados, que mal se aguentavam em pé.

– O que aconteceu depois?

– Depois a gente foi até o hospital, na época isso tudo saiu do jornal da cidade, e você se tornou procurada por todo o estado da Califórnia.

– Eu perguntei ao longo desses dois anos... o que aconteceu?

– Bom, comprei um carro e comecei a te caçar por todo o país, paguei todo o tipo de gente pra te achar.

– E ela? - disse, apontando para Alex.

– Depois do que você fez, me senti responsável por ela, então a ajudei, e a gente acabou se envolvendo.

– Interessante. Era isso que queria me contar? - falou com indiferença.

– Acredito que sim, e você, o que fez pra chegar até aqui? - perguntou interessado.

– Se quer mesmo saber, vou falar tudo...