Revenge In The Field escrita por Silent Night


Capítulo 1
A Vingança no Campo


Notas iniciais do capítulo

História e personagens meus, fiz essa à noite. Espero que gostem, rs.



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– 4 de novembro de 1985


Concordo que há alguns anos atrás, a tortura foi extinta da Califórnia, mas eu nunca fui, o que você chamaria de garota certinha, fui expulsa da escola em 1971 por mau comportamento, agressão, bagunça e pelo pequeno detalhe de jogar uma faca que, por alguns centímetros não atingiu a professora e pra sorte dela, ficou lá, grudada no meio do quadro negro, me julgaram uma garota perigosa, mas diria que já fiz coisas muito piores. Já fugi da polícia, fumei maconha, assaltei lugares, e por vezes, até mesmo me prostitui para suprir meu vício. Lembro-me daquela noite de inverno, eu e Jones, depois de uma transa, era tão fácil manipular aquele garoto, que era três anos mais novo que eu e fazia o que eu mandava, talvez também tivesse medo de mim. O rádio tocava Bon Jovi no seu volume máximo, e por alguma razão do destino - ou até mesmo a sorte - ao virar a rua às três horas da madrugada, vejo Alex, minha maior inimiga de infância. Ela foi responsável por metade do ódio que ainda tenho aqui dentro; a outra metade, diria que pertence a mim mesma. Ela discutia freneticamente com um garoto alto, eu diminui a velocidade do carro e quando finalmente a discussão acabou, cada um seguiu para um lado da rua, e parei ao lado dela.


– Ei, quer uma carona? - falei com calma - Não é seguro uma garota como você, andar sozinha pela cidade vazia há essa hora.

– Ah, é você Luize? Quanto tempo? - suspirou - Eu aceito sua carona.


Deixamos Alex na sua casa, que, para a minha surpresa, era uma casa bem simples, comparada com a amarela de dois pisos, que ela morava quando tínhamos uns nove anos de idade.


– Aceita um café, Luize? - perguntou ela, com aquele ar de superioridade que sempre me irritou tanto.

– É claro que sim, também quero conhecer sua casa. - respondi com uma pitada de maldade.


Ao entrar, me surpreendi mais ainda, a casa era ainda mais simples por dentro, talvez tivesse pouco mais de dois cômodos, separados por paredes de madeira, eu e Jones tomamos o café, sem açúcar . Aliás, se ela não podia sustentar uma casa de dois pisos, entendo perfeitamente que tenha faltado açúcar. Jones olhava para mim, suava um pouco, talvez ele tivesse pensado que eu planejava acabar com a garota ali mesmo. Depois do café, peguei minha jaqueta de couro preta, nos despedimos e fui embora.


– Achei que não deixaria sua maior inimiga escapar. - disse Jones, enxugando as gotas de suor.

– E quem disse que eu deixei?

– Vocês tinham apenas nove anos, Luize, achei que esqueceria isso.

– Costumava ser uma boa garota, ela me transformou no que eu sou hoje. - respondi com raiva.

– Você não precisa ser desse jeito, se não quiser. - respirou fundo - Eu te ajudo a reconstruir sua vida.

– Quando nos conhecemos você soube exatamente o que eu era. - respondi ofegante - e se quiser dar o fora, fale agora.

– Certo, estou cansado das tuas maldades, eu já fui cúmplice de muitas coisas, Luize. Já pensou pela sua cabeça que eu possa ter cansado?

– Perfeito, pode ir. Não se preocupe, não vou atrás de você. - respondi com ódio.


Ao me virar, pude ver que Alex estava quieta, ouvindo e assistindo tudo pela janela, ao perceber que eu a havia visto, fechou a cortina depressa, olhei para Jones, que entendeu exatamente o recado, ele sabia que se ferraria também se aquela idiota desse com a língua nos dentes. Puxei de dentro das botas que calçava, uma faca, daquelas de cortar carne, segurei-a na mão direita, fiz sinal de "silêncio" com o dedo indicador, e caminhamos até a porta, não foi difícil arrombá-la, que caiu por inteiro bem na nossa frente com apenas um empurrão mais forte. Mandei Jones me esperar do lado de fora, entrei, e o silêncio se fez presente; me esgueirei até o quarto e percebi que o que havia ali era apenas o barulho da respiração ofegante dela. Abri o armário e a vi sentada, chorava em silêncio. Meu ódio de ver a menina que tanto se dava ao direito de pisar em mim, chorando como uma garotinha assustada, que era o que ela era há alguns anos atrás, aumentou mais ainda; puxei-a pelo colarinho.


