Cold Eyes escrita por Van_Michaelis


Capítulo 20
Capitulo 20


Notas iniciais do capítulo

Então...nem sei a quanto tempo eu atualizei essa fic pela ultima vez, mas acho que mais de um ano com toda certeza...bem, não foi por querer, eu juro...primeiro, ano passado eu parei de escrever um pouco por conta do ENEM e tal, e depois quando voltei, estava com um imenso e terrível bloqueio com essa fic. O que é péssimo, porque ela já está em reta final sim. Depois entrei na faculdade, comecei a trabalhar e agora estou morando sozinha...o que me deixou super mega atarefada. Bem, consegui superar esse bloqueio e finalmente estou atualizando...ainda tem alguém lendo isso aqui? Não...ok...mas mesmo assim vou tentar terminar.



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Nick pulou do trem, se desequilibrando um pouco ao fazer isso, e sendo gentilmente amparado por Richard. Já fazia quase seis meses desde a festa de 15 anos e o incêndio na mansão, e que estavam em constante fuga. Esse tempo também marcava a ultima vez em que tinha tido alguma noticia tanto da família de ambos, quanto de Ayen, o que os deixavam completamente no escuro quanto ao passo de seus inimigos.

Durante esse tempo, apenas haviam se mantido em movimento, nunca passando mais de um dia no mesmo local. Eles tinham certeza que, apesar dos meses que haviam passado, não haviam deixado de serem alvos...afinal, aqueles anjos não haviam procurado por Lissar durante 15 longos anos? Não seriam, portanto, meros seis meses que os faria desistir.

–Você está bem?- o professor ajudava o menor, que se sentia um pouco tonto, e muito cansado, mal conseguia andar direito.

–Eu...não sei...

–Você está um pouco quente.- o mais velho sentia o pequeno em seus braços tremer.- Vamos procurar uma estalagem para dormir essa noite. Consegue aguentar mais um pouco?

–Acho...que sim...- Nick gaguejava, se sentindo estranho. Nunca antes se sentira tão mal assim, seu corpo estava pesado, sua mente completamente confusa, e ele sentia tontura apenas de tentar dar mais um passo, sentia que estava prestes a desmaiar...

E mal essas palavras deixaram os lábios rosados, e Nicholas caiu, sua consciência se esvaindo, e só não se machucando gravemente por conta do amante, que o pegara rapidamente no colo, e o envolvera com cuidado e carinho, enquanto seus olhos se nublavam de preocupação.

Nos últimos dias, Nick vinha agindo de forma estranha. O maior sabia que apesar de tudo, o garoto tinha uma saúde um tanto frágil, e seu corpo pequeno provavelmente não estava conseguindo suportar todo o estresse dessas semanas. Se o próprio Richard, mais velho e definitivamente acostumado com o mundo, se sentia dessa forma, o que não sentiria o menor?

Mas ao mesmo tempo, não era como se tivessem alguma opção...

XXX

–Nicholas...Nicholas...-uma voz suave e calma ressoava em sua mente.

Aquela voz parecia vim de muito, muito longe. Ele tentou abrir os olhos e responder aquele chamado, mas a tontura era tanta que se sentiu despencar, uma dor funda subia por seu corpo, e ele sentia que não era capaz de pensar.

–Nicholas, você precisa me ouvir. É urgente.- a voz agora tinha um tom mais preocupado, e ele sentiu mãos geladas tocando seu rosto com carinho.- olhe para mim- disse suavemente, mas com um tom de ordem que não deveria ser desobedecido.

Lentamente, sentiu seu mundo entrando em foco, e uma figura se avolumando. Pele extremamente pálida, olhos bem escuros, cabelos negros, e uma boca rosada e bem feita. Sua mãe, Lissar.

–Mãe...- falou com dificuldade, aceitando de bom grado ajuda para se sentar numa cadeira escura, que parecia ter se materializado do nada.

Olhou ao redor, mas não conseguia ver nada além de uma escuridão pungente, apenas ele e a bela mulher eram visíveis ali naquela penumbra pesada. Apesar disso, ele podia sentir algo pulsando nas sombras, sussurros que ele não conseguia compreender o rodeavam. Ele sentia um medo estranho em seu coração, aquele lugar lhe inspirava um forte temor.

–Não precisa ter medo. – sua mãe acariciava seus cabelos e lhe sorria.

–Tem...tem coisas sussurrando aqui...coisas que não consigo ver.

–Sim, tem. Mas elas não lhe farão mal. Não comigo aqui. – ela beijava calmamente sua testa, para seguida estender sua mão e então outra cadeira vinha se materializando. Sentou-se sua frente, segurando com carinho as mãos macias do menor.- Creio que você tem muitas perguntas a fazer. E eu, tenho muitas respostas para dar.

–Meu pai me contou sobre os anjos. Mas...ele achava que você estava morta. Por que...por que você fingiu estar morta?