– Luize, me desculpe, eu mudei desde aquela época, por favor, não me machuque. - suplicou, com um medo absurdo no olhar.

– Você me machucou tanto, Alex. E agora, não há nada que te salve de ter o que merece.


Dei um soco na mesma, que caiu desmaiada, na minha frente; perguntei-me naquele momento qual foi o motivo que me impediu de fazer isso antes, enquanto ela juntava suas malditas amiguinhas para jogar em mim, a estranha que eu era. Com um pouco de dificuldade a arrastei pra fora, Jones a pegou no colo, amarrou, e colocou no banco de trás, enquanto eu colocava a porta no lugar, como se nada houvesse acontecido. Andei até o carro, e dirigimos sem rumo, ou sem nem imaginar onde poderíamos fazer a execução.


– Está comigo de novo? - perguntei eufórica.

– Como sempre estive. - respondeu com um sorriso maldoso no rosto, logo após me beijar.

– Meus pais tinham uma casa de campo, a uns 30 km daqui, depois que a vendemos, os donos morreram, e ninguém nunca vai lá, dizem que é assombrada.


O carro alcançava o máximo de velocidade que seu acelerador sustentava, há algum tempo não sentia tanto prazer em correr, como naquela madrugada. Quando chegamos à casa de campo, já era de manhã, aquela brisa tão gostosa, o ar fresco, e aquele lago que tanto me fascinava na infância, meu refúgio. A peguei pelas pernas e arrastei até a sala, subindo aos poucos os degraus da varanda no lado de fora.


– O que pretende fazer? Como vai matá-la? - perguntou curioso.

– Eu quero fazer umas brincadeirinhas antes. - respondi com maldade. - Me traz um café.


Ajoelhei ao lado dela e bati no seu rosto com força, para fazê-la acordar logo. Mas de nada adiantou, sentei no sofá da sua frente e fiquei esperando ela acordar, o que não demorou muito. O medo continuava ali no seu olhar, e a cada hora, meu ódio aumentava mais.


– L-Luize, o-oque você pretende fazer comigo? - perguntou gaguejando.

– Você é tão fraca, Alex, o que aconteceu com a sua coragem? Sumiu junto com as suas amiguinhas? - respondi, ironicamente.


Ela fez silêncio, como se concordasse com o que eu havia falado.


– Era tão divertido, fazer a garota sem amigos de idiota, não é mesmo? Derrubar os livros, corretivo e cola na cadeira, humilhação em público, e blá, blá, blá...

– Éramos crianças Luize, eu mudei, não sou mais aquela garota idiota de antes.

– Aqui está o café, com bastante açucar.


Tomei um gole do café, estava quente, mas gostoso.


– Me perdoe Luize, eu...


Antes de ela terminar a frase, joguei o café fervendo no seu rosto, ela urrou de dor, o que me fez sentir muito melhor.


– A amarre em uma cadeira, Jones. - ordenei, enquanto sorria, com os choros e gritos.


Ela chorava desesperadamente, sabia que havia se metido com a garota errada, sabia que devia ter cuidado da sua própria vida e, naquele momento, se arrependia amargamente de tudo. Ela recebeu tudo em dobro, triplo, do que havia me feito. Ao amarrá-la na cadeira, ele a deixou imóvel, sem poder se mexer para nenhum canto, nem um milímetro.


– Pode se mexer, Alex? - perguntei sarcástica, mas sem receber resposta.


Bati no seu rosto, o que arrancou mais um urro de dor, um grito que ecoou a casa toda. Ela olhava pra mim com uma mistura de ódio, dor e medo; eu gostava disso, gostava do ódio que ela sentia, mesmo com o medo, eu sabia que ela não iria se manter submissa por muito tempo, o que tornaria o jogo ainda mais interessante.


– Então, Alex, ainda sente prazer em derrubar meus livros agora?

– É-É claro. - respondeu gaguejando - Sempre foi divertido ver seu rosto de fracassada, Luize, admita, você queria fazer parte do meu grupo. Você faria de tudo pra isso.


A raiva me fez perder o controle por alguns segundos, eu sabia que no fundo ela tinha razão, mesmo sendo uma vaca e me fazendo chorar todas as noites, sozinha no quarto. Eu queria ser popular como ela, queria fazer o que ela fazia, ter amigas como ela, na verdade, eu queria ser como ela. Chutei-a no estômago, muito forte dessa vez, a deixei quase sem ar. E ri, recuperando todo o controle.


– Acha mesmo que queria ser o lixo que você era? Olhe para o que eu sou agora, Alex, eu sou melhor do que você. E você vai morrer, hoje.


Dentro da caixa de ferramentas que Jonas havia trazido que, aliás, assistia a tudo, quieto, sem dizer uma palavra sequer, sentado à poltrona do canto, puxei uma tesoura grande, com o cabo preto e completamente bem afiada.


– Olhe uma última vez Alex. - falei, empurrando sua cadeira para a enorme janela. - Belo lugar não é? Era aqui que eu fugia das suas maldades aos finais de semana, o único lugar em que eu me sentia bem.


Ao terminar de falar, levei sua cadeira exatamente para o mesmo lugar de antes e enfiei a tesoura em um de seus olhos, puxando ele para fora; em seguida fiz o mesmo com o outro, ela soltava gritos de dor, suplicava para que parasse, tentava de tudo mexer-se, mas de nada adiantava, estava muito bem amarrada. Não dei ouvidos e o sangue já escorria pelo seu rosto, quando com a mesma tesoura, comecei a arrancar, unha por unha, até que suas mãos, assim como o rosto, também estivessem inundadas de sangue.


– Como se sente agora? Mal, imagino... - falei ironicamente, satisfeita. - Como você quer morrer, Alex? Queimada talvez? Não, eu tenho uma idéia melhor.


Com um pouco de dificuldade, Jones me ajudou, subimos com ela até o andar de cima e a levamos para o banheiro do meu antigo quarto.


– Banheiro, Luize? Como pretende matá-la? Enforcada? - perguntou ele, confuso.

– Não Jones. Agora saia. - respondi mal humorada.


Ele saiu, e com ela ainda na cadeira, comecei a cortar, seus lindos cabelos pretos, ondulados, que ela tanto gostava de pintar de vermelho na adolescência, cortei o máximo que pude, e com uma gilete, que estava por ali mesmo, há uns 12 anos, deixei acima da sua cabeça completamente sem um fio sequer de cabelo, com um pouco de dificuldade é claro, já que a gilete já havia sido usada, talvez até por mim mesma. Só o que se podia ouvir, era o choro fino e desesperado dela. Sabia que não havia mais chance de sair viva daquela casa, não importava o que fizesse, nem o que acontecesse.

A arrumei embaixo da ducha, e liguei o chuveiro de um modo que apenas uma gota caísse no mesmo local de sua cabeça.


– Espero que se divirta, pelos próximos dias, Alex. - falei saindo e batendo a porta do banheiro a deixando sozinha lá.


Desci as escadas, com superioridade, pois havia me vingado do único motivo de ter feito tantas coisas erradas, e todo esse ódio, eu precisava suprir de alguma maneira, e havia achado o jeito certo pra isso.


– Já acabou? Então, como foi? Não ouvi gritos de horror.

– Ah, eu sempre quis matar alguém dessa maneira, primeiro são simples gotas caindo, mas depois de algum tempo, cada uma é capaz de te enlouquecer completamente, e logo depois, as gotas fazem um furo aparecer, isso vai fazê-la sofrer por muito tempo.

– Eu realmente não quero ser seu inimigo, Luize.

– Não vai ser.


Eu o beijei como nunca havia beijado antes, com muita paixão, talvez eu nunca tivesse amado alguém, como amei aquele garoto. Mas ele me decepcionou, e eu precisava fazer alguma coisa. Puxei a mesma faca de cortar carne de antes, dessa vez eu a havia colocado atrás, enganchada no cinto de couro. E assim que terminamos de nos abraçar, eu sorri pra ele e quando ele me correspondeu, enfiei a faca em seu estômago. Depois em seu peito, puxei de volta e a limpei com a língua, e enquanto ele morria ali no chão, gritando meu nome, e me chamando de desgraçada, fui embora, caminhando, cheguei até o carro e liguei Bon Jovi no máximo novamente. Dirigi cantarolando junto com a música, para algum lugar desse mundo, sem saber pra onde, ou com quem, mas segui minha vida, agora descansada, porque havia me vingado daquilo que foi meu pior pesadelo um dia.



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Notas finais do capítulo

Eu li sobre esse método de tortura, e fiquei encantada, não pude deixar de introduzi-lo em um conto, talvez eu não tenha o expressado como devia, mas enfim, espero que tenham gostado, é meu primeiro conto postado aqui no Nyah, eu sou nova por aqui, então tenham paciência comigo, rs.