–Eu era um anjo menor, sabe? Não estava num patamar bom na hierarquia dos céus, era apenas uma reles encarregada de levar almas humanas, mas mesmo sendo fraca, eu cometi o maior pecado que um anjo pode cometer. Eu me apaixonei por um ser humano. E por me apaixonar, eu impedi sua morte, interferi nos desígnios celestiais...e por isso, fui condenada e perseguida pelos arcanjos. – Ela suspirava- existe um tabu muito grande no que confere ao contato com seres humanos. Nem mesmo os anjos da guarda estão autorizados a revelar sua existência ou interferi com coisas grandes como a morte de seu protegido. Um anjo da morte, como eu era, então jamais deveria ser visto. O único contato que poderíamos ter era na hora de buscar uma alma. Na verdade, sequer se era sabido que anjos podiam amar desse forma...

–Então como você se apaixonou pelo meu pai?- perguntou, num misto de curiosidade e confusão.

– Foi tudo tão de repente-Respondia, com um ar nostálgico em seu belo rosto.- Eu já o estava observando a algum tempo. Sua aura já havia adquirido uma cor que indicava que ele logo iria morrer, e era meu dever ficar ao seu lado até sua alma está no ponto de ser levada. Mas enquanto eu estava lá, foi acontecendo aos poucos. Eu não entendia que sentimentos eram aqueles, era tudo tão estranho, eu tinha uma longa existência, séculos naquele trabalho, e nunca sentira algo assim. Aquele não era um sentimento que um anjo devia ter.

Fez uma pausa, e seu semblante se nublou. Seus olhos estavam fora de foco, era como se estivesse vendo algo que Nick não conseguia ver também, algo que era descortinado apenas a ela.

–Foi apenas quando ao invés de cumprir meu dever eu o salvei da morte que compreendi. E me desesperei. – continuou, despertando de seu torpor. - Tive muito medo. Prometi a mim mesma que não poderia voltar a ficar perto dele, que dessa forma aquela paixão iria embora. Mas ele começou a sonhar comigo...seus sonhos me chamavam, e não pude resistir. Quando soube que ele também me amava, não tinha mais como me afastar. E isso selou meu destino.

–Que...que destino?- Nick sentia medo de perguntar aquilo, mas sabia que era algo que devia ser contado.

–Quando eu errei da primeira vez, teve consequências. Me tornei uma paria, pois nenhum dos outros anjos conseguia compreender o que era amor. Mas mesmo assim, retomaria as minhas funções em dois ou três séculos, quando os senhores arcanjos achassem que eu tinha sido punida o suficiente. Só que então, eu descumpri novamente, e fugi com seu pai...entenda, anjos são seres imortais. Alguns, os anjos de alta patente, existem desde o inicio dos tempos e sempre irão existir. Outros anjos, normalmente os que se tornavam anjos da guarda, que é a mais baixa hierarquia que há no céu, foram humanos uma vez. Uma alma humana passa por um longo ciclo de reencarnações e aprendizado, e tem sua alma apagada e esvaziada de qualquer lembrança antes de poder evoluir para um ser celestial. Porém, pouquíssimos seres humanos conseguem chegar a esse estagio, a maioria estará sempre presa num ciclo sem fim de vida e morte. Um anjo não poderia morrer nem mesmo se quisesse, exceto por uma exceção...

–Que exceção? – o pequeno não tinha certeza se queria saber.

– Uma alma celestial é o ultimo estagio que um ser pode alcançar. Não há vida ou morte após isso. Não uma morte verdadeira. O que há...é um apagamento. Uma destruição total, um retorno ao nada...um apagamento de todo e qualquer vestígio daquela alma. É esse o destino a qual fui condenada. E esse é também o provável destino que darão a você.

O menino arregalou os olhos, seu cérebro processando a implicação de todas aquelas informações. Nunca imaginou que um destino pior que a morte poderia estar a sua espera se fosse pego. Fugir era mais vital do que nunca.

– Você nunca cometeu crime nenhum, mas sua própria existência é uma afronta aos seres celestiais.

–Porque não sou um anjo, e nem um ser humano.

–Sim. Meu filho...você tem uma alma celestial como os anjos, mas um corpo carnal como os humanos. Eu sequer sabia que alguém assim pudesse acorrer, que um mestiço pudesse ser concebido.- falava, acariciando o rosto pequeno.- você é algo completamente desconhecido, e se tem algo que os anjos temem, é exatamente o que não podem prever...ou controlar. Eles vão tentar destruí-lo, por medo do que você poderia fazer.- sorriu sem nenhuma alegria.- e assim, chegamos a resposta da sua primeira pergunta. Eu me fiz de morta para protege você. Para que enquanto estivesse crescendo e seus poderes ainda fossem fracos, eles não o encontrassem por minha causa. Mas não apenas por isso. Eu fui em busca de algo que pudesse me dar o poder necessário para me opor a eles.

–E...você conseguiu esse poder, mãe?

–Sim.- Lissar fechou os olhos, respirando fundo. Aquilo tudo era tão doloroso de lembrar...- Eu fui atrás de Lilith, rainha de um dos 7 círculos do mundo demoníaco. Eu me tornei um caído, para alcançar o poder que precisava...


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Notas finais do capítulo

E aqui termino esse capitulo! Uma boa conversa entre mãe e filho, o que eu estava devendo há tanto tempo. Sério, duvido que tenha alguém lendo essa fic ainda depois de tanto tempo de hiato, mas é como eu falei, eu não pretendo abandonar nenhuma das minhas fics, eu só estava sem inspiração, tinha empacado num ponto e não conseguia mais desenvolver a historia.



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